Momentos da Vida (Wolverine e Ohana) escrita por lslauri


Capítulo 42
E como ficam os Alpes?




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texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

os nomes de quem fala estão antes de cada fala, em negrito apenas para que saibamos quem são

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E COMO FICAM OS ALPES?

Ororo e Warren resolvem não ir para os Alpes de modo tradicional. Sendo seres capazes de voar, iriam mesmo voando até os confins da América do Norte e, de lá, pegariam um avião até próximo da Suécia e, uma vez na Europa, terminariam de voar até a Suíça, onde Warren possuía um chalé nos Alpes, em Airolo.

Desse modo, evitariam ao máximo o pânico que locais fechados causavam na africana e aproveitariam para conversar muito, refletir ainda mais sobre uma possível relação entre os dois.

A conversa entre ambos era sempre polida e sincera. Sendo que Warren acabava sendo mais espontâneo que Ororo, pois ele tinha muito mais facilidade de comunicar os sentimentos. Não que Tempestade fosse fria com relação a ele, mas ela preferia racionalizar mais antes de falar e pesar as palavras a criar falsas esperanças.

Em um determinado ponto da viagem, quando o frio estava alterando a velocidade dos dois, resolveram descer e reconhecer o local, alugando um transporte que atravessasse a Groenlândia. Eles descobriram que estavam na Ilha Elesmere, ainda no Canadá e o transporte seria somente por barco até Etah, onde poderiam tentar transporte com trenós puxados por cachorros… Tudo parecia muito precário nessa região, mas as poucas pessoas presentes eram de uma hospitalidade sem igual! Elas adoravam ver os dois mutantes demonstrando suas habilidades em aberto, sem receios e com certo orgulho do que eram. Nesses locais, perceberam que o dinheiro de Warren não tinha tanto valor e que se buscava mais poder contar com aquele ser humano do que ter a conta bancária cheia.

Foi um momento de descobertas para o Anjo, que pôde reavaliar o valor da amizade real, sendo adorado pelas poucas crianças dos vilarejos como um anjo lendário e, portanto, agregando muita esperança ao seu redor.

Já Ororo teve um retorno às origens… Em sua aldeia natal as coisas eram semelhantes, buscavam-se acordos com as tribos vizinhas, não por bens materiais, mas por auxílios que uma podia propiciar à outra em épocas diferentes do ano. O valor humano era grande, até ao ponto de a mutante ser venerada como uma Deusa!

Nessas paragens distantes, a africana auxiliou na “domesticação” de determinadas correntes de ar e mesmo de correntes aquáticas quentes, trazendo peixes incomuns para aquele local. Ela atuou nos trabalhos de base extrativista que ocorriam ali e, se os dois mutantes não tivessem um roteiro programado na mente, teriam ficado ali para sempre, pois o frio era o único “senão” do local! Todo o mais era aconchegante e, até mesmo, viciante. Um dia nunca se repetia e, ao final dele, todos sempre se congregavam em algum espaço público, valorizando a família e o amor entre as pessoas.

Em uma dessas noites, Ororo pegou Warren sorrindo, sentado numa mureta, para um casal de crianças que brincavam a alguma distância. Crianças tão loiras que pareciam albinas! Percebia-se que não havia malícia ou descontentamento entre elas, conseguiam dividir um brinquedo sem problemas, fazendo uso da imaginação latente:

Ororo: Mas que lindo futuro, não?… As crianças são a semente e dessa árvore só posso esperar o melhor. Esse local é um paraíso na Terra! Muito do que acontece aqui eu não revivia há anos! Apesar de o Instituto ser como um lar para mim, muitas vezes eu pensava que não havia algo assim fora dele. Como eu estava enganada! Obrigada, Warren, por convidar a essa aventura e, com certeza, meu querido amigo, independente do que conquistarmos entre nós, sairemos individualmente fortalecidos, não é?

Warren ouve as palavras daquela guerreira africana como a leve chuva criadeira que ela conseguia produzir em sua aldeia natal; realmente, aquele local com mais humanos do que mutantes havia sido uma grata surpresa! Algo que os fazia rever alguns conceitos e desejar praticar tantos outros!

