DeH; Arcaia escrita por P B Souza


Capítulo 3
Os Primeiros Anfitriões


Notas iniciais do capítulo

E a viagem de Arcaia está só começando!
Boa leitura :)



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— Que lugar incomum. — Disse pela enésima vez ao passar por mais uma das vilas e ali encontrar nada nem ninguém além de natureza descontrolada invadindo as casas e pequenos animais silvestres que pareciam nunca ter tido contato com o ser humano.

Como de costume, havia ido de vila em vila antes de avançar rumo ao seu destino real, pois queria conhecer o povo que ali habitava, mas isso se mostrou um erro já que ali, aparentemente, não habitava ninguém!

Os campos verdejantes eram ocupados por cervos, porcos, galinhas, bois e outros animais menores e maiores. Havia, para Leste, um bosque que Arcaia não visitou, mas sentiu-se tentada, pois de lá vinha um rio cristalino aonde ela se banhou e aonde deixou para trás mais da metade de todas as pesadas roupas de neve que usava para a viagem.

Foi só já quando o dia estava além da metade e o sol esquentava sua pele fazendo-a suar, que Arcaia viu cavaleiros. E eles pareciam ver ela também, pois vinham em sua direção, vinham depressa, a galope, em suas montarias de pelos castanhos.

Eram cinco os cavaleiros, e todos de espada, porém com apenas roupa do corpo como se estivessem apenas andando e, por acaso, tivessem visto uma mulher vagar sozinha no ermo.

Arcaia, a distância, havia considerado que fossem guardas, mas agora via que deviam ser amigos correndo por ai por esporte já que não usavam armadura ou coletes e sequer portavam simbolos de alguma casa.

— Salve, donzela perdida. — Disse um deles. — O que faz tão longe de seu lar? Fala nossa língua?

— Falo muitas línguas, cavaleiros. A sua é uma delas, sim. E não sou donzela e não estou perdida e quão menos estou longe de meu lar. Me chamam por Arcaia, venho de Magmun, ao Sul, e meu lar é aonde piso, pois da terra somos todos filhos e sei exatamente aonde estou, pois demorei muito para chegar aqui. — Arcaia informou-os.

— E veio para cá procurando por cura para alguma doença ou ferida que teria lhe custado a vida? — Outro perguntou. Este era loiro ao passo que o primeiro era moreno.

— Não sejais descortês, pois já sabes meu nome, mas de vocês receberei apenas inquerimentos sem sequer identificardes? — Arcaia pronunciou como se fosse uma habitante de Ipeiros e não das ilhas, o tempo que vivera sob custódia dos Anciões havia nublado até mesmo sua fala.

— Diz ser de Magmun, mas fala como estrangeira que sequer reconheço de onde. Mesmo assim, fala verdades. — Disse o moreno. — Sou Agirfut, estes são os irmãos Turam e Yuram. Os outros dois são Jarfad e Berfut.

Era Agirfut o moreno que Arcaia achou cortês. Turam e Yuram os irmãos que nada falavam, mas observavam com atenção. Jarfad era o loiro que parecia pouco amigável e Berfut o careca sorridente.

Arcaia olhou-os por um momento, dando nome aos rostos.

— Agora que sei o nome de vocês, responder-te-ei com prazer. Venho com meus motivos, mas estes não são cura de ferida ou de doença. Embora seja de minha compreensão, agora, que este lugar concede vida eterna.

 

 

 

— Chegaste a está conclusão com demasiada velocidade. — Disse Jarfad. — Normalmente os estrangeiros só percebem quando estamos os expulsando aos pontapés rumo ao fim de suas vidas.

— Vi dois pássaros deixando os limites de Kaagham, e nada pude fazer alé de limpar as cinzas dos meus olhos. Primeiro pensei em defesas contra saída e contra a entrada, seria elegante contra inimigos, mas que inimigos? Indaguei-me, pois aqui não há nada nem ninguém além desta cidade.

— Os gigantes…

— Grandes, sim. Mas burros demais para ataques organizados. Se um deles chegou aqui desde quando esse lugar existe deve ser muito. — Arcaia afirmou. — Então estudei nas lembranças o que eu vi. E tudo fez sentido quando falaste agora a pouco. Ferida ou doença. Morte imediata. Cura. O que mantém este lugar não é o calor, mas sim o tempo. E mesmo que estejamos parados no tecido temporal aqui dentro, o tecido não parou de forma alguma. Quando se deixa a redoma que circunda este lugar, todo o tempo passado aqui dentro volta para nós, de uma só vez. Trazendo consigo tudo o que aconteceu no decorrer, seja uma doença, seja uma ferida. E dai a morte certa dos forasteiros expulsos.

— É esperta, não há como negar. — Agirfut disse. — E sendo assim deve já ser esperta o bastante para saber que ficar aqui não é saudável para quem é saudável. Portanto se não tens feridas ou doenças, acompanharemos a dama até a saída…

— Desnecessário, pois vim aqui com um objetivo que ainda não cumpri. — Arcaia disse no ato e então olhou para cada um deles. — Vocês possuem rei, imperador, governante ou algo do gênero com o qual eu possa falar?

— Estrangeiros que não vão morrer devem sair antes que morram e então sejam forçados a ficar. — Berfut disse por fim. Sua voz era a mais grossa dentre eles, exceto, talvez, pelos irmãos que ainda nada haviam falado. — Não nos leve a mal, dama, mas as coisas funcionam melhor assim…

— Venho incumbida pelo Imperador Hero Magmun e não sairei daqui. — Arcaia disse, doravante. — Meu destino me aguarda naquela cidade luminosa, e lá irei, com ou sem vocês.

— A dama já sabe que morrer não é possível, mas sentir dor é. — Jarfad disse com seu ar arrogante.

— Uma pena para você, Jarfad. — Arcaia olhou para Jarfad, então para seu cavalo e o animal relinchou e tombou, caindo e derrubando seu cavaleiro. O gransioso animal caiu por cima da perna de Jarfad, que estremeceu em um berro de dor enquanto os outros cavalos recuavam olhando sem entender, tal como os cavaleiros, mas estes olhavam para Arcaia enquanto puxavam as espadas. — Imagino que não apenas eu seja a esperta, e que vocês já tenham entendido que não poderão me impedir de avançar, então deveriam se juntar a mim em paz. Afinal, não quero guerra. Venho para cumprir meu objetivo e então partirei.

— É uma bruxa. — Disse Berfut, mas sua voz era mais vacilos que certezas.

No chão, Jarfad se sentava enquanto gemia e seu cavalo ia até Arcaia.

— Títulos não importam, meu caro Berfut. O que sou é o futuro. E até mesmo para vocês, parados no tempo, o futuro há de chegar, tal como eu cheguei.

E com isso Arcaia montou no cavalo de Jarfad, que protestou perguntando como haveria ele de retornar.

— Ora, meu caro, mesmo com apenas uma perna boa, tenho certeza que não vai morrer, e tempo é o que não lhe falta. Rasteje se preciso for. — Sorriu para ele de cima do cavalo, viu que Agirfut a olhava com admiração e desejo, pois apenas sua presença já despertava cobiça nos homens. — Tenho certeza que quanto antes começar, mais cedo chegará na cidade.

 

 

E sem mais, Arcaia esporou o cavalo e partiu para Jhar Maar Kaagham com Agirfut, Berfut Turam e Yuram atrás de si.

Agora havia entendido aquela arma miraculosa de que tanto ouvira falar, e agora já tinha um plano para com ela que serviria aos seus propósitos.


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