DeH; Arcaia escrita por P B Souza


Capítulo 2
A Promessa, a Viagem e a Companhia


Notas iniciais do capítulo

Eu só agora percebi uma coisa: eu venho dizendo que a história terá 10 capítulos. Ok, lindo. É isso memso... Só que na verdade serão 12! Me explicarei em duas palavras; Prólogo e Epílogo.
Eu contei os 10 capítulos, mas esqueci de considerar esses "bônus" que o Nyah conta como capítulo também.
ENFIM
Sobre o texto.
Esclarecer uma coisinha que talvez cause confusão no começo. Como já notaram, a história se passa em um universo criado, logo, não segue as mesmas regras que a nossa realidade, embora seja muito semelhante. Uma dessas diferenças é o nome "CICLO" no lugar de "ANO".
O clendário desse lugar (Arquipélago das quatro ilhas do Oeste) é diferentão haha.
Segue esse padrão
Ciclo = ano.
Parte-de-ciclo = mês
Cada parte-de-ciclo tem 45 dias.
Quinzena = semana.
Toda parte-de-ciclo é dívidida em 3 quinzenas.
Os últimos 3 dias de toda quinzena é como nosso sábado e domingo.
...
É apenas isso (por enquanto).
O capítulo por si só já é monstruosamente carregado de informação, então não vou ficar enchendo as notas também né! :)
Boa leitura!!



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Viajar nunca foi o plano de vida de Arcaia, mas ela aprendera rápido que precisava conhecer o mundo se desejava governá-lo com eficácia. Então viajava, e sempre por conta própria, a pé se fosse preciso. Sem luxos, sem proteção, sem guardas ou companhias.

Assim Arcaia conhecia não apenas a terra, mas aqueles que nela pisavam. Homens e mulheres, entendia seus motivos e objetivos, conhecia suas histórias e suas vidas, entendia seus costumes e suas culturas, mergulhava e abraçava suas verdades para entendê-las. Pois Arcaia sabia que viveria para sempre, e por isso precisava conhecer a história, precisava viver a história e ser parte da história. Tinha tempo, então podia se dar ao luxo de andar cada rua de cada cidade, memorizar cada mapa, ler cada livro, estudar cada pergaminho e conversar com cada pessoa que cruzasse seu caminho para bem ou para mau.

Quando deixou a capital do império, Hero havia lhe feito uma contraproposta. Dez ciclos ele lhe deu. Em dez ciclos Arcaia retornaria com um grande feito executado, e então ele se casaria com ela. Arcaia considerou justa a oferta, e abundante o tempo, mesmo assim partiu de imediato.

— Vagarei em busca do conhecimento que preciso para cumprir tal incumbência, aproveitarei para conhecer o povo que governas sem que estes saibam que sou eu sua futura líder, assim os conhecerei de verdade, de forma que tu, Hero, jamais conheceste.

E com isso Arcaia partiu para sua viagem sem destino certo, mas tão logo ouviu boatos, tão logo pôs-se a caminhar para o norte. De cidade em cidade ouvia as mesmas histórias que só aumentavam a possibilidade de ser verdade, e assim Arcaia precisou encontrar, na costa norte, um navio que a levasse para a Ilha da Garvia, aonde, diziam os boatos, tudo estava congelado.

Ora, Arcaia havia visitado Ipeiros, e conhecia os mapas, sabia as escalas e sabia que a Ilha da Garvia não estava sequer perto do Real Norte aonde existia frio de verdade. Nem mesmo a Cidade Branca dos Anciões em Ipeiros estava tão ao Norte assim, e não existia nada tão ao norte quanto a Cidade Branca. Então aquela neve, e aquele frio, não podiam ser normais. E tal diziam os boatos; os estudiosos de Jhar Maar Kaagham congelaram a ilha para expulsar os dragões.

Era o que Arcaia precisava, alguém trabalhava na exata necessidade que ela possuía. Então foi para Jhar Maar Kaagham. Tão norte quanto o norte vai nas quatro ilhas.

