Conte Nossa História escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 12
Regresso


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bom dia, boa tarde, boa noite e boa madrugada para quem está lendo! xD
Nossa, quase atrasei a fic! Essa faculdade vai me matar um dia... Mas antes, gostaria de terminar de postar essa fic! Deus, é pedir demais? o/o/o/
Pessoinhas de meu coração, esse é um capítulo de transição, então vou logo pedindo desculpas se ele parecer lento de início. É por uma boa causa: para não ficar confuso com o capítulo seguinte (que fazia parte desse, mas preferi tirar para melhor coerência). Espero que não esteja muito cansativo. ^^
Agradecimentos especiais a sakurita1544, pahf, Fremioneforever, Kylie, Kiaend e Amelina Lestrange! Vocês são incríveis, sabiam? O apoio de vocês me incentiva a continuar! ♥

Lembrando que os trechos em itálico são do ponto de vista da Hermione, e o comum pelo ponto de vista do Harry.
Boa leitura! ♥



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Adormecera sem querer. Já era noite quando olhou pela janela. A cabeça doeu quando se levantou, e ela enfim percebeu o motivo para ter despertado: Mingau choramingava no chão, faminto, ainda pequeno demais para conseguir subir na cama e despertá-la.

— Desculpe, querido.

Beijou o gatinho que continuava chorando. Apenas a luz da varinha os guiou até a cozinha, pois ela não se incomodou em ligar as luzes. Colocou um pouco de ração na tigela e ficou ali, de cócoras, esperando o novo amigo terminar de comer para voltar para a cama.

Os pensamentos estavam embaralhados demais, e as pontadas na cabeça a alertavam a não continuar se esforçando com a memória.

Porém, caiu sentada quando um dos abajures da sala de estar acendeu, causando-lhe mais do que simples espanto... Os olhos ficaram úmidos ao vê-lo. E os dele demonstravam uma certa surpresa por encontrá-la acordada tão tarde da noite.

— Mione?

Ele estava prestes a se levantar quando ela o fez primeiro, num pulo, e ergueu a varinha na direção do homem. Harry levantou as mãos no mesmo instante, em rendição. Com ou sem memória, ele sabia que estava lidando com a bruxa mais poderosa que conhecia.

— Quem é você?

— Calma. Sou eu. Harry.

“Você pode me ouvir?”.

— Sim, eu posso.

Hermione fechou os olhos com força, lutando contra as lágrimas.

— Quem é você? – Repetiu, o tom sofrido mexendo no semblante do moreno. Penalizado, ele resolveu se levantar novamente e tentar uma aproximação. – Fique longe de mim!

O grito o assustou. Harry parou no lugar, as mãos ainda erguidas.

— Onde está William? – A voz abrandou apenas um pouco.

— O quê? – Exclamou em choque.

— Onde está o homem com quem me casei? O homem por quem eu me apaixonei aos dezoito anos? Onde ele está? Ele está... – Hesitou, trêmula – Está vivo?

— Você terminou o diário.

Confirmou com a cabeça, arrependendo-se de fazê-lo. Uma tontura súbita a tomou, e a varinha caiu quando teve que se apoiar na bancada da cozinha. Harry se aproximou como um raio, segurando-a a tempo. Pegou-a no colo e a levou para o quarto, deitando-se devagar com a mulher.

— Você se lembrou?

Ela o olhou. O moreno parecia dividido entre a ansiedade e a insegurança.

— Não – Harry soltou o ar, cansado. – Não lembro de nada. Nem das coisas que escrevi, nem de William, nem de você...

— De mim?

— Eu me casei com William, e não com você, não é? Como conseguiu enganar a todos? – O toque de frieza o deixou arrepiado – Como você entra nessa história? Na minha história?

Os olhos claros se estreitaram por um momento. Depois, um pequeno sorriso surgiu, como se ele enfim entendesse.

