Conte Nossa História escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 9
O Diário - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Ooooiii! Tudo bom? =D
Pessoinhas maravilhosas, obrigada pelos comentários! Todos eles! Me deram uma animada para escrever esse capítulo (que estava difícil de sair, rsrs)! Muito obrigada de verdade! Vocês são um amor! ♥
E a animação foi tão boa, que resolvi aumentar essa atenção ao diário. Estou dividindo em duas, talvez três, partes. Vai depender da inspiração, que resolveu tirar uma folga... Mas isso vou explicar melhor nas notas finais, então, por favor, leiam. =)
Obrigada aos comentários de Lerushe, Leh, pahf, Aliyce, Amelina Lestrange e
sakurita1544! Não esqueçam nunca que eu amo vocês! ♥

Capítulo inteiro pelo ponto de vista da Hermione. =)
Boa leitura!



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Revirou os olhos pela milionésima vez. Gina riu de sua careta.

— Não faça essa cara. Estou falando sério.

— Eu também estava falando sério nas outras mil vezes em que disse que vou ficar bem!

— Eu cuido da tia Mione! – Richard se agarrou na sua perna, olhando sorridente para o padrinho. Harry se ajoelhou para ficar da altura do menino.

— Você não devia estar dormindo? – O garotinho sorriu ainda mais.

— Ele se recusou a dormir depois que descobriu que o tio ia viajar – Luna suspirou, deitada no sofá com os olhos fechados. – Ronald tem que aprender a falar baixo.

— Eu falo baixo! – Gritou o ruivo, indignado.

A loira não se deu ao trabalho de responder. Gina sentou próximo da amiga, passando a massagear os ombros tensos da ex-Lovegood.

— Sua mala já está pronta? – Draco Malfoy se manifestou, impaciente – A Chave de Portal ativará em dez minutos.

Harry confirmou no relógio: meia-noite e vinte. Abriu os braços para receber o pequeno ruivo.

— Vai cuidar da tia Mione por mim, não vai? – Ele fingiu seriedade, e o menino acenou veementemente – Comporte-se, ok? Obedeça seus pais e seus tios. Não deixe a mamãe zangada, porque ela fica assustadora quando fica com raiva – a última parte ele segredou ao menino, que tampou a boca para conter o sorriso.

Richard confirmou e abraçou o padrinho com a maior força que conseguia com seus bracinhos gorduchos. Em seguida correu para perto da mãe, como se adivinhasse que o casal queria um momento a sós. O moreno pegou a mão da esposa, levando-a até o jardim para que conversassem em particular. Por mais que tenham passado a maior parte do dia anterior sozinhos, assim que Rony e Luna chegaram com Richard, há quase três horas, e trinta minutos depois Draco e Gina apareceram também, Harry e Hermione não tiveram mais um instante de sossego...

— Não vai me perguntar novamente se vou ficar bem, não é?

— Vou sim – ela bufou. – Não estarei em paz se não tiver plena certeza de que ficará bem.

— Eu vou, Harry! Sua falta de confiança já está testando a minha paciência.

— Não zombe da minha preocupação.

— Você está sendo superprotetor, é diferente. Não sou mais uma criança.

— Mas nunca morou sozinha.

— Não? – Harry controlou um tremor nervoso, negando – Eu saí de Hogwarts e fui morar com você?

— Você não faz ideia do quanto seu pai quis me matar por isso...

Ele mexeu nos cabelos, nervoso.

— Por favor, aceite o convite de Draco e Gina! Fique uma semana com eles, apenas para me acalmar. Faça esse favor por mim.

— Já disse que não quero morar com um casal! E a privacidade deles?

— Eles são nossos amigos, Mione! O que acha que vão fazer na sua frente?

Sentiu as bochechas pegarem fogo.

— N-Não estou falando disso! Eles podem querer sair, passear, fazer um programa a dois... Não quero atrapalhá-los!

— Pelo amor...

— Chega, Harry! – Declarou num tom mais alto, cruzando os braços seriamente – Não vou mais discutir por isso.

