Conte Nossa História escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 4
Juntos Para Sempre?


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo! ^^
Pessoinhas queridas, obrigada demais pelos comentários! Sempre motivadores, muito obrigada! Se aparecerem erros ou incoerências, por favor, não tenham vergonha de me falar, ok? As críticas, boas e ruins, me ajudam a melhorar, não se esqueçam disso. =) E obrigada pelos favoritos também! Deixem sua opinião de vez em quando também, só para eu saber se vocês estão gostando... =)
Ah, e apareceu uma dúvida em um dos comentários que é valido ressaltar. Eu esqueci de explicar sobre isso, e acabei acreditando que ficaria fácil de compreender com o decorrer dos capítulos. Mas como não foi, eu explico: os trechos com a fonte normal mostram o ponto de vista do Harry, enquanto a parte em itálico mostra o ponto de vista da Hermione. E a fonte em itálico nos trechos de fonte comum, e vice-versa, são pensamentos ou lembranças. xD
Qualquer outra dúvida, podem perguntar, ok? =)
Boa leitura! ♥



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Poderia não ter uma capa de invisibilidade, mas tinha algo tão poderoso quanto: uma varinha. Armada com ela, saiu da cama e lançou um feitiço de desilusão em si mesma. Em seguida fez um difícil encantamento de ilusão, e uma cópia sua apareceu dormindo na cama. Dera uma última conferida na janela e, garantindo que certa pessoa ainda estava nos jardins, saiu da enfermaria.

Desceu as escadas rapidamente, tendo o cuidado de não fazer barulho enquanto passava pelos corredores. O castelo estava deserto, ela notou, estranhando a ausência de professores e monitores no primeiro dia do ano letivo. Ignorou a vozinha na cabeça que lhe dizia que tudo aquilo era suspeito e tomar cuidado. Chegou ao hall do castelo e tomou um susto ao ver Rony estancado no portão principal, olhando fixamente para algum ponto nos jardins. Hermione nem precisava perguntar para saber o que ele estava olhando, pois pretendia ir até o mesmo lugar.

Fez um enorme esforço enquanto andava silenciosamente até o portão: não queria que o ruivo a descobrisse e a impedisse de ir até Harry. Parou a meio metro do amigo, sentindo um turbilhão de emoções tomando conta de si novamente ao encarar a imagem desolada de...

“Meu marido”, completou tristemente em pensamentos.

— Não devia ter saído da enfermaria – Rony falou de repente. – Mas com certeza você sabe disso.

Hermione o olhou espantada, ao que ele se virava lentamente para vê-la. Ou quase...

— É melhor aparecer. Não gosto de conversar com pessoas invisíveis – brincou.

Ela desfez o feitiço de desilusão, hesitante. Rony a olhou com carinho.

— O que está fazendo acordada a essa hora?

— Preciso...

— Falar com Harry? – Ele interrompeu calmo – Eu não acho uma boa ideia.

— Mas... – Falou aflita, lançando vários olhares ao moreno – Ele... Ele precisa de mim.

— Harry precisa da esposa dele.

Eu sou a esposa dele! – Respondeu em desespero.

— Não, não é – ela o olhou confusa. – Você é a melhor amiga dele. Harry perdeu a esposa há doze dias.

Hermione abaixou a cabeça, as lágrimas teimando em sair outra vez. Sabia que a intenção de Rony não era magoá-la, mas talvez precisasse desse choque para entender a dor de Harry.

— Nós precisamos conversar, Rony – falou com a voz embargada, evitando olhá-lo. – Você sabe que sim.

— Eu sei. Só não acho que esse seja o melhor momento. – Respirou fundo – Harry está abalado...

— Eu também estou! Tudo isso que aconteceu... – Ela hesitou – Foram mais de oito anos, Rony! Oito anos que foram apagados de mim.

— Mas não de Harry.