Warren: Com certeza, Ororo! Eu me afundei tanto no meio corporativo que havia esquecido o valor intrínseco das pessoas, que nenhum dinheiro pode pagar! Um sorriso aberto, uma mão amiga, uma palavra enobrecedora, caramba! Que tesouros! Eu ainda tenho esperanças de conseguirmos algo além de fortalecimento individual, mas compartilho de seus apontamentos, minha cara… - apoiando a mão esquerda na mão direita de Ororo que estava em seu ombro. Ao levantar o olhar para ela, diferentemente do que fazia normalmente, a mutante sustentou o olhar de Anjo, sorrindo abertamente e deixando-o feliz por dentro.

Ororo: Continuamos amanhã nosso percurso, correto? Já conversei com os anciões do local, agradeci a estadia, pedi orações para nossa viagem. Parece que eles têm uma cerimônia na Ilha Elesmere para os que partem e vamos participar dela esta noite. - voltou a olhar para as crianças também, com um sorriso no olhar e uma tranquilidade interior sem igual.

Warren: Nossa! Você já fez tudo isso! E eu aqui, bancando o babá! Preciso ir também agradecer! Ver se consigo algum conselho pra poder ser melhor pra mim mesmo, viu… - deu dois tapinhas na mão dela, enquanto levantava o corpo e esticava as asas, com a lateral que estava perto de Tempestade ele a acariciou no braço e saiu.

Os anciões eram um casal na realidade, provavelmente nonagenários ou até quem sabe mais velhos, que realizavam todas as atividades do local, em uma velocidade muito mais reduzida, claro! Mas não se abstinham de nada, desde caçar, pescar, tecer, até dançar, beber, confraternizar. Eles eram o centro onde todas as atividades ocorriam e, ao olhar para um, via-se sempre algo do outro. Era como se fossem uma só entidade!

Apesar dos mais jovens construírem casinhas de madeira com arquitetura mais moderna, os dois habitavam uma tenda feita com galhos de madeira, ossos de baleia e couro de animais marinhos. Era uma construção peculiar, muito parecida com a dos esquimós. Do lado de fora, alguns pares de cachorros para puxarem trenós, cada qual com sua tendinha também e, completando o local, um círculo mais utilizado, onde uma grande fogueira queimava constantemente. Sendo tarefa dos anciões manter também esse fogo “eterno”.

Warren para diante da tenda com um profundo respeito. Não demora muito e a matriarca vem atendê-lo, sem que fosse necessário ter feito qualquer som ou informado sua presença. Com uma reverência de tronco o mutante aceita o movimento de corpo dela para entrar e abaixa-se, encolhendo ao máximo as asas e focando em não derrubar nada pelo caminho. Os dois eram muito mais baixos que Warren e, portanto, a tenda era um local desconfortável para ele… Mesmo assim, era impossível não se sentir em paz naquele local; um cheiro de madeiras aromáticas queimava adiante e uma tênue luz entrava pela fresta superior central do habitáculo. Mais à frente encontrava-se o patriarca que o recebe pedindo para sentar-se, oferecendo um cachimbinho que estava diante dele para o convidado e acompanhando o movimento da anciã que ia para sentar-se ao lado dele.

O mutante agradece os oferecimentos, senta-se numa almofadinha de couro, cruza as pernas e aceita o cachimbo, dando uma suave tragada e se engasgando levemente. Ele não tinha costume de fumar, mas poderia ser uma desfeita grande… Os velhinhos riem e o homem o incita a dar outra tragada, fazendo movimento de ele pegar mais fumaça desta vez. Warren franze o cenho mas obedece, não tinha por que temer nada que viesse dessas pessoas, pois elas somente queriam o bem geral.

Ancião: Então você finalmente veio conversar conosco, não? Sua parceira vem quase todos os dias, mas você estava mais arisco. Sempre me perguntava quando viria… - seu olhar bonachão e sorriso aberto demonstravam que não era uma bronca, senão uma conversa.

