If it happens escrita por Nanaho


Capítulo 1
Primeira Regra


Notas iniciais do capítulo

*As primeiras histórias que publiquei no AS eram retiradas de coisas do dia a dia e das minhas próprias emoções, está história também é. Portanto, qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência.



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If it happens

 

1

 

Primeira Regra: Se acontecer de ficarmos, não espere nada de mim

 

 

— Ela te odeia.

— É impressão sua — digo. Muitas pessoas têm uma carranca no rosto, um olhar meio mal-humorado, mas isso não quer dizer que elas odeiam alguém. Muitos maus entendidos acontecem por causa disso, eu sei.

— Não é não — retruca Lucy. Posso sentir a frustração em sua voz, o tom de repreensão como se eu tivesse feito alguma coisa errada (outra vez). O que seria um tremendo absurdo por quê: Eu. Não. Fiz. Nada. Portando, qualquer sentimento ruim que estivesse irradiando  era infundado. Eu havia lhe dito previamente que não aconteceria nada entre nós além do que já estava acontecendo. Disse-lhe com todas as palavras para não ter expectativas por que seria infrutífero. Não digo isso da boca pra fora. Eu realmente disse a ela: não vai acontecer nada além.

Sabe qual foi à resposta dela? A resposta foi: O.k.

Ela estava “ok” com os  meus termos. Um único termo: não espere muita coisa de mim. Eu não falei em inglês ou mandarim. Ela entendeu. Se, no entanto, todavia, ela tirou conclusões precipitadas ai já não era um problema meu. A minha alma estava leve.  E, quando digo alma, também me refiro à minha consciência. Se Osíris fosse pesar o meu coração em sua balança ele seria leve como uma pluma.

— Acho que ela poderia te matar só com o olhar — continuou. De onde estávamos no segundo andar tínhamos uma visão privilegiada do pátio. Lucy mordeu o sanduiche em suas mãos. — Você vai queimar, Natsu Dragneel.

— Primeiro: eu não entendi o que você falou. Segundo: come primeiro, fale depois.

— Às vezes você é um saco, sabia? — Dou de ombros.

— Hum — é tudo o que eu tenho a dizer. Tiro o telefone do bolso e começo a olhar as mensagens e irritar Lucy. É incrível como sempre funciona. Não deixo a minha expressão trair o riso que borbulha em minha garganta. Eu sei o quanto isso deixa ela puta da vida e isso me trás satisfação. As reações de Lucy nunca deixam a desejar. Hoje ela franze as sobrancelhas e espreme o sanduiche fazendo maionese sair por entre os dedos.

— Arg! — Rio. As bochechas e nariz estão salpicados de vermelho. — Você gosta de me irritar, né? Não marca nada pra hoje!

— E-ei! Como assim... que negócio é esse?! Onde você tá indo? Lucy? Ei...? Lucy! — Ela foi embora simples assim. Do mesmo jeito simples quaisquer planos que eu tinha para hoje a noite (e a título de curiosidade: eram zero) foram por água abaixo. O telefone vibra em minha mão. Uma mensagem de Lucy bem simples e direta: Flare. Lunática. Foge.

Digito a resposta rapidamente enquanto ando para longe. O sinal toca. Salvo pelo gongo.

[Eu: vlw ]

Lucy respondeu de imediato: por que diabos ficou com ela?

[Eu:  ]

Eu sou um homem seletivo, eu me orgulho disso. A garota não pode ser apenas bonita (ela tem que ser bonita, claro), mas precisa de algo a mais. Alguma coisa que me desperte atenção e faça pensar: você é interessante. Quero te conhecer. Então, você pode estar se questionando: Flare? Aquela Flare? Flare?  Sim. Flare. Você não leu errado. Eu realmente fiquei com ela. Todo aquele cabelo vermelho e corpo cheio de curvas nos lugares certos. Difícil não recusar. Também tenho meus impulsos, especialmente, após um litro de vodca. Eu estava totalmente ciente dos meus atos naquela noite, não me arrependo. Flare podia ser pirada, mas ela era bonita. Todo aquele vermelho me atraiu como mariposa para luz. Assim como lábios vermelhos. Eu só não esperava que ela acreditasse que rolou alguma coisa entre nos dois (pois definitivamente não rolou). Agora, explicar isso para ela foi complicado. Eu não era um cara conhecido por medir as palavras. Não o fiz com Flare também.

— Não acredito que você disse isso — a expressão de Lucy era uma mistura de perplexidade e riso. Um meio termo entre gargalhar e dar um discurso. O riso venceu. Lucy jogou a cabeça para trás e começou a rir. — Ok. — Lucy para de rir e se empurra sobre os cotovelos, olhando para mim. — O que elas veem em você? Sério. Eu não entendo. Você é um ogro comigo! — aponta.

Dou de ombros.

— Você tem que me conhecer de verdade. Elas não.

Lucy estreita os olhos na minha direção. — Sei... Me dá isso aqui! Eu vou escolher o que vamos assistir.

O telefone vibra. Digito a senha e abro as mensagens. Leio. Digito a resposta rapidamente: sim.

 — Que tal esse?

Olho para a televisão.

— Não.

O telefone vibra outra vez. Leio a mensagem rapidamente: então você dorme no sofá. Sozinho.

 Sorrio. — Ela não quer que eu durma com você — digo. Assisto Lucy rolar os olhos e continuar a apertar o botão mecanicamente, passando pelos filmes. A sala se transformou em quarto: empurramos os sofás e trouxemos o colchão e travesseiros para sala. Eu estou meio encostado e meio deitado na parede, uma perna esticada e a outra dobrada. No momento, eu sou um travesseiro. Lucy está apoiada em mim, com a cabeça em minha lateral e um travesseiro debaixo das costas e o controle na mão.

