Elevador escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 1
Elevador - Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!
Olha eu aqui de novo para mais uma entrega de fanfic NaruHina! o/
Mas dessa vez é um presente, para minha amiga secreta Melanie Beatriz, mais conhecida por aqui como DeidaraAko! xD
Moça, tentei seguir o seu gosto. Espero que goste. ^^" ♥
Quero avisar logo que essa é a segunda one que eu escrevo na vida! Prefiro long-fics, então peço desculpas se essa one tenha ficado muito longa. xD

Boa leitura! =*

Obs.: fanfic também disponível no Spirit.



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— Eu tenho um plano.             

O Uchiha levantou o rosto em sua direção, mirando firme os olhos esverdeados.

— Mais um?

A garota ignorou o sarcasmo, sentando ao lado dele na movimentada lanchonete da escola.

— Não tem como dar errado dessa vez – insistiu. – Mas vou precisar da sua ajuda.

— Sakura, eu realmente...

— Cale a boca e me escute.

Sasuke ouviu tudo sem interromper. Ao fim, teve que se esforçar para não demonstrar surpresa. De onde viera tal maluca ideia?

— Então? O que acha?

O rapaz deixou o lanche de lado e se virou para visualizá-la melhor. Sakura sorria em ansiedade.

— Diminua sua expectativa – o sorriso diminuiu apenas um pouco, acompanhado de um revirar de olhos. – Há uma chance muito pequena disso dar certo.

— Eu só preciso de um por cento de chance!

O enorme sorriso da Haruno o convenceu. Ela sempre conseguia o que queria quando soltava aquele sorriso.

— Tudo bem... Eu ajudo.

 

~*~

 

Olhou para o relógio pela milésima vez naquela tarde. Estava atrasada. Sakura não pouparia reclamações.

— Por favor! – Pediu à atendente – Estou com pressa. Pode procurar mais rápido?

A mulher bufou baixinho, como se Hinata não a ouvisse. Podia imaginar até os olhos irritados da lojista, de costas para ela, procurando o bendito baralho que pedira.

— Achei! – A mulher falou vitoriosa, mostrando a caixinha diferenciada e entregando ao caixa, para que embrulhasse o presente. – São 725 ienes.

Hinata pagou rapidamente, recebendo o pacotinho colorido na mesma velocidade e saindo da loja ainda mais veloz. Olhou para o relógio. À sua frente, uma multidão em fila na frente da escada rolante. Um pouco mais para a direita, outra fila menor esperando os elevadores.

Escada ou elevador?

Correu para a direita. Descer três andares de escada rolante talvez demorasse mais. Praguejou quando o primeiro elevador abriu e descobriu que ele estava subindo. As outras pessoas entraram, deixando-a sozinha e apertando o botão de descer várias vezes, como se isso fosse fazer a máquina funcionar mais depressa – doce ilusão.

Deu graças quando ouviu o apito meio minuto depois, e uma porta enfim abriu. Entrou correndo, sem reparar na única pessoa que também desejava chegar ao térreo.

— Olá, Hinata.

Um arrepio percorreu todo o seu corpo antes de encarar os belos olhos azuis através do espelho.

 

~*~

 

“Ainda bem que escolhi o elevador”, pensou animado. Sequer conseguia conter o sorriso quando estava perto dela.

— B-Boa tarde... Naruto-kun.

Ela sempre gaguejava quando falava com ele – o que aumentava suas esperanças em trezentos por cento a cada vez que a via.

— Boa tarde. Passeando?

— Não exatamente – ela se virou, tentando olhá-lo sem corar ou gaguejar. Falhava um pouco. – Vim comprar um presente de última hora para Sakura.

— Também está indo para a casa dela? – A morena o olhou surpresa, confirmando com a cabeça – Que ótimo! Vamos juntos. Também comprei um presente para ela.

Hinata corou novamente, concordando e virando as costas novamente. Ele conteve um suspiro.

Naruto e Hinata eram os típicos estereótipos estudantis de Konoha: ela, a garota tímida e nerd da escola; ele, o garoto bonito e popular sempre cercado de garotas histéricas à procura de ganhar seu coração – Sasuke também sofria com os constantes ataques, mas isso era apenas um detalhe.