O moreno respirou fundo uma, duas, três vezes antes de recuperar a calma.

— Deixei dinheiro em cima da cama, para as compras – ela quase reclamou, mas ele a interrompeu antes. – Não vou discutir por isso também. Você precisa comer. – Concordou, contrariada – Tem outra coisa em cima da cama...

O tom receoso chamou sua atenção.

— O quê?

Harry forçou um sorriso, negando levemente com a cabeça.

— O quê? – Insistiu.

Você verá. Só... – Hermione quase arregalou os olhos ao vê-lo envergonhado. Achou que nunca mais veria o tímido garoto que conhecera. – Não fique chateada comigo. Por favor.

— Por que eu ficaria chateada com você?

— Eu não quero brigar – ele falou de repente, nervoso. – Odeio viajar deixando um clima ruim para trás.

Ela franziu o cenho por um momento, estranhando a atitude do marido. Mas bastou alguns segundos de raciocínio rápido para perceber... Deixou o queixo cair, chocada.

— É você que não demora a pedir desculpas quando brigamos! É você que não suporta ficar sem falar comigo!

O silêncio e o olhar desviado foram o suficiente para fazê-la rir e deixá-lo vermelho. Céus, há muito tempo não via Harry Potter tão encabulado!

Parou de rir aos poucos, sorrindo ao ver o homem tão sério a evitando, ainda acanhado. Cruzou as mãos nas costas, abrindo seu melhor sorriso.

— Eu amo você, Harry.

O pescoço dele quase estalou com a velocidade com que a olhou, surpreso. Um sorriso pequeno apareceu no rosto dele, o olhar amoroso em sua direção a fizeram derreter por dentro.

Hermione quase revirou os olhos com sua lentidão.

— Mas vou ficar chateada de verdade se for embora sem me dar um beijo.

Não soube se ele acreditou na brincadeira, mas pela pressa ao se aproximar, a morena acreditou que sim.

Harry envolveu sua cintura com uma mão, agarrando sua nuca e puxando-a para um beijo envolvente. Hermione não pode deixar de lembrar do beijo que eles compartilharam na lembrança que o marido lhe mostrou, ali mesmo, naquele jardim. Decidiu se entregar da mesma forma, disposta a descobrir, mais uma vez, as incríveis sensações que despertavam em seu corpo quando Harry a tocava.

A timidez fora abandonada – pelo menos quando se tratava de beijá-lo. Harry fizera questão de mandá-la embora pessoalmente, tocando seus lábios e provocando-a sempre que tinha oportunidade.

Durante todo o dia anterior...

E também naqueles poucos segundos em que o esposo a fazia perder o ar.

— Meu Deus, eu vou morrer de saudade de você! – Falou rouco. Hermione abriu os olhos, deparando-se com os verdes escurecidos de desejo. – Eu também amo você, minha Mione!

E beijou-a de novo, para comprovar que o que dizia era a mais pura verdade.

 

 

Os amigos não demoraram a ir embora depois que Harry partiu. Richard bem que tentou ficar mais tempo com a madrinha, mas Luna fora irredutível. O menino só não chorou porque Hermione prometera visitá-lo e passar o dia brincando com ele.

— Está com fome, querido? – Mingau ronronou ao seu toque – Desculpe não ter dado atenção a você. O dia foi tão corrido!

O gatinho provou do leite que ela oferecia, mas parecia sonolento demais para continuar, pois logo voltou ao seu pequeno colchão e desatou a dormir. Hermione fez-lhe um pequeno cafuné antes de desejar-lhe boa-noite e ir para o quarto.

Parou na porta quando acendeu a luz e avistou os objetos deixados por Harry. Suspirou. Pegou a bolsinha de moedas e guardou-a no armário. Trocou de roupa, foi escovar os dentes, acomodou-se na cama e pôs o diário sobre seu colo.

Hesitou antes de abrir.

“Não fique chateada comigo. Por favor”, as palavras do marido ecoaram. Ele se referia ao diário? Ou à quase briga antes da despedida? Não tinha como saber, decidiu. Hesitou algumas vezes, mas abriu o caderno depois de outro suspiro.

