Conte Nossa História escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 5
Não Me Esqueças


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas! *-*
Mais um capítulo para vocês! Espero que gostem! ♥
E obrigada mais uma vez pelos comentários! São sempre incríveis! Adoro responder cada um! ^^"

Boa leitura! =*



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— Quero ir para a casa de meus pais.

Harry, ao contrário da professora McGonagall, não pareceu nem um pouco surpreso. Sequer demonstrava alguma reação, para ser exato. A impassibilidade do moreno a deixava à flor da pele!

— Não se preocupe, Minerva – ele dizia enquanto limpava os óculos. – Eu a levarei até eles.

— Mas...

— Cuidarei bem dela, não se preocupe.

— Você sabe que não é com isto que estou preocupada!

Ela não entendera o rumo da conversa, mas também não dera muita importância. Estava ansiosa demais para sair daquela ala hospitalar!

— Você está se sentindo bem para desaparatar? – Harry a questionou um pouco antes de enfim colocarem os pés para fora do castelo.

— Sim, vamos logo, por favor.

Ajeitou o sobretudo sobre o corpo. O vento frio do outono não a incomodava, mas os olhos perfurantes dos alunos, sim. Podia ouvir os murmúrios pelos corredores e até mesmo enquanto atravessava os jardins.

— Aquele é Harry Potter?

— É sim! E aquela ao lado dele deve ser a esposa, Hermione Potter! Ela é ainda mais bonita do que as revistas mostram!

— Eles fazem um lindo casal, não acha?

— Ah, eu quero um Harry Potter para mim!

Fofocas. De admiração e até mesmo de surpresa por verem os dois ali.

— Relaxe – uma mão firme pousou sobre seu ombro. – Não é a primeira vez que somos o centro das atenções nessa escola.

Não evitou o sorrisinho.

— Você me conhece tão bem assim?

— Você não imagina o quanto.

 

~*~

 

Mandou a única mala de Hermione por Chave de Portal, ainda no escritório da diretora. Aproveitando a mão livre, agarrou a da esposa e fez questão de não a soltar até aparatarem em frente ao novo “lar” dos Granger. A morena o olhou chocada.

— O que estamos fazendo aqui?!

Engoliu em seco. Não disse nada. Apenas a puxou para dentro do cemitério.

— Harry?

“Um cemitério? O que estamos fazendo em um cemitério?”.

Sentiu a mão trêmula da mulher quando enfim parou de andar e apontou para duas lápides, uma ao lado da outra. Hermione tinha os olhos marejados, fixos nos dele.

“Por favor, diga que não é o que estou pensando!”.

— Mione...

Um ofego sofrido saiu de sua boca. Ela então tomou coragem para olhar os escritos no mármore branco:

 

John W. Granger. 1955 – 2001. Amado pai e marido.

Jane E. C. Granger. 1956 – 2001. Amada mãe e esposa.

 

Hermione caiu de joelhos em frente aos túmulos. Lágrimas caíram incessantemente ao ler a mesma frase entalhada nas pedras:

“Aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade”.

Sentir aquela dor de novo era horrível. Cada lágrima da esposa era como uma facada em seu peito! E não havia nada que pudesse fazer para amenizar aquele sofrimento...

De novo.

— John sofreu um enfarto – respondeu à pergunta muda. – Foi muito rápido. Jane nos avisou quando já estava no hospital... E era tarde quando chegamos lá.

Mais lágrimas. Mais dor.

— Sua mãe partiu três dias depois, durante o sono. Os médicos não souberam explicar o que houve, mas garantiram que ela partiu sem dor. Foi como... – Hesitou – Foi como se ela quisesse ir. Por não aguentar viver sem John.

Hermione encolheu-se ainda mais, encostando a cabeça na grama e soltando um grito desesperado em meio às lágrimas. Harry ajoelhou ao seu lado, puxando-a para seu colo. Ela aceitou o abraço e o calor, molhando o casaco do marido com seu choro. Não que ele se importasse, de qualquer forma. Ao contrário, apertou-a ainda mais, beijando o topo de sua cabeça carinhosamente.

— Eu estou aqui, Mione... Sempre estarei aqui por você.

 

~*~

 

Ela sabia disso. Tinha certeza, aliás.

Não foi instantâneo, mas foi apenas se aconchegar nos braços de Harry para sentir que tudo ia melhorar. A dor não iria embora facilmente, mas o moreno que amava faria de tudo para garantir que ela voltasse a sorrir ao mencionar os pais outra vez.