Outro detalhe: sofria um abismo (queda era muito pouco) pela única menina que nunca deu em cima dele.

A garota naquele elevador.

“Como era possível?”, ele se perguntava. Eles e seus amigos cresceram juntos, todos se conheciam muito bem. Seria possível que Hinata sequer desconfiasse de seus sentimentos?

“Claro que sim, idiota!”, a voz de Sasuke ecoou em sua mente. "Você nunca tentou conquistá-la!".

Era uma triste verdade. Adorava passar algum tempo, nem que fosse alguns minutos por semana, ao lado de Hinata, seja conversando banalidades, seja inventando dificuldades em matérias da escola, seja compartilhando poucos momentos em um elevador... Uma pena que não passassem disso: de poucos momentos.

Seus pensamentos foram interrompidos por uma parada brusca no elevador, seguida pelo apagar das luzes principais. As de emergência se acenderam logo depois.

— O que está acontecendo? – Hinata perguntou preocupada.

— Eu não sei.

Olhou para os lados, para cima, como se a resposta fosse cair em seu colo. Percebia Hinata começar a tremer.

— Você tem claustrofobia?

— Não, mas... – Hesitou – Não gosto de suspense.

Ele sorriu um pouco.

— Não se preocupe. A energia pode ter acabado. Não deve demorar a voltar.

Seu tom descontraído a tranquilizou. O semblante agradecido fez derreter o coração bobo do rapaz.

— E então? O que comprou para Sakura-chan?

A tentativa de puxar assunto a fez sorrir. Hinata encostou-se numa das paredes, de frente a ele.

— Um jogo de cartas temático – levantou o embrulho colorido – do Game of Thrones.

O queixo dele foi ao chão.

— Aquela traidora! – O tom indignado arrancou risadas – Há tempos eu quero um desses! Eu nem sabia que ela gostava da série!

— E você? – Perguntou ainda sorridente. Naruto não teve como ficar mal-humorado. – O que comprou?

— Um livro. A Crônica do Matador do Rei...

— Não me diga que é “O Segundo Dia”!

A careta que ele fez respondeu à pergunta. Foi a vez dela de ficar boquiaberta.

— É um livro muito caro – falou envergonhada, escondendo os olhos sob a franja. – Você é um amigo muito generoso, Naruto-kun.

— Não faça essa cara – fingiu seriedade. Ela acreditou, pois levantou os olhos novamente em sua direção. – Senão voltaremos à livraria assim que voltar a energia! Vamos comprar um para você também.

Hinata sorriu, ainda envergonhada. Com certeza não acreditara naquela brincadeira. Ele, no entanto, não se importaria de levar uma bronca da mãe por gastar mais que o combinado no cartão de crédito.

— Vou avisar à Sakura que nos atrasaremos – ela pescou o celular da bolsa. – Mais um pouco – ela completou, ligeiramente chateada.

— Boa ideia.

Não. Não fora uma boa ideia.

Não a princípio.

Ambos conseguiram ligar para Sasuke e Sakura, mas a ligação estava entrecortada. Ninguém conseguia entender ninguém, e Naruto foi o primeiro a desistir da ideia. Hinata cedeu logo depois, decidindo mandar uma mensagem de texto ao invés. Esticou o braço para cima, buscando sinal para o aparelho, mas não adiantou.

Naruto não estava pensando direito quando agiu.

Hinata deu um grito quando o loiro agarrou suas pernas e a ergueu em seu colo, rindo com o desespero da moça depois de justificar que estava ajudando-a a encontrar sinal.

 

~*~

 

— Nada?

— Carregando... – Repetiu, entediada – E... – Animou-se – Foi. Pode me colocar no chão.

Avisou Sakura que estava presa no elevador e, por precaução, avisou Hanabi, sua irmã caçula, também. Conseguiu receber mensagens desesperadas das duas a tempo, logo seguidas de “Você está presa com Naruto? Aproveita essa chance!”. É claro, o rapaz não ouvira a chegada das mensagens, pois Hinata colocou o celular no silencioso assim que descobriu que a ideia maluca dele de carregá-la funcionara.

Então pôs-se a aproveitar o inesperado contato com sua paixão adolescente.