Os olhos castanhos se arregalaram nas primeiras linhas.

A primeira data era de maio de 1998, poucos dias depois do fim da guerra.

Que coincidência mórbida começar a ler sobre acontecimentos tão próximos de sua última lembrança...


“Dez de maio de mil novecentos e noventa e oito. Pouco mais de uma semana depois daquela guerra... O Beco Diagonal finalmente está colorido de novo. As pessoas já se sentem mais confiantes de andar nas ruas, inclusive os trouxas. Mesmo eles sentiam que algo estranha pairava no ar.
Visitei o cemitério hoje. Jorge estava lá novamente, assim como Andrômeda Tonks. Ainda me assusto ao vê-la... Preciso me esquecer das torturas de sua irmã, ou nunca conseguirei falar com a Sra. Tonks tranquilamente. Aprendi a gostar demais do pequeno Ted Lupin! Não quero ter que me afastar dele por não conseguir olhar para sua avó...”

 

Hermione pôs as mãos sobre a boca.

Ted Lupin! Esquecera-se completamente do filho de Remo e Ninfadora!

Fez um cálculo mental rápido, deixando o queixo cair ao final.

O menino deveria ter oito anos a essa altura... E era afilhado de Harry!

— Sou sua madrinha também? – Sorriu com o pensamento.


“Onze de maio de mil novecentos e noventa e oito. Casa dos Weasley.
É esmagadora a atmosfera que predomina nessa casa. Antes um lar acolhedor e cheio de alegria. Agora uma casa enorme, com cada membro distante um do outro, mergulhado na própria dor. Fred faz uma falta incrível! Estou aqui há oito dias, e só vi Jorge duas vezes: no enterro, há mais de uma semana, e ontem, novamente no cemitério. Gina estava ao meu lado ontem, mas fez questão de esperar o irmão se distanciar antes de se aproximar do túmulo... Não tive coragem de brigar com ela. Não faço ideia de como é perder um irmão...
Sinto saudades de Harry.”

 

Saudades de Harry?

Ela estava n’A Toca. Por que Harry não estava lá também?


“Doze de maio de mil novecentos e noventa e oito.
Mandei uma carta para Harry ontem à noite. Já são quase 20:00 hrs. Minhas esperanças são tolas, eu bem sei, mas não consigo largá-las... Passei sete anos ao lado daquele ser teimoso e com talento nato para confusões! Os dias calmos por aqui me deixam à flor da pele!
Onde você está, Harry Potter? Por que sumiu? Por que partiu sem me levar? Ainda não sabe que faço qualquer coisa por você? Você prometeu que eu encontraria meus pais, mas achei que me acompanharia nessa jornada... Não quero mais viajar sem você...”


“Quinze de maio de mil novecentos e noventa e oito. Avião.
Meus pais são uns bobões. Anunciaram para a vizinhança inteira que viajariam para Sidnei, e que iriam se hospedar no hotel mais chique da capital australiana! Fico feliz pelos Comensais da Morte terem esquecido deles: foi fácil demais rastreá-los!
A Sra. Weasley ficou um pouco triste depois que anunciei que iria partir. Ela também sente falta de Harry, e a minha despedida deu a impressão de que ela perdia um terceiro filho... Foi quase impossível não chorar! Mas tentei ser forte por ela. Prometi que voltaria e levaria meus pais até ela, para que pudessem tirar um fim de semana de folga. Na praia, quem sabe, na cabana onde moram Gui e Fleur... Ela pareceu gostar da ideia. Até deu um sorriso e comentou que eu a faço lembrar de uma prima que ela teve. Victoria era o nome dela...
Quero levar Harry também. E vou deixar registrado uma promessa que fiz ao meu coração: encontrarei meu melhor amigo e colocarei um sorriso naquele rosto!”

 

Estranhou o nome “Victoria” estar sublinhado várias vezes. Os riscos eram recentes, e ela ficou se perguntando porque Harry destacaria o nome de uma mulher que não conhecia.

