Momentos da Vida (Wolverine e Ohana) escrita por lslauri


Capítulo 40
Hidochi Sagara: de Samurai à Chefe de Polícia




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texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

os nomes de quem fala estão antes de cada fala, em negrito apenas para que saibamos quem são

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HIDOCHI SAGARA: DE SAMURAI À CHEFE DE POLÍCIA

O sono de Ohana na delegacia torna-se inquieto... Em épocas de estresse Metabolisis cismava em aparecer na forma de pesadelos... Ela não sabia, mas naquele momento o capitão Sagara a observava do conforto de sua sala. Ele não dormia, não descansava, nunca. Trazer justiça era sua única motivação para continuar vivo depois de tanto tempo. Ele, assim como Logan, era um sobrevivente; um mutante com fator de cura que cresceu entre os japoneses feudais e com eles aprendeu muito do bushidô que atualmente tentava praticar. Claro que a quase sensação de eternidade muda as pessoas; a perda constante daqueles que ama, vendo-os envelhecer e partir pode ser capaz de endurecer muitos corações…

Haviam deixado a mulher de Logan confortavelmente em um dos escritórios vagos do local; ele pensava o quanto ser mutante é incrível, especialmente naqueles onde a mutação não os transforma morfologicamente e, numa rápida olhada, eles passam como meros humanos, meros mortais… Pegando um cigarro no bolso esquerdo da camisa, junto com uma caixinha de fósforos esse incrível combatente começa a pensar em si mesmo e em tudo que já tinha passado. Tragando profundamente ele passa à sala contígua, onde era seu próprio escritório; fecha a porta com a chave e, dirigindo-se a uma das paredes laterais, onde uma estante de madeira grossa estava ocupada por diversos livros, ele retira dois volumes de Bushidô(1) e os apoia sobre outros, apertando uma alavanca que estava atrás deles. Com esse movimento, a estante levanta-se e permite que ele a mova com apenas um dedo, puxando-a para si como uma porta e descortinando outro cômodo escondido.

O cômodo era amplo, cerca de 5 metros por 3 metros, com um hall de entrada e vários itens dispostos nesse local, incluindo fotos e pinturas em estilo Sumi-ê(2).

Ao entrar, o capitão de polícia certifica-se de fechar a estante e então, traga novamente o cigarro, estendendo a mão direita e tocando uma katana enquanto removia os sapatos atuais para calçar um tabi(3); com a mão direita apoiando na tsuka(4), o capitão Sagara faz toda a saya(5) percorrer a mão esquerda e então a remove expõe a lâmina da sua, espada, uma Kijinmaru Kunishige belamente adornada e em cores pretas e azuis.

O oriental suspirou pausadamente, fechou os olhos e parecia transportado à outra época, a época do Japão Feudal, exatamente na transição para a Era Meiji, onde ele – na época conhecido como Hajime Saitō – disputou em lado oposto ao famoso Battousai, o Retalhador para que a Nova Era chegasse… Esses momentos ocorreram, passaram e como foi cruel perceber-se um monstro!

Notar que as pessoas ao seu redor envelheciam e morriam e ele não passava por essa transição. Ao menos, não na mesma velocidade dos outros… A princípio, ele se achou amaldiçoado, um monstro que vagava pelas ruas de Tóquio, buscando somente as sensações físicas, especialmente a da morte, sem sucesso. Em seguida, ele resolveu aceitar, como uma dádiva que o permitia planejar, de modo meticuloso, toda a sua vida. Por que não aproveitar essa chance? Seria ele capaz de sobreviver às mudanças de cada uma das sociedades que surgiriam? Bem, até o momento, ele se mostrou um sobrevivente! Não somente às pessoas, mas também às situações e governos. Com o passar dos anos, no ocidente, um geneticista acabou tornando-se muito importante com suas descobertas sobre o Homo sapiens superior e, ao ler a tese do Prof. Charles Xavier, Sagara finalmente soube o que era: um mutante! E então, tudo fez mais sentido. Ele era um dos saltos que a evolução dava, sendo portanto necessário assegurar que fosse capaz de governar àqueles que a evolução não havia privilegiado ainda…

Manejando sua katana com graça e destreza ele golpeava o ar, iniciando com movimentos lentos onde, em alguns minutos, tiveram maior velocidade impressa; tudo para que finalmente chegasse na sua postura do Gatotsu(6) e executasse alguns dos movimentos.

