Momentos da Vida (Wolverine e Ohana) escrita por lslauri


Capítulo 25
A vida continua? Então vamos festejar!




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texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

os nomes de quem fala estão antes de cada fala, em negrito apenas para que saibamos quem são

—-

A VIDA CONTINUA? ENTÃO VAMOS FESTEJAR!

Ohana passa dois dias numa espécie de coma, não apresentava nenhum sinal de acordar, mas tinha todos os sinais vitais perfeitos. Para Hank, o acontecido não deixava de ser fascinante, uma vez que ele poderia estudar os efeitos de uma regressão na mutação, tentando estabelecer parâmetros para um possível caso reverso. Ele não deu esperanças a ninguém, mas todos sabiam que trabalhava arduamente nisso...

Para o canadense, nada disso importava! Ele queria que a ruiva acordasse logo e voltasse a vida normal; em sua mente, ele fazia várias notas de não cometer os mesmos erros do passado. Uma nítida mudança operava-se nele e, para os que sempre o conheceram, ela não era de todo má: seus olhos tinham assumido uma serenidade sem igual, mas ainda era possível perceber a fera ali, pronta para agir em caso de necessidade. Até parece que estavam convivendo pacificamente! Para Jean, Logan havia parado de tentar encontrar desesperadamente resquícios de sua verdadeira vida passada. Ao olhar em seus olhos a ruiva sentia que o mais importante para ele agora era o presente e que essa tranquilidade refletia a preocupação com um futuro melhor, sem os erros do passado. Ela não deixava de estar certa. Resumindo poder-se-ia mesmo dizer isso: era um novo homem, com as mesmas aspirações que sempre teve, dando maior importância a coisas antes deixadas de lado.

Na tarde do segundo dia um gemido surdo é captado pelo canadense, vindo da maca nas costas dele. Ele tinha se virado para conversar com Hank sobre as condições dela; nem bem o amigo começa a responder, o canadense vira-se e o deixa falando sozinho. Não antes de arregalar os olhos de surpresa! Ela havia acordado!

Chegando perto dela, na mesma cadeira onde velou esses dois dias, Logan segura a mão daquela mulher tão querida, aos poucos, os olhos teimam em abrir, contra a vontade do restante do corpo, ainda cansado pela "possessão".

Ohana: Hum... – ela geme, um pouco mais alto dessa vez, fazendo com que Hank também ouça e fique feliz, deixando os dois a sós – onde... eu estou? – boca totalmente seca.

Wolvie: ‘Cê ‘tá em casa, Ohana! Voltamos para a mansão. ‘Tá tudo legal?

Virando o rosto para a direção daquela voz tão firme e familiar, ela esforça-se por dar um sorriso, mas não consegue. A simples menção de mover, um músculo sequer, lhe dava fadiga! O próprio girar de pescoço, tinha sido estafante... Ela dá uma leve apertada com seus dedos na mão dele e volta à mesma posição em que estava:

Ohana: Parece que uma jamanta caiu em cima de mim... – sussurra.

Wolvie: Foi quase isso, ruiva... Mas eu ‘tô aqui e a gente vai recomeçar a vida, falou?

Ohana: Mas o que* – de repente, as últimas imagens aparecem em sua mente. Suas palavras, a perda do controle, o desejo de matar Metabolisis. Tudo! – Não! E-eu o matei? – pergunta, voltando-se novamente para o canadense e perscrutando seu olhar em busca da verdade, mesmo que seus lábios ousassem mentir.

Mas ele nada fala. Somente abaixa a cabeça em sinal de confirmação... Uma lágrima escorre dos olhos dela, ainda com algumas veias machucadas, devido à pressão e ao sofrimento. Aqueles olhos pareciam duas esmeraldas imersas em sangue e dor. O corpo dela começou a tremer e um soluço teimoso apareceu, seguido de um choro mais convulsivo. Uma coisa era certa: com o choro toda a dor tinha sumido, na verdade, a própria Ohana não parecia dentro de si... Deixava-se levar por milhões de pensamentos confusos e contraditórios. Percebeu que apenas uma pequena parte de si estava feliz com a morte do mutante, enquanto a maior parte gritava: "ASSASSINA"

A ruiva somente para de pensar nisso tudo quando sente que foi mudada de posição. Logan havia sentado na maca, ao lado dela e tinha abraçado seu tronco, colocando a cabeça de Ohana em seu colo:

Wolvie: Ohana, eu sei que é barra matar! A culpa que caça a gente depois, parece que vai consumir a gente, né? Mas eu tenho uma coisa pra te dizer: ‘Cê não ia matar o pulha! Eu percebi que ‘cê ia desistir na última hora, mas não foi capaz por estar sendo controlada por uma entidade cósmica...