Hermione voltou a olhá-lo, e pôde ver sofrimento naqueles olhos azuis. Rony parecia sentir dor ao lhe dizer tais palavras:

— Harry ainda tem oito anos gravados na memória. Disso você não pode esquecer, Mione... Tudo o que aconteceu entre vocês dois, todo o romance... Tudo ainda está entranhado nele. E se eu o conheço bem, ele não se esquecerá de vocês dois nunca!

— Não quero que ele esqueça! Quero que ele me ajude a lembrar!

Rony a olhou penalizado.

— Sabe que esse dano pode ser permanente...

— Eu sei. – Amargurou-se – Mas não quero acreditar! – Respirou fundo, olhando para o moreno de relance – Eu quero saber nossa história... Quero viver esse amor que todos dizem que ainda não acabou... – Ela enxugou uma lágrima – Quero poder dizer a Harry que eu o amo, com ou sem memória.

O ruivo a olhou emocionado, puxando-a para um abraço. Hermione o apertou desesperada.

— Não agora, Mione – Rony falou em seu ouvido, a voz fraca. – Deixe-o sozinho por hoje. Amanhã vocês conversam. O dia foi estressante para os dois.

Sem mais forças para teimar ou insistir em falar com Harry, seguiu Rony de volta à enfermaria.

 

~*~

 

A quase cinquenta metros do portão, Harry sentia o mundo afundar debaixo de seus pés. Tinha o rosto voltado para o Lago Negro, mas não o via. A cabeça doía insistentemente, e ele não sabia dizer se era por causa da confusão de emoções e pensamentos que o invadiam, ou se era devido às incessantes lágrimas que caíam em seu rosto. Suas pernas cederam nos primeiros minutos que estava ali, e desde lá permanecia ajoelhado, frequentemente olhando para o céu e perguntando-se por que algo tão ruim acontecera com o amor de sua vida.

— Mione...

Ele repetia incansavelmente o nome de sua amada como se, por milagre, todo o sofrimento e desespero fossem desaparecer. Rezou mais vezes do que provavelmente fizera a vida inteira, implorando aos deuses, ou quaisquer que fossem os poderes superiores, para que trouxessem a memória de Hermione de volta, para que os dois pudessem se amar plena e eternamente, como prometeram há quase oito anos.

 

“- Acha que nos cansaremos um do outro um dia? – Ela perguntou de repente. Harry riu.

— Duvido muito – ele a beijou de novo. Nunca se cansaria de beijá-la...

— Todos os casais, eventualmente, entram numa rotina.

— Entrar numa rotina não me fará deixar de amá-la.

— Promete?

Harry sorriu bobamente de sua clara preocupação.

— Prometo que irei amá-la enquanto viver! Contanto... – Ela sorria, mas ele rapidamente a interrompeu, assustando-a – Contanto que você também prometa me amar o mesmo tanto. Ou mais!

Hermione riu, apaixonada, passando os braços pelo pescoço do moreno e beijando-o intensamente.

— Prometo amá-lo ainda mais!”.

 

— Mione...

Como precisava dela! Como necessitava urgentemente de seu colo, seu apoio incondicional... E ela há pouco estivera tão perto dele, conversando com Rony, sofrendo por vê-lo sofrer... Por um momento desejara que o amigo ignorasse seu pedido para manter qualquer um longe dele, e que deixasse Hermione se aproximar. Mas o que diria? O que ela faria? Não, o melhor mesmo era manter distância. Pelo menos por enquanto, quando sua cabeça estava tão bagunçada e sua alma em frangalhos.

Ainda sem perspectiva de futuro, o desespero toma conta novamente.

 

~*~

 

— Acho que tenho uma boa notícia – Gina chegara à enfermaria numa manhã particularmente fria e anunciara sorridente, mas num tom baixo, para que somente Hermione ouvisse. – Ouvi Minerva e Madame Pomfrey conversando ontem à noite sobre liberarem você no próximo fim de semana!

