Através de um vidro escuro escrita por Scya


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde! Se ainda existirem leitores por ai, é claro! Desculpem meu sumiço, mas estive tendo problemas na faculdade e precisei usar todo o meu tempo em minha alma. Esse capítulo já estava quase pronto faz meses e só agora consegui terminá-lo. Até o final do ano com certeza terminaremos a história, mas não sei se é uma boa notícia... Espero que gostem desse capítulo. Teremos continuação do flashback anterior. Boa leitura!



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A passagem secreta misteriosa os levou até um alçapão antigo e enferrujado no meio da floresta ao redor do vilarejo de Hogsmeade. Havia madeira empilhada para todos os lados quando Victoire colocou a cabeça para fora da passagem estreita. Ela avistou um casebre antigo, fumaça saindo de uma chaminé e cheiro de carne assada.

 - O que é isso? – Ela indagou minutos antes que estender a mão para que Teddy, já parado do lado de fora da passagem secreta, a ajudasse a sair dali.

— Um lenhador mora aqui. Estamos a menos de dez minutos de Hogsmeade.

Mesmo sentindo poeira por todo seu corpo e o cheiro inconfundível de mofo ainda pairando sobre seu nariz, Victoire não se sentiu incomodada. A viagem pela passagem secreta foi longa e assustadora o suficiente, fazendo Victoire agarrar-se firmemente ao braço de Teddy durante todo o percurso pelos túneis inóspitos.

Ele, por outro lado, apenas sorriu quando viu Victoire espanando a poeira de seu vestido instantes antes adentrarem no vilarejo.

Hogsmeade e todas suas casas pequenas feitas de madeira antiga e telhados íngremes estava festiva. Victoire primeiro ouviu a música tocando em um volume alto antes de ouvir inúmeras vozes vindas da praça principal. Tamanha movimentação assim era esperada durante os finais de semana que seguiam depois da época de provas de Hogwarts onde os alunos pensavam apenas em se divertir.

— O que está acontecendo? – Ela arqueou as sobrancelhas quando caminhavam pelos quarteirões de casas idênticas onde uma ou outra chaminé soltava fumaça e as janelas estavam acessas com vozes vindas de cada uma das casas. Ela avistou enfeites espalhados por todos os lados, em dourado e vermelho principalmente, mas com uma prevalência do branco. Crianças corriam pelas ruas soltando mini fogos de artifício e carregando doces para cima e para baixo.

— Estão comemorando. – Teddy deu de ombros e sorriu, divertindo-se com o olhar perdido de Victoire.

— O que? – Ela continuava confusa, avistando cada vez mais pessoas cantarolando conforme se aproximavam do centro da cidade.

— Que dia é hoje, Victoire? – Teddy decidiu ajudá-la, ainda se divertindo muito com a situação. Ele observava de lado a expressão confusa de Victoire se suavizar conforme ela apertava seu braço com cada vez mais força.

Ela havia passado o dia todo pensando somente em Teddy Lupin que seus pensamentos pareciam ter sido bloqueados a respeito da proximidade da data mais esperada pelo mundo bruxo. Hogwarts já estava movimentada fazia dias, embora a grande mobilização fosse acontecer de fato amanhã, n’O Grande Dia, o dia da vitória.

O dia de seu nome.

— Hoje é dia 1º de maio... Estão aqui por causa da Batalha.

— Sim. Essa celebração em Hogsmeade é muito famosa, mas não é aberta para os alunos. Eles se reúnem todo ano para comemorar a vitória da segunda guerra bruxa... É uma tradição. As primeiras celebrações quando a guerra terminou aconteceram em Hogsmeade e por isso a tradição se mantém. – Teddy explicou gentilmente, usando o mesmo tom professoral que sempre ensinava outros alunos quando estava cumprindo seu dever como Monitor. Finalmente, eles chegaram até a praça principal onde a multidão de pessoas pareceu se estender até além dos limites do vilarejo. Os olhos de ambos brilharam de surpresa, já que nunca estiveram aqui antes.

— Eu me esqueci completamente. – Victoire sussurrou, sentindo sua voz sendo rapidamente abafada pela música alta e grande quantidade de vozes felizes ao seu redor.

Teddy e Victoire pararam e observaram tudo por um instante, sem saber o que fazer. A fonte de pedra estava jorrando água mais alto do que o normal. O centro da praça estava repleto de pessoas dançando enquanto uma banda bruxa tocava em um palco improvisado. Ao seu redor, todas as lojas estavam abertas e os clientes se apertando para e formando fila para entrar no bar Três Vassouras e especialmente no Cabeça de Javali, local muito famoso durante a Guerra e que, obviamente, estava repleto de turistas.