— Lembra do que eu lhe disse uma vez? – Sussurrou em seu ouvido docemente – Um dia essa dor irá passar. Não será amanhã, nem depois. Mas um dia ela não doerá tanto. Chegará o dia em que ela se transformará em saudade.

— Eu os amo tanto – soluçou.

— Eu sei... Eles sabiam. E a amavam também. Não duvide disso nunca, Mione. Nunca!

— Vou amá-los para sempre!

— É bom que faça isso mesmo...

O beijo demorado em sua bochecha foi mágico. Não no sentido de deixá-la apaixonada ou de acelerar seu coração, e sim no literal. Sentiu um poder imenso emanar de Harry e distribuir-se pelo seu corpo. Teve que fechar os olhos para suportar aquela energia nova que a revigorava e acalmava todo o seu ser.

“Juntos somos mais fortes, porque o nosso maior poder é o amor”, diziam as runas gravadas no anel de Harry. O próprio Alvo Dumbledore dizia que o amor é uma força poderosa, e que jamais deve ser subestimado. Seria essa a fonte do poder do homem que a abraçava como se fosse protegê-la do mundo?

Harry a amava tanto assim?

Aquela percepção foi o que a fez abrir os olhos. Deparou-se com um par de íris verde, ansiosas. Esperançosas. Suas mãos foram parar sobre a barba do menino-que-sobreviveu.

— O que eu faria sem você?

— Não gosto de pensar em você sem mim.

A brincadeira a fez sorrir. Teve vontade de dizer que o amava. E beijá-lo.

Mas não fez nada disso.

Apenas o abraçou. Forte, tão apertado quanto antes.

— Obrigada, Harry...

 

 

— Bem-vinda de volta.

Hermione entrou timidamente na casa. Tentou não mostrar surpresa, mas foi difícil resistir: a casa era muito bonita! Ampla e arejada, e extremamente bem decorada. Sorriu.

— Fui eu que decorei, não foi?

— Como adivinhou? – Harry fingiu espanto, fazendo-a rir – Querida, eu só mexi no andar de cima!

— O que tem lá? – Perguntou curiosa.

— Calma. Deixe-me apresentar o resto da casa primeiro.

Harry sorriu para ela, pegou na sua mão e mostrou todo o térreo. Cozinha não muito grande, afinal nunca passariam muito tempo ali, como o moreno dissera; sala de estar com um detalhe fundamental: conforto – sentou no sofá por um instante e quase desejou ficar ali o resto da tarde! Banheiro para visitas, nada de extravagante. Andaram até o fim e Harry lhe mostrou duas suítes, uma para visitas e outra do casal.

— Ficarei no quarto de hóspedes enquanto você vai se adaptando à casa.

— Achei que tinha dito que iria para um apartamento...

— Mudei de ideia – deu de ombros, simples. – Não quero deixá-la sozinha.

 Hermione não se importou com a nova decisão. Apenas esperava que ele tocasse no assunto para pedir que ficasse com ela. “Seria muito estranho morar sozinha depois de tudo”, pensou. Concordou com a cabeça e insistiu para que ele lhe mostrasse mais da casa. Harry prontamente o fez, abrindo a porta de correr do quarto principal e lhe mostrando o jardim. Ela ficara encantada! Tirou os sapatos e experimentou a grama baixa, mas fofa. Sentiu o suave aroma de pequenos miosótis espalhados pelo jardim e deu um pequeno sorriso triste. Harry pareceu adivinhar seus pensamentos:

— Você sempre gostou muito dessa florzinha, tanto que plantou por quase todo o jardim. Miosótis também é conhecida como...

— “Não-me-esqueças”... É, eu sei.

Não queria entristecer o momento com a ironia que a flor trouxe. Continuou andando, olhou a piscina (bastante funda na sua opinião), a pequena área de serviço e o surpreendeu ao deitar-se na grama depois do tour.

— É lindo aqui... – Falou baixinho – É meu lugar favorito até agora.

Harry também abriu um pequeno sorriso e ofereceu a mão para ela.

— Então deixe-me mostrar o que tem lá em cima.

Quis contar a ele que não tinha ideia do que poderia haver no andar superior, já que tudo o que precisavam encontrava-se no térreo. Quis pedir para que ele também deitasse, ao lado dela, na grama fria, contando-lhe histórias da qual não se lembrava. Queria fazer um milhão de perguntas, mas estava tão cansada! Cansada depois da visita ao cemitério, cansada da sua falta de memória, cansada de ser um tormento para o homem que amava...