Ohana: O que? É alguma piada?... – fecha os olhos, a voz ainda sumida.

Wolvie: Claro que não, guria! Isso não é momento pra piadas... Não lembra que ‘cê tentou parar?

Ela reflete um pouco e, realmente, houve uma hora em que havia tentado parar e nesse momento, sentiu uma forte dor de cabeça, um estalo e foi quando todo o pesadelo começou...

Ohana: Mas fui eu quem... Logan! Não tinha mais nada no mundo que eu pensasse em fazer, a não ser matar aquele desgraçado! Também sou culpada... Eu... – outras lágrimas escorrem – Eu me sinto tão diferente...

Wolvie: Como assim, gata? – passa a mão no cabelo dela, tentando imaginar como diria que ela não era mais uma mutante. Se é que diria...

Ohana: Não sei. Parece que estou mais leve. Parece que me falta um pedaço! E, ao mesmo tempo, me sinto totalmente culpada... Eu – respira fundo e solta uma frase somente perceptível aos ouvidos superaguçados de Logan – queria ter morrido...

Nesse momento, ele sente todo o peso do corpo dela sobre seu colo. Ter falado aquilo pareceu, de alguma forma, libertá-la um pouco de todo aquele peso em seus ombros.

Wolvie: Ohana! Não diz uma coisa dessas!... E eu? Ainda não esqueci que a gente combinou de ser uma família de novo, gata.

Ohana: Logan!... Eu não sei se ainda quero uma família depois do que fiz. Eu assassinei uma pessoa! Como posso ser capaz de formar uma família? Acho que não teria sido mesmo um bom exemplo para o James... Eu*

Wolvie: Escuta aqui: Eu sei que é barra matar alguém e eu até entendo que algumas pessoas não saibam lidar com isso, certo? Mas daí a você se privar de viver? ‘Cê só pode ‘tá brincando, né? Eu me lembro quando foi a primeira vez que eu matei alguém e, acredite, isso me consome quase todos os dias... – a imagem de Rosie aparece em sua mente – Mas imagina, Ohana... O que você acabou de dizer deixa claro porque eu nunca tive uma família. E pelo jeito como ‘cê disse, eu não mereço nunca! Também sou um assassino, ruiva... E não existe discurso que eu faça que deixe isso mais "bonito de se ouvir"! Podia vir com aquele papo furado de que a gente mata os maus, mas quem é a gente pra julgar o que é bom e mau?! Aposto que os caras que eu matei ME julgavam mau! Agora, o que você faz com isso, como convive com esse peso é o que te diferencia, ruiva! Eu não me arrependo de quase nenhuma morte, porque na maioria delas eu fiz um favor pro mundo, ao livrar ele dessa escória! Claro, quando entrei para os X-Men, passei a matar menos e menos. Não tem comparação ao que eu matava antes e o que faço agora. Hoje em dia, coloco o cara a nocaute e ele que se vire com as consequências! Antes, eu queria fazer como você fez lá na Lua: Justiça com as próprias mãos, gata... Mas a gente chega numa hora da vida onde percebe que as mãos da gente são pequenas demais pra conter a Justiça... A gente percebe que não importa o que faça, o mundo não vai mudar pra melhor. O que a gente pode fazer é SE mudar pra melhor e, desse jeito, mudar a porção de mundo que a gente faz parte. – ele percebe o quanto os lábios dela estão secos e pega um copo de água, voltando em seguida:

Antes, eu matava sem pestanejar; com o tempo, descobri que a gente fica responsável por isso e passei a matar em último caso, só em caso de morte, mesmo... Depois que te conheci e, especialmente, depois do nascimento do James, sei que não seria capaz de matar, em nenhuma circunstância! Eu sei jeitos de fazer uma pessoa parar, sem matar. Sei de golpes e pontos onde derrubo um cara com o dobro do meu tamanho. Então, agora, depois de tanto tempo na jornada, eu me pergunto: pra que matar?