Às vezes se sentia frustrada por ser tão tímida! Sentia inveja das meninas que cercavam o loiro sem preocupação alguma, sem se importarem com o que ele poderia pensar delas... Gostaria de ser mais desinibida, ou ao menos parar de gaguejar sempre que encontrava Naruto. Ino e Sakura, suas melhores amigas, lhe davam muitas dicas, mas era difícil controlar o coração acelerado toda vez que o Uzumaki chegava perto com mais um de seus belos sorrisos! Sorrisos estes, ela notou, que ele nunca dava quando as garotas bonitas e populares cercavam a ele e a Sasuke...

Como não criar esperanças, quando os lindos olhos azuis de Naruto pareciam brilhar quando a viam? Não podia ser só sua imaginação... Não todas as vezes, pelo menos.

— Ei! Isso no teto é uma janela?

Ela piscou duas vezes. Olhou para cima, na mesma direção que ele.

— Acho que sim.

Tentou mexer, mas a “janela”, na falta de um nome apropriado, estava trancada à chave. Ela deu um suspiro.

Nem percebera que entrara em devaneios ao encarar os olhos dele. E iludira-se a ponto de achar que ele a admirava também.

Naruto a colocou no chão delicadamente. Ela agradeceu, informando que pedira ajuda à Sakura, e que era questão de pouco tempo até saírem dali. O loiro ficou surpreso por um milésimo de segundo, e logo disfarçou com um sorriso.

— Está tudo bem?

— Claro! Acho que estou um pouco entediado. Não costumo ficar tanto tempo parado.

— Ah.

Foi uma decepção amarga: ela o entediava...

— Não estou falando de você, Hinata, relaxe – riu, como se adivinhando seus pensamentos. Ao ver que ela não correspondia, chegou mais perto e sussurrou em seu ouvido: – Eu não escolheria mais ninguém para ficar preso comigo num elevador.

Aquele arrepio novamente. Ino se orgulharia da língua solta:

— Você é um conquistador barato. Não quero morrer aqui.

A gargalhada que ele soltou foi inesperada. Hinata o acompanhou, mais por nervosismo do que por graça.

— Ah, Hina! É por isso que eu gosto tanto de você!

O apelido carinhoso e mais o abraço quase a fizeram desmaiar.

 

~*~

 

Sentiu o corpo pequeno amolecer, mas ele não a soltou. Hinata tinha um cheiro muito bom! Até alguns segundos atrás estava disposto a usar todas as artimanhas que conhecia para poder se aproximar dela de novo, sentir a pele macia em contato com a sua novamente... “Ainda bem que não precisou de tanto esforço”, ele concluiu. Hinata cedeu de todas as formas...

— N-Naruto-kun?

— Ah, desculpe, eu me empolguei! – Afastou-se sorrindo – Está usando um perfume novo? É muito bom!

Não segurou o riso ao vê-la da cor de um tomate.

— C-Como... C-Como sabe?

Hora de usar as artimanhas.

— Somos amigos, esqueceu? – Colocou uma mão em cada ombro da moça, animado – Estudamos na mesma sala desde que me entendo por gente. Sinto seu perfume sempre que passa do meu lado!

Hinata corou fortemente. Desviou o olhar e o chocou com suas palavras:

— Não somos amigos, Naruto-kun – a voz séria não deixava margens para brincadeiras. – Apenas colegas de classe. Com alguns amigos em comum.

Naruto se recusou a ficar atônito. O que a garota dizia era a pura verdade. Nunca sequer falaram sobre si mesmos quando estavam sozinhos – “escola” ou outros amigos eram os assuntos predominantes. Não havia porque negar.

Mas aquilo estava prestes a acabar.

— E eu estou disposto a mudar isso – Hinata o olhou no mesmo instante. – O que acha?

— D-Do q-que... – Ela controlou a respiração – Do que está falando?

— Não é óbvio? Quero ser seu amigo! – Odiou ter que usar esse termo, mas não podia ser apressado. Ainda estavam presos em um elevador, e ele não podia correr o risco de deixar Hinata desmaiada ali dentro. – Hina... Posso te chamar assim? Hina? – Ela concordou, trêmula - Eu a admiro muito, Hina! Como aluna, como pessoa, como mulher... – Rezava para não estar corando tanto quanto ela – Sempre tive vontade de me aproximar, mas confesso que não sei bem o que pensa a meu respeito.