Saindo da Cidade Imperial, cruzou para o nordeste rumo a grandiosa Heoul, cidade feita entre o campo e a montanha. Lá, sabia, encontraria passagem fácil e segura pela Cordilheira que entrepunha seu caminho. Heoul, porém, se encontrava fechada para estrangeiros pois ao sul acontecia guerra entre as cidades anãs (como Heoul e Lorval chamavam todas as outras menores) e quando tais guerras aconteciam, refugiavam-se em Heoul ou em Lorval centenas de almas miseráveis que traziam nada além de mazela para seus governantes. Sendo assim Arcaia não conseguiu entrar em Heoul. Não que se quisesse não pudesse, mas Heoul era uma das cidades que planejava ter sob seu controle, então preferiu deixar estar, pois não queria inimizades futuras.

Atravessou então o campo de terra batida aonde o comércio era forte e ali encontrou carona várias vezes. O caminho era em linha reta e fácil de seguir, pois o chão tão pisado mostrava que por ali andavam muitas pessoas diariamente. Tal caminho a levou até Lorval. Outra cidade antiga e orgulhosa, anterior às lembranças dos homens, diziam. Lorval não fazia assepsia de estrangeiros além de cuidados básicos e leis rígidas para manter a ordem. E assim Arcaia conseguiu entrar na cidade que era governada pela casa da família Ferenc. E ali buscou conhecimento e meios para viajar ao norte através da Cordilheira que fazia tão poderoso obstáculo.

O que ela queria, na verdade, era não precisar dar a volta na Cordilheira, pois tal caminho consumiria tempo demais. Mas tal caminho foi a única opção. Ou teria de atravessar sozinha as montanhas e seus perigos.

Arcaia sabia de suas habilidades e sempre foi confiante em si mesma, mas também sabia de seus limites e temia o que desconhecia como qualquer ser sensato. E por isso preferiu dar a volta. Já que na cordilheira habitavam indizíveis perigos, e embora imortal por meios arcanos, Arcaia podia ser morta dependendo das circunstâncias. Consciente disso preferiu usar de sensatez por mais que custasse tempo.

Então contornou a montanha para encontrar companhia entre os habitantes de um vilarejo acima da Cordilheira Fim do Lahra. Era uma vila ainda longe da costa, isolada no meio das planícies de grama cor ferrugem ao norte (queimadas pelo vento frio que vinha do norte) e pelas montanhas ao Sul.

— Ninguém vai pra lá. As pessoas fogem de lá! — Explicará um velho que tinha cabana ali.

Tal explicação, porém, nada fez além de reforçar a curiosidade de Arcaia, que via não apenas a chance de cumprir sua tarefa, mas também de aumentar seu saber. E os ciclos que havia passado em Ipeiros lhe ensinaram isso. Saber nunca é demais.

Não havia forma de se saber tudo, nem mesmo os anciões sabiam tudo, e eles eram imortais. Mas quanto mais se sabia, mais sábia a pessoa se tornava. Arcaia desejava saber, queria saber tudo que pudesse, pois também viveria para sempre. E então quem sabe um dia, pensava ela, poderia não saber tudo, isso era impossível, mas saber mais que um ancião.

Sua viagem para o norte tomou quase um ciclo completo e ela visitou todas as cidades em seu caminho, de forma que quando chegou na chamada Ilha da Garvia, ao norte, já sabia para onde ir e como ir e até mesmo o que procurava, embora ainda não possuísse um nome específico.

Muito embora tenha ignorado todos os conselhos que a mandavam voltar ou ir de navio pela costa, Arcaia escolheu o caminho mais perigoso junto a um grupo de aventureiros que desejavam desbravar uma montanha chamada Altar do Servo na Ilha da Garvia.

Tais aventureiros eram companhia vinda do vilarejo ao norte da Cordilheira. Duas mulheres e sete homens, que ouviram lendas sobre um tesouro ou algo do gênero no Altar do Servo e, por não terem nada a perder e muito a ganhar, optaram por aventurarem-se.

Quando aportaram na Ilha da Garvia, Arcaia impressionou-se com a visão. Haviam parado em um lugar que o capitão da galé disse ser apto para descanso antes de partirem. O que o capitão talvez não soubesse, mas por pura ignorância e falta de instrução, era a origem daquele lugar. Arcaia desceu da galé junto dos aventureiros e soube que aquele lugar era ruim. Podia sentir no ar a energia que rondava aquelas pedras, aquelas construções abandonadas feitas em rocha sólida empilhada que, pelo capitão, poderia ser abrigo do vento e da neve.