Anciã: Eu dizia a ele para ter paciência, pois os jovens tendem a ser mais impermeáveis do que as donzelas; não tardaria a você chegar, não foi? - ela acariciava a mão do idoso como se fizesse à seda mais pura, com um prazer quase transcendente, demonstrando não ser só a presença da mão algo digno de amor, mas a força que a animava.

Warren: Eu peço desculpas, anciões! Sempre tinha algo que me defletia! Eu falava a mim mesmo: “de hoje não passa!”, mas outras pessoas sempre precisavam de mim e aí eu me perdia nas tarefas… Quando Ororo me disse que vamos embora amanhã e que vocês farão uma cerimônia à noite para desejar bons auspícios eu tive que vir e nada me barrou desta vez. - e fez outra reverência com as mãos e o tronco, agradecendo por receberem-no.

Os dois continuaram olhando o mutante, a anciã começou a entoar uma canção e, ao olhá-los Warren os percebeu mudando de forma. Os olhos e o sorriso continuavam os mesmos, mas pareciam mais jovens, algumas vezes como se fossem ursos ou narvais. Ele olhou para o cachimbo em sua mão e percebeu que aquilo devia ter algum alucinógeno potente. Ouvia a voz da anciã e agora o ancião iniciou a falar para que ele se permitisse esquecer de todos os problemas materiais e que focasse somente no que move sua alma, no mais importante para sua “redenção”, pois por alguns minutos ele poderia ser aconselhado por todos os ancestrais daquela tribo sobre os melhores caminhos a seguir. Anjo queria perguntar se Tempestade havia feito aquela “viagem” também, mas sua voz não saía… Suas pálpebras foram pesando e ele sentiu seu corpo perder a força, sentindo um braço que o auxiliava a deitar de lado antes que caísse de cara no chão. Se pudesse falar ele descreveria como uma leveza extrema do corpo, a tal ponto que a sensação de voar parece a única que existe. Naquele vazio azul ele nota um ponto de luz adiante e ruma para lá com a velocidade do pensamento. Assim que chega nota ser o brilho de uma gota d’água e ficou imaginando como aquilo poderia ter chamado sua atenção no infinito?! Então uma voz surge em sua mente, uma voz feminina, uma voz muito conhecida: Elizabeth “Betsy” Braddock!

Psylocke: *Existe algo mais precioso do que água? Nós a buscamos, inconscientemente; depois do oxigênio é que precisamos mais, meu amor…*

Warren: *Betsy! Onde estamos?*— ele questionou, depois de voar 360°.

Psylocke: *As ervas do cachimbo libertaram sua alma de modo mais forte, como se fosse um coma, pra dizer a verdade!… Estamos numa zona neutra do Cosmos, fui chamada pela sua mente assim que se libertou do corpo.*— nesse momento, uma névoa começa a aparecer na frente de Warren, tomando a forma de Betsy, indo do tom branco ao azulado, passando pelo violeta. Ela aparece vestida com um vestido longo em tons de azul-marinho, cabelos soltos e uma fita violeta prendendo-o. A tatuagem avermelhada sobre seu olho esquerdo ainda estava ali. Com um sorriso despretensioso, ela completa: *Por que me chamou, Warren?…*

O mutante estendeu delicadamente a mão na direção da imagem pensando que a mesma a atravessaria como uma névoa, mas não! Sua mão parou no braço da ninja e pôde sentir todo o calor de sua pele, seu arrepiamento com o toque e o leve tremor dela.

Warren: *O ancião me disse pra focar no que movia minha alma… Creio que atualmente, Betsy, tem sido o arrependimento por não ter podido dizer e fazer tudo o que queria para e com você… Eu sinto tanto, por tudo…*— o arrependimento dele era quase palpável.

