Conte Nossa História escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 8
Presente


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas do meu S2!
Como prometido, um capítulo maior. Se ficar muito grande, por favor, avisem! Para eu diminuir no próximo. ^^"
E como é de praxe, meus agradecimentos pelos comentários: Aliyce, pahf, Lerushe... Meu muito obrigada! Vocês são demais! ♥

Por favor, leiam as notas finais.
Boa leitura! =*



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— Mione, seus presentes chegaram!

Encontrou a mulher ainda na sala, perdida em pensamentos, encarando as próprias mãos. Ela não o olhou quando retornou ao cômodo, horas mais tarde. Fez questão de não levantar o rosto, aliás.

Hermione estava cansada de tantos segredos...

Harry engoliu em seco. Aproximou-se devagar, com medo de espantá-la, ou de que ela fugisse. Ajoelhou na sua frente, tomando as mãos delicadas entre as suas. A morena as olhava, sem realmente vê-las.

Ele enfim notou seus olhos marejados. Suspirou. Sua esposa chateada sempre fora um desafio...

— Nós aprendemos juntos as artes da mente – quase gaguejou ao começar. – Oclumência e Legilimência. Por causa disso, eu a conheço melhor do que ninguém...

— Harry, eu realmente...

— Você conseguiu esconder sua gravidez por uma semana! – Sorriu pequeno, ao que ela mirou seu olhar – Disse que ficou com medo da minha reação, pois tínhamos acabado de nos mudar para essa casa, e ficou receosa porque ainda estávamos no começo de nossa carreira. Você pensou em um jantar, pensou em me levar a um médico e fazer ele me contar... Pensou em um milhão de cenários! Menos que eu fosse ler a sua mente e descobrir sozinho. No fim, quem deu uma festa fui eu: comprei fogos de artifício e levei bronca dos vizinhos o dia inteiro!

— Já faz tempo? – Perguntou timidamente.

— Sim. Pouco mais de cinco anos. Antes dos seus pais...

— Cinco anos? – Ela não teve coragem de mencionar os pais – Nossa criança seria mais velha que Richard?

— É...

Hermione soltou uma mão para enxugar uma lágrima teimosa.

— Você queria um menino... Encontramos o Espelho de Ojesed uma última vez em Hogwarts. Você me viu no espelho... Segurando um garotinho parecido conosco. Desde lá se fixou com a ideia de que queria um menino.

— Me acostumei demais com a sua companhia e a de Rony – deu um sorrisinho. – Acho que não saberia lidar com uma menina.

Harry sorriu, nostálgico.

— Você disse a mesma coisa depois que confessou a gravidez. E eu argumentei que você passava tanto tempo com Gina quanto comigo e Ronald.

— Não é a mesma coisa.

— Você disse isso também.

Eles riram. Hermione ainda evitava seus olhos, mas tinha um singelo sorriso nos lábios, e voltara a segurar suas mãos, meio distraída. Harry prolongou ao máximo aquela leveza antes de chegar na parte ruim da história.

— Não chegamos a descobrir o sexo do bebê. – Como previra, o sorriso da mulher sumia aos poucos – Estávamos sofrendo muita pressão no Ministério na época. Você teve um aborto espontâneo pouco antes do terceiro mês. E foi... Horrível. – Ele mesmo desviou o olhar. Não gostava de lembrar daquela época. – Tiramos uma licença do trabalho para colocar a cabeça de volta no lugar.

Outra lágrima caiu no rosto bonito de Hermione, e dessa vez Harry quem a limpou.

— Como é, Mione? – Falou suavemente – Ter a cabeça de dezoito anos e descobrir que estamos casados e que quase tivemos um filho? Que ele ou ela poderia estar aqui agora, insistindo para brincar com você? Ou estranhando a mãe parecer tão diferente?

— Estou tão diferente? – A pergunta saiu automática – Richard não desconfiou de nada.

— Richard acabou de completar três anos. Nosso filho já teria quase cinco a essa altura.

Ela não soube o que responder. Apenas apertou as mãos dele, nervosa.

