Complicated escrita por Ana Carolina Potter


Capítulo 3
Capítulo 2




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Capítulo 2 - Ginny II

Eu estava tão cansada da viagem e do translado que a chegada na casa dos meus pais se passou como um borrão. Papai tinha ido me buscar no aeroporto e, infelizmente, não poderia permanecer comigo como gostaria, pois não conseguiu dispensa do trabalho.

Quando cheguei no hall de entrada da residência que chamei de lar durante minha infância e adolescência, pude perceber que poucas coisas mudaram: o aparador com os retratos de toda a minha família ainda se encontrava próximo à porta e minha mãe mantinha o sofá e a sala em perfeito estado de organização, porém eu percebi que a tinta que decorava as paredes era nova.

— Ginny, querida! Estava me perguntando que horas você chegaria. Que saudades, minha filha. - Mamãe limpou as mãos no avental que tinha em frente ao corpo e correu ao meu encontro. O abraço que recebi era o mesmo que eu me lembrava: quente e cheio de amor.

— O voo atrasou, mãe. Mas deu tudo certo, estou em casa.

— Graças a Deus! Arthur, você tem que voltar já? - Ela se dirigiu ao meu pai, que colocava minhas malas no pé da escada.

— Sim, Molly. Não me liberaram no trabalho para passarmos a tarde com a nossa filhota, mas devo chegar no mesmo horário. Se prepare, Ginny: sua mãe está preparando um belo jantar para comemorar sua volta.

Eu olhei para os dois com ar de desaprovação.

— Não precisa, gente. Não há porque se incomodarem comigo.

— Querida, não é incomodo nenhum. Todos estão morrendo de saudades. Virá apenas a família, Luna e Neville.

O pensamento de encontrar com Luna, minha amiga de escola, me animou consideravelmente. Mesmo em outro país, nosso contato continuava o mesmo. Quando vi, já me dava por vencida.

— Tudo bem, mas não precisamos acabar tarde, né? Eu tô com jet lag - ri para meus pais.

— Como quiser. Bem, Molly já vou. Juízo vocês duas - meu pai pegou as chaves do carro no aparador e saiu pela porta de entrada.

Minha mãe me deu outro abraço apertado e, posteriormente, subimos para meu quarto. Percebi que meus pais mantiveram o local da mesma forma que eu deixei. A poltrona próxima a janela continha meus ursinhos de pelúcia, minha cama estava arrumada, meus livros permaneciam na estante em cima da cama e o armário era do tom branco que eu tanto amava.

— Senti saudades desse quarto, mãe.

— E nós sentimos saudades de você. Me conta tudo: como foi essa última semana em Miami? - Nós duas nos deitamos na minha cama de casal como costumávamos fazer antes de eu ir embora.

— Foi tranquilo. O campus estava vazio e Megan me surpreendeu. Ela organizou uma festa surpresa para marcar minha despedida. - Mamãe gostava muito da minha amiga, principalmente porque ela me distraia e me acolhia nos momentos em que estava fora de casa. As duas já tinham conversado via Skype e eram até amigas no WhatsApp.

— Essa menina é incrível mesmo. Ela começou a trabalhar?

— Ainda não. Aliás, o Lupin falou alguma coisa sobre o início do estágio? - O reitor da University of London, onde eu iria trabalhar neste semestre, era amigo dos meus pais há anos. Ele também costumava frequentar nossa casa durante minha infância e adolescência. Seria difícil não chamá-lo de tio durante o trabalho.

— Ele pediu que você aparecesse amanhã na faculdade. Ele pretende te mostrar seu novo local de trabalho, o restante das instalações e o calendário de eventos, porém, ele salientou que você só começa a trabalhar mesmo na segunda-feira. Ron te falou que ele vai te fazer companhia neste semestre? Pegou outra DP.

— Tá brincando?

— Não. Seu irmão não tem juízo. Podia estar formado como Hermione, mas foi pegando tantas DPs, que agora a formatura ficou para janeiro. Pelo menos é a última!

Ron era para ter se formado no fim desse semestre, uma vez que o curso dele tinha duração de cinco anos, se o aluno não contraísse nenhuma dependência. Diferente do meu, em que a gente tinha que cumprir o estágio depois do oitavo semestre - a menos que você consiga conciliar o trabalho com uma faculdade de período integral - ele só tinha aulas à noite, por isso, a maioria dos alunos conseguia um serviço durante a graduação. Meu irmão, por exemplo, atuava em um escritório de advocacia desde o terceiro ano e Hermione tinha passado em um concurso para fazer estágio na Promotoria do Estado.

— O que a Hermione pretende fazer agora? Não tenho conversado com ela nas últimas semanas por causa das provas. - perguntei à minha mãe.

— Vai estudar para concursos e irá começar uma pós-graduação em direito humanos na London. Ela quer se especializar nessa área.

