Através de um vidro escuro escrita por Scya


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Depois de um ano... decidi voltar!
Capítulo no presente... boa leitura



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Através de um vidro escuro

Capítulo 16

Por Scya

 

Hogwarts é um lugar, de fato, repleto e magia. O grandioso castelo que se estende por quilômetros, localizado entre florestas amaldiçoadas e montanhas sinuosas, guarda muitos segredos e lembranças de centenas de anos de história.

O castelo não costuma receber visitantes externos em seus terrenos, mas devido aos acontecimentos dos últimos anos isso se tornou necessário, pois agora mais do que nunca Hogwarts se tornou um local histórico para todo o mundo bruxo, um local onde uma batalha sem precedentes foi travada há poucos anos atrás, onde pessoas foram mortas, capturadas, torturadas e traídas. Foi também um lugar onde escolhas foram feitas, onde amizades se formaram, um local de reencontro, de superação, de esperança e, acima de tudo, um local para se lembrar daqueles dias e assim, jamais esquecê-los.

Teddy Lupin nasceu próximo ao final da guerra bruxa. Ele mesmo não possui nenhuma lembrança concreta do ocorrido e muito menos conseguiria imaginar a grandiosidade e importância de participar de uma luta tão nobre, como seus pais fizeram.

Hoje, tudo o que pode fazer é observar e reunir suas forças para entender o que estava acontecendo ali. Todas aquelas pessoas eram autorizadas a frequentar o castelo mágico de Hogwarts no dia 2 de maio para celebrar e comemorar o final da guerra, se lembrar de seus amigos, familiares e colegas que lutaram bravamente para dar uma nova oportunidade para que a geração de Teddy, a primeira a crescer em um mundo livre da ameaçada das trevas, pudesse crescer.

O castelo estava diferente. Havia um enorme palanque no meio dos jardins e as cadeiras se espalhavam por o que parecia quilômetros ao redor do palco principal. Havia pilares com amplificadores mágicos de som e com o símbolo do novo Ministério da Magia e da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts enfeitando todo o local. A decoração era toda em tons de branco e cinza, como se estivesse com um tapete de neve sob seus pés. Alunos de Hogwarts vestiam seus uniformes com orgulho e desfilavam para lá e para cá orientando os visitantes sobre onde se dirigir para ver a exposição sobre a Guerra Bruxa, que contava toda a história sobre o ocorrido e contava com a apresentação de quadros e pinturas da Guerra em suas diferentes fases, que eram expostos ao longo de alguns corredores temáticos no castelo.

Quando estudou ali, Teddy participou ativamente da organização por anos. Ele se lembrava de como tudo  funcionava, onde ficavam os quadros em cada corredor e como as cadeiras deveriam estar dispostas. Havia completado poucos anos desde que Teddy terminara seus anos em Hogwarts e ele tinha certeza que após sua saída as coisas haviam saído um pouco controle. Ele torceu o nariz ao chegar, por chave de portal, em um ponto espremido entre outras duas pessoas e logo sair tateando atrás de sua namorada, que deveria surgir logo atrás dele.

Teve medo de esbarrar em algumas pessoas no caminho e precisou sugerir aos alunos organizadores abrirem um espaço maior entre as chaves de portal para evitar constrangimentos. Logo, mais e mais pessoas surgiam de um ponto no ar, a partir de algum objeto realmente inusitado. As lareiras de Flu, onde outras centenas de pessoas estariam chegando até o local do Memorial, costumava ser mais movimentado do que as chaves de portal.

Em algum ponto não muito distante dali, Victoire já desistira de encontrar Teddy quando seus olhos avistaram os cabelos ruivos, curtos e cacheados de sua irmã mais nova.

Dominique Weasley estava correndo em sua direção, com o uniforme vermelho da Grifinória todo desabotoado e sem a gravata vermelha. Se Fleur visse a filha agora, com certeza Dominique teria que ouvir um sermão sobre melhorar sua apresentação em um dia tão importante como hoje.

Dom era uma garota de um temperamento muito forte. Ela tinha sardas vermelhas circundando seu nariz e tinha os olhos azuis e o cabelo ruivo de seu pai. Era uma exímia jogadora de Quadribol e frequentemente aborrecia seus pais quando recebiam cartas e mais cartas sobre brigas de Dominique com outros alunos na escola, frequentemente onde Dominique acabava mandando algum garoto para a ala hospitalar.

Victoire abraçou a irmã com força contra seu peito. Afagou o cabelo ruivo com a ponta dos dedos e sentiu o cheiro adocicado de seu perfume. Dominique não era muito boa em demonstrar seus sentimentos, mas Victoire sentiu-se profundamente feliz quando Dominique sussurrou um feliz aniversário em seu ouvido.