— Seu diário realmente deixa margem para dúvidas... – Ele não se incomodou com o semblante impaciente da morena, dando-lhe um beijo demorado na bochecha – Você apenas não menciona meu nome. Você não se casou com William, e sim comigo. Duas vezes.

— Então por que...?

— É complicado – respondeu de imediato, levantando o rosto para fitar o dela. Hermione sentiu a frustração voltar, ao mesmo tempo em que se emocionava com aquele olhar carinhoso. – Não está tudo lá, Mione. Não espere entender uma história lendo apenas metade dela.

— Metade?

— Eu prometi que iria contar tudo, não prometi? – Ela concordou – Não faltarei com a minha palavra, ok? Você não terá nenhuma dúvida quando eu terminar.

Hermione acenou mais uma vez, enxugando o rosto. Harry deu-lhe outro beijo, dessa vez na testa.

— Vou tomar um banho, ok? Volte a dormir.

— Não tenho sono.

— Então leia um livro – rebateu, tentando diverti-la. A mulher não sorriu.

Ele se levantou e foi para o banheiro da suíte. Hermione se sentou assim que a porta fechou, respirando fundo. Precisava se controlar! Harry ainda podia ouvir seus pensamentos, o que significava que ainda compartilhavam dos poderes descritos no diário. O homem trancado no banheiro poderia sentir cada emoção sua!

Distraída com a ideia de tentar se acalmar, o olhar pousou sobre o lençol ao seu lado, onde Harry estava deitado. Uma mancha escura destacava-se no tecido branco.

Uma mancha que não estava ali antes.

— Harry? – Falou alto.

— O quê?

— Você está bem?

Um barulho de algo caindo.

— Estou. Por quê?

Correu para a cozinha. Pegou a varinha e abriu a porta do banheiro sem cerimônias. Harry deu um pulo no lugar, rapidamente cobrindo um ombro com uma toalha.

— Você está ferido! – Acusou.

Hermione tirou o pano do caminho, dando uma boa olhada no corte que atravessava o ombro esquerdo do marido. Fez uma careta. Estava feio, quase inflamado.

— Há quanto tempo está assim?

— Alguns dias – ele se rendeu rápido. – Não levei nenhuma poção comigo.

Estalou a língua, pegando a Essência de Ditamno que Harry usava antes que invadisse o cômodo. O moreno colocou a toalha na boca, acobertando os gritos de dor ao sentir a poção sobre o ferimento. As mãos dela tremiam quando terminou.

— Pronto. Quase novo em folha.

— Obrigado – respondeu, exausto.

— Tome um banho. Vou preparar alguma coisa para você comer.

— Eu não...

Fechou a porta sem olhá-lo, nervosa. Respirou fundo outra vez.

— Acalme-se – o caminho de volta à cozinha foi longo. – Ainda é seu melhor amigo. Ainda é Harry... Só o Harry se metendo em confusão de novo.

Colocou uma panela com água sobre o fogão, caçando uma embalagem de sopa no armário sobre a pia. Esvaziou o conteúdo na panela e se jogou em uma das cadeiras, ainda trêmula da cabeça aos pés.

— Harry é o homem que eu amo. Não William. Não sei quem é William.

Precisava lembrar do ferimento de Harry, e do rosto franzido pela dor, para se esquecer do motivo de ter levantado a varinha contra o auror: o medo de que ele tivesse se livrado de William.

— Harry não faria algo assim. Harry é bom, nunca faria mal a ninguém...

E se o contrário tivesse ocorrido? E se William tivesse se livrado de Harry e tomado seu lugar?

— Não, Harry é forte! O homem no banheiro, o meu marido— frisou as palavras para si mesma, buscando se convencer – é Harry. Somente o meu amigo que arranja confusão. O Harry... Aquele homem não é William. Não sei quem é William.       

Outra respiração pesada. Contou até dez. O coração bateu mais rápido ao invés de se aliviar.

