Complicated escrita por Ana Carolina Potter


Capítulo 2
Capítulo 1




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Capítulo 1 - Ginny I

Voltar para casa depois de longos quatro anos nos Estados Unidos foi uma decisão muito difícil de ser tomada. Eu realmente não queria retornar para Londres, encontrar o meu antigo quarto, as pessoas que faziam parte do meu círculo de amigos e todas as histórias mal acabadas que deixei para trás quando cruzei o oceano.

Para me formar jornalista, no entanto, eu preciso concluir um estágio, que no meu curso é obrigatório, e tem duração de seis meses. Entreguei currículo em várias empresas e grupos de comunicação em Miami, porém, apenas fui chamada para duas entrevistas de emprego e não recebi nenhuma resposta positiva.

Quando Ron me informou que havia uma vaga para estágio na universidade onde ele estudava, meu primeiro pensamento foi negar. Embora morresse de saudades de minha família, já não sentia que aquele espaço era meu lugar. Então, disse à ele que iria continuar procurando nas cidades próximas à Miami pelos próximos dois meses.

Os Estados Unidos se tornou meu lar. Foi nesse país, do outro lado do Oceano Atlântico, que voltei a sorrir, conquistei diversos campeonatos pela Liga Estudantil - me tornei excelente em handebol -, fui a inúmeras festas, tomei o meu primeiro porre, voltei a me apaixonar e até cheguei a namorar por alguns meses.

Eu amava os meses de outono quando as folhas começavam a cair, adorava ver a neve pela janela do meu quarto na casa estudantil e o clima latino que a cidade oferecia. Nesses últimos meses também desenvolvi o hobbie de viajar.

Conheci vários estados americanos e quando ainda era caloura fui visitar o México. Desde então, tequila se transformou em minha bebida preferida. É por essa e outras razões que deixar o país que me acolheu aos 18 anos não era uma escolha tão fácil.

Porém, como eu não arrumei emprego nesses dois meses de prazo que dei a Ron e meus pais já estavam me cobrando por alguma atitude, decidi aceitar a oferta e todo o contato com a instituição foi feito via Skype. Eles gostaram do meu portfólio, das minhas recomendações acadêmicas e, mesmo sem ter pisado no local, fui admitida pelo reitor. Todos os meus documentos foram entregues pelo meu irmão e minha contratação definitiva ocorreria quando voltasse para Inglaterra no início de julho.

Meus planos eram concluir o estágio em seis meses, voltar para Miami com o objetivo de pegar o diploma e permanecer novamente na América. Quem sabe, nesse meio tempo, eu arrumo um trabalho em uma grande revista de esportes, como era o meu sonho? Caso não desse certo, eu já tinha uma saída: iria para Nova York, onde os pais da minha melhor amiga moravam e, com certeza, poderiam me conseguir uma vaga no mercado de trabalho da grande metrópole. Ficar em Londres não estava, nem remotamente, na minha imaginação.

Megan era filha de dois grandes empresários e, por isso, tinha contatos no mundo jornalístico. Ela tentou várias vagas de estágio para mim, uma vez que já tinha um posto garantido na Vanity Fair desde o início da graduação, graças a “uma ligação” breve de seu pai.

Ela foi minha colega de quarto durante a faculdade e nós nos tornamos amigas logo de início. Cheguei sem conhecer ninguém, com um coração quebrado e sentindo saudades de casa. Megan, no entanto, me acolheu de braços abertos, me mostrou a cidade, me apresentou seus amigos e também foi um ombro para o qual eu sempre recorria quando estava triste ou precisando de ajuda. Diziam pelo campus que éramos quase irmãs de tanto tempo que passávamos juntas.

Embora eu soubesse que poderia pedir socorro ou chorar “as pitangas” com Hermione, mesmo que pelo telefone ou pelo Skype, não era a mesma coisa que conversar com quem estava vivendo as mesmas experiências que eu, como Megan.

Meus pais não tinham tanto dinheiro para me bancar durante o período que morei fora, por isso, ela me incentivou a pedir auxílios na universidade e a conseguir empregos de verão, fato que permitiu me sustentar durante os anos que passei por aqui. Ela também me levava durante os fins de semana que tínhamos de folga para sua casa, onde eu fui bem recebida pelos seus pais e amigos e podia aproveitar tudo o que há de melhor em Nova York, a cidade que não para.