— Não estou guardando segredos por teimosia ou por gostar de vê-la desse jeito... Mione, olhe para mim. – A morena o fez, relutante. Os olhos castanhos ainda estavam marejados. – Tivemos muitos momentos bons, Mione. Maravilhosos! Eu seria capaz de voltar no tempo só para revivê-los! – Hermione concordou, não duvidando de sua palavra – Mas não somos perfeitos... Tivemos momentos ruins também. Alguns complicados, outros quase inexplicáveis! Não fomos poupados de tristeza só porque nos apaixonamos... Você entende isso?

Mais um aceno. Harry respirou fundo antes de continuar, sem saber direito o quanto continuar.

— Os momentos ruins não são a maioria, longe disso. Mas eles também fazem parte de nossa história, e estão presentes no começo dela. – Soltou um suspiro – É por conhecê-la bem demais que eu sei que ainda não está preparada para saber das piores partes.

Harry soltou suas mãos, dedicando-se ao rosto tristonho de sua amada. Ficou ali longos segundos, admirando-a, sabendo que poderia fazer isso para sempre.

— Eu quero passar horas e mais horas te contando sobre os nossos melhores momentos... – Hermione fechou os olhos com o carinho – Adoraria mostrar cada um deles, ainda vivos na minha memória... E então eu veria seu sorriso, e eu poderia ficar bem apenas com isso...

— Você pode me mostrar... – Os castanhos brilharam ao se depararem com os verdes – Apenas alguns? Quem sabe... Me ajudando a lembrar...

— Eu posso...

Hermione ofegou, surpresa, emocionada.

— Mas eu preciso que saiba... Que se lembre – corrigiu – que não é tão perfeito quanto parece. Não quero que pense que somos um casal excepcional. Ainda somos dois jovens apaixonados, que brigam pelo sabor da pizza toda sexta-feira.

Ela sorriu junto com ele, concordando com a cabeça.

— Você vai entrar na minha mente?

— Quase.

Viu o rosto dela ficar vermelho quando ele colou suas testas.

— Não fique envergonhada agora – riu.


“I'm not the man that I was
(Eu não sou o homem que eu era)
I used to see you in highs and lows (Eu costumava te ver em altos e baixos)
But now I keep on believing (Mas agora eu continuo acreditando)
And even if I can't see, you show (E mesmo se eu não puder ver, você mostra)
Want To be Real – Chris August

 

Harry pediu para que fechasse os olhos. Ela obedeceu, quase ansiosa demais. Não percebeu quando e nem como aconteceu. Em um momento não enxergava nada, e no outro, quando ele avisou que já poderia olhar, ela se viu no mesmo lugar, porém em pé, na sala de estar vazia e escura.

— Eu estava negociando com o dono para visitar a casa – sorria. – Você não quis me esperar no carro. Aparatou aqui e eu quase tive que confundir o dono quando a chamei e vi que você tinha desaparecido.

 

~*~

 

Hermione não teve como não reparar naquele sorriso. Era diferente... Especial, de alguma forma. Sorriu de volta, olhando para uma versão de si mesma alguns anos mais nova. Precisava perguntar a Harry como fazia para manter a pele com uma aparência tão renovada...

— Essa memória é minha— deduziu.

— Sim. Você me mostrou depois. Queria ver todos os detalhes da casa, mesmo no escuro.

— Por quê?

Ele deu de ombros, sorrindo misterioso.

Acompanharam a jovem Hermione pelas salas de estar e jantar, e depois pela cozinha. O casal a seguiu num rápido tour, como se a mulher soubesse exatamente aonde estava indo. A real estranhou um pouco aquela atitude, mas não ligou num primeiro momento. “Talvez esta não fosse a primeira visita”, pensou.

A morena da lembrança os levou até o jardim, e ali parou, bem no meio, fechando os olhos e respirando fundo, o rosto voltado para o céu.

Ouviram o jovem Harry entrar com o dono, acendendo as luzes e, a mulher ficou pasma ao ver, outra Hermione ao seu lado, sorrindo calada.

— Acho que vamos ficar com ela, sim. Minha esposa adorou a casa desde que vimos o anúncio no jornal!

— Vocês são tão jovens para estarem casados! – O senhor parecia curioso ao olhar para a morena.