Após passar algum tempo assim, treinando e relembrando, Sagara decide que é hora de voltar ao “mundo real”, passando pelo hall e sentando um pouco numa posição de meditação, assim que removeu o tabi; passou uma toalha no rosto e com o semblante mais relaxado, voltou a pensar nos assuntos da polícia atual. “Será que Logan conseguiu pegar nossa assassina? Já faz algumas horas desde que ele saiu… Preciso ter cuidado com esse gaijin...”

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Já em Westchester podíamos ver Remy deitado, com duas bolsas de soro em cada um dos braços e o sr. X ao lado dele. As bolsas estavam com menos da metade do líquido significando que a terapia gênica de Hank já tinha começado há algum tempo e era necessário esperar algumas horas para que os nano robôs conseguissem acessar o citoplasma celular e alterassem a programação daqueles centros responsáveis pela liberação do feromônio e, por outro lado, era necessária a intervenção do Prof. X para que a mente de Remy não ficasse presa ao procedimento, causando um “curto” na circuitaria cerebral que estava sendo alterada. O bom professor aproveitou a vontade do cajun em querer mudar e acessou totalmente a mente dele, pegando as cenas que mais influenciariam a mudança positiva desta fase. O próprio telepata se emocionou a rever cenas da época em que Remy e Vampira eram muito mais jovens e moravam em Westchester. Momento esse em que ela não controlava sua mutação de modo algum e, o simples fato de encostar em alguém a fazia “sugar” a energia vital, se fosse um mero humano, as mutações, se fosse um mutante. As cenas que o professor e Gambit dividiam eram mostradas ao telepata como se ele fosse o cajun as vendo. Por isso, pode perceber quantas vezes Gambit observava Vampira sem que ela sequer suspeitasse! E quantos pensamentos “indecentes” aquele homem possuía em seus pensamentos, antes de finalmente resolver casar-se com sua musa.

A continuação do tratamento ocorreria dentro de mais algumas horas e, em seguida, Remy poderia ir para um dos quartos da mansão, mas ainda sob os cuidados de Hank e, portanto, sem contatos com a Vampira até o final do tratamento. O geneticista havia explicado tudo para Vampira e Clarisse e as duas se mostraram muito comprometidas com a causa, sendo que o azulão contava com a pequenina para colocar alguma “luz” na cabeça da mãe, caso ela decidisse burlar o esquema do tratamento…

As bolsas de soro já não tinham mais nada e, com isso foi possível cortar o elo telepático do Professor com Remy e pedir para este relatar como se sentia.

Remy: Me sinto superbe, na verdade, como sempre… Não sinto rien! Quando saberemos se funcionou? - juntando a fala à ação de sentar-se na maca e retirar as agulhas dos braços.

Hank: Tenha paciência, Remy! “Tudo aquilo que você deseja, se for verdadeiro, e o mais importante: se for para ser seu, acontecerá.” (Shakespeare) – ralhando com a mão quando percebe como este remove as agulhas dos braços impacientemente.

Prof. X: Estou exausto, meus amigos… - sua voz mais na mente deles do que verbalizada – Vou subir para descansar, tudo bem?

Ambos se viraram para o Prof. Charles e viram o quanto a interferência no tratamento do cajun havia debilitado o velho telepata. Hank prontamente fez sinal com a mão para que Remy continuasse na maca e correu para a cadeira do amigo, colocando a mão azul no rosto dele e perguntando se não era necessário um scan para checar esse repentino cansaço.

Prof. X: Não vejo necessidade, Hank… Preciso apenas repousar, meu amigo… - e então seu corpo não aguentou mais, na inércia, suas pernas escorregaram para frente e sua cabeça caiu para trás, indo bater levemente no encosto almofadado da cadeira. Charles havia desmaiado!

Remy levantou de um pulo e quando viu Henry já o pegou no colo como quem segura uma criança muito querida, Hank o coloca numa maca de altíssima tecnologia, com suporte artificial de vida, se necessário fosse acionar e aperta o botão de scan, aguardando impaciente o fim da leitura:

Computador: Sinais vitais fracos, contudo estáveis; aconselho monitoramento constante, evitando fármacos pela idade avançada do sujeito… Alguma demanda, sr. Hank?