Psylocke: *Eu também devo desculpas a você, Warren… Não insisti em nós quando vi que você estava mais mudado do que poderia lidar. Acho que no final, nós dois fomos um pouco egoístas, não? E o fato de acharmos que precisamos de uma redenção só nos mostra que conseguimos aprender com esse erro e, quem sabe, diminuir um pouco nosso ego em prol dos outros. Quem sabe? Eu estou mais ativa depois da morte do meu corpo físico! Auxilio vários mutantes que fizeram e fazem a grande passagem em prol de causas maiores que eles. E você, permitindo-se recomeçar, creio que também está deixando de lado esse ego que me obrigava a ser tua, mesmo depois de morta… Estamos livres, meu anjo! Libertos que somos, não creio que me deva nada e não devia se arrepender do que deixou de fazer por alguém que não deu as oportunidades também… Vamos nos permitir sonhar com algo mais? Vamos olhar essa gota d’água um pouco mais de perto e ver o que ela reflete?*

Enquanto falava, Betsy aproximou-se de Warren e o abraçou fraternalmente, em seguida virando-se para checar de perto aquela gota e sendo seguida pelo mutante.

Ao se aproximarem, a gotinha estava sobre algum local muito árido e quente, abaixo dela via-se muita terra vermelha, sem nenhum rio ou lago próximo. Acompanhando a queda, percebe-se que havia uma união de pessoas ao redor de alguém que estava de braços abertos e em quem a gotinha cairia em cheio. Antes dela se espatifar foi possível ver Ororo rindo em voz alta, ainda criança, provavelmente fazendo chover pela primeira vez em seu vilarejo ou, ainda sem saber que ela era a responsável por essa chuva. A cena era envolvente! Adultos com jarras e vasos nas cabeças, pegando o que podiam daquela chuva; crianças brincando alegremente e, entre elas, a Deusa dos Ventos.

Warren sorriu ao ver aquela cena e em pensar se existiram coisas que a deixaram tão feliz assim depois desse momento. Se ela conseguia se lembrar dele?! E por que ele a estava levando pra um local cheio de neve e gelo?! Sendo sua natureza tão afeita ao clima quente e caloroso?! Como ele estava sendo egoísta até mesmo agora, nesse momento em que pensava em conhecê-la melhor… Que estúpido!

Betsy sorriu, ouvindo tudo que ele pensava em sua mente tão claramente, como se ele exteriorizasse. O sorriso dela trouxe-o de volta àquele vácuo, suas asas estavam abraçando a ninja e seus rostos estavam bem próximos. Porém, ao encará-la, Warren não sentiu aquele desejo premente de beijá-la e “afogar” suas mágoas em algo que não era mais emocional, somente físico. Delicadamente ele abriu a asa e ela deu um passo para trás, sem nenhum ressentimento ou rancor no olhar, ao contrário, um leve sorriso faceiro.

Psylocke: *Então é isso, uma nova etapa se inicia para aqueles que ousam deixar o passado onde ele precisa ficar… Sei que não nos esqueceremos, pois nos momentos passados juntos era o que precisávamos e foi o que vivemos, mas não devemos ficar presos a isso. Como se a vida fosse uma fotografia. Ela está mais pra filme, né? Tão incrível e dinâmica, meu amor! Seja feliz!*

Warren: *É estranho, Bets… Me sinto diferente e, ao mesmo tempo, não sei lidar com esse sentimento. A gente quer que tudo fique como era pra não sair da nossa zona de conforto, né? Ter que lidar com novos sentimentos, obrigar-se a escarafunchar mais a fundo e descobrir o quanto se mantinham os mesmos erros, sempre desejando resultados diferentes, que nunca vinham! Como eu tenho sido cego!… Quando você morreu, achei que tinha levado uma parte de mim e que eu nunca mais a teria, sabe?…*

Psylocke: *Parece mesmo essa sensação, né? Mas a gente fica diferente porque tem uma parte daquela que foi em nós. A cada morte a gente nunca mais é o mesmo, de modo mais forte quanto mais importante era essa pessoa que se foi! Eu me sinto honrada por você ter se alterado tanto, a ponto de achar que não deveria ter mais ninguém; mas essa não é a vida que desejo a você e, portanto, permita-se trazer outro pouco dela, da Ororo, pra dentro de você, Anjo. Meu anjo…*