Barracas vendiam suvenires sobre a Batalha e muitos tipos de comida. Bruxos de todos os cantos do mundo pareciam estar ali, com vestes diferentes e peculiares enquanto vários rostos conhecidos de moradores de Hogsmeade olhavam para Teddy e Victoire desconfiados, rapidamente percebendo que os dois eram alunos de Hogwarts.

— Vem, vamos pegar conseguir algo para comer. – Victoire anunciou quando avistou uma barraca vendendo doces. Ainda apertando o braço de Teddy, desde a passagem secreta, ambos não pareciam se importar. Teddy foi puxado por Victoire e os dois provaram alguns doces em uma barraca, depois foram procurar um lugar para jantar e encontraram um restaurante na esquina da praça principal. 

— Eu ainda não acredito que de tudo o que eu imaginei, isso não passou pela minha cabeça! – Victoire continuava indignada com tamanha estupidez. Era a data história da qual seu próprio nome se originava.

Sentado na cadeira a sua frente, Teddy riu antes de espetar um pedaço da massa que estava comendo e levá-lo até sua boca. Comer com Victoire era algo rotineiro para os dois, de modo que Teddy não se importava com Victoire zoando-o pelo modo como ele cortava a comida ou mastigava rápido demais. Eles riram durante todo o jantar e, quando acabaram de comer, pensaram em passar no Cabeça de Javali para conversar com Aberforth, mas a grande movimentação no bar os desmotivou.

Eles encontraram uma barraca onde a famosa Cerveja Amanteigada estava sendo vendida próxima da pista de dança. Os dois se aproximaram do balcão e pediram duas, Victoire adicionando hortelã na sua.

Enquanto conversavam e Teddy insistia em dizer que Victoire ficava muito engraçada com o bigode de espuma, uma dupla de conhecidos se aproximou e também pediram cerveja amanteigada.

— Não deveriam estar na escola? – Questionou Simas Finnigan, quase irreconhecível com um par de óculos e um novo corte de cabelo. Dino Thomas estava com ele, sorrindo para os dois jovens.

— Tecnicamente, não estamos aqui. Estamos fazendo Monitoria na ala leste do castelo. – Teddy explicou e sorriu para os dois, bons amigos de seu padrinho e também heróis de guerra. Ambos exibiam uma medalha fixada em suas roupas onde Teddy podia ler claramente os méritos por participarem da Batalha.

— Eu não acredito que você fez isso! – Victoire acotovelou Teddy nas costelas e quase derrubou sua cerveja amanteigada no processo.

— Isso mesmo! Bom garoto, Teddy. Eu teria feito o mesmo. – Simas anunciou e tomou toda sua cerveja amanteigada em um único gole antes de sair andando, procurando alguém.

Quando Victoire terminou seu último gole da cerveja amanteigada, estava pensando em chamar Teddy para procurarem outro lugar para ir, mas logo se assustou quando sentiu alguém tocando seu braço – e não era Teddy.

— Você gostaria de dançar? – Perguntou um rapaz alto que havia vindo diretamente da pista de dança para convidá-la. Victoire sentiu-se corar por um instante e, observando que várias pessoas estavam se divertindo, olhou para Teddy para procurar sua opinião. Teddy, porém, desviou o olhar rapidamente e fingiu não estar vendo o rapaz ao seu lado. A caneca de cerveja amanteigada pareceu subitamente muito interessante.

Sentindo-se frustrada, Victoire alcançou a mão do rapaz e seguiu com ele para a pista de dança.

— Você está deixando ela escapar, pequeno Teddy. – Dino Thomas o advertiu, achando a situação toda muito engraçada.

— O que eu posso fazer? Ela adora dançar e eu... bom, eu não danço. – Teddy sentiu suas bochechas esquentando e algo incomum tocando seu peito com força, como garras, rasgando-lhe por dentro e destroçando seu coração em mil pedaços.

— Mas você gosta dela. Não deveria deixá-la escapar, Teddy. – Aconselhou Dino e empurrou outra caneca de cerveja amanteigada para o garoto e para ele.

— Ela é demais para mim. – Teddy murmurou, bebericando sua cerveja amanteigada sem nenhuma emoção e se recusando a olhar para trás para não correr o risco do olhar de Victoire se encontrar com o ele. - Ela é bonita, talentosa, inteligente, gentil... Ela sabe dançar como uma bailarina, ela é minha melhor companhia...