‘Cê matou, não pode voltar atrás! Mas o que ‘cê vai fazer daqui pra diante? Fugir de tudo e de todos? Eu já tentei isso e não cola, Ohana!

Foi horrível o que aconteceu, mas foi por algum motivo! Por isso, reaja! Todos estão aqui pra te ajudar e apoiar! EU ‘tô aqui, precisando de você...

Ela ouve todas aquelas palavras que pareciam entaladas na garganta dele há algum tempo. Apenas fechando os olhos serenamente, nos momentos em que ele mesmo se chama de assassino. A cada palavra de força e de coragem, parecia que uma parte de Ohana curava! Ao final do discurso, ela sente-se muito mais feliz, podendo, inclusive sorrir para ele:

Ohana: Vo-você pode estar certo, Logan! Eu não deveria desistir dos nossos planos por conta disso... Mas, eu tenho que fazer uma coisa antes. – Sentando-se com a ajuda dele na maca, ela segura as duas mãos dele, olha profundamente nos olhos do canadense e sentencia – Desculpe por tudo o que disse e fiz! E muito obrigada por ficar do meu lado!

Diz isso, abraçando-o com toda a sinceridade que poderia demonstrar. Logan não esperava por isso! Para ele, estava tudo no passado, tudo enterrado!

Wolvie: ‘Tá... Tudo certo, guria! Vamos esquecer tudo isso, ‘tá? – passa a mão no cabelo dela, sentindo o acenar de cabeça que ela faz. – Ótimo! Agora, fica deitadinha aí, que eu vou chamar o Hank pra examinar você, ‘tá certo? Quero saber até que ponto você ‘tá boa e te convidar pra ir pra um lugar, ‘tá?

Ohana: Que lugar? – voltando a ter seu semblante de costume, sempre iluminado pelos seus olhos.

Wolvie: Ah! Quero saber se ‘cê vai poder ir, antes! Depois eu falo! – acenando com a mão.

Ela se deita e fica olhando ele sair, outra lágrima escorre, enquanto ela pensa em como é afortunada por ter alguém como ele em sua vida.

Logo que sai, Logan vê Hank sentado na poltrona que fica em frente ao Labmed, uma espécie de Sala de Espera, só que menos informal.

Hank: E então? Como está a nossa convalescente? – sorri, olhando por cima dos óculos.

Wolvie: Cara! Eu não sei de onde tu tira essas palavras, viu? – sorrindo.

Hank: Dos livros e dicionários, meu amigo! Você devia experimentar... – abre um sorriso – Como está Ohana?

Wolvie: Ah! Sei... Tá me chamando de burro, né? Bom, eu vou te dar um desconto já que a ruiva acordou e eu quero que você veja como ela ‘tá, ok? – sorri, mostrando todos os dentes.

Hank: Hum... Você tem dado muitos "descontos" ultimamente, Logan. Está sentindo-se bem? Quer que eu o examine também? – completa, retornando e sorrindo.

Wolvie: Eu ‘tô legal, Hank. Só dando umas mudanças que ‘tavam mais do que na hora! – dá uma batida no ombro do amigo e faz com as mãos para que ele entre no Labmed.

Hank: Espere aqui, está bem? Dentro em pouco trarei os resultados...

Wolvie: Falô...

E nesse instante, Jean vira o corredor, indo para aquela direção, fica preocupada em ver Logan e Fera conversando, mas logo fica tranquila, as vibrações mentais deles eram calmas e um tanto frívolas. Ohana estava bem:

Jean: Oh! Então ela já acordou? É bom sentir as ondas mentais dela de novo por aqui! – senta-se ao lado de Logan, enquanto Hank sorri e entra no complexo ambulatório.

Wolvie: É... ruiva! Acho que não ia aguentar por muito mais tempo, viu? Eu só ficava completamente relaxado quando treinava na Sala de Perigo! Fora disso, estava sempre estressado e preocupado com ela...

Jean: Oras! Nada mais natural, Logan! Afinal, quando amamos alguém, nos preocupamos com essa pessoa, não é?