Faltava dois dias para o embarque e um para o fim do ano letivo, por isso, o campus estava vazio quando atravessei o gramado e recebi de bom grado o ar gelado proporcionado pelo ar condicionado da moradia estudantil. Todos os alunos do quarto ano de jornalismo já tinham voltado para suas casas ou estavam procurando vagas em apartamentos para permanecerem durante o período de estágio. A morena, por outro lado, só iria embora no começo da semana que vem, por isso, continuava me fazendo companhia enquanto eu esperava o dia de voltar para Europa.

Entrei no quarto e encontrei-a vendo um episódio de Grey’s Anatomy, nossa nova série preferida.

— Não acredito que você está assistindo sem mim, Megan! - brinquei ao tirar o tênis.

— Ginny, você é muito lerda para ver Grey’s. Se eu fosse te esperar iria morrer de ansiedade. Sem falar que o Derek é muito gato, né? - Ela estava deitada em sua cama, que ficava do lado oposto da minha, com um balde de pipoca. Me sentei ao seu lado e peguei um punhado de pipoca.

— Dá o play, por favor? Vou terminar de ver esse episódio contigo.

Éramos dessa forma quase todos os dias. Podíamos rir e tirar “sarro”, mas nós sabíamos que podíamos contar com uma com a outra. Quando o episódio terminou, eu me apressei para terminar as malas e Megan saiu pelo corredor com o intuito de tomar banho.

Comecei a empacotar os livros, meias, roupas íntimas e minhas últimas peças de frio que ainda estavam no armário. Quando já estava fechando a segunda mala, escuto um estampido e a porta se abre em um rompante.

— Surpresa! - Megan estava com um bolo e seguida de várias pessoas. Meus colegas de classe estavam em peso no meu quarto, além dos poucos amigos que fiz durante minha estadia em Miami.

— Não achou que íamos deixar você ir embora sem nos despedirmos propriamente? -  citou Lucas. Não pude deixar de sorrir, pois ele era, além de um encanto, o mais divertido do grupo. Por ser alto e forte, Lucas foi incubido de carregar todos os refrigerantes para o local.

— Eu já disse que ela não deveria ir embora. Como ela vai viver sem mim? - suspirou Megan com todo o seu ar sarcástico.

— Vou continuar respirando, me alimentando e te mandando mensagem, sua louca! - complementei.

— Olha o respeito! - todos no cômodo riram do comentário da jovem, que pediu que os demais fossem até a cozinha da moradia para que pudéssemos comer e beber à vontade.

— Lucas, deixa que eu te ajudo com as bebidas! - comentei e já fui tentando pegar os refrigerantes que estavam nas mãos do loiro, porém, fui impedida por seus braços fortes.

— Tá maluca, ruiva? Não precisa me ajudar! Vai curtir sua festa, guria!

Ele foi me arrastando até a cozinha, onde eu pude observar que todos os cantos estavam enfeitados com balões coloridos. Na parede próxima à janela havia um letreiro com as frases “Fica Ginny! Nós te amamos!”. O bolo era apenas um dos pratos preparados pelo grupo, pois ainda tinha salgadinhos, doces e bolo salgado, novidade brasileira que Vivian, minha outra colega de turma, trouxe para nossa felicidade e gula. No total, eu e mais onze pessoas nos aglomeramos na pequena cozinha, cujo espaço era dividido com a sala, para celebrar a amizade e marcar a minha despedida dessa terra tão amada por nós.

Depois de cerca de uma hora, alguém conseguiu descolar uma vodca para nosso deleite. Para tomar qualquer bebida alcoólica em Miami é necessário ser maior de 21 anos, por isso, os estudantes mais velhos compravam os litrões e dividiam com os “mais novos” como eu, que iria completar a maioridade apenas em agosto.

Com a chegada da vodca, Lucas pediu a palavra.

— Como todos sabem… nossa Ginny ou inglesinha, como muitos gostam de chamar, irá partir daqui a dois dias. Ela deixará essa terra de oportunidades para retornar ao lar, mas nós gostaríamos de dizer algumas palavras antes de sua partida. - Nesse momento, comecei a fungar.