— Todo mundo diz a mesma coisa – respondeu Hermione-lembrança, agarrando a mão do marido. – Estamos casados há mais de dois anos – ela mostrou a aliança, orgulhosa.

— C-Como...?

A Hermione real estava abobalhada. O verdadeiro Harry controlava o riso ao seu lado, vendo-a mirar as duas Hermiones, perplexa.

Um telefone tocou. O dono da casa pediu desculpas ao sacar o celular do bolso e decidindo atender do lado de fora da casa, saindo pela sala. O Harry-lembrança encostou o ouvido na porta, garantindo que o homem estava mesmo distraído.

Hermione deixou o queixo cair de vez.

A esposa ao lado dele sumiu num piscar de olhos. O homem nem hesitou em correr até o jardim, prevendo que a mulher estaria ali. Hermione sentiu um arrepio quando ele a atravessou, como um fantasma.

— Mione! – Ele tentou soar sério, mas estancou ao vê-la estática no centro do jardim. – O que está fazendo?

Aproximou-se dela, abraçando-a pelas costas.

— Nada – respondeu suave. – Senti falta daqui, só isso.

“Então não é mesmo a primeira vez”, concluiu.

— Tiraram minhas rosas...

Harry-lembrança sorriu em seu pescoço.

— Não eram suas, Mione.

— É claro que eram! – Rebateu indignada.

— Não há nenhuma Hermione Potter nos registros dessa casa. Ainda. – Falou rápido, antes que ela o repreendesse com o olhar. – Você pode plantá-las de novo.

A mulher bufou, mas não respondeu de imediato. A outra deu mais alguns passos na direção do casal. Harry-lembrança mergulhou o rosto no pescoço da esposa, sussurrando em seu ouvido. Viu o real manter distância, provavelmente por se lembrar de cada palavra daquele dia.

Ela chegou mais perto para ouvir.

— Está ansiosa?

— Um pouco – riu a jovem Hermione. – Estava pensando na decoração. Quero uma nova.

— A casa já era enorme... E adicionaram um andar! O que pretende fazer com tanto espaço?

A mulher virou o rosto para olhá-lo. As írises castanhas brilhavam.

— Nunca tive uma biblioteca.

— Lizzie tinha – a Hermione de agora pensou ter ouvido errado o nome em tom de provocação.

— Elizabeth era podre de rica! Filha de um rei! – Ria – Eu sou uma simples funcionária do Ministério da Magia, meu querido.

— Quem é essa Elizabeth de que falamos?

Harry não respondeu, ainda com um sorriso bobo no rosto ao apreciar o casal apaixonado.

— Tudo bem – Harry-lembrança beijou o pescoço dela, deixando-a arrepiada. Ficaram um tempo em silêncio, e a morena percebeu os dois moverem-se lentamente, como numa dança silenciosa. – Acho que ainda não lhe disse hoje...

— O quê?

— Eu amo você.

Hermione viu sua versão mais nova se virar, o olhar apaixonado, segurar o rosto do marido e tocar os lábios dele com os seus. Entregaram-se a um beijo arrebatador, mas ela não reparou somente nisso... Harry segurava a cintura dela com firmeza, enquanto a outra mão agarrava a nuca e os cabelos soltos. A mulher parecia mole nos braços masculinos, segurando a camisa do homem com força, implorando por um maior contato ao mesmo tempo que temia que suas pernas fraquejassem.

Hermione engoliu em seco.

Nunca tinha se entregado em um beijo daquela forma...

Eles se separaram ao ouvir o dono da casa abrir a porta do jardim.

— Foi como eu lhe disse... – O moreno não parecia nem um pouco envergonhado de ter sido flagrado aos beijos com sua esposa. Sorria abertamente ao se dirigir ao homem mais velho, aliás. – Se minha mulher gostou, não há nada que eu possa fazer. Vamos ficar com a casa.

— Vamos? — Harry colocou uma mão sobre seu ombro, ao que ela concordou de leve, ainda de olho na jovem com um sorriso enorme no rosto, abraçada ao esposo.

Ela estava tão feliz…

— É real…

 

 

Abriu os olhos, sem lembrar de tê-los fechado. Estava de volta à sala de estar atual, com Harry ajoelhado na sua frente.