Wolvie: É... Mas é uma preocupação estranha... Onde a gente faria de tudo pra poder trocar de lugar com a pessoa, né?

A telepata sorri diante da observação. Não deixava de ser totalmente inédito ouvir isso da boca do canadense e, pelo modo como as palavras eram articuladas, Jean percebe que ele nunca havia sentido isso antes. Era novidade e, por isso mesmo, difícil de descrever. Ela coloca a mão no ombro dele e faz uma pergunta que não queria calar a tempos:

Jean: Quando você vai pedi-la em casamento, Logan?

Ele vira-se, com os olhos arregalados e um sentimento de que sua privacidade foi totalmente invadida!

Wolvie: Tu ‘tá lendo meus pensamentos, é? – encolhendo um dos olhos e perscrutando o olhar dela.

Agora quem se assusta é ela! Não tinha lido nada! Apenas sentia ser isso o que Ohana mais queria e tinha resolvido encorajá-lo a pedir...

Wolvie: Ah! Tu não entrou! UFA! Esses teus olhos me dizem que ficou mais surpresa com a minha resposta que eu com a tua pergunta! Menos mal, gatinha... Senão, ia começar a te estranhar...

Jean: Mas isso é ótimo, Logan! Ela vai ficar mais do que contente!

Wolvie: Se ela ficar mais do que você tá agora, vou temer pelo coração dela!

Jean sorri ainda mais! Abraça-o e deseja felicidades e boa sorte para os dois!

Wolvie: Ei! Calma aí! Eu ainda tenho que tomar coragem!

Jean: Se o problema é esse, eu posso te DAR coragem, Logan! – e diz isso sem nem mesmo esperar uma resposta.

Começa a estimular a hipófise dele fazendo com que desprendesse grande quantidade de adrenalina e, acima de tudo estimulando certas partes do córtex cerebral para que ele ficasse desinibido ao falar e estivesse com suas emoções mais afloradas.

O canadense apenas lança um olhar de "eu te pego depois" e aproveita a oportunidade, mesmo a contragosto para conversar com Ohana.

Assim que entra percebe que algo não está certo, pelo cheiro, e sente que terá de usar sua voz para outra coisa... Hank estava sentado numa mesa, fazendo anotações e Ohana estava encolhida na maca, enrolada no lençol, extremamente triste.

Assim que vê Logan, ela vira de costas para ele:

Ohana: Me deixa sozinha...

Hank ouve, vira-se para ela e olha com tristeza para o canadense:

Hank: Ela não me deixa examiná-la, Logan. Tive que contar sobre ela não ser mais portadora do gene X e, desde então, não quer mais saber de nada... Como médico dela, queria poder perceber até que ponto ela não*

Wolvie: Deixa que eu assumo daqui, Fera. Acho que eu tô muito mais loquaz agora do que há cinco minutos, falou?

Hank apenas levanta uma sobrancelha diante da palavra "loquaz" proferida por Logan. Realmente, parecia que algo estava diferente nele e, assim que sai e vê Jean sentada no banco de espera, entende tudo! Apenas maneia a cabeça e sorri, indo falar com o Professor acerca das mudanças gerais em Ohana.

No Labmed:

Wolvie: Eu achei que você não quisesse mais ficar sozinha, ruiva...

Ohana: Eu não quero mais atrapalhar vocês! Fiz tudo errado e ainda vou ser um peso-morto? Não mesmo! Eu agradeço tudo o que tem feito por mim, Logan, mas não precisa mais continuar com o teatro, tá bom?

Wolvie: Do que é que ‘cê tá falando? "Peso-morto"? "Teatro"? Os X-Men nunca deixam os seus pra trás, gata!

Ohana: Acontece que eu não sou mais "um dos seus"! O que eu posso fazer que realmente compense continuar aqui? – ainda virada para a parede, mas com a voz mais lúcida.

Wolvie: Bom, eu consigo pensar numa porrada de razões, mas a que mais me martela a cabeça agora é: trazer mais mutantes por mundo!

Desse jeito, ele consegue a atenção dela. Desvirando, ela senta-se na maca e o encara. Até mesmo vira a cabeça para poder olhá-lo de todos os ângulos. Ele não podia estar falando sério!