— Prometo que valerá a pena.

Falou tão docemente que Hermione não resistiu, deixando de lado a tristeza momentânea e segurando a mão que ele oferecia. Levantou e Harry rapidamente tratou de agitar a varinha, fazendo uma venda surgir em sua cabeça, tapando seus olhos.

— O que está fazendo?

— É uma surpresa.

Ele a puxou cuidadosamente para dentro da casa, guiando pelo quarto e pelo corredor. Pararam e pode ouvir Harry abrindo uma porta da qual não se lembrava de ter passado por perto. O homem segurou novamente em suas mãos e a guiou devagar pelos degraus de uma escada. Hermione contou catorze degraus até pararem.

— Não tire a venda ainda! – Harry pediu quando soltou sua mão.

— Ok.

Ouviu papéis sendo remexidos, algo pesado ser empurrado e um cheiro de lavanda preencher o ambiente.

— Está arrumando tudo para que eu não brigue contigo por ter passado um mês sem limpar o lugar? – Brincou.

“Não precisa de tanto cuidado, afinal eu não lembro nem de como é esse lugar...”.

Não escutou mais nada. Tentou não ficar nervosa, mas o silêncio profundo e vazio sempre lhe incomodara.

— Ainda está aqui? – Brincou novamente.

“Não me deixe sozinha de novo, por favor...”.

Sentiu a mão de Harry acariciar seu rosto. Hermione deu um suspiro aliviado, segurando a mão dele com as suas.

— Posso tirar a venda agora?

— Pode.

Sua voz baixa e suave fez-se sentir como se estivesse derretendo. Sorriu bobamente e tirou o pano do rosto. Seu queixo caiu.

Era uma biblioteca.

 

~*~

 

Hermione ia e voltava em sua direção, mais sorridente do que quando mergulhara no mar de estantes. Falava sem parar, encantada com todos aqueles livros, imensamente agradecida por aquela surpresa.

“Exatamente como a primeira vez...”.

— O que disse? – Ela o olhou, ainda animada.

“Ops. Tome cuidado”.

— Disse que você está exatamente como a primeira vez que lhe mostrei. – Ela sorriu ainda mais - Só não tinha muitos livros na época, mas isso não foi problema para você – e apontou para as estantes cheias.

— Já li todos?

— Mais de uma vez! – Riu – Você raramente andava sem um livro nas mãos. Quando era o caso, era porque ele estava na bolsa.

Hermione riu também, mostrando-lhe dois livros resgatados da estante mais próxima.

— Você sabe qual era o meu tipo favorito?

Ele fez uma careta de confusão.

— Romance – levantou um – ou algo mais sério? – E levantou o outro, de direito bruxo.

— Já a vi com os dois – deu de ombros. – Não sei qual você prefere.

— Mas você me conhece, não é? – Confirmou – Eu virei uma mulher séria, de negócios... – Ela fez uma pose altiva, fazendo-o rir – Ou ainda sou a irritante sabe-tudo do colégio que o salva de encrencas?

— Você está me descrevendo a mesma Hermione.

O queixo dela caiu, surpresa.

— Há horas para trabalhar e horas para divertir-se. Você sabia separar bem. Vivia brigando comigo por causa disso, aliás.

— Por quê?

Não evitou o sorrisinho antes de responder:

— Você ficava envergonhada quando eu a beijava no Ministério – os olhos castanhos se arregalaram. – Dizia “aqui não é lugar para isso!”.

Ele afinando a voz a fez relaxar.

— Por que a dúvida?

Hermione olhou para os livros em suas mãos, organizando os pensamentos antes de externá-los.

— Já li sobre problemas de memória – enfim respondeu, nervosa. – Às vezes aparecem resultados quando o cérebro é estimulado com coisas do cotidiano da pessoa afetada... – Hesitou – Os livros podem me ajudar a lembrar da mulher que eu era.

Ele engoliu em seco.

— Eu não quero ser um estorvo para você – não o olhava enquanto pronunciava baixo. – Não quero incomodar sua rotina por causa da minha amnésia.

Harry se aproximou devagar, quase a interrompendo.

— Eu vejo em você a garota por quem eu me apaixonei... – Hermione levantou o olhar ao ouvir seu tom profundo – Vejo a mulher que eu amo... Ela está aí, escondida em algum lugar. E, ao mesmo tempo, ela é você.