Havia dez centímetros de neve no chão, e o andar deixava pegadas fundas. Não nevava, mas o céu estava longe de ser azul, prometendo nevasca mais tarde.

— Esse lugar era uma cidade?

— Talvez um povoado. — Arcaia respondera. — Abandonado ou evacuado por um ataque, existem casas destruídas, mas é impossível dizer se isto é efeito do tempo ou de temível predador. O que posso vos dizer é que aqui não dormiremos bem.

— Você é estranha. — Disse um dos homens.

 

E como Arcaia temia, naquela noite ninguém dormiu bem. Todos adormeciam e tão rápido os olhos se fechavam, algo macabro vinha acordá-los. Era o vento uivando lá fora, era o frio fazendo-os tremer até os ossos, ou os calafrios inexplicáveis e até mesmo a sensação de estarem sendo observados constantemente.

— E se forem anões?

— Então vamos caçá-los e ensinar-lhes uma lição.

— Aposto que querem nos roubar

— Não temos nada de valor.

— E eles sabem disso por um acaso, seu idiota?

Arcaia ouvia-os discutindo, então decidiu interromper. Deitada, imóvel, disse como se em alerta.

— Não existem anões nas quatro ilhas. Mas existem, pelo que dizem, gigantes. E eles moram aqui na Ilha da Garvia, mas mais ao Leste. Portanto se fossem gigantes nos observando, saberíamos porque os veríamos. O que nos observa não é corpóreo, temo.

— Pensei que você não temia nada.

— Não temo nada corpóreo. — Arcaia inferiu.

— O que é corpóreo? — Perguntou uma das duas mulheres.

— Alma penada, besta. É isso que tá observando a gente.

— Eu não acredito nessas coisas. — Ela respondeu no ato.

— Então por que tava se tremendo?

— Frio, idiota.

E a discussão continuou indiferente do que Arcaia disse ou poderia dizer. Então ela se virou de lado e tentou, inutilmente, dormir.

Havia existido época quando teria participado daquela discussão e rido com as outras risadas. Mas se julgava sábia demais e cansada demais para aquilo.

No dia seguinte acordaram com dores pelo corpo e três deles tinham hematomas como se tivessem brigado com punhos nus. Arcaia sequer dormiu, mas não fazia questão do sono com a mesma frequência que os demais. Então arrumaram a pouca bagagem que possuíam e partiram para o norte deixando as ruínas para trás, mas mantendo-se sempre com a costa à vista em seus caminhos.

Uma terra assolada pelo frio foi o que encontraram, pois andaram por mais seis dias com paradas para descanso e para dormir até chegarem ao primeiro ponto do destino e nos primeiros dias era como se não andassem, pois nada de diferente existia além de branco no chão, azul no horizonte ao sul e pequenas montanhas no horizonte ao norte.

No quinto dia tiveram que suportar uma nevasca que não cessou em momento algum e andaram assim mesmo, sendo que chegaram às Estátuas de Kaagham sem saber que haviam chegado. Procuraram, nas rochas, abrigo da nevasca, e sem encontrar dormiram ali ao relento, apenas apoiados nas rochas. Durante o sono Arcaia performava para si e para o grupo as magias ipeiranas que os mantinham vivos durante a noite. Eram feitiços de proteção, fosse contra ataques, fosse contra hipotermia. Em Ipeiros havia sido ensinada várias coisas, e Vainihr havia lhe dito para não repetir nada daquilo para sua própria segurança. Mesmo assim, Arcaia não poderia permitir que aqueles jovens morressem congelados pela falta de uma fogueira.

Então, na manhã do sexto dia quando a nevasca havia cessado e o céu estava limpo eles perceberam aonde estavam. Haviam chegado aonde almejavam chegar, pois eram as Estátuas de Kaagham o ponto que indicava o caminho que deviam tomar.

— Daqui é só seguir o norte até o Altar?

— Campo Inocente para o Norte, Lar do Gigante para o Oeste, as ruínas no Leste e o mar gelado no Sul. — Arcaia disse reconhecendo a escrita antiga cravada nos monólitos. — Seguiremos viagem para cobrir tal distância em não mais que três dias. Se for verdade os perigos que habitam o Altar, devemos nos apressar, e vocês mais ainda.