“Ou pode conhecer e eu não lembrar”, pensou por outro lado.


“Dezessete de maio de mil novecentos e noventa e oito. Algum lugar de Sidnei.
O feitiço para reverter a amnésia de meus pais foi longo e exaustivo. Dormi por quase um dia e meio! Agora eles estão desfrutando da piscina do hotel, depois que eu os convenci de que ficaria bem sozinha por algumas horas. Posso vê-los daqui da varanda, e mamãe de vez em quando acena para mim. Ela está tão radiante com essa segunda lua-de-mel! Papai a mimou demais nesse último ano. Ele me parece tão apaixonado...
Não consigo deixar de pensar em Ronald nessas horas, em quando ele abandonou a mim e Harry por ciúmes... É claro que notei os sentimentos que ele nutria por mim, mas achei que tinha deixado claro que não eram recíprocos. Ele me evitou durante todos os dias em que estive n’A Toca, ainda chateado pelo beijo que eu evitei.
Como ele pode pensar que nossas brigas eram amor reprimido?!”


“Vinte de maio de noventa e oito. Começa minha jornada em busca de Harry Potter...”

 

Deixou o diário de lado, com o coração apertado.

“Você não precisa saber tudo de uma vez... E nem no mesmo dia.”, Harry a aconselhou uma vez – ele tinha se tornado mais sábio, afinal.

Apagou as luzes e deitou-se, olhando fixamente para o porta-retratos. Ela tinha um sorriso pequeno nos lábios, desafiador, o olhar penetrante. Harry a abraça por trás, completamente sério. Era a capa de uma revista, ele contara no dia em que voltaram de Hogwarts. A mulher se apaixonara pela fotografia e a emoldurara, ignorando a própria reportagem.

— Por que saímos na capa de uma revista? – Perguntou chocada.

— Já faz alguns anos – falou envergonhado. – Quando fomos promovidos no trabalho. Saiu em todos os jornais, e alguns ainda diziam que tínhamos sido promovidos no mesmo dia. Não fomos – ele respondeu à pergunta muda. – Foram meses de diferença, e só descobriram sobre nossas promoções outros meses depois.

“Os Potter no comando do Ministério da Magia”, “Harry e Hermione Potter – os dois braços direitos do Ministro Shacklebolt”, e muitos outros títulos tendenciosos, o moreno contou.

— E essa foto? Por que deixamos uma revista de fofocas nos fotografar?

— Acho que me expressei mal – ele sorriu de lado, ajudando-a a arrumar as roupas no armário. – A capa da revista era uma montagem malfeita. Mas você gostou do estilo... Preto e branco, roupas pretas, o olhar sério... Demorou uma semana, mas você me convenceu a tirar uma foto parecida – ele apontou para o porta-retratos. – Essa foto.

Hermione sorriu, enfim fechando os olhos para dormir.

Já estava com saudades...

 

 

Fale-me sobre Teddy Lupin.

Gina sorriu à simples menção do menino. Comeu outro biscoito antes de voltar para a panela.

— A cara de Remo. As extravagâncias de Tonks. Aquele menino é uma figura! – Ela mexeu mais um pouco no refogado que fazia para as duas almoçarem – Acho que tenho uma foto dele na bolsa.

Ela apontou para a bolsa em cima da mesa. Hermione remexeu ali dentro até que encontrou um pedaço de papel. Hesitou antes de virá-lo e encarar a fotografia em movimento.

O menino tinha os cabelos azuis e ria ao transformar o nariz e a boca e focinhos de vários animais. Ele então olhava para cima, provavelmente prestando atenção em alguém, e concordava com a cabeça antes de voltar ao normal e acenar para o fotógrafo.

Gina tinha razão: Ted era uma cópia em miniatura do pai.

— Podemos visitá-lo no fim de semana – a amiga sugeriu. – Eu a levaria hoje, mas o meu plantão no Profeta começa em poucas horas. Não teríamos tempo para aproveitá-lo.