Wolvie: O que foi? ‘Cê achou que eu tava apaixonado pelo teu poder legal de mover as coisas, é? Eu sou mais minhas garras e meu fator de cura... Desculpe desapontar... – ele maneia a cabeça, como alguém que realmente sente por ela pensar assim – O que eu me amarrei, desde o começo foi pelo teu cheiro. Não o cheiro do perfume que tu usa, ou das roupas que ‘cê veste. Mas o cheiro que está impregnado em você e somente eu consigo sentir! Depois, não acreditei no teu jeito de ser, na tua lealdade, na emoção que você sente com as pequenas coisas da vida. Quando fiquei mau, descobri que em qualquer circunstância, você estaria ali pra me ajudar! Eu podia não responder, mas me lembro de cada visita que tu fez pra mim, enquanto a fera tava no comando! Eu queria gritar que tava ali! Que tava legal, só pra poder ver você sorrir pra mim... Mas não conseguia, ruiva! Como ‘cê pode ver, o fato de não ter mais o gene X não te faz uma excluída ou coitada que deve ser expulsa dos X-Men. E eu posso garantir: se por algum motivo eles não te quiserem mais aqui, vão perder duas pessoas, porque eu vou onde tu for! E espero que seja recíproco, porque eu ‘tô pra te perguntar uma coisa há uns tempos e ela ‘tá me matando! É incrível como uma simples pergunta pode azarar com a tua vida, né? Eu tenho medo do que tu vai responder, mas, quer saber? Eu tenho que perguntar! Senão, nunca vou conseguir viver de bem comigo!

Chegando bem perto da maca, ficando no meio das pernas de Ohana e limpando as lágrimas que cismavam em cair dos olhos dela, ele apoia o indicador na parte inferior do queixo da Ohana e levanta o rosto dela, pedindo toda a atenção para si e lança:

Wolvie: Ruiva... ‘Cê quer casar com esse cabeça de vento aqui?

Ohana: O quê?!... Se eu.. – ela se abana com a própria mão, tentando não acordar daquele maravilhoso sonho, tentando entender como ele conseguiu dizer tudo aquilo, da forma como disse e ainda arrematar com a tão esperada frase! – Mas você é mesmo um cabeça de vento, hein? Como você pode dizer pra mim que tinha dúvidas quanto a minha resposta?! Logan! Eu nunca quis tanto uma coisa na vida! É claro que eu aceito! Sim! Sim!

Repetia sem parar, no intervalo dos beijos, abraçando-o e encarando-o continuamente, com medo de ele evaporar como uma nuvem de sonhos bons!

Não dá dois minutos e Jean entra, acompanhada de Scott e pelo rosto vibrante de Ohana, era possível perceber a sua felicidade, de uma forma nunca vista antes, por nenhum componente dos X-Men!

Scott: Ah! Quer dizer que minha esposa estava certa? – sorri, caminhando para os dois.

Ohana: Se ela disse que eu fui pedida em casamento, sim! SIMMM! – sorriu, tentando levantar-se mas, sendo apoiada por Logan.

Este, apesar de feliz – isso era evidente pelo seu olhar – estava um tanto mais comedido, pensando na loucura que havia acabado de fazer! Agora que Ohana estava mais vulnerável do que nunca ele a pede em casamento?! Será que fez a coisa certa? Os inimigos dele*

Jean: *A maioria está morta, Logan!*— fala dentro de sua mente, suavemente – *Você não deve se preocupar tanto assim. Ou você acha que ela procuraria outra pessoa, hein? Se pensar isso, é totalmente bobo!*— e sorri, indo abraçar Ohana.

Ohana: Obrigada, Jean! Estou tão feliz! – e dá um forte e demorado abraço na amiga.

Scott: Bom! Vamos contar aos outros! Não devemos ser exclusivistas, ainda mais para uma boa notícia dessa! Venha, Logan! Você deve contar! Estão todos na sala de vídeo, vendo algum filme relaxante!

Ele acena com a cabeça e, virando-se para Ohana, sentencia:

Wolvie: Você fica aqui, ruiva! ‘Tá muito fraca ainda. Eu prometo trazer todo mundo aqui pra te dar os parabéns, ‘tá bom?

Ohana: Ahhhh... Isso não é justo! – faz beicinho e se senta na maca.