— É real – repetiu, abobalhada.

— Mione?

Ela escondeu o rosto entre as mãos, sorrindo nervosa. Logo segurou o rosto dele, tremendo. O moreno a olhava confuso.

— Sabe... Por várias vezes eu fiquei me perguntando se não estava vivendo um sonho, ou participando de uma brincadeira infeliz... Mas agora... Eu...

— Mione...

— Não tem como você ter inventado tudo isso! – A euforia que tomou conta foi incontrolável – E eu não teria imaginação para sonhar algo assim! Eu vejo que está mais velho... Seu rosto amadureceu, ganhou a aparência de um adulto. Você está tão bonito, Harry... E essa casa! Essa casa é linda! Em cada cantinho eu vejo um toque nosso... E essa lembrança... Nós dois... É tudo real.

Percebendo que o sorriso dela estava deixando-o nervoso – ele não sorria –, tratou de respirar fundo e se explicar.

— Parece que a ficha finalmente caiu...

Sua voz saiu baixa, num sussurro. Encostou a testa na dele, fechando os olhos por um instante. Os verdes a miravam ansiosos.

— Você está lendo a minha mente, não está?

Harry acenou.

— Diga assim mesmo... Por favor.

Não teve vergonha dessa vez. Não havia mais motivo para tal.

— Harry... Eu também amo você.

 

~*~

 

Ela provavelmente só teve um vislumbre de seu sorriso antes que tomasse os lábios dela, desesperado, morto de saudades. Sua mão foi parar na nuca da mulher sem que tomasse consciência, puxando-a para ainda mais perto, abrindo a boca para aprofundar o beijo. Não imaginava que Hermione fosse retribuir tão rápido, e quando ela fez, Harry achou que poderia morrer do coração facilmente.


“How long will I be waiting
(Quanto tempo eu esperarei)
To be with you again (Para estar com você novamente)
I'm gonna tell you that I love you (Vou te dizer que te amo)
In the best way that I can (Da melhor maneira que eu puder)
When You Look Me In The Eyes – Jonas Brothers

 

Levantou do chão meio desajeitado, sem deixar de beijá-la, deitando-se sobre ela no sofá. As respirações irregulares e até mesmo os suspiros e gemidos o inebriavam, deixando-o incapaz de controlar os próprios desejos. As mãos percorreram o corpo pequeno, explorando-o por dentro da camiseta. Ele deixou-se levar, descendo os beijos pelo pescoço e colo da morena, ouvindo-a arfar. Foi somente quando sua mão se aproximou de um seio e a boca beijou o outro por cima da roupa, que Hermione percebeu o que estavam fazendo.

— Harry...

Ela ainda o chamou mais duas vezes antes que pudesse ouvi-la, concentrado demais em beijar a pele macia. Olhou-a e viu um semblante dividido entre a dúvida e o desejo.

— Harry, eu...

Ele fechou os olhos e sorriu por um instante, balançando a cabeça e se dando conta do próprio desespero. Voltou o olhar para o dela. Hermione temia seu desapontamento, nervosa.

— Harry... Me desculpe, mas eu...

Beijou-a de novo, dessa vez mais calmo, mais doce, sem largar do corpo dela. A mão saiu de dentro da camiseta, abraçando a cintura amorosamente.

— Eu que peço desculpas – falou entre os selinhos que distribuía pelo rosto da esposa. Mirou os olhos cor-de-mel que tanto amava um tanto mais aliviados. Um sorriso mínimo surgiu nela. – Acho que me empolguei... – Deu outro selinho, um pouco mais demorado – Estou com saudades.

Hermione arregalou os olhos ao compreender o que ele dizia, corando de repente.

— Não se preocupe – ela fechou os olhos quando roçaram os narizes. – Eu esperarei até que esteja pronta para mim, minha Mione.

Beijou a testa dela com ternura, saindo de cima da mulher e a chamando para o quarto.

— O-O quê?

Harry riu com o semblante envergonhado.

— Seus presentes, Mione! Chegaram, lembra-se? Estão no quarto! – Ele virou as costas, caminhando até o outro cômodo e falando alto para que ela ouvisse – Estou curioso com o presente de Luna esse ano!