— Você foi uma das melhores coisas que aconteceram nas nossas vidas, Ginny. Chegou toda tímida para se mostrar uma garota forte, determinada, alegre e que nos encantou com sua simplicidade. Você sempre ajudou todo mundo nessa turma, seja com seus trabalhos impecáveis, com colas, conselhos ou um ombro amigo. Nós seremos gratos por toda a eternidade, porque você nos mostrou que amizade não é apenas um “like” no Facebook ou uma companhia para ir as intermináveis festas da Liga, mas é ser um bom e paciente ouvinte nos momentos difíceis e oferecer doces palavras quando estamos perdidos. Nós te amamos! - Ele falou a última frase totalmente sério e compenetrado em minha face.

— Beleza pessoal, sem tanto melodrama. A Ginny vai voltar, eu tenho certeza! Muito em breve ela estará conosco, nos bares em Nova York, Miami ou na Califórnia. Por isso, proponho um brinde à nossa ruiva. Viva a Ginny! - disse Megan, me tirando do contato visual que ainda mantinha com Lucas.

— Viva! - todo mundo na sala gritou, vibrou e alguns me levantaram no colo por alguns breves momentos, até eu pedir desesperadamente para me colocarem de volta no chão.

Depois do quarto copo, as pessoas começaram a ficar bêbadas. Vivian foi a primeira a pedir licença e voltar para seu quarto, alegando estar tão “alta” que não conseguiria acertar a chave na fechadura. Depois foram Noah, Peter, Susan e Victoria, que iriam participar de uma das reuniões da Liga, que sempre ocorriam no início da madrugada. Bella, Alice, Emily e Liam foram logo após, sendo que Alice precisou ser carregada pelo namorado Liam, pois não conseguia ficar em pé depois tantas doses de vodca.

Sobraram Megan, Lucas e eu - bem, apenas eu e Lucas, pois Megan arrumou qualquer desculpa para ir até o quarto, nos deixando sozinhos. Conhecendo bem minha amiga, ela tomou essa atitude com a esperança de que eu desse uma chance para o loiro, que há anos nutria uma paixão por mim.

Embora o achasse atraente, eu não queria despertar sentimentos nele que não eram verdadeiros. Eu iria embora em poucos dias e não gostaria de deixar alguém arrasado pela minha partida ou com esperanças que poderiam não ser concretizadas, uma vez que eu estaria do outro lado do oceano.

Nós estávamos tomando o sétimo copo de vodca com refrigerante quando percebi que minha cabeça estava tonta pelo excesso de álcool.

— Lucas, você pode me ajudar a arrumar essa bagunça? Acho que a Megan não vai voltar tão cedo com o tanto de bebida que ela tomou.

— Claro! - Ele se levantou e me ajudou a sair do sofá onde estávamos momentos antes.

Nós tiramos o lixo da mesa e colocamos todos os materiais em sacos plásticos que ficavam à disposição na cozinha. Empilhamos caixas de salgadinhos, jogamos garrafas de refrigerante e vodca fora e também guardamos as sobras para o dia seguinte. Eu deixei a louça na lavadora, que eu agradecia aos céus por existir nesse momento.  Quando terminamos o trabalho percebemos que era por volta da meia-noite.

— Bem, eu acho que é isso. Muito obrigada. - Eu sorri para o loiro, que estava com o cenho franzido e olhando para os seus tênis surrados.

— Vou sentir sua falta, Ginny. - Ele caminhou em minha direção e colocou suas mãos em meu rosto. Senti quando seus lábios tocaram o meu e deixei que o jovem aproveitasse esse momento, que eu guardaria pelos meses que se seguiriam. Eu não amava Lucas, mas não podia deixar de notar/gostar do jeito que ele me olhava ou tocava. Poderia, pelo menos por uma noite, deixar-me levar pelos sentimentos dele. Foi por essa razão que eu coloquei os meus braços ao redor do seu pescoço e aproveitei as sensações que ele despertava no meu corpo.

Beijar Lucas era algo novo para mim, mas era uma coisa boa. Ele me fazia sentir amada, desejada e eufórica com a possibilidade de abrir meu coração novamente para novos relacionamentos. Opa, relacionamentos não! Eu tô indo embora. Ginny, para com isso, garota. Vocês irão se machucar. Com esse instante de consciência, o empurrei.

— Lucas, me desculpa, mas eu não posso. Eu tô indo embora em menos de 48 horas, não sei o que será minha vida nos próximos meses. Eu não posso fazer isso com você!

Ele me olhou profundamente e me perguntou o por que.

— Vou embora dos Estados Unidos e ficarei em Londres por, pelo menos, seis meses. Não quero dar esperanças para os seus sentimentos, para algo que eu sei que você deseja tanto. Você é um cara incrível e merece alguém completo, alguém que possa estar ao seu lado em todos os momentos. Infelizmente, eu não sou essa pessoa. Eu acho que nunca fui essa pessoa!