Arcaia alertou-os.

Diziam que espíritos gelados vagueavam por toda a ilha, mas em especial nos arredores de Jhar Maar. Arcaia não podia afirmar ser tolice, mesmo a morte sendo o fim da chama da vida, existiam casos raros aonde a chama não se apagava com o último suspiro e ainda em forma de gente, mas destituída de corpo que já não suportava mais lhe contar, a energia vital (chamada de a chama da vida) vagueava sem rumo pois não conseguia retornar ao véu de onde toda a energia provinha.

Isso, claro, não era como ditavam as pessoas supersticiosas. Para uma “alma” ser “condenada” a vaguear e, por fim, assombrar os viventes, não era necessário uma maldição, uma pendência, uma vingança incompleta ou um amor muito forte. Tudo era acaso. Vez ou outra uma chama não retornava ao véu, e então assombrava os viventes que começavam a inserir ai dezenas de motivos para tal aparição de cunho sobrenatural.

Arcaia não tentou explicar isso, pois era uma explicação vazia e nenhum deles precisava saber. O medo, no fim das contas, podia ser um motivador excepcional para mantê-los a salvo.

 

O restante do caminho fizeram como ela instruiu, depressa e com descansos menores para cortar tempo. E no altar eles chegaram em três dias sem mais problemas, e também ali havia monólitos indicando os caminhos.

O Altar do Servo era um monte isolado entre dois aglomerados de montanhas. Ficava no meio da Ilha e seu pico era apenas gelo, mas quase que plano no topo. Existiam, na base do monte, dezenas de entradas para seu interior.

No primeiro dia Arcaia ficou ali junto deles para descansar. O plano era explorar o Altar com o raiar do sol, Arcaia, no entanto, pretendia partir com o raiar do sol.

Dentro do monte, feito em rocha sólida, não era diferente do seu exterior. O frio penetrava a pedra, mas havia caminhos para subir ao topo da mesma forma que havia caminhos levando para baixo. Descendo por estes tortuosos caminhos descobriram água em sua forma líquida e em temperatura morna, mas contaminada com enxofre, logo, inútil. E quando eles voltaram para cima, Arcaia já havia deixado-os com nada além de uma mensagem escrita na parede com três mensagens; um agradecimento pela companhia, um pedido que a visitassem no Castelo na Capital dentro de dez ciclos, caso sobrevivessem, e um desejo de boa fortuna para todos eles (e dez ciclos depois Arcaia não ouviu notícias deles, nem nos ciclos que vieram depois destes).

A partir dali a viagem era solitária, mas também curta.

Acompanhada sempre pela Montanha Garvia que se mantinha à sua esquerda, no Sul e Oeste, Arcaia caminhou pela neve, que ali era tão densa que sequer afundava sob seu pé. No começo da viagem a neve era algo fino e fofo. Agora já parecia gelo sólido e quanto mais se aproximava, mais frio o ambiente se tornava.

Pensou, várias vezes durantes os nove dias que caminhou, que estava perdida em tempestades brutas aonde caia neve e gelo do céu, e jamais encontraria seu destino.

Andar sem rumo havia se tornado parte crucial da jornada, pois a tempestade lhe jogava no chão, e ela rolava no gelo, se agarrando em nada, pois o gelo era liso. Tentava se levantar e era forçada a se arrastar, pois o vento era mais forte que ela. A todo momento Arcaia pensava em usar da malícia que aprendera em Ipeiros, com os Anciões, quando fora cobaia deles, mas também sempre se lembrava da fala que eles tanto lhe repetiram “quanto mais usardes deste poder, mais este poder usará de ti”. E por isso preferiu rolar no chão, pois sabia que precisaria usar daquele poder, usaria toda a extensão daquela magia vinda do véu, mas apenas quando fosse necessário. A neve é banalidade, sobreviverei. Guardarei as trevas para os dragões. Ela pensava em fúria tentando se manter em pé.

E foi só no décimo dia após se separar da companhia dos viajantes que Arcaia viu seu destino no horizonte. Jhar Maar Kaagham era como uma enorme ervilha no meio do arroz. Um ponto verde singular no meio de um universo branco sem fim.