Hermione concordou, sem ouvir direito. Sentiu uma aproximação, olhando para doces olhos castanhos. A Malfoy tomou a foto de suas mãos, puxando a varinha do bolso e conjurando uma cópia, lhe entregando a nova.

— Sei que deve ter milhares de fotos de Teddy por aí, em algum lugar. Mas fique com essa também. Tenho certeza de que essa é nova para você.

Agradeceu, voltando a se perder na imagem do filho de Tonks.

— Gina... Ted é... Ted é meu…? – Engoliu em seco – Meu afilhado?

A mulher a olhou confusa.

— E de quem mais seria?

 

 

Sorriu com seu gato manhoso. Assim que Mingau terminou de comer, Hermione o carregou até a cama, onde ele percorreu todo o móvel antes de se decidir por um dos travesseiros e dormir ali mesmo.

— Não vai me fazer companhia?

Ele a ignorou prontamente, arrancando-lhe um sorriso.

— Tudo bem, então.

A morena abriu as portas de acesso ao jardim, ventilando o quarto e aproveitando o leve sol do outono. Sentou ao lado de Mingau, apoiando-se na cabeceira da cama, resgatando o diário. Respirou fundo antes de voltar a ler.


“Vinte e sete de maio de mil novecentos e noventa e oito.
Sinto-me uma tola. Nunca imaginei que ficaria assim por causa de Harry Potter. Ele me enganou direitinho... Ele sabia que eu iria procurá-lo, e tratou de se esconder bem. Não o suficiente, mas imprevisível até certo ponto.
O ponto em que meu desespero apelaria para todas as chances.
Rua dos Alfeneiros, número quatro. Quem poderia imaginar que ele voltaria para lá?!
Quando toquei a campainha e Petúnia Dursley atendeu, foi um choque para nós duas. Ela apenas acenou, indicando a escada e saindo do caminho. Eu quase chorei ali mesmo! Subi as escadas correndo, ainda me lembrando qual era a porta certa. Eu o encontrei dormindo, encolhido de frio por causa do cobertor caído...
Eu estava morta de saudades desse garoto! Por isso nem pensei muito quando pulei em cima dele e o abracei forte. Harry tomou um susto violento, nos derrubando da cama e caindo por cima de mim, só então se dando conta da pessoa que o “atacava”.
Acho que, de todos os abraços que compartilhamos, o que Harry me deu naquele chão empoeirado foi o mais intenso... Nunca choramos tanto nos braços um do outro!
Demorei um bom tempo para me recuperar e encher seus ouvidos com minhas aflições. Se é o mesmo Harry que conheço, ele não deve ter ouvido uma palavra... Mas tudo bem. Apenas por hoje ele pode fazer o que bem entende...
Os Dursley concordaram em me deixar passar a noite aqui. O primo de Harry me pareceu genuinamente preocupado, mas acho que os tios apenas querem que eu o convença a tirá-lo daqui.
Será um prazer...”

 

No final da folha havia uma pequena anotação de Harry:

“Bondade sua não mencionar que eu ameacei matá-la quando caímos no chão, antes de eu reconhecê-la”.

Hermione sorriu. Estava ansiosa por isso, afinal. Era quase como ler um livro de romance, onde se espera que o casal principal se acerte de uma vez...

Sentiu-se boba com o pensamento, resolvendo continuar a leitura.


“Vinte e oito de maio de mil novecentos e noventa e oito.
A noite passada foi... Memorável. Consegui fazer meu amigo conversar, e até mesmo sorrir um pouco.
A noite foi marcante. A manhã de hoje nem tanto.
Foi um pouco difícil convencê-lo, mas até o fim da tarde consegui tirá-lo de Surrey. Levei Harry Potter até sua casa de direito. Prometi ajudá-lo com a faxina, mas voltei para a minha a fim de acalmar meus pais. Tinha esquecido de avisá-los...
Enviei uma coruja há pouco para Harry. Às oito horas da manhã eu estarei na porta da Mansão Black, e não sairei de lá até transformar aquele lugar na nova Mansão Potter!”