Controlou a respiração e as mãos trêmulas antes que Hermione o alcançasse.

 

 

Ainda rolava na cama, tarde da noite, sem conseguir pregar o olho. A sensação do corpo de Hermione colado no seu ainda era vívida! A entrega dela quase o fizera perder a cabeça, e se ela não tivesse lhe pedido para parar...

Respirou fundo, frustrado. Apenas aqueles poucos minutos junto dela o encheu de desejo, saudade do corpo dela nu, amando-o a noite inteira...

Resolveu se levantar e tomar um banho frio. Estava prestes a entrar no banheiro quando ouviu leves batidas na porta.

“Por favor, esteja acordado”.

— Pode entrar, Mione.

Os volumosos cabelos castanhos apareceram devagar, dando espaço a um semblante tímido. Ela se surpreendeu ao vê-lo de pé.

— Eu te acordei?

— Não – sorriu-lhe doce.

— Eu...

— Entre de uma vez, Mione.

Ela obedeceu, hesitante. Apertou mais o robe contra o próprio corpo, com frio ou envergonhada – Harry não soube identificar. Talvez os dois. Hermione evitava seus olhos, fitando os lados e os próprios pés.

— Eu queria... Conversar. E-Eu…


“Now that I've tried to talk to you and make you understand
(Agora que tentei conversar com você e te fazer entender)
All you have to do is close your eyes and just reach out your hands (Tudo o que você tem que fazer é fechar os olhos e estender suas mãos)
And touch me, hold me close, don't ever let me go (E me toque, me abrace, nunca me deixe ir)
More than words is all I ever needed you to show (Mais do que palavras é tudo o que sempre precisei que você mostrasse)
Then you wouldn't have to say that you love me (Então você não teria que dizer que me ama)
Cause I'd already know (Porque eu já saberia)”
More Than Words – Extreme

 

Foi fácil demais ler sua mente e seu coração. Harry ficou bobo, rapidamente esquecendo da frustração causada horas antes. Aproximou-se dela, sorrindo marotamente. Como se fosse possível, ela ficou ainda mais vermelha.

— P-Pare de ler a minha mente, Potter!

Ele riu. Adorava quando ela usava seu sobrenome para brigar! Nunca funcionava.

— Você também é uma Potter – provocou.

Não esperou que ela rebatesse. Segurou sua mão e a trouxe para perto, olhos castanhos se aproximando dos verdes. Harry a fitou demoradamente antes de se pronunciar:

— Não estou chateado com você. Não vou embora sem me despedir só porque não fizemos amor esta noite – ela enrubesceu, mas não desviou o olhar. Harry sentiu-a apertar sua camisa, e ele retribuiu ao abraçar mais forte sua cintura. – Eu não mudei esse tanto que está pensando. Ainda sou o mesmo Harry que cresceu com você.

— Mas eu...

— Desculpe por tê-la deixado sozinha naquela semana... – Interrompeu sério, acariciando o rosto dela – Mas isso não vai acontecer de novo, ok? Vou para missão e vou tentar voltar o mais rápido possível! Vou fazê-la entender o porquê de ter aceitado se casar comigo duas vezes!

— Harry...

Sequer completando a própria frase, Hermione jogou-se nos braços do homem, emocionada, num abraço esmagador.

— Sei que estou sendo boba, é só que... – Ela afastou-se um pouco, apenas para olhá-lo – Não faz muito tempo que descobri que estou casada com o homem pelo qual estava apaixonada... Não é difícil aceitar, mas às vezes é estranho perceber o quanto é real.

Ele confirmou, beijando a boca que agora não oferecia nenhuma resistência.

— Vou aprender a me comportar como uma boa esposa, eu prometo.

Harry estranhou seu comentário.

— Uma boa esposa? – Riu – Estamos no século XXI. Não precisa fazer minha janta todas as noites.

Ela lhe deu uma tapinha no braço pela brincadeira fora de hora.

— Não estou falando disso! Estou falando sobre… Nós dois.

O moreno fez esforço para conter um sorriso sapeca.

— Qualquer dúvida, é só perguntar. Terei o maior prazer em ensiná-la.