— Naruto-kun...

— Não quero que pense que estou com segundas intenções, ou que estou tentando usar minha popularidade para me aproximar... Acredite, eu não sou assim!

— Eu sei.

Ele ia continuar, mas se surpreendeu com a certeza na voz dela. Um pequeno e tímido sorriso a entregavam.

— D-Digo... Sakura sempre diz que você é uma boa pessoa. Ela não pode estar errada... Ela é uma das melhores pessoas que conheço, e...

Não ouviu nada a partir daquele ponto. Sorriu ao constatar que Hinata era um livro aberto... Aquela desculpa não o convenceu, mas o fato dela acreditar nele sem precisar de terceiros o comoveu.

— Prazer, Hina – ele interrompeu o discurso da moça, estendendo a mão. – Namikaze Uzumaki Naruto, seu novo melhor amigo.

Hinata acompanhou sua brincadeira com um doce sorriso. Naruto estava ficando mal-acostumado...

— Prazer, Naruto-kun. Hyuuga Hinata, sua nova amiga nerd.

 

~*~

 

Alguns minutos mais tarde e Hinata já estava impaciente com seu novo “melhor amigo”.

— Quem diabos é Mindinho?!

— Como você se intitula “nerd” e nunca assistiu Game of Thrones?!

— Eu prefiro livros.

— E como nunca ouviu falar do Mindinho?!

— Eu disse que prefiro livros. Não que eu já li os benditos livros de Game of Thrones— esclareceu. – Prefiro livros do que TV.

Naruto estreitou os olhos em sua direção, desconfiado.

— Jogue de uma vez.

Ela apoiou sua carta sobre a do tal “Mindinho”.

— Catelyn Stark, e seus lindos cabelos ruivos – imitou um sotaque britânico, sorrindo para o desenho na carta. Olhou meio entediada para o loiro. – Não faço ideia do que ela faz. Ela é importante?

— Eu definitivamente vou te dar os livros de presente... – Teve vontade de rir ao vê-lo sorrir amarelo.

— Quer dizer que eu ganhei?

Nem esperou a resposta dele. Levantou os braços em comemoração e, sem perder tempo, guardou as cartas de volta na caixa, refazendo o embrulho como se fosse novo.

— Acho que você não gostou do jogo, não é?

Confirmou. E estendeu as mãos.

— Vamos. Cumpra o combinado.

Naruto não hesitou. Pegou outro embrulho da mochila e entregou à jovem. Hinata o pegou com todo cuidado, abrindo o pacote delicadamente para que não rasgasse.

Já estavam presos há mais de meia hora. Sem mais sobre o que conversar, combinaram de abrir seus respectivos presentes e aproveitar deles um pouco antes que Sakura o fizesse. Jogados no chão e cansados do jogo de cartas, Hinata decidiu que passara da hora de paquerar o livro que desejava há meses.

— Ganhei o primeiro volume em setembro – ela confessou ao separar o livro magicamente do papel laminado. – Do meu irmão. Devorei em três dias! Desde lá, espero ansiosamente por esse aqui... Ah... – Cheirou as folhas novas, viciantes – Eu esperava ganhá-lo no meu aniversário, em dezembro. Quase chorei quando não o encontrei na pilha!

Seu falso drama o fez rir um pouco. Mais uma vez ele comentou que desejava passar na livraria e comprar outro livro, mas ela negou dessa vez. Era realmente um volume muito caro, e ela não faria seu novo amigo gastar tanto dinheiro assim num só dia. Sabia que o rapaz vinha de uma boa família, com pais trabalhadores e que provavelmente não sentiriam falta do dinheiro. Sua família também não, aliás, mas Hinata aprendera desde cedo a ser humilde, a dar valor ao dinheiro suado dos pais.

Sim, definitivamente aquela despesa ficaria para dali a alguns meses, quando juntasse dinheiro suficiente para comprá-lo.

— Leia em voz alta, ao menos. Não é justo você se divertir sozinha.

“Chegava o alvorecer. A Pousada Marco do Percurso estava em silêncio, e era um silêncio em três partes.”— Hinata começou com sua voz melodiosa, aplicando a entonação certa em cada trecho, permitindo que o loiro mergulhasse na história junto com ela. – “O homem tinha cabelos de um ruivo verdadeiro, vermelhos como a chama. Seus olhos eram escuros e distantes e ele estava deitado com o ar resignado de quem há muito abandonou qualquer esperança de sono.

