O Garoto do Coturno Azul. escrita por JPoseidon


Capítulo 1
Chapter 1 - Blue.


Notas iniciais do capítulo

Hello my people! ♥

Se alguém de One-shots (minha outra fic) aparecer aqui eu sou espancado... oaksoaksoakso. Mas sério, desculpa gente, mas eu tive essa ideia nova para história que eu precisava por no papel. :3

Enfim, essa história terá ao menos cinco capítulos previstos. Espero que gostem das loucuras de Rebel. Sim, rebelde.

Aproveitem, e espero mesmo que nos vejamos nos comentários. Quero saber o que acharam. Confiram a seguir a história e também, a aesthetic de Rebel. ♥



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Chapter 1 - Blue.

Eu sempre fui um garoto de gostos peculiares, segundo meus pais. Eu, Rebel Randon, sempre amei moda, mas acabei que fui cursar jornalismo em Nova York e acabei indo trabalhar como bibliotecário, por não conseguir nenhum outro trabalho. Acontece que tudo poderia mudar, e sim, foi uma frase extremamente clichê, porém necessária. Você já vai entender. Vamos para o começo de tudo. 

Era uma terça-feira normal e eu estava andando pelas ruas de Nova York, ruas essas que não estavam muito cheias – ao menos não como sempre. Eu estava indo indo para uma entrevista de emprego para uma revista mundialmente conhecida. Parei no meio fio da calçada, esperando o sinal para que os pedestres pudessem atravessar. E meu erro foi olhar para o lado. "Por que?", você pergunta. Simples: Tinha um tênis em um estilo all-star, mas continha um 'quê' de bota, da cor azul royal, quase como um coturno, ah! Espere, era um coturno. O vento bateu no meu rosto e eu quase chorei com a felicidade que me abateu. 

Sabe aquela felicidade boba e incrível de uma primeira vez apaixonado? Então, era o que eu sentia toda vez que uma roupa/tênis/qualquer coisa "vestível" me chamava a atenção (isso é, quase sempre, toda hora) e eu acabava me metendo em muitas confusões por conta disso. Tanto é que eu acabei ficando por dever oito mil para a companhia do meu cartão. 

O sinal abriu e milhões de pessoas vieram na minha direção, e eu me virei, e corri para a loja. E entrei. 

Não fiquei nem um momento para observar, só corri para o coturno na vitrine. O peguei no mesmo instante antes que um funcionário o retirasse. 

—Obrigado. - Agradeci e corri em direção ao balcão. Parei, respirando fundo, tentando recuperar meu fôlego. Olhei para a mulher com traços orientais de franja que me olhava com desprezo. Já não gostei dela. - Por favor, pode dividir para mim entre essa nota de vinte e esses cartões? 

Ela olhou para minha mão, onde cinco cartões residiam. Revirou os olhos e os passou os cartões. Meu Deus, por que tem tanta gente de má vontade?! 

—Faltam ainda dez dólares. - Ela falou e imediatamente eu fuxiquei minha mochila. Quase chorei quando não achei uma nota de dez, mas uma de dois dólares. Sorri e mostrei para ela, que fechou mais a cara - isso era possível? - e negou. 

—Só por dez dólares você não pode me dar esse coturno?! - Perguntei, incrédulo, já sabendo a resposta. Vi a mulher na minha frente fazer um bico irritado e negar. - Eu tenho uma entrevista de emprego, não posso te dar essa nota depois? Eu juro que sou honesto. 

—Muitos já tentaram me enganar. Então... Deixa eu pensar, não. - Ela falou e eu mordi minha língua para não berrar. 

—Okay. Tudo bem. - Falei, levantando as mãos em rendição. Então ela já ia me devolvendo minha nota quando uma mão surgiu na frente da dela, nos assustando. 

Olhei para meu lado esquerdo, deparando-me com um homem de sobretudo preto e um blazer preto claro – quase cinza – com camisa branca e uma gravata azul cobalto riscada. Os olhos eram azuis, barba por fazer, sorriso convencido como se fosse uma provocação e um rosto memorável. Deus me ajude! 

—Gosto de ver um homem de bom gosto. - Ele falou, sorrindo como se me provocasse. E ele me provocava, eu queria poder provocar ele. Só não disse onde. - E também, eu quero poder pagar minha gravata e ir trabalhar. 

Eu ri sem jeito e agradeci. Ele levou a mão direita à testa e como se fosse uma continência, afastou-a, mostrando que não havia de quê. 

—Obrigado mesmo. - Agradeci novamente, pegando a sacola com o coturno e indo em direção à porta daquela linda loja dourada. Olhei para trás a procura dos olhos dele, os encontrando, junto daquele sorriso, que logo me fizeram desviar, sorrindo. 