— Como contam as histórias. — Arcaia suspirou ao ver a beleza de tamanha e magnífica cidade.

Era como se uma redoma invisível protegesse Jhar Maar Kaagham daquele frio tenebroso. A geada empurrada pelo vento colidia contra a parede invisível e se desfazia perdendo intensidade conforme penetrava para seu interior, se tornando apenas vento. O chão de gelo puro descongelava gradativamente até que fosse terra e da terra se visse grama seca e queimada pelo vento gelado e então a grama se tornasse verdejante e mais a frente se via árvores frondosas e pássaros a voar de seus galhos para outras árvores.

Arcaia sentia-se grata com tal visão, pois era como ver o paraíso. Em seu peito explodia contentamento, pois sentia-se realizada. Sabia que com tempo e esforço conseguiria tudo o que desejava ali.

Continuou a observar, ainda no frio, mas o frio já sequer a incomodava, pois em seu coração ardia uma flama forte demais com tamanha emoção.

Jhar Maar Kaagham, porém, não ficava ali aonde a barreira estava, mas sim quilômetros à frente.

Arcaia podia ver o terreno se tornar um declive sútil rumo a costa norte da Ilha da Garvia e quanto mais para o horizonte olhava, mais maravilhas via, pois fazendas começavam a surgir, campos cheios de flores e trigo e cevada, e parreiras de uvas e pomares, dezenas de pequenas vilas aqui e ali com nunca mais que dez ou quinze casas e no derradeiro horizonte aonde, deveria estar já a praia, existia o que parecia ser o palácio de um deus, uma cidade erguida em torres brancas que refletiam a luz do sol como se fossem feitas de prata. A luz brilhante dali era forte demais para se olhar mesmo àquela distância, e a beleza era indizível, pois mesmo tendo apreciado por tanto tempo, Arcaia, após deixar Jhar Maar Kaagham e retornar para a Capital, nunca soube como descrever como se sentiu ao ver pela primeira vez a lendária cidade tropical de Jhar Maar Kaagham.

Então ela acompanhou com os olhos dois tucanos que deixavam uma árvore e vinham rumo ao exterior, rumo ao mundo gelado e inóspito aonde ela estava. E antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, os dois pássaros atravessaram o que deveria ser o linear entre aqueles dois mundos, e foi como se o tempo lhes pregasse uma terrível peça, pois em três segundos e nenhum instante a mais suas penas se soltaram ainda em pleno ar, a pele secou-se sobre os ossos, e os próprios ossos se transformaram em poeira, e os pássaros, lindos eram nada mais, pois nada sobrara deles no momento seguinte. E Arcaia olhou aquilo desconsertada e aturdida, pois então entendeu porque os conselhos diziam para voltar.

— Como há de existir tal paraíso no meio de tamanho inferno gelado se os seres viventes não podem sair, e, temo eu, sequer entrar, sem serem transformados em pó no processo? Haverá de existir maneira, pois não vim até aqui para voltar sem o que desejo.

Então sentou-se no gelo do chão e pôs-se a matutar sentindo o medo cortar mais fundo que o frio, mas sabia que o frio logo cortaria tão fundo que alcançaria seu coração, e este pararia de bater.

— Preciso decidir logo. — Pensava em voz alta.

E então, sabendo que precisava daquele poder que dava calor para uma cidade toda enquanto congelava toda uma ilha, Arcaia decidiu arriscar, se levantou e olhando para a cidade brilhante se pôs a andar.


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Notas finais do capítulo

Eu gostaria de acrescentar que: estou sem internet em casa devido uns problemas ai. Então se eu ficar sem postar, MIL PERDÕES!!! Já escrevi até o sétimo capítulo, mas falta revisar eles. Então não posso programar a postagem também. Mas farei o possível pra atualizar semanalmente!
Dito isso, me vou!
Até semana que vem, e não deixem de comentar! Ajuda muito receber o feedbakc de vocês :)
Ps. GENTEM, muito obrigado pelo número incrível de visualizações!!! Fazia anos que não via tantas leituras em um primeiro capítulo logo no primeiro dia da fic! VocÊs são fo** :D



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