— Quem disse que você não é? - Eu sai de perto dele, caminhando até a janela da cozinha. Ele me seguiu com toda a calma do mundo.

— Ginny, nos últimos anos eu só tenho olhos para você. É você que esteve ao meu lado nos momentos mais felizes e tristes da faculdade. E é com você que quero ficar nos próximos anos e décadas. Não importa onde você esteja, se é aqui ou do outro lado do mundo, eu quero você! - Ele colocou uma mão no rosto e desceu em direção à minha nuca, fazendo um carinho gostoso, que não me dava vontade de parar.

— Lucas, eu não posso. Eu realmente não posso. Você merece mais! Por favor, não dá!

Com um suspiro, ele tirou as mãos de mim e beijou minha testa. Por alguns minutos, ele pareceu indeciso, mas por fim se encaminhou até a porta.

— Em menos de seis meses, eu irei te visitar em Londres, Ginny. Escute o que eu estou te dizendo: se naquela ocasião você me dizer que não me quer, eu seguirei em frente, mas se eu perceber que há uma chance de ficarmos juntos, prometo que farei de tudo para estar ao seu lado e te conquistar.

— Inclusive mudar de país?

— Inclusive.

Ele saiu pela porta, não sem antes lançar um beijinho no ar como sempre costumamos fazer. Eu não sabia mais o que pensar, por isso, fui até meu quarto e não estranhei que Megan ainda estivesse acordada.

— E aí? O Lucas fez alguma coisa? Ele tomou a iniciativa?- Ela parecia mais animada que uma adolescente.

— Ele me beijou - suspirei deitando na cama.

— Até que enfim, senhor. Amém. Obrigada, Santo Antônio pela graça alcançada!

Foi impossível não rir diante de tamanho exagero.

— Você sabia que ele pretendia fazer isso essa noite?

Megan se levantou e foi até minha cama.

— Querida, você acha que ele iria fazer qualquer coisa sem me consultar antes? É óbvio que eu sabia, tanto que eu deixei os dois pombinhos juntos e sozinhos. Me conta, vai!. Como foi? Ele tem cara que beija muito bem!

Megan e o seu típico drama.

— Ele é ótimo, realmente beija bem, mas eu não deixei que continuasse. Ele merece coisa melhor.

— OI? Eu ouvi direito? Querida, você é a pessoa mais maravilhosa desse mundo. Que história é essa de ele merece coisa melhor?

— Eu tô indo embora, Megan. Daqui a dois dias eu parto para Europa e, sabe-se Deus quando eu vou vê-lo de novo, então, por que eu vou alimentar algo que já está fadado a dar errado?

— Miga, pelo amor! Você precisa parar de se preocupar tanto com o futuro. Isso não nos pertence, por isso, temos que viver apenas o presente. Se o cara que você está afim fala que gosta de você, que quer ter uma história contigo, você aceita, ok? Ginny, você tem que se abrir para o novo, para algo que irá te fazer feliz.

— Não sei se consigo me abrir nesse momento para algo novo, Megan.

— Ginny, quando vai ser a hora? Ninguém está totalmente pronto para as coisas, pois só sabemos que é o instante certo quando ele chegar, entendeu? O Lucas é caidinho por você desde o primeiro ano e eu só não apoiei o relacionamento porque você ainda estava machucada pelo o que ocorreu com o seu antigo namorado e depois você começou a sair com o Michael. Está na hora de ser feliz, de encontrar uma nova pessoa. Eu sei que você é totalmente feliz sozinha, porém as pessoas vêm para somar, para acrescentar um sentido em nossas vidas. Entendeu?

— Ele disse que irá me visitar em menos de seis meses.

— Sim, ele comentou comigo. O que você achou dessa proposta?

— Quero ver se ele vai cumprir mesmo.

— Eu aposto que ele estará na sua casa em breve. E o que você vai fazer se ele for mesmo?

— Na hora eu vejo como proceder - suspirei fundo. Não gostava de pensar na possibilidade de explicar para meus pais que um americano resolveu trocar de país e mudar todos os seus rumos por minha causa. Megan bufou.

— Miga, me conta o que aconteceu contigo? Por que para se fechar desse jeito é preciso ter um bom motivo!