Não pôde negar que fora uma surpresa e tanto, mas não a recebera com a mesma empolgação que a amiga. A ruiva ficara desapontada com seu semblante sério depois de uma notícia que tinha tudo para ser comemorada.

— Eu falei grego ou você ficou surda?

— Entendi perfeitamente, Gina. Eu só... – Hesitou, evitando olhá-la – Eu só não consigo ver o lado bom disso.

— Como não?! Você finalmente sairá dessa cama e andará livremente por aí!

— Tenho o direito de andar duas vezes por dia até o jardim.

— Ah, você só pode estar brincando! – Gina bufara – É liberdade, Mione! Você poderá ir para casa, ler seus intermináveis livros, voltar à rotina que você tanto adora!

— Mas eu não sei dessa minha rotina, não é mesmo?

A mulher se calara, surpresa e envergonhada.

— Desculpe, eu só... Poxa, Mione! Vai ser bom para você sair daqui, conhecer sua vida. Harry poderá lhe contar cada detalhe de sua rotina, e eu tenho certeza que você irá adorar cada segundo!

Foi a vez de Hermione soltar um suspiro debochado.

— O que foi?

Hesitou antes de confessar à amiga:

— Há dias que Harry não me visita...

Gina arregalou os olhos.

— Quando foi a última vez?

Hermione sentiu os olhos marejarem ao responder:

— Uma semana.

O queixo da ruiva caiu.

— Desde que descobrimos sua falta de memória? – Hermione concordou, controlando as lágrimas – Por Merlin, Hermione! Ele está aqui todos os dias!

Nem teve tempo de ficar surpresa, pois Gina levantou de sua cama num pulo e saiu da enfermaria, praguejando algo que não pôde ouvir. Ficou indecisa se ria da espontaneidade da amiga ou se deixava-se levar pelo desapontamento.

Então Harry realmente não queria vê-la? Sentiu um aperto no peito, agora familiar naquela semana tão solitária. O desejo de conversar com Harry, seja o que for, ainda não passara, e ela fizera o possível para encontrá-lo naqueles dias entediantes. Mas agora entendia o porquê.

— Está fugindo de mim...

 

~*~

 

— Vá falar com ela! – Gina insistiu, irritada – Agora!

— Não fique assim. Faz mal para o bebê.

Ouvindo o conselho do moreno, ela abaixou a voz, mas continuava impaciente.

— Ela é sua esposa, Harry! Não pode abandoná-la!

— Não vou abandoná-la! – Respondeu rapidamente – Eu... Eu só não sei o que dizer.

— Não diga nada! – Falou exaltada. Harry apontou para sua barriga, o que a fez se controlar de novo. – Pelo menos por enquanto. Fique lá com ela, faça companhia. Ela precisa de você!

— Não vai dar para ficar quieto.

— Não com Hermione Potter, com certeza. Mas lembre-se que ela também está nervosa, também não sabe o que dizer. Você a conhece melhor do que eu, Harry... Vai saber o que fazer quando encontrá-la.

Ainda demorou mais de um dia para que Harry tomasse coragem e caminhasse nervosamente até a ala hospitalar. Parou em frente aos portões da enfermaria, as mãos trêmulas segurando a maçaneta.

— Vamos lá, Potter – falou baixo para si mesmo. – Nunca foi um covarde. Não é hora de virar um.

Mas não conseguiu girar o pequeno objeto redondo nas mãos. Respirou fundo, exausto, apoiando a cabeça na porta. Ouviu em sua cabeça um triste “Há dias que não me visita, Harry...”, o que o deixou ainda mais abalado. Hermione estava magoada, isso pôde ter certeza. Mas o que poderia dizer para acalmá-la se ele mesmo estava na mesma situação, senão pior?

“Juntos para sempre... Mas você não está aqui agora”.