— Legal. O Ron vai continuar no estágio?

— Vai. Pelo menos nesse último semestre. Depois, ele pretende seguir na advocacia mesmo. Está pensando em ingressar no escritório de amigos da faculdade.

— Legal - eu realmente estava cansada da viagem, por isso, foi impossível segurar o bocejo.

— Isso é um sinal para você descansar, querida. Tente dormir um pouco para aproveitar melhor a noite. Nós iremos conversar bastante.

— Desculpa, mãe. Eu tô sofrendo de jet lag.

— Não tem problema. Vou deixar você dormir um pouco. - Minha mãe me pediu para tirar os sapatos, me deitar e, como sempre fazia na minha infância, me cobriu com meu cobertor favorito. Eu realmente estava em casa.

***

Acordei horas depois com uma batida fraca na porta do quarto. A luz entrou sem pedir licença e pela delicadeza presumi que era Ron.

— Já dormiu demais, Gin. Tá na hora de acordar! Tá todo mundo te esperando. - Meu irmão continuava sendo um legume insensível. Ele tirou o cobertor, arrancou o travesseiro com violência e prometeu cócegas se eu não esboçasse nenhuma reação.

Eu bocejei e comecei a me esticar na cama mesmo.

— Que horas são? - perguntei, tentando me focar na imagem de Ron, que parecia que continuava crescendo, mesmo já sendo adulto.

— 19 horas.

Consegui me sentar e ele aproveitou para me dar um abraço.

— Não víamos a hora de cumprimentar você, mas mamãe proibiu que subíssimos até seu quarto. Fred e George já estavam bolando um plano para te tirar da cama.

Foi impossível não rir. Era bem provável que eles colocassem fogos de artifício em minha janela, somente pela diversão que causariam. Ou, melhor dizendo, pela confusão que armariam.

— Já está todo mundo aí?

Ron se sentou na beirada da minha cama, enquanto, eu procurava roupas na mala. Precisava colocar todas as peças no guarda-roupa, porém, estava com preguiça só de pensar em arrumar toda essa “mudança”.

— Falta Hermione, Luna, Neville, Bill e Fleur. Charlie pediu desculpas, mas ele ficou preso no trabalho. Percy deve se atrasar, mas garantiu que viria.

— Bem, já que estão todos querendo minha presença, eu irei tomar banho e ficar apresentável. Tô morrendo de sono, pelo amor de Deus. Tinha esquecido como é ruim o jet lag.

— Isso que dá morar em outro país. Te espero lá embaixo, ok?

— Okay.

Ron e eu éramos muito próximos desde a infância. Por termos apenas um ano de idade de diferença, nós brincávamos juntos e trocávamos confidências quando o assunto não era relacionamentos amorosos. Fui eu quem o ajudou a conquistar Hermione, mesmo quando os dois brigavam feito cão e gato. E nos últimos anos ele tinha se tornado um ótimo ouvinte: todas as minhas reclamações, pedidos, auxílios e lamúrias eu dividia com ele. Quando eu precisava de dinheiro, era à ele quem eu recorria - principalmente quando eu necessitava de equipamentos ou outros materiais extras que extrapolavam o orçamento dos meus pais e as minhas reservas não davam conta. E eu sentia tanta falta de nossas conversas na madrugada, quando éramos apenas nós dois, rindo do universo que se apresentava.

Quando me dirigi ao banheiro, que ficava no corredor, olhei mais uma vez para Ron.

— Senti muita sua falta.

— Eu também senti a sua, Gin. - Ele sorriu de lado. Com esse sinal positivo dele, pude continuar meu caminho.

Mais tarde, quando fui me deitar, consegui perceber que as coisas em casa não tinham mudado. É claro que algumas coisas tiveram mudanças: Ron estava planejando pedir a mão de Hermione em casamento (embora ela não soubesse disso ainda) e ela tinha conseguido se formar com honra ao mérito; Luna e Neville iriam se casar no outono do ano que vem; Fred se separou e estava namorando uma antiga colega de faculdade, George queria ser pai, Fleur estava grávida de novo e Percy tinha trocado de emprego.

No entanto, o amor e a essência de um lar, que sempre foram marca registrada da minha família, continuavam ali. E eu não poderia estar mais feliz de reencontrá-los. Se cheguei a Londres com a intenção de voltar para os Estados Unidos em breve, eu já não tinha mais essa certeza tão clara em minha mente. Queria aproveitar cada momento desses seis meses ao lado das pessoas que eu amava de todo o meu coração.

 


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Notas finais do capítulo

Oi, pessoal? Tudo bem?

A Ginny chegou!!! O capítulo é de transição, por isso é tão curtinho! Espero que vocês gostem e aguardem ansiosamente para o próximo, que eu prometo ter uma pessoa muito especial – tem olhos verdes e usa óculos, ok? Hahahaha. Um beijo.



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