“Dele era a Pousada Marco do Percurso, como dele era também o terceiro silêncio. Era apropriado que assim fosse, pois esse era o maior silêncio dos três, englobando os outros dentro de si. Era profundo e amplo, como o fim do outono. Pesado como um pedregulho alisado pelo rio. Era o som paciente – som de flor colhida – do homem que espera a morte”.*

Levantou o rosto para o rapaz. Seus olhos a fitavam, mas ao mesmo tempo não.

Estava perdido em pensamentos com um sorriso sereno nos lábios.

 

~*~

 

“Estou apaixonado”.

Era o pensamento que o dominava.

A voz delicada de Hinata o fez viajar, mesmo com poucas palavras. Talvez ela nem tivesse lido um parágrafo completo, porém desejava que continuasse, para se afundar mais naquela história e naquela voz...

E naqueles lábios também, mas sabia que isso teria que esperar.

O pensamento se concretizou ao ver as luzes principais se reacenderem e Hinata levantar num pulo, aliviada. A porta do elevador se abriu no segundo depois, revelando um guarda surpreso.

— Vocês estavam aí o tempo todo?

— S-Sim – a moça respondeu, corada, enquanto ajudava o amigo a se levantar.

— Por que não gritaram ou algo assim? – O guarda não conteve a indignação – Eu estava aqui o tempo todo! Poderia ter aberto a porta para vocês!

Ambos Naruto e Hinata arregalaram os olhos. Estavam no térreo durante toda aquela hora... Aproveitando demais a companhia um do outro para gritarem por socorro.

— N-Não sa-sabíamos, senhor – Hinata curvou-se depressa, envergonhada. – Pensamos que estávamos entre andares.

— Poderiam ter gritado, de qualquer forma...

— Não vai se repetir – Naruto garantiu, arrastando Hinata para longe do homem mal-humorado.

 Segurou a mão da moça, trêmula às vezes, e não a soltou até chegarem à casa dos Haruno. Não era longe, e mesmo quando Hinata fazia algum gesto para lembrá-lo de que ainda estavam com as mãos unidas, Naruto a agarrava mais firmemente. “Já estamos chegando, Hina!”, ele respondia, animado. Teve vontade de contê-la por mais tempo, mas assim que apertou a campainha da casa da amiga, Sakura apareceu e se jogou em cima de ambos, abraçando cada um com uma força sobrenatural.

— Estava tão preocupada! – Falou chorosa.

Hinata acalmou os nervos da jovem de exóticos cabelos rosados com leves tapinhas no ombro e palavras doces como “Estamos bem, não foi nada” e “A culpa foi nossa, pois estávamos no térreo o tempo todo”. Sakura se recuperou logo, chamando os amigos para seus parabéns, contando que apenas esperava por eles.

— Trouxeram meus presentes? – Naruto e Hinata remexeram suas bolsas, entregando os pacotes para a aniversariante – Ah, que maravilha! Muito obrigada!

Foram até o jardim, onde todos os convidados os esperavam. Os parabéns foram cantados, seguidos por discursos emocionados de Sakura para seus amigos. Abraços foram dados, presentes entregues, e Sasuke se aproximou de Naruto:

— Você teve uma hora sozinho com a Hyuuga – Naruto riu. A tentativa frustrada de não se mostrar curioso deixava o Uchiha encabulado. – Diga-me que não fez ou falou nenhuma bobagem.

— Você subestima meu poder de sedução – brincou.

— Até parece... – Ele acenou para Sakura, que os chamava para fotos. Andavam devagar até ela. – Você está apaixonado por aquela garota há tanto tempo que já perdi a conta!

— Estou indo devagar!

— Como uma lesma...

— Quem é você para falar alguma coisa?! – Indignou-se – Por acaso já falou para a Sakura-chan que gosta dela?

O Uchiha arregalou os olhos.

Naruto demorou a notar que Sakura estava praticamente ao seu lado, e ouvira o fim da conversa.

— S-Sakura-chan! – Gritou surpreso – Está aí há muito tempo? Eu e Sasuke estávamos falando...

— Eu ouvi, Naruto.