Eu nunca contei para ninguém sobre um dos motivos que me fizeram sair da Inglaterra. Nem mesmo para Megan. Ela sabia que era algo relacionado ao meu antigo namorado, mas não conhecia, de fato, a razão para todo o sofrimento. Talvez fosse o momento de colocar todos esses sentimentos para fora.

— Eu namorei com o melhor amigo do meu irmão por três anos. Nós éramos muito próximos, vivíamos um na casa do outro, até porque éramos vizinhos, e nossos pais também eram amigos. No noite da minha formatura do ensino médio, colocaram sedativo na minha bebida e eu acabei fazendo parte de uma armadilha. O cara que meu ex-namorado mais odiava no mundo me beijou e ele viu a cena.

— E ele acreditou? - Megan fez uma cara de espanto.

— Sim. Eu não me lembro direito do que aconteceu, mas pelo o que me contaram ele gritou, deu escândalo e bebeu até cair no próprio quarto. Depois disso, ele nunca mais quis conversar comigo.

— Seu ex é um idiota. Quem, em pleno século 21, acredita no conto da Bela Adormecida? Jesus! - Megan me olhava com grande descrédito.

— Pois é. - Tocar no assunto me deixou com uma sensação ruim, por isso, acabei deitando. Minha amiga prontamente me colocou em seu colo. - Mas você sabe que depois de todos esses anos eu consigo entender, mesmo que um pouco, o lado dele.

— Oi? Como assim, miga?

— Pensa bem, Megan. Se ele dizia que me amava, como eu achava que me amava, me “pegar” - e fiz o gesto entre aspas - com outro deve ter sido muito doloroso para ele. Harry é muito orgulhoso, cabeça dura e eu sei que ele foi moleque demais com essa atitude, mas eu consigo sentir um pouco dessa dor. Eu não sei como reagiria se fosse eu no lugar dele, porém, hoje consigo entender como a mente dele trabalhou naquele dia.

— Vocês nunca mais se falaram?

— No dia seguinte a formatura, eu tentei falar com ele, mas ele não quis me ouvir. Dali em diante, não o procurei mais e pedi para meus irmãos, pais e cunhadas não me contarem nada sobre ele. Acho que é melhor assim, né?

— Não dei nem aquela stalkeada?

— Não. Você sabe que eu não apoio essa atitude, né?

— Miga, não sei nem o que te dizer…

— Tá tudo bem, de verdade. É uma história antiga, já passou!

— Peraí, mas se vocês são vizinhos é provável que você o veja nos próximos dias, estou certa?

— Não sei, Megan. Eu realmente não sei. Espero que esse contato demore, pelo menos, algumas semanas. Quero me preparar psicologicamente para reencontrá-lo. Ou quem sabe ele mudou de cidade, né? Pelas minhas contas ele deve estar formado e pode ter decidido sair da casa dos pais. Tomara!

— Por esse comentário não me parece que a dor tenha passado.

Eu me levantei no mesmo instante.

— E passou. Só não quero sentir as mesmas coisas de novo, entende? Minha armadura nesses anos ficou forte, por isso, não quero que apenas um olhar dele, uma palavra de raiva ou qualquer atitude mude isso! Essa história me mostrou que eu podia ser uma pessoa diferente, me fez mudar internamente, crescer como mulher e amadurecer. Acho que essa foi a lição que eu aprendi com todo aquele episódio.

— Tá certa! - Ela ponderou seriamente antes de iniciar a próxima frase. - Você tem certeza de que quer voltar?  

— Certeza eu não tenho, mas já que não tem jeito.

Nós duas rimos.

— Vou sentir sua falta, Ginny!

— Eu também vou sentir a sua, Megan! - Eu abracei minha melhor amiga com toda a força do mundo. Naquele instante, tudo o que eu mais amava estava ali e eu queria aproveitar cada segundo.


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Notas finais do capítulo

Nota da autora: Oi, pessoal, tudo bem? Há alguém por aqui ainda? Espero que sim! Eu sei que demorei muito, mas eu prometo que tiveram bons motivos para eu não continuar escrevendo. Saibam que eu nunca vou abandonar minhas histórias, por mais que eu demore algum tempo para atualizá-las. Desejo, do fundo do meu coração, que vocês gostem dessa retomada tanto quanto eu estou gostando de retomar essa história maravilhosa. Se você gostou, deixe o seu comentário, porque isso ajuda demais o autor durante essa longa caminhada! Um grande beijo.



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