Harry arregalou os olhos ao ouvir aquilo. A declaração no anel dela... O anel forjado por duendes que ele mandara fazer para sua amada, com a simples inscrição “Juntos para sempre”. Uma frase simples, mas cheia de significado para os dois, que compartilharam um passado intenso e apaixonante.

Nem percebeu quando entrou, mas ficou estático a alguns metros dela, que permanecia de pé defronte à janela, iluminada pelo fraco luar e olhando fixamente para um anel dourado.

“Juntos para sempre”, ela pensava incansavelmente. “O sempre acabou?”.

Ansioso, deu alguns passos em sua direção. Seu nervosismo era tamanho que mal reparou nas palavras que saíam da sua boca:

— Ainda sabe ler runas?

Hermione teve um sobressalto no lugar, virando-se para ele com o semblante surpreso e magoado:

— Perdão? – Gaguejou.

— Ainda saber ler runas antigas? – Repetiu, aproximando-se devagar e tirando a aliança da mão esquerda.

Ela demorou a responder, ainda surpresa com seu aparecimento repentino. Harry também ficou zonzo por estar na presença bela e imponente de sua esposa. A mulher usava uma camisola branca com rendas que chegava aos seus pés, e o cabelo preso numa trança sobre um dos ombros. Extremamente linda, banhada pelo luar.

Mas não deixou de notar seus olhos marejados.

— Acho que sim – falou fracamente. – Por quê?

Harry lhe entregou o anel e ficou ao lado dela, sem coragem de olhar em seus olhos, preferindo visualizar a paisagem lá fora. Ela, no entanto, passou a olhar o anel atentamente, de vez em quando murmurando palavras ininteligíveis para o moreno.

“Força... Não, fortes. Nosso... poder? Amor...”.

Harry sorriu emocionado com as palavras de Hermione:

— Juntos somos mais fortes, – ela começou – porque nosso maior poder...

— É o amor – ele completou.

— Você sabia o que estava escrito?

Negou com a cabeça, ainda sorrindo ao finalmente encará-la e pegar de volta o anel. Notou quando ela olhou fixamente o seu gesto de devolver a aliança ao dedo. Porém não percebeu quando ela botara a própria aliança no seu lugar de direito.

— E como sabia...?

— Porque você já me falou isso antes – ela surpreendeu-se. – Quando nos casamos. Você nunca me disse o que estava escrito no anel, mas usou essas mesmas palavras nos seus votos.

— Uau...

Hermione sorriu pequeno, e Harry mais uma vez ficou nervoso. Sempre fora fácil conversar com ela, mas sabia que sua esposa era geniosa quando ficava magoada. E isso sempre fora um desafio a contornar.

— Há quanto tempo não dorme? – Perguntou de repente.

A morena soltou um suspiro antes de responder:

— Madame Pomfrey contou?

— Não. Estou vendo que está nervosa demais, com os pensamentos desconexos...

— Por acaso anda lendo meus pensamentos, Potter?

Harry demorou a acreditar: ela brincava... Quase riu da ironia da situação.

— Estou – brincou também.

— Então adivinhe meus pensamentos agora.

“Demorou uma semana para perceber que eu preciso de você? Eu amo você! Quero que me dê um beijo agora e diga que tudo vai ficar bem”.

— E então? – Ela desafiou logo em seguida – O que eu pensei?

Harry ficara em choque. Surpreso, pasmo. Mas somente seus olhos demonstraram isso. Não ficou preocupado, pois desviara o olhar a tempo.

— Está chateada comigo – começou, escondendo as emoções. – E por estar sem dormir, também está chateada com tudo ao seu redor.

“Não é um bom momento para você saber da verdade”, Harry pensou.

Hermione, por um rápido momento, ficou decepcionada.

“O que esperava, Hermione? Que ele realmente lesse sua mente?”.

— Você esqueceu que também desejo um copo com leite morno para me ajudar a dormir.