Não conseguiu desviar de outro tapa, mesmo escapando do abraço. Ele ria, mesmo com o braço dolorido e com Hermione tentando ficar séria. Voltou a segurar sua cintura, depositando um beijo em cada bochecha.

— Sou seu melhor amigo, lembra-se? – Ela confirmou mesmo sabendo que não precisava – Já fui seu namorado, mesmo num espaço de tempo muito curto. E agora sou seu marido... Não há razão para ter vergonha de mim, ou de me contar qualquer coisa. – Não resistiu àquele olhar atento sobre si, dando outro beijo demorado naqueles lábios. – Mesmo os assuntos mais íntimos... Estou aqui para o que precisar, não se esqueça disso.

A mulher acenou, ainda meio envergonhada.

— Posso ficar aqui esta noite? Não quero dormir sozinha – falou muito rápido. Se Harry não tivesse lido seus pensamentos antes, com certeza não teria entendido o que ela dissera. – Não sei quando vou vê-lo novamente, se em uma semana ou em um mês. Só sei que não quero passar essa última noite longe de você.

Ele concordou com a cabeça, de repente ansioso demais.

— Sua boba. Só viajo na quinta.

— De madrugada – retrucou. – Grande diferença!

Harry então a puxou para a cama, sorrindo besta. Hermione bem que tentou ficar deitada ao lado dele, comportada, mas ele a trouxe para perto, fazendo-a deitar sobre seu peito. Não podia ver seu rosto, mas tinha certeza que ela corava.

— Você dorme mais rápido assim – ele brincou. Sua Mione riu baixinho, voltando o rosto para olhá-lo. Não pode deixar de notar um novo brilho nos olhos dela, assim como um sorriso despontando em seus lábios. Harry pensou que seu coração batia rápido demais para que ela não ouvisse.

— Obrigada pelo presente.

— Mingau?

— Também – sorriu. – Mas estava falando da lembrança... Não consigo esquecê-la.

— Não era bem um presente...

— Eu sei, mas... – Soltou um suspiro, colocando a mão sobre o coração – Foi especial. É a primeira lembrança que tenho de nosso passado. Foi como uma prova de que isso, nós dois, não é um sonho. Eu tinha medo de ainda estar desacordada na enfermaria de Hogwarts, sonhando com você...

— Não é um sonho.

— Eu sei. Agora eu sei... – Hermione se esticou para dar um selinho rápido nele, esquecendo a timidez e aconchegando-se nos braços fortes – Eu amo você, Harry... Acho que sempre amei.

A mulher fechou os olhos em seguida, não demorando a dormir. Ela sentiu quando ele a apertou mais, mas não viu os lábios trêmulos, nervosos.

Não podia mais mentir para si mesmo: estava apavorado! Queria, e muito, contar toda a história para Hermione, mas temia ter que começar pelas partes mais complicadas... O começo do relacionamento dos dois fora tão difícil! Tudo só melhorara nos dias que antecederam seu primeiro casamento... Dali em diante foram rosas...

Mas os espinhos ainda estavam entranhados em seu coração!

O diário dela só lhe confirmou isso. Harry chegou a pensar que ela anotara tudo com o objetivo, ou esperança, de tirar aqueles momentos da cabeça.

Relembrar o lado dela foi como uma nova facada no coração... Ele fora tão idiota!

Balançou a cabeça, a fim de afastar os pensamentos. Deu um beijo na testa da esposa adormecida e fez esforço para se entregar ao sono.

E que esforço!

Foi difícil dormir abraçado com ela sobre seu peito, com o calor de seu corpo pequeno se irradiando e ele sem poder se aconchegar nela e esquentá-los ainda mais...

Adormeceu quando passava das três da manhã e pouco depois das seis resolveu se levantar, a saudade ficando mais forte quanto mais tempo passava perto dela.

Foi para o quarto principal para não a acordar, desesperado por um banho frio. Passou um longo tempo debaixo da água corrente, colocando a mente em ordem, sem muito resultado. Quando saiu, parou estagnado na porta, surpreso com o que via:

Hermione dormindo na cama.

Esperando-o.

“Como antes...”.