Coloquei a mão no apoio do portão de entrada e o empurrei, saindo na rua lotada. Agora sim parecia Nova York. 

Peguei o celular do bolso da calça jeans e verifiquei o horário. Faltava seis minutos. Eu chegava em quatro na recepção. Então acelerei o passo e me dirigi para a empresa da revista. Rezando e sorrindo, sabendo que eu conseguiria. E então consegui visualizar o enorme edifício ao final da avenida, brilhante, me fazendo andar mais rápido, se é que era possível. Quando percebi, minhas mãos já estavam empurrando os apoios dos vidros que serviam como porta. Ri ao me deparar com longas escadas rolantes e um local embebido em prata e branco. Um enorme relógio de água verde decorava o local, me fazendo perceber que eu tinha três minutos para estar naquela entrevista, então logo me aprecei para estar na escada, correndo como só um louco faria. 

Assim que meu olhar alcançou o próximo andar, eu pude ver que uma parede de vidro separava quem estava de fora para quem estava dentro, junto de um cara em seus aparentes vinte anos – provavelmente havia acabado de sair da faculdade – no balcão que eu deveria prestar minha identificação, então logo arranquei tudo de dentro da mochila enquanto andava em direção ao cara. Ele era moreno do tipo cabelos que sempre ficam em um topete fofo, não era magro, mas sim gordo; e vestia um terno muito bem feito e selecionado. Está aí alguém que quando eu tivesse minha mesa gostaria perto de mim, ele é incrível

—Rebel Randon. Vinte e dois anos. Ah! E cursei faculdade de jornalismo. Vim para a entrevista para a revista. - Falei, sorrindo, vendo o sorriso do homem que levantara o olhar alarmado por não ter me visto sumir aos poucos. 

—Ahn... Você sabe que a entrevista foi ontem, certo? Eles avisaram por e-mail. - O recepcionista falou e eu logo senti meus olhos encherem d'água, e meu coração afundou até o inferno e então voltou. 

—Como?! - Perguntei incrédulo. 

—Eles enviaram o e-mail avisando, já que a senhora Fisher não estaria disponível hoje. - Fisher, Dani Fisher, era a mulher responsável pela revista, era a sua criadora, era a mulher mais poderosa de todas. Tudo bem que ela já havia algumas vezes ferrado nos modelitos, mas eu a ajudei, calma que a gente já chega nessa parte.  

Engoli em seco, agradeci e me virei, sentindo vontade de chorar. Eu não havia recebido o bendito do e-mail. E então me dirigi para a escada, mas antes que eu sequer pudesse colocar meu pé no primeiro degrau, ouvi meu nome ser chamado, me fazendo então virar. 

—Rebel, não sei como chama isso, mas eu chamo de destino. Têm uma entrevista, mas não é para moda, pelo menos não só para moda, é para o blog da revista, cujo milhões de pessoas acompanham. Não acharam ninguém que os fizesse feliz. Não custa tentar, não é? - Ele perguntou, saindo de trás do balcão, parando ao lado dele, encostado, sorrindo. Ri e o abracei, sim, eu abracei um desconhecido, mas qual é?! Ele foi tão legal. 

—Qual seu nome? - Perguntei, já curioso. 

—Cameron, mas me chame só de Ron. - Ele falou, me dando um cartão de acesso, enquanto voltava para trás do balcão. 

—Eu vou conseguir, Ron. - Soei confiante, enquanto passava o cartão no leitor computadorizado e via aquela porta abrir.  

—ANDAR QUATORZE! - Ron berrou atrás de mim, e eu entendi, enquanto entrava no elevador e pressionava o botão. 

As portas de madeira, as únicas coisas de cores diferentes naquele andar, se fecharam, fazendo com que o elevador começasse a subir rapidamente, quase me fazendo esquecer do meu medo de elevador. Quase. Entretanto, antes que eu percebesse - amém - as portas se abriram. Saí do cubículo me deparando com um local mais detalhado de madeira, diferentes tipos de madeira. Interessante

Sem perder tempo me dirigi para a sala grande dentro daquela enorme sala, que como todo lugar daquele lugar, tinha uma parede de vidro – aquela a qual podíamos ver. Passei pelas mesas dividas, vendo as pessoas de terno e somente eu de roupas diferentes, uma camisa vermelha xadrez aberta mostrando uma camiseta branca com estampa de formas geométricas formando um tigre, com suspensório, junto de uma calça jeans preta. E para finalizar, uma touca preta. Conforme eu ia andando todos me olhavam, até que cheguei na porta e/ou parede de vidro uma mulher – provavelmente tinha uns quarenta e nove – a abriu para mim. Sorri em agradecimento e então me sentei entre outras três pessoas. Olhei para minha sacola na mão e revirei os olhos, me repreendendo por pensar em me preocupar se eu seria chamado de louco se tirasse meus tênis, afinal, eles sempre me acham louco. Retirei meus tênis do modo nada sutil, utilizando os pés mesmo, nem me dando a sutileza de retirar com as mãos. Abri a sacola, olhando para cada olhar julgador e retirando meu coturno, vestindo-o rapidamente, guardando meus tênis que antes eu vestia na mochila junto da sacola, pendurando a mochila em um só ombro, respirando fundo enquanto amassava um pouco meu currículo que eu retirara após enfiar meus tênis dentro da mochila. 