Ele queria poder evitar, mas sempre que tentava levar seus pensamentos para qualquer outro lugar, tudo acabava trazendo-o de volta para Victoire, tudo o fazia se lembrar dela. Ela estava em todos os lugares, em suas melhores lembranças, em seus melhores sonhos. Ele se virou e ficou de costas para o balcão, suspirando pesadamente enquanto observava Victoire flutuando de um lado para o outro da pista de dança e atraindo vários olhares admirados. Ela é incrível, Teddy pensou, orgulhoso e triste ao mesmo tempo. Sentiu as garras se fechando novamente em seu peito e quase sufocando-lhe pela garganta.

— Ela é a melhor parte de mim. – Ele concluiu então, tomando o restante de sua bebida com um gole só.

— Então fale isso pra ela. Garotas adoram esse tipo de coisa. – Dino aconselhou novamente, piscando para Teddy.

— Ela já deve ter ouvido isso de vários outros garotos. Ela sabe. – Teddy murmurou novamente.

— Não ouviu de você. – Dino apressou-se em dizer, batendo levemente nos ombros de Teddy.

Alguns minutos depois, Victoire retornou rodopiando para perto de Teddy. Seu vestido vermelho parecia se destacar ainda mais quando ela se movimentava. Ela se aproximou e pediu outra cerveja amanteigada no balcão. Estava corada e levemente ofegante, mas rapidamente fuzilou Teddy com o olhar e disse prontamente:

— Você ainda me deve uma dança. Hoje. Sem discussões.

— O-O que... – Teddy engasgou e pensou em fugir dali o mais rápido possível.

— É o que eu quero de aniversário e daqui a pouco vai ser meia noite, então... – Ela justificou e Teddy percebeu pela tonalidade de sua voz que não teria muita escolha.

— Papai! Papai! – Ouviram uma voz infantil e então os dois avistaram um garotinho de aproximadamente quatro anos puxando Dino pela manga de seu paletó. – Eu preciso ir ao banheiro!

— Oh, Merlin... – Dino respirou fundo e alcançou a mão de seu filho. Os dois saíram andando por entre as pessoas da festa e Teddy os observou sumir pela multidão.

— Oh, olha só. Ele deixou isso cair. – Victoire se abaixou e alcançou um brinquedo que o garotinho carregava antes de sair com o pai. Era um vira-tempo de brinquedo que girava e acendia quando a criança colocava no pescoço.

— Eu tinha uns seis desses! – Victoire exclamou e colocou o brinquedo em cima do balcão. – Nunca entendi direito como funcionam, mas meu pai disse que eles foram todos destruídos. Minha mãe dizia que com um desses você poderia voltar para as seus lembranças favoritas e parar o tempo para aproveitá-las melhor.

— Qual sua lembrança favorita? – Teddy quis saber.

— Bom, quando eu acreditava nisso, eu sempre tentava voltar para o dia que minha tia me levou para patinar em uma pista de gelo pela primeira vez quando eu era pequena. Foi um dos momentos mais divertidos! – Ela respondeu, mexendo no pequeno brinquedo com a ponta dos dedos.

— Ainda gostaria de voltar para lá? – Teddy continuou perguntando, porque gostava de descobrir coisas novas sobre Victoire que não sabia antes.

— Definitivamente não. Eu voltaria para alguns minutos atrás para ver sua cara quando o garoto me chamou para dançar. Foi impagável. – Victoire riu e rapidamente se virou para ver o olhar de indignação de Teddy. – E pra onde você voltaria?

— Em lugar nenhum. Não tem nada de significante na minha vida até agora. – Ele deu de ombros e Victoire revirou os olhos, não gostando nenhum pouco da resposta dele.

De repente, uma contagem regressiva começou. Ela olhou ao redor e percebeu que o grande relógio na praça principal de Hogsmeade quase marcava meia noite. As pessoas começaram a ficar agitadas e ela arrastou Teddy para o meio da multidão. Os dois se espremeram entre as pessoas e todos ergueram suas varinhas para cima. Quando o relógio iniciou suas doze badaladas, todos dispararam 12 vezes em direção ao céu, formando um espetáculo de luzes que poderia ser visto de Hogwarts facilmente. Vários fogos de artifício ascenderam até os céus, encantados para escrever palavras como VITÓRIA, HARRY POTTER HERÓI DO MUNDO BRUXO, A GUERRA CHEGOU AO FIM, NÓS VENCEMOS. Houve uma grande gritaria e alvoroço de pessoas por um momento, alguns derramavam lágrimas e abraçavam amigos enquanto outros apenas erguiam seus copos para o ar e gritavam.

Quando a música voltou a tocar, Victoire puxou Teddy em direção á pista de dança. Ele, distraído observando as coisas ao redor, percebeu que estava na pista de dança quando Victoire se colocou de frente para ele e o encarou.