 
“Look into my eyes (Olhe em meus olhos)
You will see, what you mean to me (Você verá o que significa para mim)
Search your heart, search your soul (Procure em seu coração, procure em sua alma)
And when you find me there, you'll search no more (E quando você me encontrar lá, você não precisará mais procurar)”
Everything I Do – Double You

 

Levantou o rosto.

Harry estava parado na porta, mostrando estar tão nervoso quanto ela ao forçar um sorriso.

— Adoro sopa instantânea.

A boca se curvou devagar num sorriso. A tensão se dissipou ao olhá-lo de cima a baixo: cabelos levemente úmidos, uma camiseta branca de um número maior que o ideal e a calça pijama, também folgada.

Aquele homem não podia ser outro senão Harry Potter – somente ele tinha esse poder sobre ela.

Pôs-se de pé e andou até a porta, sem nunca desviar dos olhos do qual era apaixonada.

— Desculpe pela recepção. Minha cabeça está uma bagunça.

— Não tem problema. Não é como se eu esperasse festas e balões por meu retorno... – Ela riu.

— Eu pensei que chegaria amanhã. Queria fazer um bolo.

— Você não sabe fazer bolo.

— Não? – Ele negou – Que pena. Tinha esperanças de encontrar alguma receita especial por aqui.

— Sua sopa é muito boa, sabia?

— Que sorte a nossa, então.

Hermione viu quando ele olhou de relance para seus lábios. Quando encarou os castanhos de volta, ruborizou.

— Sua... Sua varinha está por aí?

— Não vou lançar nenhum feitiço em você.

— Bom saber.

Reagiram no mesmo instante, as bocas finalmente se encontrando, desesperadas e saudosas uma da outra. O toque das línguas foi intenso, e Hermione achou que o coração poderia explodir a qualquer instante, que ela não iria se importar. Harry a deixava sem fôlego, sedenta por mais! O calor aumentou drasticamente quando ele a imprensou contra a parede, as mãos fortes agarradas ora na cintura, ora na nuca dela, aprofundando ainda mais o beijo.

— Por Deus, Mione, me peça para parar! – Ele sussurrou quando largou a boca dela e desceu os beijos pelo pescoço.

— Só se eu estivesse louca!

Agarrou o rosto dele e começou tudo de novo.

 

~*~

 

Medo e desejo falaram ao mesmo tempo. Praticamente gritaram.

Mas Harry escolheu ouvir apenas um.

Chegaram ao quarto aos tropeços, ansiosos demais para repararem no caminho, e entretidos demais nos beijos para ligarem para qualquer outra coisa. Hermione caiu na cama, e antes de acompanhá-la, Harry tirou a própria camiseta, não demorando mais que dois segundos para fazê-lo e voltar para os lábios da esposa. Acariciou a barriga lisa por baixo da camisa, sentindo-a esquentar ao seu toque.

— Você é tão perfeita!

A frase saiu sem que desse conta, arfante, enquanto beijava o colo e se aproximava dos seios.  Hermione gemeu quando a mão dele agarrou um, e ele quase foi ao céu.

Quase.

Um miado estridente os assustou. Levantaram num salto, a mulher correndo à frente, ao socorro.

— Meu Deus...

Harry correu e apagou o fogo da panela de sopa esquecida. Ela borbulhava e lançava pequenos legumes e macarrão pela cozinha. Um deles atingiu o novo membro da família, que agora chiava irritado para o pedaço de cenoura no chão.

— Tudo bem, já passou – Hermione ajudou o gato a se limpar, carregando-o no colo e mimando o bichano mais um pouco. – Foi só um susto.

O moreno sorriu envergonhado com o momento embaraçoso que se seguiu. A mulher desviava o olhar com frequência, e até sugeriu que ele fosse dormir, que estava cansado e precisava recuperar as forças.