“Trinta e um de maio de mil novecentos e noventa e oito. A faxina durou mais que o esperado, mas agora podemos dizer com tranquilidade que a casa parece mais com um lar.
Harry ficou chateado comigo depois que descobriu que eu avisei os Weasley sobre seu paradeiro. Aceitou que Molly, Arthur, Rony e Gina o visitassem. Falou pouco, não respondendo porque sumira depois da guerra. Abraçou forte Rony e Gina, e pediu para ficar sozinho depois que eles foram embora. Até concordei, mas não antes de dizer que não o deixaria se isolar de novo.”


“Primeiro de junho de mil novecentos e noventa e oito. Como prometido, voltei à Mansão Potter. Ele sorriu com o novo nome, mas tivemos que falar baixo, com medo da mãe de Sirius ouvir e começar um escândalo.
Harry pareceu ter me perdoado pelas visitas de ontem, mencionando o nome de Gina mais de uma vez durante todo o dia. Quase posso sentir o coração dele batendo forte ao falar da garota que gosta!
O que o impede de se declarar e a pedir em namoro?!
Quando eu o questionei sobre isso, vi o rosto de meu amigo ficar vermelho. Não resisti, e dei boas gargalhadas às suas custas... Até ele me contar o motivo para se distanciar dos Weasley. Uma bobagem, como esperado, mas ele não consegue esquecer.
Não consegue se perdoar pela morte de Fred...”


“Cinco de junho de mil novecentos e noventa e oito.
Antes de sair de casa, mamãe me perguntou se eu estava namorando Harry. Depois de (enrolar e) perguntar o motivo daquela dúvida, ela simplesmente me respondeu que eu passo tempo demais com ele, além de só falar sobre Harry Potter quando estou em casa... Fiquei sem resposta.
Já tem algum tempo que sinto algo diferente. Algo mais forte... Não quero pensar muito a respeito. Não quero dar margem para dúvidas sobre sentimentos. Só traria sofrimento a todos nós.
Decidi que vou aproveitar cada momento, me esforçar para torná-los cada vez melhores. Com ou sem Harry. É claro que iria adorar a companhia de meu melhor amigo! Somente ele é capaz de ouvir meus problemas sem reclamar ou julgar, e é até bom em conselhos de vez em quando, mesmo sendo tão bobo quanto eu. A pose de durona é só uma fachada, e Harry sabe disso. É o único que sabe, aliás. Nem mesmo Gina me conhece como Harry. E ninguém conhece aquele garoto melhor do que eu.
É só até aqui que me permito pensar: Harry e eu daríamos um bom casal. Mas somos melhores como amigos. Acho que brigaríamos muito, somente pelo fato de nos conhecermos bem demais...”


“Seis de junho de mil novecentos e noventa e oito.
Sou uma hipócrita. Uma hipócrita que precisa de um feitiço de proteção muito bom para esconder esse diário da humanidade!
Beijei Harry Potter.
Não sei explicar o porquê! Prefiro acreditar que foi a combinação de vários fatores.
Harry e eu estamos muito próximos. Mais do que nunca... Nunca passamos tanto tempo sozinhos – Rony nos visitou novamente hoje, mas não demorou muito assim que descobriu minha presença. Ele ainda está chateado, mas não vou lhe pedir desculpas. Não fiz nada.
Assim que Rony partiu, Harry decidiu ir para a cozinha, provavelmente cansado da minha comida. Ele foi um cavalheiro ao dizer que eu melhorei muito minhas habilidades culinárias, mas eu também como o que faço, e sei que não melhorei esse tanto que ele falou...
Mas estou enrolando...
Depois do jantar fomos para o quarto de Sirius, o quarto que Harry decidiu que seria seu. Nos jogamos na cama e tivemos uma conversa leve, sempre de olho no teto.
Até ele começar a agradecer por tudo que fiz por ele nesse último ano...
Harry não esqueceu um detalhe! Ele estava prestes a agradecer por todas as vezes que salvei nossa pele em Hogwarts quando eu pedi que parasse. Estava emocionada demais para continuar retrucando.
Ficamos um bom tempo em silêncio, e quando decidi voltar a falar, notei que ele dormia.
Como eu disse antes: muitos fatores.
Já tinha notado o quanto meu amigo era bonito, afinal sou eu quem afasta as garotas interesseiras dele. Com a procura aumentando, foi difícil não questionar o motivo para tanto estardalhaço por parte do público feminino (e alguns do lado masculino também, mas isso não vem ao caso). Não são somente os cabelos rebeldes, ou o porte atlético graças ao quadribol, ou os olhos verdes.
É o jeito como ele bagunça os cabelos quando está nervoso. É o tom leve e manso de sua fala, pois mesmo irritado, sua voz não se eleva muito. São os olhos calmos e doces que brilham quando avistam alguém que ama...
Ou até mesmo o sorriso, sempre envergonhado perto de desconhecidos, mas que se expande até os olhos quando se diverte comigo ou com Ronald.
E o abraço! Tão confortável e acolhedor... As mãos também não ficam para trás! Firmes, mas gentis. Às vezes tenho vontade de não as soltar nunca mais!
Ele todo me agrada...
Preciso de um feitiço de proteção! Com urgência!”