— Vic, eu não danço... Você sabe disso. Eu sou muito desajeitado. – Ele começou a dizer, sentindo algo se revirando em seu abdômen.

— Vamos lá, Teddy. Não pode ser tão ruim assim... Por favor. Eu vou ser gentil e vou te guiar. Eu já ensinei vários outros garotos a dançar antes... – Victoire disse, sabendo exatamente como provocar Teddy quando queria.

— Que outros garotos? – Ele perguntou ríspido e sério.

— Os que pensam mais rápido do que você. – Ela sorriu quando viu o olhar assustado de Teddy. Alcançou as mãos dele com suas próprias mãos e guiou-as para sua cintura. As pontas dos dedos dele tremiam e ele parecia prestes a entrar em pânico.

— Não fique tão nervoso. Só relaxe... As pessoas não estão realmente olhando para cá. – Ela tentou acalmá-lo, acariciando levemente seu rosto. Havia tantas pessoas ao redor que Victoire e Teddy estava espremidos no meio de vários outros casais que já estavam dançando.

— Sim, estão. – Teddy respirou fundo e, quando as mãos de Victoire pousaram ao redor de seu pescoço, ela começou a guiá-lo em movimentos lentos, olhando diretamente nos olhos dele durante o tempo todo.

— E você tem vergonha? De dançar? Está se saindo muito bem. Só pisou no meu pé duas vezes. – Ela sorriu, radiante, e começou a acelerar o ritmo da dança para não serem esmagados pelas pessoas ao redor.

— Não é isso... – Teddy murmurou.

— Tem vergonha de dançar comigo? – Ela quis saber, sua expressão se tornando triste.

— Você deveria ter vergonha de dançar comigo. – Ele revelou, fazendo com que Victoire o observasse com mais atenção.

— Por quê? – Ela quis saber.

— Porque você é você... Você é perfeita em tudo o que você faz. E você merece estar dançando com alguém que seja bom o bastante pra você e não alguém como eu... – Ele desviou o olhar para o chão pois não conseguiria dizer tudo o que queria se Victoire continuasse o encarando com os olhos azuis tão bonitos.

— Teddy... – Ela o chamou, mas ele se apressou para continuar a falar.

— Você é incrível, Vic. Sempre foi. Você é minha melhor amiga e é a minha companhia favorita para todas as ocasiões... - Ele começou a dizer, preparando-se para ir embora logo em seguida e fugir dali o mais rápido possível. Seu coração parecia querer explodir para fora de seu peito e ele engasgava com as palavras, ainda incapaz de olhar Victoire nos olhos. - Você é o completo oposto de mim, é tão bonita e talentosa, dedicada, gentil... Você é a melhor parte de mim e eu...

Porém, antes que ele terminasse de falar, Victoire se apressou e mesmo sentindo-se completamente confusa com o que ele queria dizer com tudo aquilo, já estava cansada de negar aquilo que ela realmente queria. Ele não estava olhando para ela, não viu o momento que ela ficou na ponta dos pés e, puxando-o pelo pescoço, ela o beijou.

As palavras morreram na boca de Teddy. Ele arregalou os olhos antes de fechá-los. O beijo começou tímido, apenas um encosto de lábios, mas depois de Teddy perceber o que estava acontecendo, ele puxou Victoire pela cintura e a trouxe para mais perto. Sentiu como se todos os fogos de artifício e a música que tocava ao seu redor estivessem acontecendo dentro dele. Seu coração ainda parecia querer sair de seu peito, mas por outros motivos. Ele sentia seu corpo em chamas, sentia as garras que por tanto tempo o sufocaram o envolvendo em um abraço de triunfo. Ele não pensou em nada, apenas se viu caindo em um turbilhão de novos sentimentos recém-despertos em seu peito. Ele era azul e essa noite ela era vermelho. Quando os dois se beijaram, tudo ao redor pareceu se tonar lilás.

— Feliz aniversário, Victoire. – Teddy disse com uma voz fraca quando eles se separaram. Sorriram um para o outro e, nesse momento, Teddy teve certeza que aquele foi o sorriso mais sincero de toda sua vida. Nesse momento ele teve certeza de que agora teria um lugar para voltar, para parar o tempo e revivê-lo quantas vezes fosse necessário. Era ali, agora, com Victoire. E novamente, eles se completavam perfeitamente.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo vai sair no começo de dezembro, sem atrasos! Um abraço e obrigada por acompanharem a história. Gostaria muito de ver comentários de vocês por aqui... Os leitores parecem que só comentam os primeiros capítulos e isso é um pouco desanimador. Beijos e até.



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