— Ainda deve ter alguma pizzaria aberta a essa hora. Eu o acordo quando a pizza chegar.

Não queria comida. Queria ela, Hermione, agarrada nele e retribuindo sua paixão.

— Certo.

Andou devagar de volta ao quarto, ansioso para ouvi-la chamar, arrependida pela péssima ideia.

— Merlin, eu vou morrer com essa espera!

Se jogou na cama, respirando fundo e tentando bloquear os pensamentos impróprios. Não queria correr o risco de ela ouvi-lo e se sentir mal com seu desejo latente.

“Acalme-se, Hermione!”, ela recomeçara seu mantra, esquecendo-se, outra vez, que poderia ser ouvida. Não que ele se incomodasse, ao contrário. Hermione ficara tão boa em Oclumência, que há anos Harry não escutava seus pensamentos, ou sentia suas emoções, se ela não quisesse mostrá-los.

“Não há nada do que se envergonhar, vocês são marido e mulher!”

“Mas e se ele pensar que sou indecente? Eu não lembro como se faz!”

“Ele não falou que poderia explicar?”

“Não vou pedir algo assim!”

“Você não é virgem, Hermione Granger!”

Harry se esforçou para não rir.

“Nem um pouco, Mione Potter...”.

O grito vindo da cozinha liberou a risada presa na garganta. Deu seu melhor olhar galanteador para a mulher que abria a porta do quarto de mansinho.

— Desculpe – falou cabisbaixa. – Não consigo controlar.

Harry se levantou e avançou a passos lentos. Ela ficou corada com sua aproximação.

— Não controle.

Hermione fechou os olhos com força, confirmando com a cabeça.

— Se quiser... – Beijou uma bochecha lentamente – E somente se quiser... – Beijou a outra – Eu posso lhe ensinar com mais calma, sem pressa... – Ela afirmou timidamente – É o seu jeito favorito, de qualquer forma.

Abriu dois botões da camisa dela, esperando sua reação. Hermione permanecia com os olhos fechados, e ele tratou de resolver logo esse impasse.

— Basta me dizer se quer ou não. Eu vou aceitar sua decisão.

“Sim, eu quero!”

Como se fosse possível, ela ficou ainda mais vermelha. Harry beijou os lábios que se apertavam em vergonha.

— Você é uma boba, minha Mione.

Terminou de abrir os botões, distribuindo beijos no rosto dela a cada centímetro de pele que aparecia. Os braços instantaneamente cobriram os seios quando a camisa caiu no chão, seguida do sutiã.

— Você está cobrindo o que eu já vi muito mais vezes do que posso lembrar.

— Mas eu não lembro.

Harry segurou as mãos delicadas e as beijou vagarosamente. Puxou a esposa para um abraço e a levou até a cama, acariciando as costas macias e passando os lábios sobre o pescoço e os ombros. Deitou-a devagar, beijando o rosto corado como se nunca fosse cansar.

— É como uma primeira vez, então... – Depositou os lábios no pescoço em um ponto que a fazia arrepiar-se – Faço questão de tornar essa primeira vez tão especial quanto a primeira de verdade – ele olhou para o semblante carregado de sentimentos misturados: desejo, carinho, medo, paixão... Aquela confusão fez seu coração acelerar. Sempre seria como se fosse a primeira vez para eles... – Você se importa?

— É claro que não.

— Que bom – os lábios se tocaram, levemente no início, mas quando Harry pediu passagem com a língua, um calor percorreu os dois corpos. – Você é tão maravilhosa... – Beijou o pescoço, voltou para a boca e desceu mais – Tão linda, minha Mione...

Ouviu-a arfar quando ele chegou aos seios, completamente entregue e livre da vergonha.

— Harry...

O gemido o estimulou a continuar. Percorreu aquele corpo com as mãos e com a boca. Ela se contorceu de prazer quando sentiu o beijo por cima da única peça restante.

Harry tratou de tirá-la de seu caminho.