Hank: Não, mantenha o plano monitorando a cada 10 minutos. Vou colocar um acesso caso seja necessário injetar algum fármaco, ok?

Remy: Mon dieu! O que aconteceu, Hank? Ele está em coma?

Hank: Não, meu amigo… Ele deve ter se emocionado ao dividir suas memórias e, como está debilitado pela idade mesmo, não conseguiu lidar com essa emoção. Vai passar, precisamos dar tempo ao corpo dele… - com a mão direita no ombro esquerdo de Remy e falando mais para se convencer do que realmente achando ser possível retornar como antes depois desse evento.

Jean apareceu esbaforida no LabMed, ao ver a cena, colocou a mão na boca enquanto verbalizava: “Então foi verdade?!” - e correu para o lado da cabeça de Charles, colocando a mão em sua testa.

Jean: Ele me chamou um átimo antes de desmaiar, não de modo doloroso mas se despedindo, Hank! - uma lágrima escorria dos olhos verdes da ruiva.

Hank: Ele não está em risco de vida, Jean. Ao menos, não enquanto estiver nessa maca e com a tecnologia que temos! - alterou-se o mutante, levantando e batendo uma mão na palma da outra.

*Eu não sei, meu amigo… Pode ser que ele tenha cansado de viver! Ele já é um nonagenário, Hank!*— a telepata falou com o geneticista enquanto Remy sentia que estava sendo deixado de lado em algo importante…

Remy: Bien… Creio que Remy pode ir pro quarto, non? Ou posso ser útil aqui, hein? - olhando para os dois de modo preocupado.

Hank finalmente volta à realidade, lembrando da necessidade de checar se o mutante continuava sendo capaz de energizar coisas, pois o foco era só o feromônio. Voltando-se para o cajun e aproveitando a presença de Jean, Hank diz:

Hank: Desculpe, Remy! Aproveitarei a presença da nossa cara amiga, pedindo a ela que analise os relatórios da maca e interfira naquilo que achar necessário enquanto eu finalizo o seu tratamento, correto? - e com um aceno para que Jean sentasse ao lado da maca e um outro para que Remy se direcionasse até a porta do LabMed – Vamos à Sala de Perigo, meu amigo?

Ambos saíram, não sem antes Hank lançar um olhar para a cena que deixava… O que seria da Mansão sem seu mentor? Será que o tempo deste dedicado professor havia já expirado? Sacudindo a cabeça como que expulsando esses pensamentos o mutante peludo pede à Remy que entre pela porta do treino enquanto ele gera um cenário para checar se as outras capacidades continuam latentes no cajun.

Simulador: “Preparar para treino nível 3. Cenário: centro de Westchester, à noite. Mutante avaliado: Remy LeBeau.”

E foi então que Remy se viu como se estivesse no centro da cidade, entre muitos transeuntes e várias vitrines. Ao começar a caminhar para perto de uma morena que lembrava Vampira, esta se virou e agiu como se ele fosse roubar-lhe a bolsa. Ele tentou se explicar, mas a moça não queria saber, começando a gritar e chamar a atenção de alguns policiais que estavam a certa distância do incidente.

Moça: Sai de perto de mim, seu covarde! Ia roubar minha bolsa, não é?! Socorro! Polícia!

Ao perceber que os dois policiais estavam em seu encalço, Remy aproveita a proximidade de um beco e entra correndo, olhando as possibilidades de fuga. Havia uma escada de incêndio quase no fim dele, por onde ele poderia subir e cair do outro lado da cerca que dividia aquele beco com o começo de outra avenida, provavelmente também cheia de comércios.

Somando ao pensamento a atitude, o cajun correu graciosamente para seu tamanho avantajado, enquanto os policiais gritavam para que parasse de correr; ele pulou consideravelmente para alcançar a escada, visto que o último lança dela estava quebrado e não descia até o chão do beco. Ao chegar no meio da escada de incêndio e olhar para dentro do prédio, por uma janela aberta, antes de pular a cerca ele vê algo assustador! Uma aparente família, com mulher e dois filhos estava sendo acossada por um covardão com uma faca de cozinha. A mulher abraçava as duas crianças enquanto chorava implorando para que não os machucasse.