— Ela não quer nada — responde.

Silêncio. Então. — Você não me dizer o nome dela?

Não. Definitivamente... — Não. Você vai stalkear a garota.

Ela puxa o ar com força e arregala os olhos e faz uma expressão de magoa. — O que? Qual é o problema? — Todos. Acontece que Lucy não precisa de muita coisa para conseguir descobrir quase tudo o que tem pra se saber sobre alguém. Um nome. O primeiro nome já basta e ela vai encontrar. Não me pergunte como. Eu não sei. — Eu tenho que zelar por você! Ela pode ser uma lunática! Vai ter matar e vender seus órgãos no mercado negro!

Uma nova mensagem chega. — Aham. Não adianta pesquisar no perfil, eu não a adicionei — eu disse.

— Ah, eu sei disso. — É claro que sabe. Você já pesquisou e não encontrou nada. A última alternativa e pegar o meu telefone e descobrir o nome. Hahaha. Mas não vai rolar. Seleciono a conversa e clico em apagar. Sem nome. Sem provas. — Eu vou descobrir. Você sabe disso. Eu sei disso. Todo mundo sabe disso. Por que adiar o inevitável?

— Por que é divertido irritar você — sorri.

— E esse? — Olho para TV. — Pode ser?

— Sim.

00h45. Olho para Lucy. Ela continua inclinada sobre mim, o cobertor foi puxado até cobrir o nariz e deixar apenas os olhos de fora. Olhos que se agitam debaixo das pálpebras para , então , ela abri-los e mirar a televisão.  O esforço para não cair no sono quando ela visivelmente já está sonolenta é engraçado. Deixo o filme rolar e Lucy adormecer e estipulo uma meta para mim mesmo: quando o filme acabar vou desligar a TV, dar boa noite ao meu contato e fazer Lucy deitar direito na cama e capotar. Não me pergunte como aconteceu. Saiba apenas que aconteceu. A principio após desligar a TV e a sala mergulhar no breu houve uma pequena confusão sobre quem ia ficar com qual lado da cama. Eu ganhei é claro. Mas, tive que lutar contra uma Lucy parcialmente acordada para mostrar o meu ponto: agarrei um de seus pés, puxei para fora da cama e me deitei no canto ao lado da parede.

Lucy rosnou. — Isso foi trapaça! Você puxou o meu pé, Natsu! Seu trapaceiro! — Não demorou, porém, para ela dormir. Para nos dois dormirmos.

Não me pergunte como aconteceu. Eu tampouco sei como explicar. Eu estava dormindo, e, de repente não estava mais. Ainda era escuro e faltavam muitas horas para o amanhecer e Lucy cutucava a minha barriga. Irritante. Tão irritante. Por alguma razão eu estava irritado, nervoso e ansioso. Será que não ia parar de me cutucar nunca? Eu me virei sobre o colchão e peguei a mão de Lucy no meio do movimento.

— Vem cá.

Era impossível saber como tinha começado, eu ou ela. Meu cérebro se desligou de tudo o que não fosse a sua boca e o seu corpo. A minha mãe desceu para sua cintura e eu puxei de uma só vez, trazendo para junto a mim. Os narizes tão próximos que respirávamos e expelíamos  o mesmo ar, cada centímetro de pele meu sobre cada centímetro de pele exposta dela. Ficamos assim por um tempo indeterminado respirando o ar um do outro. Eu não sabia se ela podia sentir as batidas do meu coração, mas ele estava prestes a quebrar minhas costelas e escapar do meu peito. Você pode ouvir isso, Lucy? Deus queira que não. A perna dela estava entre as minhas. Minha mão puxando-a cada vez mais para perto como desejando diminuir todo esse espaço que ainda tinha entre nos dois. O que está havendo?

Eu não devia ir tão longe (como voltar atrás agora?).

Não importa (eu queria).

Eu estava suficientemente perto do fogo para me afastar agora. Cara, eu não conseguia parar de olhar para sua boca.

Eu estava com os lábios sobre os dela. Não dá pra chamar aquilo de beijo. Mas com certeza eu senti alguma coisa.  Foi um beijo que fez a minha pele acender com um repentino desejo. A boca dela, meu deus.  Empurro meus lábios contra os de Lucy mais uma vez e ela corresponde. Movi os dedos para a sua mandíbula, acariciando-a. Foi como se eu nunca tivesse beijado antes. Estávamos testando a nos mesmo, indo pelas bordas, testando nossos próprios limites. Mas o que quer que “limite” fosse ele já estava desgastado e inexistente. Pressionei os dedos em sua cintura e a senti reagir ao toque. Então, eu a beijo de verdade. Estávamos nos beijando avidamente, fortemente. Perdendo-se um no outro. Isso era intenso. Eu me empurrei para cima e trouxe Lucy para meu colo.

A temperatura está tão alta que posso acreditar que alguém mexeu no termostato e aumentou uns 15 º C.

— Eu espero que isso não dê merda — Um aviso. Não espere nada de mim.

— Não vai dar. — O rosto de Lucy estava corado, os lábios úmidos e vermelhos, os olhos escuros presos em um ponto abaixo do m eu nariz. Ergui o corpo em sua direção e capturei seus lábios. Era tudo o que eu precisava saber.

Nós somos amigos e isto é apenas tesão. Isso aqui jamais vai mudar uma coisa: a nossa amizade – o nosso laço – é mais importante do que isto; mais importante que este desejo. Nos sabíamos disso desde sempre.


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