O tom sério o assustou. Olhou nervoso de um amigo para outro. Sakura encarava os próprios pés antes de tomar uma atitude e sair correndo dali. Sasuke fuzilou o Namikaze com os olhos, correndo atrás da garota. Não sem antes gritar, irritado:

 - Você e sua boca grande!

Suspirou, chateado. Ficou uns bons minutos torcendo para que não tivesse estragado a amizade dos dois, até que avistou madeixas preto-azuladas sumindo na escada. Rapidamente esqueceu-se do casal e correu até a moça.

— Hinata! – Ele a viu com vários presentes nos braços – Deixe-me ajudá-la!

Tomou a maioria dos pacotes de seus braços, subindo a escada contente ao lado dela.

— Quantos presentes!

— Essa é a minha segunda viagem. Com a sua ajuda, provavelmente só faremos mais uma.

E assim fizeram, guardando uma leva e rapidamente subindo com a última. Naruto fez questão de carregar a maioria.

— Obrigada pela ajuda, Naruto-kun – ela depositou sobre a cama de Sakura as caixas em seus braços.

— Não foi nada.

Sorriu, nervoso. Sem ter mais o que dizer, deu as costas e rumou até a porta.

— Naruto-kun!

As mãos finas e delicadas seguraram o braço do garoto, esperançoso.

— Diga, Hinata – não dava para mascarar a felicidade de passar mais um tempo com ela.

— E-Eu... – Viu-a engolir em seco, nervosa. Atentou para o fato dela ainda não o ter soltado. – É verdade o que disse? Lá no elevador?

— O que, exatamente?

— Sobre... – Hesitou. O rosto da moça voltou a corar. – Sobre você e eu... Sermos amigos.

Hinata não o olhava. Naruto soltou-se devagar, capturando as mãos que tentaram fugir de seu alcance, ansiosas.

— Será que posso competir sua atenção com seus livros?

Os brilhantes olhos prateados miraram os azuis. O vestígio de um sorriso brotou no rosto da Hyuuga.

— Prometo não o atrapalhar quando estiver cercado de garotas – rebateu. Naruto colocou uma mão sobre o peito, fingindo indignação.

— Então nada feito! – O semblante dela surpreendeu-se por um instante – Ou você me salva daquelas garotas sempre que me ver, ou nada de amizade!

— Sempre?

— Sempre!

Hinata sorriu.

— Será um prazer resgatá-lo, Namikaze Naruto!

Segurou a mão erguida da moça, todos os dentes aparecendo em seu enorme sorriso. Ela retribuiu com outro que balançou o coração do rapaz.

 

~*~

 

— Eles passaram uma hora presos em um elevador, Sakura! Você ainda quer prendê-los num quarto?

Sasuke subia as escadas ao lado da Haruno, indignado, seguindo-a até o quarto da moça.

— Quero! – Falou Sakura, decidida – Estou cansada de ouvir o lamento daqueles dois! Ou eles enfim descobrem que estão apaixonados um pelo outro, ou eu não me chamo Sa...

A aniversariante estancou na porta de seu quarto. Esquecera-se completamente que pedira à Hinata para levar os presentes para seu quarto, como parte do plano. Deu de cara com o casal de mãos unidas, os olhos mais arregalados impossível. Sasuke os acompanhou no semblante chocado.

— S-Sakura...

— S-Sakura-chan...

E, pelo visto, eles ouviram o final da conversa.

Parecia ironia do destino.

“Ou vingança do destino”, ela sorriu maliciosa. Agarrou a maçaneta rapidamente, trocando a chave de lugar e trancando Naruto e Hinata no lado de dentro.

— Sakura! – Os dois gritaram, batendo na porta com insistência – Tire-nos daqui!

— Não! Vocês ouviram o que eu disse: não vão sair daí até admitirem que se gostam! – Ignorou os protestos e falou em voz alta: – Escutem o que eu vou dizer, pois só vou fazê-lo uma vez: peguem os presentes que compraram. Deem um ao outro – Ela respirou fundo, sentindo no coração que estava fazendo a coisa certa. Uma atitude maluca, mas certa. – Francamente, Hina, você já me viu jogando cartas? E você, Naruto? Já me viu com algum livro nas mãos? Os presentes eram para vocês o tempo todo. Abram, por favor. Deixei umas cartas para vocês... Venho buscá-los em meia hora.