Remy olhou para os policiais e já estavam no meio do beco, olhou de novo para a cerca, afinal, essas pessoas eram só uma holografia! E pensou em ignorar o fato, salvando sua pele, mas… Essa também era uma oportunidade boa para testar se ainda conseguia energizar algumas cartas e, pegando alguns ases no bolso o mutante as vê ficarem rosas e, com a rapidez de um gato, atira-as pela janela mirando na mão que segura a faca e as belezuras fazem o que deviam! Detonam a mão do delinquente, explodindo até a faca no processo e, com isso, lançando alguns estilhaços, inclusive na direção da mulher!

Remy: Oh non! Abaixe-se ma petit!! - e ele então joga-se na frente da família, aparando os estilhaços com o casaco encerado dele e não sofrendo nenhum arranhão.

Os três olham boquiabertos para o mutante, agradecidos e maravilhados pela velocidade de ação, a mulher levanta-se rapidamente e lasca um beijo na boca do cajun, deixando-o muito sem graça e repelindo-a delicadamente, enquanto dizia que não havia sido para tanto. Ele se sente estranho nesse momento, por não retribuir os agrados da mulher e voltando a ouvir os apitos dos policiais, ele se lembra de que precisa continuar o teste e pular a cerca.

Mulher: Vá pela porta! Senão eles podem te alcançar! - e aponta a porta da frente do apartamento com os olhos cheios de amor.

O grandalhão agradece com a cabeça, manda uma piscada para as crianças e sai correndo pela porta, descendo pelas escadas e saindo na rua, de modo insuspeito, pela porta da frente do edifício.

Simulador: “Simulação finalizada. Missão central cumprida – salvar vidas humanas.”

E então todo o cenário noturno desapareceu, dando lugar a paredes de metal polido e com a abertura da porta para o corredor em seguida. Ele sai e já encontra Hank no corredor com um sorriso promissor:

Hank: Ao que parece, meu amigo, os feromônios foram mesmo rechaçados! Quando o holograma te beijou, não tive nenhuma leitura hormonal no recinto! Isso foi maravilhoso! Como você se sentiu?

Remy: Remy sentiu-se estranho, Hank… Normalmente eu retribuiria ao beijo e não me senti com nenhuma vontade de fazer isso! E se eu fiquei stérile?! Se non quiser ma petit?! - seus olhos exalavam terror, só com o pensamento de não ser mais um homme

Hank soltou uma risada nervosa, realmente existia essa possibilidade, mas ela era remota e valia os riscos, não? Claro que o azulão não falou isso para cajun, apenas disse que os casais monogâmicos agem assim, que a libido voltaria quando ele visse Vampira e, portanto, não deveria se preocupar! Mas era algo somente verificável dentro de 24 horas e que ele não quebrasse a promessa de não a procurar!

Remy: Oui! Remy é um homem de palavra!… E já que você me tranquiliza assim vou confiar… Posso ir para o quarto? Foi um dia fatiguant

Hank: Claro que foi cansativo, meu amigo! E pode sim recolher-se aos seus aposentos com os auspícios de que amanhã seja primoroso!

Despediram-se e Hank correu de quatro até o LabMed para saber se havia novidades sobre o Prof. X!

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Após sair do cômodo escondido, Sagara recoloca os livros no lugar e destrava sua porta, sentando-se na cadeira do escritório onde ele, realmente, ficava pouquíssimo tempo… Pegando um cachimbo sobre a mesa e apertando um pouco de fumo nele, começou a pitar. Seu espírito era muito ativo e curioso e, enquanto remexia algumas pastas sobre o caso da assassina ele acaba batendo o olho perscrutador sobre uma outra pasta nomeada “Logan/Japão” e, ao abri-la e folhear todos os itens ali existente, vendo informes ou recortes de jornal desde Mariko Yashida, passando por Ogun, Samurai de Prata, Tsurayaba e Yukio. Foi nesse momento que seus olhos se estreitaram e ele soltou um gemido de tédio… Atrás da foto da ninja havia uma adolescente com uma bicicleta que não estava “deslocada” por estar ali… Sagara levantou uma sobrancelha e questionou-se: “Será? Eles tiveram uma filha? Nada disso consta em nossas fichas!..”— e reiniciou a pesquisar em outros papéis e relatos de informantes até encontrar o que queria, uma pasta sobre o “Tentáculo (The Hand)” onde lembrava vagamente de um envolvimento mais direto de Logan.