Warren: *É isso mesmo! A gente se sente diferente e pensa que é pela falta, mas é pela adição de algo que nem sabemos como lidar! Obrigado, Bets! Que nossas vidas sejam plenas daqui pra frente, com muitas felicidades ao nosso redor e, especialmente, emanando da gente! Sempre vou te amar, minha ninja…*

Nessa hora o mutante começa a sentir novamente seu corpo, aquele que havia sido deixado na tenda, enquanto sua alma vagava pelo Cosmos; ele calculava que já devia ser noite pelo tempo que passou com Betsy, mas não! Ao voltar, a luz que adentrava era a mesma e os anciões estavam quase na mesma posição de antes.

Ancião: Bem-vindo, meu filho! Espero que suas respostas possam permanecer contigo por muito tempo!

Anciã: O problema dessas viagens, meu filho, é que tendemos a nos tornar os mesmos em poucas semanas. É necessária uma força interior para focar nas mudanças que muitas pessoas não têm. Desejamos que você não seja como elas. Lute cada dia para focar na meta da mudança! Dê-se esse presente, você e a Ororo merecem!…

Warren: Vo-vocês estavam na minha visão também? Como sabem da Ororo?

Os dois sorriram e explicaram que não! Participar das visões não era algo permitido a eles, mas que Warren havia falado o nome de Ororo mais vezes que o de uma tal de Betsy e, portanto, eles fizeram a ligação do que era a coisa mais importante para ele. Isso o tranquilizou um pouco, mas se eles pudessem ter dito que estavam lá, descrevessem o local ou as cenas, isso também o ajudaria a imaginar o acontecido mais como real. Ele compreendeu por que algumas pessoas voltam ao que eram: a atmosfera de “sonho” da volta parece dificultar o foco nas decisões tomadas! Ele mesmo tinha dito: não queremos sair de nossa zona de conforto…

Warren: Nem sei como agradecer, meus queridos! Eu preciso ir atrás de Ororo urgentemente, acabei sendo um grande egoísta até agora… Preciso ver se ainda é tempo de consertar as coisas…

Anciã: O Amor é atemporal, sr. Warren… Ele está sempre ali, esperando em silêncio, um movimento mais assertivo de nossa parte. Portanto, procure-a sim, ainda é tempo!

Despediram-se polidamente, com muitas mesuras por parte de Warren e muitos sorrisos por parte dos anciões. Assim que saiu e sentiu aquele Sol na face, abriu as asas em agradecimento e voou. Era como se uma nova vida – e ele sabia o que era isso! - surgisse. E dessa vez ele não a deixaria esvair.

Ororo acariciava alguns Malamutes do Alaska de uma das casas, cães especializados em puxar trenós mais pesados. Lembravam lobos e não cachorros… O dono da casa havia convidado Ororo para checar uma ninhada deles e a africana aceitou. Não tinha muito contato com cães e era sempre muito fofo ver filhotinhos. Ele disse a ela para se aproximar do pai, fazer algum carinho nele e, depois de fazer o mesmo com a mãe, tocar nos cãezinhos. Eram 12 filhotinhos com algumas semanas de vida e ela estava se “derretendo” por eles quando sente uma lufada de vento nas costas, voltando para ver Warren que acabava de pousar próximo. Ele esticou a mão, dando “olá” para ela e não foi até onde estavam os filhotinhos e os pais, mesmo com a mutante chamando-o com as mãos. Ela fica ali, fazendo carinho nos cãezinhos e depois de algum tempo, vai caminhando até Warren:

Ororo: Por que não foi até lá? Não vai me dizer que tem medo de cachorro? Um mutante que não tem medo de quase nada? - sentindo no ar que era esse o motivo e rindo-se.

Warren: Não ria, Ororo! Quando eu era criança, meu pai tinha vários cachorros que ajudavam na caça, eu era muito criança e acabei sendo mordido por um deles. Desde então eu procuro não me aproximar, não é mesmo? Procuro evitar o estresse… - falando de modo envergonhado, com uma das mãos na nuca e os olhos baixos.