Segurou o rosto dela com as duas mãos, olhando-a, admirando-a, tentando decifrá-la. Percebeu a confusão na cabeça da moça, mas já não era capaz de parar.

— Eu a vejo... Tentando sair, querendo me mostrar que não vou me livrar dela tão fácil! Eu a vejo admirada pelo jardim, pela biblioteca, mas você não é ela. Eu a perdi, mas a tenho aqui na minha frente! Você... Consegue me entender? – Os lábios dela tremeram, e ele notou que ela se controlava para não chorar. Estava magoada. – Eu a amo, Hermione! Amo desde sempre! – Uniu sua testa à dela, fechando os olhos – Pare de tentar ser minha esposa, a mulher de quem você não se lembra, e seja a Hermione que você é! Ela sim é a minha Mione. Ela é a mulher que eu amo.

Harry a beijou. Apaixonado, perdidamente apaixonado. Enlaçou-a pela cintura e a carregou a alguns centímetros do chão, sentindo o coração bater forte e acelerado quando ela retribuiu todo seu amor.

— Quero que me conte... – Ela estava ofegante enquanto murmurava a centímetros de seus lábios – Tudo. Sobre nós dois...

— Mione...

Ela o segurou quando ameaçou se afastar, colando seus lábios novamente. O moreno teve que usar de todas as forças para criar uma distância. Negou com a cabeça. Não queria falar sobre aquilo. Não ainda.

— Harry! Harry, por favor! – Ela o seguiu quando deu as costas e se direcionou à escada. Ignorou as súplicas, mas Hermione não desistiu. “Ela nunca desiste”, lembrou. Conseguiu encurralar o homem na cozinha. Não havia nada além de seriedade nos olhos cor-de-mel. – Conte quando descobriu que eu era apaixonada por você.

A mulher pareceu esperar a sua reação: nenhuma surpresa, apenas aflição.

— Você sabia, não é? Sabia que eu era apaixonada por você antes da guerra! – Ele cobriu os olhos com força – Por isso sabe que ainda estou apaixonada. Meus sentimentos não foram apagados porque eles já existiam antes da minha última lembrança: Voldemort morto no chão do Salão Principal.

— Foi o que me confundiu nos primeiros dias... – A voz saiu fraca – Não percebi a sua falta de memória porque ainda senti...

— Sentiu que eu o amava?

Confirmou com a cabeça, sem coragem de olhá-la. Hermione se aproximou sorrateira, com medo de que ele fugisse de novo. Segurou as mãos dele devagar, colocando uma sobre o colo dela. O coração batia rápido.

— É tão forte assim para que você consiga sentir sem eu dizer uma palavra?

A voz mansa o fez encará-la. Os rostos estavam próximos de novo, e ele assentiu. Trouxe a mão delicada para sentir o anel marcando a pele masculina, fazendo com que ela se lembrasse de sua própria declaração.

— É uma história longa... E complicada. Eu quero te contar tudo. Eu preciso te contar tudo... Mas sem pressa. Sem hora marcada para acabar. – Respirou fundo – Quando você estiver pronta.

Saiu da cozinha com uma desculpa qualquer.

Qualquer coisa era melhor do que mirar os olhos castanhos magoados.


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Notas finais do capítulo

Quem não conhece a florzinha, eu recomendo que procure imagens no google. É muito lindinha. *-*
Segundo algumas pesquisas que fiz, a "flor Miosótis significa recordação, fidelidade e amor verdadeiro. É também conhecida como 'Não-me-esqueças'. A flor miosótis pode apresentar mais de 50 variedades e por algumas pessoas também é conhecida como "Verônica". A explicação do nome 'não-me-esqueças' da flor pode ser explicada por algumas lendas. Uma delas diz que num belo dia de primavera, dois jovens apaixonados se encontravam à margem de um rio. Nas águas turbulentas, a jovem avistou um ramo de miosótis flutuando e ficou maravilhada pela beleza da flor. O seu amado, mergulhou então para apanhar as flores e oferecê-las à sua namorada. No entanto, quando tentou voltar para a margem, foi arrastado pela forte correnteza. Esta lenda conta que pouco antes de desaparecer ele gritou para a sua amada: "Não me esqueça, me ame para sempre!". A partir desse dia a flor miosótis passou a crescer nas margens dos rios, para que mais ninguém tivesse que morrer por sua causa.
São lendas, obviamente. Mas elas me inspiraram a escrever esse capítulo há alguns anos. Mais pelo significado do que pelas histórias. ^^"

Até o próximo capítulo! =)