“Não pode ser!”— seus olhos arregalam ao focar numa série de fotos feitas de um filme de um espião, onde ele salva uma criancinha das mãos do Tentáculo, depois de destruir todo o lugar. Sua mão bate na mesa, enquanto seu corpo se ergue e os lábios apertam firmemente o cachimbo: “Esse maldito gaijin nos enganou a todos!”

Não dava tempo de chamar pessoas pelo telefone, ele sai de sua sala a passos largos e chega no meio da delegacia, onde todos os policiais tinham mesas compartilhadas, sem divisórias e, portanto, todos ouviriam o recado:

Capitão: Bom dia a todos! Tenho fortes indícios para acreditar que nosso mais recente “contratado” nos enganou! Peço que espalhem aos outros distritos que Wolverine esta a par de quem é a assassina e está protegendo-a da polícia! Ela pode, inclusive, ser uma filha adotiva dele!

Houve um grande tumulto, vários policiais sussurrando ao mesmo tempo frases desconexas que tinham sempre “maldito gaijin” em comum. Pedindo silêncio com a mão, Sagara completa:

Capitão: Não sei o quanto todos sabem, mas ele e a esposa são mutantes muito perigosos e, portanto, é de extrema importância que tenham cautela em seus confrontos! Quanto à Ohana eu mesmo vou conversar com ela… Peço que dois de vocês me acompanhem até a porta. Dispensados!

E assim fizeram, a comitiva contando com duas policiais e o capitão bateram à porta de Ohana que havia acordado com o alvoroço anterior, sem contudo ouvir nada e nem querer se intrometer. A ruiva não via a hora de tudo isso acabar, de poder dormir numa cama de verdade e, acima de tudo, saber que Logan não corria mais nenhum perigo.

Ohana: /Podem entrar!/ - num japonês impecável e levantando-se do sofá enquanto dirigia-se às policiais com uma leve mesura que é prontamente retribuída.

Sagara pede às duas para entrar e ficar na porta, enquanto ele entra e se senta na mesinha que estava na frente do sofá onde a ex-mutante havia passado a noite:

Capitão: /Muito bom dia, sra. Rogan. Espero que tenha conseguido descansar…/ - palavras ditas apenas por polidez e com uma urgência que demonstravam não serem os reais motivos da visita.

Ohana agradece com a cabeça, sentando-se e aguardando o único homem da sala se pronunciar.

Capitão: /Não sei há quanto tempo estão juntos, mas tenho meus motivos para crer que o sr. Rogan não fala muito de seu passado, não é?/ – a ruiva acena positivamente com a cabeça e então ele continua – /Com isso, questiono-me o quanto a senhora poderia saber sobre alguma afilhada ou mesmo filha dele aqui no Japão?/

Tentando se mostrar surpresa pelo motivo errado, Ohana franze o cenho para o Capitão e emenda:

Ohana: /O único acerto pré-nupcial que tivemos, sr. Sagara, foi de que nossos passados permanecessem lá. Ele não me questiona sobre minha vida anterior aos X-Men e ajo do mesmo modo para com ele… Sei que ele estava me trazendo ao Japão exatamente para compartilhar esse passado dele, mas não tive tempo de realizar nenhuma descoberta,/ gomen (desculpe)…

Sagara se empertiga na mesinha, como que impulsionado por uma mola invisível que queria movimentá-lo para cima de Ohana para fazê-la falar a verdade, mas se continha pois estava diante de uma mutante excepcional. Seus olhos viram duas adagas e ele, sem responder, sai batendo os pés e a porta enquanto diz às duas para que não deixassem Ohana sair daquele escritório!

As duas policiais se entreolham e engolem seco. Nunca tinham visto o Capitão perder a pose de tranquilidade assim… Em seguida, voltam-se para a ruiva e questionam se ele gostaria de um chá e alguns biscoitos para o desjejum.

Policial 1: /Podemos ter que mantê-la dentro do escritório, mas não somos selvagens, sra. Rogan! Nós mulheres, nos entendemos, não é mesmo?/

Ohana sorri e agradece aos céus por elas serem tão compreensivas: “Com certeza, agradeço muito!”

Enquanto isso, em um bairro mais afastado da cidade, Yukio, Logan e Amiko estão achacando informantes sobre possíveis locais de reunião do atual Tentáculo… Era difícil conseguir alguma resposta quando o interlocutor vira fumaça de enxofre se é mais “apertado”. Uma coisa era certa: a organização ainda estava na ativa, a prova eram essas quatro tentativas que tinham dado num monte de roupas sem corpos dentro pelo chão!