 

 

Não se deu ao trabalho de olhar para o relógio e conferir as horas. O relatório de sua viagem podia esperar... Estava convencido de que seu tempo seria muito melhor aproveitado ali, deitado, apreciando sua esposa dormir.

Era real. Bem real.

Quase não conseguia acreditar que enfim passara a noite com ela, amando-a até perder as forças, levando-a ao máximo de prazer e indo junto! Que saudade sentira do corpo dela junto ao seu!

As mãos percorreram os cachos macios, tirando algumas mechas que o impediam de ver completamente o rosto de sua bela companheira. Ela se remexeu com o toque, acordando devagar.

Uma imagem surgiu em sua mente. A mulher abriu os olhos lentamente, piscando algumas vezes, se esforçando para não esquecer do sonho.

Os olhos verdes se arregalaram, e os lábios se curvaram num sorriso. Hermione o olhou, e soube que ele também via o que ela imaginava tão desesperadamente.

— Isso... Aconteceu?

Ele confirmou à pergunta tímida e receosa.

— Por que eu estava chorando?

O sorriso dele aumentou.

— Porque eu tinha acabado de lhe pedir em casamento.

Ela se lembrava de estar sentada sobre uma enorme pedra à margem do Lago Negro, em Hogwarts. Lia qualquer coisa até ouvir seu nome ser pronunciado à distância, o tom de voz claramente ansioso. Ela então olhava para o dono da voz, e era Harry, sorrindo-lhe apaixonado.

Não se lembrava das palavras que trocaram depois do beijo, porém. Apenas da emoção que sentira depois que ele se ajoelhara e mostrara algo em uma das mãos. Um anel, agora sabia.

— Você me fez o homem mais feliz do mundo naquele dia – declarou, bobo. – E em todos os outros que seguiram depois desse.

Hermione se aproximou em busca de aconchego. Ele a recebeu num abraço apertado, sabendo que ela usava da aproximação para esconder o rosto emocionado. “Por que ela insistia em querer esconder o que sentia?”, ele pensou por um instante. Não tinha vergonha nenhuma em admitir o coração batendo descompassado apenas por se lembrar daquele dia. Nem precisava confessar, aliás. Tinha certeza que ela poderia sentir, ali, com a cabeça em seu peito.

— Céus! Você faz ideia do quanto eu amo você?


“There's no love, like your love
(Não há amor como o seu amor)
And no other, could give more love (E nenhum outro poderia dar mais amor)
There's nowhere, unless you're there (Não há lugar algum, a não ser que você esteja lá)
All the time, all the way (Todo o tempo, até o fim)
Everything I Do – Double You

 

Hermione o olhou, o sorriso enfim aparecendo em seu rosto também. Ela o beijou docemente nos lábios.

— Acho que sim.

Harry arregalou os olhos outra vez quando mais imagens surgiram na mente da mulher.

A lua-de-mel estava mais vívida na mente dela do que na dele.

— Que tal se fizermos do seu jeito agora?

Nem teve tempo de ficar surpreso. Hermione deitou sobre ele e o beijou avidamente, sem fazer muito esforço para excitá-lo e repetirem a dose da madrugada.

 

 

Ela o encontrou no jardim, horas mais tarde, atraída pelo cheiro da comida assada.

— Você virou um bom cozinheiro! – Exclamou contente. Ele riu de seus pulinhos animados. – Graças a Deus!

— Alguém tinha que cozinhar nessa casa – provocou.

— Ainda bem que é você.

Ela deu de ombros, soprando-lhe um beijo antes de roubar um pedaço de carne na churrasqueira.

— Nossa, está excelente!

— Eu sei.

— Adoro sua modéstia. Com quem aprendeu a ser assim?

Hermione não se intimidou com seu olhar atravessado quando pegou outro pedaço. Sentou em uma espreguiçadeira e esperou a comida ficar pronta, curtindo o sol preguiçoso daquele início de tarde.