Fechei os olhos, respirando fundo e deixando minha mente se acalmar para não entrar em pane. 

—Rebel Randon. - Abri meus olhos. Pronto, tudo foi por água a baixo, fiquei em pane. Olhei a mesma mulher que abriu a porta para mim, que sorria como se entendesse meu nervosismo, mas ela não entendia, eu nem sequer conhecia a pessoa para a qual eu ia me apresentar e pedir emprego, eu não sabia nada, mesmo. Não sabia a cara do ser, nenhuma informação e nada. Meu Deus, eu estava ferrado, pensava eu. - Rebel...? 

Percebi que estava parado com olhos arregalados e me levantei, respirei fundo, soltando o ar em um suspiro rápido, antes de andar para dentro da sala envolta em vidro escuro em minha frente. Ao entrar, me deparei com um homem de costas desligando o celular e pegando um tablet. Eu não sabia porque, mas aquele cara era tão atrativo, era algo estranho, como eu podia sentir algo assim por alguém que eu "não conhecia"? 

 -Rebel Randon. 22 anos. Cursou jornalismo. Mais alguma coisa que eu deva saber? - E então ele se virou, e puta merda. — Ah... Se não é o garoto do coturno azul. Afinal, seu nome é Rebel. 

Olhei na placa da mesa, e olhei para ele novamente, com aquele sorrisinho provocante. 

—Luke. Luke Dancy. - Falei, confirmando, lembrando que eu já o conhecia. O sorriso dele ficou singelo, os olhos me observando. - Obrigado. Eu sei que é a terceira vez que agradeço, mas se não fosse por você eu não teria conseguido isso. 

Apontei para meu pé e ele olhou, o sorriso agora alegre. 

—Fico feliz de ver que esta apreciando. E não há de quê. - Ele respondeu, me indicando em seguida a cadeira, sentando-se logo após eu. - Mas enfim, suponho que esse seja o seu currículo. 

Ele apontou para minha mão e eu assenti, entregando para ele, sentindo nossos dedos se tocarem num mero segundo, me fazendo sentir um arrepio subir pela espinha. O envelope foi aberto e ele retirou o mesmo, analisando em seguida. 

—Chinês? - Ele perguntou, duvidando. Sorri e pronunciei algumas palavras, que em chinês escritas seriam: 你非常漂亮,在这一诉讼。- E o que seria isso? 

—Você está muito bonito nesse terno. - Respondi imediatamente, vendo-o sorrir novamente, se livrando da cara séria. Ele pronunciou um rápido 'obrigado', antes de prosseguir. 

—Por que chinês? - Ele perguntou e eu dei de ombros, sem saber explicar. 

—Eu realmente não sei te explicar muito bem, mas eu soube que chinês vai ser mais eficiente que inglês no futuro. E também, quando adolescente eu decidi que eu queria fazer algo diferente de todo o mundo. - Falei, sendo sincero. 

—Isso foi muito legal, e uma coisa muito esperta, que poderia afetar positivamente seu futuro. - Luke falou e eu assenti. - Quais seus outros interesses? 

—Eu amo moda. Simples, eu amo moda. Mas gosto também de séries, não sou um grande fã de livros, mas ler me acalma e acho relaxante. Ahn, sou muito eclético, gosto de aprender sobre tudo. Sou muito eclético com música também. E recentemente trabalho em uma biblioteca. - Falei e o vi pensar antes que pudesse me mandar uma resposta definitiva. E então ele riscou meu nome da prancheta em cima da mesa, que eu não vira até aquele momento. E de repente, alegria não era algo que eu sentia. - Você riscou meu nome. Eu não fui aceito. 

—Eu adorei você. Desde o primeiro momento que te vi lá fora. Porém, eu não sei do que é capaz. Mostre-me. - Dancy assinou algo em um pedaço de papel que acabara de arrancar da prancheta e escreveu o número dele e me entregou. - Você sabe a saída. E me ligue. 

Ri me levantando. 

—Irei. - Sussurrei, virando e saindo da sala com um sorriso maior do que quando entrei.


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