Wolvie: /Caracas, Yu… Você é tão boa em rastrear ninjas que os encontra mesmo quando eles ‘tão disfarçados de informantes!… Mas precisamos de algo concreto! Preciso saber se o Sagara é do Tentáculo!/ – essa última palavra pronunciada entre dentes e olhando para Amiko com pesar.

Amiko: /Tudo bem, papá… Pode falar o nome desses calhordas na minha frente!… Eu decidi que vou lutar com todas as minhas forças para provar minha inocência e, acima de tudo, a culpa deles!/ – e seus lábios se fecharam de ódio.

Logan sabia que o ódio não era bom conselheiro, mas naquele momento, resolveu deixar como estava, pois ele era melhor do que autopiedade; ela teria que lidar depois com todos os anos roubados pelo Tentáculo, mas ele estaria ali induzindo atitudes altruístas como forma de apagar alguns fantasmas…

Yukio estava ficando sem opções… Então surgiu com uma ideia totalmente maluca: “E se não abordássemos o próximo informante que eu apontar? E se checássemos seus hábitos por um tempo, vendo se ele pode nos apontar alguma direção antes de virar vapor?”

Logan e Amiko se entreolharam e agem ao mesmo tempo, aproximam-se por lados opostos de Yukio e a abraçam simultaneamente, passando uma das mãos no cabelo da ninja.

Amiko: /Tu é demais, mamá!… Apesar de não termos tanto tempo assim, quem sabe surge algo inusitado, né?/

Wolvie: /É… Tu falou algo crucial; precisamos dar um prazo pra essa investigação e partir pra outro se não conseguirmos nada, sacou? A gente sabe que tu tem uma paciência incrível pra fazer emboscadas, mas não temos o luxo do tempo, Yu… Infelizmente…/

Passaram quase uma hora de tocaia naquele que Yukio considerava ser outro ninja ou informante do Tentáculo e então foi a vez de Logan falar:

Wolvie: /Tem algo acontecendo na cidade, ‘tô ouvindo uma porrada de sirenes de polícia pipocando por tudo que é canto! Parecem ir pra direção da tua casa, Yu… Deu merda!/

Yukio e Amiko confiavam plenamente nas habilidades daquele mutante, contudo, a casa delas era apenas uma fachada para outros locais que tinham itens que realmente importavam a elas… A casa servia somente de local de dormir e comer, não possuindo itens que pudessem levar policiais a qualquer outra pista. Explicaram isso à Logan e voltaram o foco no informante.

Como realmente algo estivesse acontecendo, em breve dois ninjas invisíveis do Tentáculo surgiram, vindos pela rua frontal àquela onde eles tocaiavam. Enquanto um dos ninjas dava os mais recentes informes ao que estava sendo vigiado o outro acabou lançando um breve olhar pelo perímetro e sentiu o “ki” dos três espiões, resolvendo ir até lá para checar se era algo importante…

Como se fosse necessário, Logan colocou Amiko e Yukio atrás dele com um movimento do braço e, quando seu olfato captou algo que não condizia com o ambiente, ejetou suavemente as garras direitas e atacou com uma estocada o ar à frente, esbarrando em algo que murchou como um balão de ar e depois preencheu o ambiente com fumaça verde e cheiro de enxofre. Quando os dois se deram conta do ataque foram para cima de Logan e este, antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu nas costas o peso pluma das duas ninjas pulando sobre ele e acertando os dois ninjas em cheio. O golpe foi gracioso e funcional. O fato deles virarem fumaça servia para Amiko como uma prova de que não eram seres vivos e isso aliviava qualquer culpa interna em matar…

Wolvie: /Precisamos reagrupar, tenho novidades pra contar…/ - enquanto recolhia as garras e grunhia de insatisfação.

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Legendas:

1 "código de conduta e modo de vida para os Samurai"

2 "Assim como o desenho, o material usado pelo artista é bem limitado: pincéis, uma tinta especial parecida com o nanquim e papel artesanal à base de arroz."

3 Espécie de sandália

4 empunhadura da espada

5 bainha da espada

6 "ataques de perfuração executados avançando velozmente a longa distância"


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