— Dom, eu senti sua falta hoje. Obrigada por ter me mandado a carta. – Victoire agradeceu quando se desvencilhou do abraço da irmã.

— Eu também senti sua falta. – Concordou a ruiva, já claramente sem fôlego por provavelmente ter passado boa parte do dia ajudando a escola a se preparar para o Memorial.

De repente, um garotinho loiro com as bochechas fortemente coradas surgiu entre as duas e pulou no pescoço de Dominique. Louis, o irmão mais novo das duas garotas, ainda exibia o machucado de mais cedo na perna.

— O que houve Lou? – Quis saber Dominique ao avistar o arranhão.

— Eu tropecei, sabe... Nas pedras... Mamãe está furiosa comigo. – Louis se explicou, olhando para o chão enquanto seu rosto ficava cada vez mais ruborizado.

— Eu já disse para ele ficar longe daquele lugar. – Victoire o repreendeu novamente.

— E eu já disse várias vezes para ele se certificar de que não tem ninguém olhando. – Dominique piscou para Louis quando apertou suas bochechas com a ponta dos dedos, fazendo o garoto resmungar e ao mesmo tempo arrancar-lhe um sorriso.

— Dom! – Dessa vez, Victoire a repreendeu também.

— Domi, nós trouxemos bolo e biscoitos pra você. E o bolo está muito bom mesmo, foi a vovó quem fez. – Louis anunciou contente, sentindo-se muito importante por ser o responsável de dar as notícias.

— Ah, eu vou adorar. – Dominique afirmou, instantes antes de Louis a puxar pelo braço para saírem em busca da mãe.

**

— Jimmy!! – Gritou a voz de Lily Luna ao avistar a figura alta de seu irmão mais velho vindo em sua direção. A menina correu com todas as suas forças até alcançá-lo e James Potter, sendo exímio irmão mais velho que era, se aprontou para pegá-la no colo e erguê-la para cima.

— Lily! Ah, você está ficando muito pesada. E está crescendo também... – Ele bagunçou o cabelo ruivo da irmã enquanto avistava de longe Teddy Lupin chegando pela multidão até os dois.

— O que foi? – James perguntou, quando percebeu que Lily sussurrava algo em seu ouvido. Quando Teddy se aproximou dos dois propriamente, James estava gargalhando e colocando Lily de volta no chão.

— Quanto tempo, “Jimmy”. – Teddy enfatizou o apelido do garoto propositalmente enquanto observava que James claramente havia crescido ainda mais do que ele se lembrava. Estava com os ombros mais largos e parecia cada vez mais apto a ficar mais alto do que Teddy em pouco tempo.

— Não me chama de Jimmy, ninguém me chama de Jimmy. – Retrucou o garoto com uma pontada de irritação.

— Sua irmã te chama. Sua mãe. Sua avó. E o Albus me disse que as garotas te chamam de Jay. Você precisa se decidir, Jimmy. – Teddy riu da expressão de indignação do Potter mais velho e em seguida os dois se abraçaram. Teddy teve a impressão de que James estava realmente ficando mais alto do que ele, mas esperava que James não percebesse isso tão rápido.

— Ah, sério. Quando você vai poder vir assistir a um jogo da Grifinória? – James fitou Teddy com um olhar atento. - Eu sempre te mando uma coruja com os horários, mas você nunca aparece.

— Eu só não vim nos últimos dois jogos! – Exclamou Teddy, claramente indignado. – Você sabe que tenho estado ocupado com a mudança...

— Mesmo sim. Agora eu e o Fred somos batedores titulares, vamos entrar em todos os jogos principais e esse ano a Taça das Casas é nossa! – James estufou o peito e disse com tamanha convicção que Teddy precisou se lembrar de que James ainda era, de fato, apenas um garoto e não um jogador profissional de Quadribol, embora tivesse talento para tal e tivesse herdado as habilidades no esporte de ambos seus pais.

Logo em seguida, Ginny Potter se aproximou dos dois. Lily havia ido chamar a mãe para avisar que encontrara James.

— Jimmy... - Ginny abraçou James e bagunçou os cabelos do filho. Teddy se assustou quando percebeu que ele estava mais alto do que ela, também.

— Oi mãe. Eu recebi a caixa com os ingredientes de poções ontem de tarde... Foi muito bom você ter me mandado, mesmo em cima da hora, vai me salvar de reprovar em Poções. Valeu mesmo. – James levou uma mão para a nuca e se fez de desentendido.

— Você deveria ter me avisado que precisaria de mais ingredientes, James. Deixa tudo para a última hora... Al! – James deve ter se sentido aliviado quando o irmão mais novo chegou até onde ele estava, pois assim se salvaria de ser repreendido pela mãe.