— Achei que era uma hora inteira – sussurrou Sasuke.

— Shiu!

Puxou o recém-namorado para longe dali.

 

~*~

 

“Querida Hina, espero que esse livro te faça sonhar tanto quanto Naruto sonha com você”— Hinata leu em voz alta, segurando o cartão com ambas as mãos para que não caísse, tamanha sua tremedeira. – “Você é uma boba. Não percebe que aqueles ‘brilhantes olhos azuis’, como você adora dizer, só brilham quando olham para você? Não o culpe por as garotas acharem-no bonito. Nem se iluda a ponto de que nunca terá uma chance por causa disso. Naruto nunca olhou para outra garota como olha para você. Se não acredita em mim, basta olhar para ele. Basta perguntar a ele. Prometo que ele não morde... Só se você pedir, é claro”.

Não ousou olhá-lo. Seria capaz de desmaiar se o fizesse. Tinha certeza que o tom de vermelho de seu rosto estava mais forte do que nunca.

“Caro Naruto”— ele pigarreou, chamando sua atenção. Hinata levantou o rosto, segura de que as írises azuis miravam apenas o cartão nas mãos dele. – “Que esse jogo te faça sorrir assim como Hinata quando escuta seu nome. Você sabia que ela o admira desde muito antes de você ser popular? Muito antes de você ser a paixão da maioria das garotas no colégio? Você sempre a enxergou... Você não cansa de dizer que um dia irá se casar com ela... Você vive se perguntando como Hinata não nota que você é louco por ela... Como não percebeu que é tudo recíproco?! Nunca vou enjoar de te dizer o quanto é lerdo”.

Naruto engoliu em seco.

— É verdade, Hinata?

Como se precisasse de uma resposta... Os lábios dela tremiam! Os olhos estavam marejados. As mãos não paravam quietas, amassando o cartãozinho nervosamente.

— Por que não me contou?

— E ser mais uma na sua extensa fila? – A garota respondeu de imediato – Sequer éramos amigos, Naruto-kun! Como eu poderia esperar que um dia você me notasse? Cercado de tantas garotas mais bonitas?!

— Eu nunca tive nada com nenhuma delas.

— E como eu poderia saber disso?!

Hesitou. Hinata desviou o olhar, acanhada. O coração dos dois parecia prestes a sair pela boca.

Naruto respirou fundo.

— Eu sempre te achei tão linda... Tão inteligente! Tão... Tão demais para mim! – Sorriu, bobo. Passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os como sempre fazia quando ficava nervoso. – E eu sou só o cara que joga futebol... Você é uma das melhores alunas da escola! A melhor amiga da qual ouço falar, capaz de fazer qualquer coisa por alguém que ama... Como eu poderia esperar que um dia você me notasse?

Conseguiu chamar a atenção dela ao repetir sua frase. Hinata não segurou uma lágrima de emoção. Naruto não se conteve, e a enxugou delicadamente. Porém, não tirou sua mão do rosto delicado da Hyuuga, acariciando as maçãs rosadas.

— Tenho a impressão de que estou no elevador de novo, usando qualquer desculpa para tocá-la.

A brincadeira a fez rir em meio ao choro.

— Estou apaixonado por você, Hina... – Os olhos perolados faziam força para não debulhar em lágrimas, enquanto ele lutava para seu coração não explodir dentro do peito – Será que uma princesa como você aceitaria um sapo como eu?

— Também sou apaixonada por você, Naruto-kun! – Respondeu, emocionada. – Um príncipe como você aceitaria dar uma chance para sua nova amiga nerd?

As bochechas doíam de tanto sorrir.

Respondeu do jeito com que sonhava há anos. Do melhor modo possível.

Hinata quase perdeu o ar com aquele beijo, sentindo-se flutuar, como se estivesse presa no elevador outra vez.


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Notas finais do capítulo

* Trechos do livro “O Temor do Sábio – A Crônica do Matador do Rei: Segundo Dia”. (Livro que, por um acaso, eu estou aceitando de presente xD)

Então... É isso. ^^"
Espero que tenham gostado!
Amiga secreta, você gostou? Dá pra ler? ^^"

Até uma próxima vez! =*



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