Jean: É, já começou a dar mesmo uma de marido!

Scott: Jean! Isso não é verdade...

Todos riem, sabem que não era mesmo verdade e foi justamente por isso que Ohana concordou. Ela percebeu estar fraca demais, até mesmo para andar.

Ohana: Vou ficar te esperando, viu? – diz, segurando a mão de Logan e soltando-a devagar, enquanto ele caminhava para a porta.

Wolvie: Daqui a pouco eu ‘tô de volta! Com o Dr. pra te examinar! – e virou-se completamente, indo com o casal Summers para a sala de vídeo.

Enquanto isso, na sala do Professor X, Hank conversava:

Fera: Pelo pouco que pude examinar, realmente ela perdeu o gene X, Professor! Eu nunca vi isso antes, em todos os meus anos de medicina. Claro que existiram casos de perda temporária. Mas total?! O que faremos? – sentado com as pernas cruzadas e segurando os óculos na mão que apoiava no joelho.

Prof. X: Aceitaremos o fato, Hank. O que mais podemos fazer? A ciência avança, mas a Justiça nunca poderá ser alcançada por ela... Além do mais, devemos aceitar o fato de que ser totalmente humano não é uma doença! Apesar do número de Homo s. sapiens estar diminuindo, nada impede que ainda demore milênios para sua completa extinção. Esses dados não competem a nós, meu amigo. São assuntos da divindade...

Fera: Mas a Ciência é capaz de explicar tudo, Professor... E eu estou encontrando dificuldades para elaborar uma tese aceitável dentro deste caso. Para mim, é como se a Ciência houvesse chegado ao seu limite e não fosse mais capaz de avançar...

Prof. X: Quem chegou ao limite foi o homem, Hank. E como ele é o inventor da Ciência, esta acabou ficando limitada, assim como seu criador. Mas não se incomode muito... Pelas palavras da Fênix não há retorno para Ohana e você há de convir que a possibilidade de um mutante poderoso ser novamente acossado pela raiva e pela vingança do modo como ela foi e, além de tudo, ser escolhido por uma Entidade Cósmica como hospedeiro é rara!

Hank: Só aqui, nós temos dois casos... – comenta descontente pelas palavras de Charles acerca da Ciência.

O Professor para de falar, fecha os olhos e quando os abre, está muito feliz:

Prof. X: Venha, meu amigo! Deixemos essas picuinhas de lado e vamos para a sala de vídeo! Um importante anúncio será feito lá! Venha! – convida, movimentando a cadeira de rodas ao lado de Hank.

Assim que despontam no largo corredor que dá para a sala de vídeo, os dois grupos encontram-se: Professor X e Hank de um lado; Scott, Jean e Logan do outro:

Scott: Ah! Que bom que vocês apareceram! Venham para cá, Logan tem uma importante notícia para dar! – convida, abrindo a porta para Jean entrar e esperando até que os dois doutores chegassem.

Todos se encontravam naquela sala, vendo alguma comédia; a julgar pelas altas gargalhadas dadas por Bobby e pelos sorrisos velados de Ororo. Gian era um que ainda não tinha se enturmado completamente, vivia sempre sozinho e, nesse momento, estava em companhia das flores, no jardim. Logan nem mesmo quis saber do que se tratava o filme; foi logo desligando a TV e provocando altos protestos no Homem de Gelo. Na verdade, o canadense queria dizer logo e pedir para Hank examiná-la a fim de saber se ela poderia fazer uma longa viagem em breve!

Wolvie: Relaxa aí, picolé! É rapidinho e, segundo Scott, eu tinha que falar pra todo mundo. Então lá vai: pedi a Ohana em casamento e ela disse que sim!

Ororo: Oh! Pela Deusa, meu amigo! Que ótima notícia! – e foi abraçá-lo.

Ele aceitou o abraço, meio desconfortavelmente. Mas, assim que olha, atrás de Ororo tem um fila de amigos querendo abraçá-lo!

Depois de uns dez minutos de total carinho por parte deles, Logan, todo encabulado comenta:

Wolvie: É... Foi bem mais fácil dizer isso da primeira vez. Ao menos, eu ‘tava tão longe que nenhum de vocês veio com esse papo de abraçar!