Ororo não pôde deixar de rir abertamente enquanto colocava uma das mãos no ombro do mutante. Ele acabou rindo da situação também, afinal, era algo que ele poderia tentar lidar agora que estava adulto e, no entanto, como todas as outras coisas de sua vida, ele havia deixado pra lá, apenas por comodismo…

Warren: Bom, eu estou pronto pra tentar me aproximar, se você estiver do meu lado…

Tempestade para de rir e o questiona com o olhar. Tentando compreender o sentido por trás daquelas simples palavras. Elas pareciam mais profundas…

Warren: Aconteceu algo muito “doido” comigo, Ororo, eu fui ver os anciões e acabei percebendo o quanto toda essa viagem tinha mais a ver comigo do que com você. O quanto eu me mantive egoísta em cada um dos passos que demos até agora, mas eu pretendo consertar isso, se você permitir…

Ororo: Eu também os visitei, querido. E pude ter uma visão daquilo que é importante para mim agora. Incrivelmente, Forge continua sendo importante, mas não é mais o principal.

Os dois trocam olhares compreensivos, falando mais que qualquer palavra poderia dizer. Warren é o primeiro a agir, abraçando-a e permitindo que ela apoiasse a cabeça em seu ombro. Ela retribui o abraço e questiona:

Ororo: O que você veio me dizer antes de tudo isso, hein?

Warren: Apenas o quanto eu estava sendo egoísta em querer levar uma Deusa Africana à capital da neve, sabe?! Eu realmente, estava pensando só em mim, e vim te questionar: Se mudarmos nosso destino seria muito ruim pra você?

Ororo: Puxa! Isso depende… O que você teria em mente?

Warren: A sua terra natal, Ororo… Ou então algum local abaixo do Equador. Confesso que eu mesmo nunca estive em muitos deles por muito tempo… Mas aceitaria conhecer se você também quisesse. Ou, se quiser também conhecer muita neve, podemos manter nosso itinerário. Mas eu teria de conseguir dar um novo foco pra ele…

Ororo: Ah, Warren! Sinceramente, a África sempre estará no meu coração, mas eu já exorcizei todos os meus demônios por lá… Realmente, um local com muita neve, assim como esse que estamos, é bem difícil pra mim, pois sinto muito mais o frio que você, acostumado com esses lugares, não é mesmo? Mas eu gostei muito da ideia de conhecermos algum país abaixo do Equador… Uma vez, Logan me disse que o Brasil é incrível! O que você acha de ideia?

Os dois permaneciam abraçados, Warren a distanciou um pouco para poder olhá-la nos olhos e assim ela pôde ver o quanto a ideia o agradou. Os olhos de Anjo brilharam com o fato dele ter podido consertar todo esse mal-entendido e, ainda por cima, conhecer outro país em conjunto com ela.

Warren: Eu agradeço a compreensão e sinceridade, Ororo! Você é uma mulher incrível, sabe disso! Se estivéssemos em outra situação, eu poderia beijá-la… - voltando a abraçá-la levemente enquanto acariciava seu cabelo prateado.

Ororo: Podemos conversar também sobre esse passo… Mas eu acho que ações falam mais! - e afastou-se, segurando o rosto do mutante com uma das mãos e dando-lhe um selinho que foi retribuído e, em seguida, aprofundado para um beijo recíproco.

Quando os dois se deram conta, estavam a alguns metros do solo, sendo observados por algumas crianças e por alguns adultos que batiam palmas, exultantes. Warren não cabia em si de contente e Ororo também emanava a mesma alegria. Os dois acenaram para as pessoas embaixo e concordando com a cabeça, continuaram a voar mais alto até que não distinguissem as pessoas.

Warren: Essa parada nesse lugar foi melhor do que meses na Suíça! - e fez um efeito de “queda livre” com as asas bem postadas ao lado do corpo para em seguida arremeter e soltar um estrondoso “Iuhuuuu!”. A africana sorriu da atitude, mas não podia deixar de concordar com ele sobre o quanto o local e, especialmente os anciões, abriram-lhes os olhos.


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