Albus era muito parecido com James, ao mesmo tempo que os dois não tinham nada em comum e ambos fossem muito parecidos com Harry. Albus era mais baixo e magricela do que James, que por sua vez era mais forte e com ombros mais largos. Albus tinha os olhos verdes de seu pai, porém não usava óculos, enquanto que James tinha os olhos castanhos de sua mãe e precisava usar óculos para leitura. O uniforme vermelho da grifinória de James contrastava com o uniforme verde da sonserina de Albus.

Após Teddy e Ginny abraçarem Albus, Lily apareceu pulando no meio de todos e, quando viu Albus, começou a tagarelar:

— Alby! Eu estou quase convencendo o papai a me deixar adotar um gatinho para ficar em casa, mas ele disse que não era uma boa ideia por causa das corujas... Mas eu pensei que talvez eles possam aprender a conviver juntos, não é? O James não gosta de gatos, mas você poderia falar com o papai também, não é? E eu poderia trazer o meu gato para Hogwarts comigo! – Ela exclamava e questionava com a voz em um pedido de ajuda e ao mesmo tempo tentando parecer convincente.

— Tem muitas corujas em Hogwarts também, Lily. Isso seria um problema só se o seu gato não gostar de pássaros. – Albus concluiu, considerando a possibilidade de apoiar a irmã na ideia de adotar um gatinho.

— Al, eu recebi uma coruja do Neville dizendo que você conseguiu a nota máxima em um trabalho de Herbologia semana passada... – Ginny começou a falar, fazendo James revirar os olhos e Lily cair na risada da expressão do irmão.

— O Scorpius fez a maior parte do trabalho, mãe. Mas sim, nós fomos muito bem. – Albus sorriu para a mãe, extremamente tímido e incomodado por essa notícia ter se espalhado mais rápido do que gostaria.

— E onde está o seu amigo Scorpius? Eu adoraria conhecê-lo melhor. Ele não vai sentar conosco? – Ginny perguntou, parecendo ansiosa.

— Eu acredito que ele está com a família dele agora. – Albus explicou.

— Ah sim. Bom, sendo assim... – Ginny se virou para olhar ao redor. A movimentação de pessoas parecia aumentar, com cada vez mais bruxos chegando por todos os lados e ocupando as cadeiras ao redor do palanque. - Temos lugares reservados lá na frente. Vamos indo?

Lily segurou na mão de sua mãe enquanto as duas seguiram na frente. James e Albus, um ignorando a presença do outro, seguiram logo atrás. Harry com certeza deveria estar com Hermione e o Ministro da Magia, se preparando para o discurso e as homenagens que seriam feitas mais tarde.

Teddy não sabia muito bem onde se sentaria naquela noite, pois ainda não havia encontrado Victoire em lugar nenhum. Olhou ao redor, subitamente preocupado, e seus olhos pousaram sob a figura da família Malfoy, sentados em seus respectivos lugares.

Ele conhecia Narcisa de muito tempo atrás, em algumas lembranças vagas de sua avó se encontrando com ela e de visitas quando era pequeno. Ela era irmã da sua avó, portanto sua família também, embora não se lembrasse de algum dia ter escutado sua voz ou apertado sua mão. Os cabelos grisalhos com algumas partes ainda loiras de Narcisa estavam escondidos sob um chapéu escuro e ao seu lado seu filho Draco conversava com Scorpius Malfoy, o garoto que era amigo de Albus.

Scorpius era uma figura intrigante. Ele era da Sonserina também, como já era de se esperar, mas tinha um rosto com uma expressão gentil e parecia inclusive um pouco assustado e ansioso enquanto ouvia as palavras do pai ao seu lado.

— Você está se perguntando se ele tem alguma relação com você... Bom, vocês são primos próximos. – Disse a voz de Andrômeda Tonks ao seu lado. Teddy se virou de repente e encontrou a avó o observando com um olhar curioso.

— Oi vovó. Eu nunca percebi que Narcisa frequentava o Memorial. – Teddy tentou se explicar.

— Ela vêm todos os anos com o Draco. – Andrômeda deu de ombros, indiferente. - Podemos nos sentar, Teddy? Eu sei que você vai querer ficar com os Potter e os Weasley, então guardei um lugar para você do lado da Victoire e perto dos Potter, para você não ter que escolher como todo o ano.

Andrômeda apontou para os acentos nas primeiras fileiras, próximo da onde viu a cabeleira de Dominique sentada ao lado de Victoire. Ficou feliz por finalmente tê-la encontrado e, ao mesmo tempo, sentia que estava feliz por estar ali, pelo menos esperava estar pronto.

— Obrigado vovó.


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Notas finais do capítulo

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