Riram, mas Logan não riu. A lembrança de Mariko ainda o assombrava, regularmente. Essa lembrança era um dos motivos pela demora em pedir Ohana. O que será que a ex-oyabun do Clã Yashida diria, se o visse com outra? Se ela fosse capaz de ver, do mundo dos mortos, o que ele está fazendo?...

Novamente é a vez de intervirem! Pra que tantas dúvidas numa situação já extremamente complicada? Casar-se não é fácil. São tantas possibilidades e pontos a serem pensados! Claro! Sempre se tem alguma vantagem quando se conhece a pessoa há tantos anos, mas, mesmo assim, é uma loteria e o canadense estava preocupado demais com coisas sem importância para a ocasião:

Prof. X: *Não se desespere, Logan! Tenho certeza de que se Mariko pudesse vê-lo, teria orgulho de todos os seus atos, meu amigo! Ohana é uma moça boa e pelo pouco que conheci sua ex-noiva, sei que ela ficaria feliz com sua felicidade. Não é o momento para tantas preocupações mesquinhas! Vá com Hank vê-la e leve todos com você. Tenho certeza de que antes do que imagina ela poderá viajar com você, Logan. Confie na vida, confie nas pessoas. O tempo das desconfianças já passou, velho amigo!...*

Ele olha de soslaio para Charles, sentado em sua magnífica cadeira, num dos cantos da sala, quase invisível; mas vendo todos de um ângulo único: por dentro.

Wolvie: *Valeu, Charlie!* Bom, cambada! ‘Tô indo lá pro Labmed, quem quiser dar os parabéns pra Ohana, pode ir comigo. Mas já vou avisando: nada de abraços muito fortes, hein? Ela ‘tá com o corpo doído ainda...

Ororo: Pode deixar, Logan. Não temos a intenção de separá-la ainda mais de você! – comentou a Deusa dos Ventos, feliz! Rindo como a muito não ria! Aproveitou e foi voando pelos corredores, para chegar mais rápido.

Bobby: Hei! Isso não vale! Quero abraçar ela primeiro! – e transformando-se em Homem de Gelo, foi criando uma rápida ponte gelada pelo corredor, deixando Hank extremamente bravo pela bagunça!

Enquanto todos caminhavam tão apressadamente, Logan era uma lerdeza em seus passos. Queria ficar para trás, para poder pensar por uns instantes. Mas Jean não deixou:

Jean: Não! Nada disso, sr. Logan! Vai com a gente até onde ela está! Nada de ficar pra trás, não é, Scott?

Scott: Isso mesmo, Jean! Essa insegurança bate em todo mundo, Logan. Mas não pense que ela também não a está sentindo! Nessa hora, um precisa do outro! Não é? – pergunta, virando o rosto para Jean.

Jean: Isso mesmo, maridão! – acaricia o rosto dele e, nesse momento, Logan acelera a marcha, deixando os dois para trás.

Se existia uma coisa que ele odiava ver era alguém meloso com outro, ainda mais quando esse alguém era a Jean. Não importa! Era mais forte do que ele e, sendo assim, entrou no Labmed a tempo de ver Bobby fazendo um lindo lírio de gelo para ela!

Ohana: Obrigada, Bobby! É lindo! – e lhe deu um beijo no rosto.

Wolvie: Que papo é esse de ficar dando flor pra minha mulher? – perguntou, sério.

Todos se viraram para onde ele estava e Bobby não resistiu:

Bobby: É... Quando o marido não dá, outro tem que fazer a vez, não é? – dando de ombros e se preparando pra correr.

Wolvie: Ah! Seu engraçadinho! Vem aqui pra ver... *SNIKT*

"Ahahahahhahahha" foi a resposta geral! Não deixava de ser extremamente hilária a cena, ao menos para aqueles que não estavam sendo ameaçados por garras de adamantium. Até mesmo o Professor riu!

Wolvie: ‘Tão rindo do quê?

Ororo: Do seu ciúme bobo, claro! Desde quando uma flor de gelo ia ser capaz de modificar o coração de Ohana? Acho que nem mesmo uma de verdade seria... A não ser que fosse dada por você mesmo, Logan! Ela te ama!