O moreno forçou um sorriso, assim como ela, que decretou o fim da conversa ao se virar e andar até sua cama.

— Cla... Claro. Vou pedir para um elfo trazer para você.

Ele andou lentamente até às portas da enfermaria, parando um instante para olhá-la. Notou que ela se esforçava para não demonstrar que estava chorando.

“Controle-se, Hermione!”, pensava. “Não é a primeira vez que tem que se virar sozinha. Dentro de alguns dias sairá dessa enfermaria, irá para a casa de seus pais e retomará sua vida. Vai ficar tudo bem...”.

O turbilhão de emoções voltara a tomar conta dele, principalmente com os novos pensamentos da esposa:

“Harry acaba de provar que o ‘para sempre’ acabou. Merlin, como eu queria que fosse o contrário! Mas não é... Estou sozinha”.

Desfez a distância entre eles a passos rápidos, e Hermione assustou-se com sua presença.

— O que... ?

— Levante-se! – Ele ordenou – Agora.

Ainda confusa com o aparecimento do homem, e ligeiramente assustada com seu tom sério, Hermione se levantou, indecisa se o olhava direto nos olhos ou se escondia as lágrimas. Harry mal esperou que recuperasse a compostura, segurando-a pela cintura e a puxando para perto dele, selando seus lábios nos dela de forma apaixonante. Não sabia se eram suas lágrimas ou as de Hermione que salgavam de leve o beijo, mas a apertou ainda mais, querendo provar que aquele beijo e todos os sentimentos ali envolvidos eram tudo o que mais queria. E que aqueles dias longe dela foram igualmente cruéis para ele.

— Eu a amo, Mione... – Mal separara os lábios dos dela para dizer o que estava preso na garganta há dias – Sempre amei! – Ela o olhou emocionada – E não vou deixá-la sozinha. Não mais, eu prometo! – Hermione confirmou de leve – O “para sempre” não acabou, meu amor. Nunca vai acabar.

Hermione o abraçou forte, escondendo o rosto em seu peito. Harry beijou o topo de sua cabeça com carinho.

— Vai ficar tudo bem... Você vai ver.

 

~*~

 

Acordou com calor e com a claridade brilhando quase diretamente em seu rosto. Abriu os olhos devagar e percebeu estar parcialmente em cima de alguém. Em cima de Harry...

Deu um sorriso e o olhou. O moreno dormia profundamente, agarrado a ela como se temesse soltá-la, e Hermione lembrou-se da noite anterior, quando Harry se recusou a buscar seu copo de leite por afirmar que há anos leite não a acalmava. Ela duvidou por um instante, mas esqueceu rapidamente da bebida quando o homem a puxou de volta para a cama e a abraçou carinhosamente, ninando-a até adormecerem.

Acordou-o sem querer quando se assustou com a porta do consultório de Madame Pomfrey batendo com força.

— Merlin! – Falou nervosa – Levante-se! Antes que ela brigue conosco por termos dormido juntos!

— Você é minha esposa – resmungou sonolento, aninhando-se ainda mais a ela. Hermione ainda notou seu tom indignado, e ficou indecisa quanto ao que fazer. Harry decidiu por ela: – Apenas finja que eu não estou aqui.

“Como?”, perguntou-se em pensamento. “Você está quase me esmagando! Como a enfermeira não vai notar?!”.

Ainda ouviu um pequeno risinho do moreno antes da enfermeira aparecer e caminhar até sua cama. Hermione sentou rapidamente.

— Como se sente, Sra. Potter?

Por uma fração de segundo, Hermione extasiou-se com aquele tratamento. “Sra. Potter... É... Posso me acostumar com isso”, pensou sorridente. Harry riu baixo.

— Estou ótima.

— Bom, muito bom – ela anotou algo em seu caderninho. – Algum progresso com a memória? – Hermione murchou. Desviou o olhar e negou com a cabeça. Madame Pomfrey fez outra anotação e já ia partir de volta à sua sala quando se lembrou de algo. – O Sr. Potter já foi trabalhar?