 

Hermione releu as últimas páginas mais de uma vez. Mesmo sendo sua letra, no começo demorou a acreditar que era ela mesma quem escrevia. Nunca se interessara por diários, e ela buscava encontrar ali o motivo para ter um. De certa forma encontrara: ao folhear as páginas, avistara o nome de Harry várias e várias vezes...

Mas somente naquelas páginas dos dias cinco e seis de junho que as próprias palavras a convenceram.

Pois era exatamente como se sentia quando pensava em Harry: com tanta devoção e carinho, que ela custou a acreditar que poderia ser amor. Ela sempre soube que o amava, porém pensava ser um sentimento fraternal, e não um que uma mulher e um homem compartilham... Foi apenas Madame Pomfrey contar que estava casada com Harry Potter que ela aceitou o amor verdadeiro, para além da amizade.

E, há oito anos, foi um beijo roubado que mudara tudo.

Sorriu com a caligrafia desleixada do marido, ao fim da página do dia seis. Quase podia ouvir o tom indignado de sua voz!

 

“Oito anos! Oito anos depois e você nunca me contou que nosso primeiro beijo aconteceu uma semana antes! Estou me sentindo traído...”.


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Notas finais do capítulo

E então? Está bom para um começo? ^^"

Bom, antes de ir embora, eu preciso comentar sobre esse capítulo, o próximo, e o porquê de estarem demorando tanto a sair. Eu falei para alguns leitores, respondendo a comentários, que essa parte do diário é completamente nova na minha fic - um acréscimo à história que escrevi há anos, e que somente há alguns meses passei a revisá-la. Vi que o diário estava chamando atenção de algumas pessoas, e como o passado pode demorar um pouco para vir, achei interessante dar uma prévia dele, instigar ainda mais a curiosidade... Só que eu preciso confessar uma coisa: eu me desorganizei.
Estou enfrentando alguns problemas pessoais e, honestamente, toda vez que eu abro o arquivo para tentar escrever alguma coisa, ou não sai nada, ou não sai nada que preste. Não quero, de jeito nenhum, escrever qualquer coisa só para cumprir prazos ou algo assim. Eu sempre falo para os autores das minhas fics favoritas: eu prefiro esperar um tempão por um capítulo decente do que ter vários capítulos-merda por semana. Espero que me compreendam... O próximo capítulo não tem data definida para vir, sinto muito. =/
Eu juro, com todas as minhas forças, que vou me esforçar para entregar o próximo capítulo daqui a quinze dias! Mas não quero fazê-los pensar que ele virá sem falta. Porque eu não sei se virá, ok? Não estou com cabeça pra nada nos últimos dias, mas fiz questão de vir aqui deixar esse capítulo para vocês, porque prometi, porque não queria ficar em falta com meus leitores do S2...

Obrigada por tudo! E até o próximo! ♥



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