 

~*~

 

— Hermione! – Ela virou o rosto para o outro lado, insatisfeita – Hermione, acorde!

— Já é a minha vez de tomar banho?

Não controlou a frase que saiu de sua boca, sonolenta demais para pensar.

— Hermione, pelo amor de Merlin, acorde!

As mãos aflitas e a voz desesperada a alertaram. Levantou o rosto do travesseiro, o rosto franzido. Por que Harry estava tão inquieto às seis da manhã?!

— O que houve, Harry?

— Por que está aqui? – Ele falou rápido – Por que veio para cá?

Confusa, olhou ao redor. Não estavam mais no quarto de hóspedes.

— Não me lembro de ter vindo – concluiu, sentando na cama.

Harry engoliu em seco. Viu o calafrio que percorreu o corpo do homem seminu. Tentou não corar com a visão daquele peitoral, afinal já o vira diversas vezes. Nunca tão próximo, é verdade, mas também nunca consciente de que aquele corpo já estivera colado ao seu várias vezes, mesmo que não se lembrasse...

Desviou o olhar.

O homem sentou ao seu lado, alheio aos pensamentos indevidos que passavam em sua cabeça.

— Você costumava fazer isso... – O tom entristecido chamou completamente sua atenção. O moreno não a olhou quando buscou suas mãos e as segurou com carinho. – Eu levantava primeiro, e ia para o outro quarto para não acordá-la... E você acordava sempre que percebia que eu não estava mais ao seu lado. E quando saía do banheiro, eu te encontrava na outra cama, meio adormecida, me perguntando se já era sua vez de tomar banho...

Hermione arregalou os olhos. Ele hesitou antes de continuar:

— Você... Você se lembrou disso?

Harry obteve sua resposta ao encarar o semblante ainda surpreso. Virou o rosto, então, respirando fundo. As mãos dele tremiam.

— Você me perguntou se era sua vez... Como pode não ter lembrado?

Não pensou direito. Apenas agiu.

Sentou no colo dele e o abraçou forte, logo incentivando-o a olhá-la.

— Vou a um médico, ainda essa semana. Se eu falei algo de que não me lembro, deve significar alguma coisa, não é? – Ele confirmou, ainda pesaroso – Harry, não fique assim, por favor. Nós dois sabemos que minha memória pode nunca voltar.

— Mione...

Ele escondeu o rosto no pescoço dela, as mãos agarradas na parte de trás de sua camisola.

— Mesmo que eu não me lembre... – Continuou, sentindo-se horrível ao ouvi-lo fungar – Você ainda pode me contar tudo. Pode me mostrar o nosso passado, e eu voltarei a agir como antes, mesmo não recordando... – Ele se afastou, confuso. Hermione engoliu em seco ao ver os olhos verdes marejados – Eu não vou me separar de você porque perdi a memória, Potter. Pode tirar isso da sua cabeça.

Um sorriso triste apareceu no rosto bonito do homem. Hermione acariciou aquele rosto que tanto amava.

— Você está lendo meus pensamentos?

Ela sorriu com a brincadeira.

— Estou.

Quase gargalhou quando as írises cor de esmeralda se arregalaram, chocadas.

— Está com medo que eu leia a sua mente, Harry Potter?


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Notas finais do capítulo

E nesse capítulo separamos as crianças dos adultos... ( ͡° ͜ʖ ͡°)
Mas não se desesperem, ou fiquem ansiosos. A fic é +16 porque eu não sei escrever cenas explícitas de sexo, então vou ficar só na insinuação. Vai de cada leitor decidir se essa é uma boa notícia ou não. ^^"

Mas o que eu queria falar era outra coisa...
Pessoas do meu S2, talvez (TALVEZ) eu precise adiar a entrega do próximo capítulo. Estou com a imaginação fértil para um capítulo lááá na frente, e quase sem inspiração para o próximo. Então não quero prometer capítulo para o próximo fim de semana, ok? Mas vamos ficar naquele acordo: se eu não postar daqui a dois finais de semana (lá pelo dia 18 ou 19), eu deixo um recado nos comentários do Spirit, tudo bem? =)

Gostaram do capítulo? *-*