Aproveitaram de uma refeição tranquila e tardia, satisfeitos em ignorar o café-da-manhã depois de saírem tão tarde da cama. Harry sorria abertamente com as histórias da última semana da esposa, e do quanto ela se divertira com as amigas e as crianças.

— Teddy está sentindo sua falta. Podemos visitá-lo mais tarde?

— É claro! Trouxe um brinquedo para ele e para Richard.

— Quer dizer que teve tempo para passear, Sr. Potter?

A brincadeira quase o fez se engasgar.

— Foi só na primeira noite, quando cheguei. Não estava com um pingo de sono depois de me despedir de você daquele jeito.

Não precisou ver os castanhos surpresos, mas a olhou mesmo assim.

— Como ainda pode ficar envergonhada depois do que fizemos essa noite? E nessa manhã?!

— D-Desculpe, eu... – Pigarreou – Eu...

A mulher tentou disfarçar tomando longamente seu suco. Harry lhe sorriu, rapidamente a acalmando.

Ele também sentia, afinal... Sua Hermione estava voltando, assim como suas esperanças estavam sendo renovadas depois da enxurrada de memórias que a invadiu.

Hermione quase se comportava como a mulher por quem se apaixonara há tanto tempo: aquela também morria de vergonha de lembrar o que faziam entre quatro paredes.

— No que está pensando? – Sorria curiosa – E, principalmente, por que não consigo saber o que está pensando?

— Porque sou bom em Oclumência – riu. – Eu posso ensiná-la novamente qualquer dia desses.

— Você me explicou antes, não foi? – Confirmou – No diário eu escrevi que o começo é “não sentir nada para não demonstrar nada”. Parece difícil.

— E é.

— E como conseguiu?

— Eu tinha um incentivo muito forte à época – riu.

— Ah...

Voldemort. Ela havia esquecido por um momento.

— E você sabe qual foi o meu?

Foi uma pergunta inocente. Não devia pegá-lo tão desprevenido. Nem lhe causar uma sensação ruim no estômago.

— Foi depois que brigamos – falou tranquilamente, tentando parecer indiferente, apesar de não se sentir assim. – Você estava chateada comigo, e não queria me ver nem pintado de ouro. Muito menos lendo sua mente.

— Eu li também. Foi tão sério assim?

Dessa vez não teve como esconder. Afastou o prato, perdendo o apetite.

Hermione podia não conhecer bem seu marido, mas ainda conhecia muito bem seu melhor amigo. Foi a vez dela de soltar a respiração, pesada.

— Já perdemos tempo demais, não acha? – Ela o puxou pela mão, para que sentasse ao lado dela. Como ele resistiu, ela achou melhor sair de seu lugar e sentar no colo dele, passando os braços pelo pescoço do homem e lhe dando um carinhoso beijo na bochecha antes de olhá-lo com firmeza – Que tal me contar tudo agora?

— Uma tarde não é o suficiente para que eu fale sobre oito anos de nossas vidas.

— Não importa. Tenho todo o tempo do mundo! – Fez a melhor carinha de cachorro abandonado que conseguia. Harry suspirou, rendido. – Conte nossa história, Sr. Potter.

Hermione não fazia ideia que perderia aquele sorriso ansioso em breve...


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Notas finais do capítulo

Bom, é isso. Espero que tenham gostado! ^^
Sobre o capítulo passado, desculpem se causei confusão. ^^" Tudo começará a ser explicado no próximo capítulo. =)

Antes de ir, preciso avisar que não sei quando virá esse próximo capítulo. A faculdade está roubando minha sanidade e meu tempo, então talvez não consiga terminar de escrever e revisar o próximo capítulo nos 15 dias combinados. Mil desculpas! Vou fazer o possível para não demorar tanto! =/

Um beijão, seus lindos! Até o próximo capítulo! ♥