— Co... Como? – Perguntou assustada.

— Eu o vi dormindo aqui com a senhora há algumas horas. Dormiam tão profundamente que resolvi voltar mais tarde. Mas agora vejo que ele partiu. Sabe dizer se foi trabalhar ou se foi para casa? Preciso falar com ele.

Hermione tinha os olhos arregalados. Tentou olhar discretamente para “o outro lado” da cama e notou Harry com os olhos fechados e os lábios comprimidos, como quem segura uma risada. Voltou seu olhar rapidamente para a enfermeira e disse:

— Não... – Gaguejou – Não sei... Não sei dizer.

Madame Pomfrey estranhou seu comportamento nervoso, mas nada disse, partindo depressa. A morena esperou a porta bater novamente para voltar-se para Harry:

— Como fez isso? – Perguntou exasperada – Ela nem o notou, bem aqui do meu lado!

Harry não respondeu, puxando-a de volta e abraçando seu corpo pequeno com carinho. Olhou profundamente em seus olhos.

— Outro dia eu lhe conto.

Ele então a olhou sério, e Hermione tremeu por um momento.

— O que houve?

O moreno hesitou.

— Eu sei o que ela quer conversar comigo. – Respirou fundo – Madame Pomfrey e McGonagall chegaram à conclusão de que você não precisa passar mais tempo aqui. Não está doente, apesar da memória parcialmente apagada. Seus ferimentos já foram curados e as duas acreditam que você está mais do que pronta para continuar com sua vida.

— Gina me contou vagamente sobre...

— Não é só isso – ele a interrompeu. – Elas precisam saber para onde você vai...

Hermione abaixou o olhar, lembrando-se da noite passada, quando decidira ir para a casa dos pais por pensar que Harry havia desistido do casamento dos dois. Mas agora ele estava ali, abraçado a ela, ligeiramente nervoso e ansioso por sua resposta.

— Eu vou entender se não quiser morar comigo... – falou tentando não demonstrar sua tristeza – Ainda é estranho para você, eu sei. Posso ficar em um apartamento enquanto você volta aos poucos para sua vida normal. Vou ajudá-la com o que for preciso, eu prometo!

E beijou sua testa com bastante carinho! Uma lágrima caiu no rosto de Hermione, e ela não aguentou tudo aquilo, levantando da cama e chorando baixinho de costas para ele. Ouviu Harry se levantar também.

— Você não precisa decidir agora, – ele continuou – pois McGonagall ainda pretende fazer os últimos exames durante a semana. E, é claro, ela ainda tem que despistar os jornalistas de plantão lá fora. Há muita coisa a fazer ainda e...

Ele parou, sem conseguir dizer mais nada. Sua voz estava embargada.

— Eu volto mais tarde.

Ouvira a porta bater, mas só depois de muito tempo conseguiu se controlar e voltar para a cama, chorando, tentando absorver e aceitar que sua vida dali para frente não seria fácil.

“Mas Harry já mostrou que está do seu lado! Por que o desespero?”.

“Harry é seu marido, o homem que você ama, lembra? Você já o amava antes de perder a memória!”.

“Meus pais... Onde estão? Por que não vieram me ver?”.

“E se eu for para casa de meus pais? Harry ficará magoado, mas entenderá... Espero que entenda”.

“Harry é meu marido... O homem que eu amo... Amo há tanto tempo!”.

Arrependeu-se de deixá-lo ir depois que tantas emoções e pensamentos tomaram conta de si.


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Notas finais do capítulo

Tenho a impressão de que alguns podem querer me matar depois desse capítulo...
Fiquem à vontade para reclamar! xD
Eu já tinha esse capítulo pronto há anos, então não quis mudar muita coisa... ^^"

Continuo? *-*