O canadense fica todo sem graça. Realmente tinha ficado com ciúmes da flor, mas depois, o ciúme tinha passado e ele somente queria fazer o Bobby ter um pouco de respeito; afinal, ele podia ter a idade de um homem, mas não passava de um pirralho malcriado, mentalmente...

Indo para o lado dela, sem falar nada, ele simplesmente se senta na maca e fica ali, ouvindo o que elas conversavam, o que cada um desejava e perguntava. A pergunta que não queria calar era: quando seria a data do casamento? E, assim que todos somente repetiam essa tecla, Logan virou-se para Ohana e perguntou:

Wolvie: A gente vai escolher junto ou você já pensou nisso?

Ohana: Por mim a gente se casava amanhã! – risos – Mas eu prefiro que seja daqui a três semanas. Assim dá tempo de arrumar tudo. Não dá?

Ororo: Claro que dá! A gente te ajuda, criança!

Jean: Com certeza!

Scott: Pronto! O complô feminino está feito! Agora tudo será um grande segredo, não?

Jean: Claro que sim, Scott! Senão não teria graça!

Logan maneia a cabeça. Por mais que tentasse entender, não conseguiria! O que aquelas mulheres tinham de tão diferente dos homens? Com certeza, era a mesma coisa que os cativava tanto!

Wolvie: Garotas! O papo está muito bom, claro! Mas eu preciso que o Fera examine a Ohana, ‘tá certo? Aliás, o casório vai depender disso também! Por isso, depois vocês conversam mais e fazem os mais diabólicos planos para o dia D, ok?

Todos riram. Foi um momento muito descontraído para todos. Apesar de a sombra da morte de James e de Metabolisis estar pairando sobre eles, o futuro mostrava-se altamente otimista! E parecia que para todos era permitido sonhar!

Hank pede para saírem e inicia exames de rotina. Para ele, até seria bom ela não ter mais o gene X, assim poderia rememorar as aulas da faculdade! Depois de se formar, ele somente se especializou em mutantes e, mesmo assim, não tanto no físico da coisa. Era mais uma espécie de "cientista maluco" do que médico. Pois estava sempre engajado nas questões mutantes, juntamente com Moira McTaggart.

Depois de alguns minutos chega ao resultado: realmente, ela tinha ausência total de genes mutantes e sua saúde estava fora de risco. Tinha o corpo fraco justamente devido à retirada de sua mutação de forma forçada e, com isso, passaria ainda alguns dias de cama. Mas nada que devesse alarmar a qualquer um deles e, muito menos, Logan.

Segundo Hank, ela sairia da cama em cinco dias.

Fera: Mas até lá, nada de esforço físico ou muita emoção, hein? Veja se não vai pedi-la em casamento novamente! Isso a deixaria com mais alguns dias de cama, tudo bem?

Wolvie: Então, ela vai ficar no Labmed? Nada de ir para o conforto da cama dela?...

Fera: Nem da sua! Proíbo os dois de fazerem qualquer esforço físico juntos, e ponto!

Wolvie: Sabia que cê tá precisando desestressar, Hank? Poxa!...

O peludão azul maneia a cabeça, anotando em sua prancheta hightech as últimas recomendações e o estado de Ohana. Saindo logo em seguida, para que os dois ficassem a sós. Já era noite fechada e, com isso, Logan arrumou uma outra maca pra dormir perto dela:

Ohana: Logan! Não precisa dormir aqui comigo... Sua cama*

Wolvie: ‘Cê tá brincando! Essa maca é muito mais macia que meu colchão! Além do mais, tem a companhia. – brinca, dizendo isso em segundo lugar para deixá-la chateada, enquanto a mão dele busca a dela e a segura com uma certa força.

Ohana: Hoje eu sou a mulher mais feliz do mundo! Parece estranho, mas mesmo feliz ao seu lado, parecia que você não gostava inteiramente de mim. Agora, eu não tenho mais dúvidas!

Wolvie: É... As mulheres têm um jeito estranho de medir a felicidade... Desculpa ser sincero, mas pra mim é tudo igual, ruiva!... A gente já vivia junto, já até teve um filho! A única coisa é que vai mostrar pra uma lista de pessoas que a gente se ama... Mas nada vai mudar entre nós.

Ohana: É bom saber isso! Porque eu simplesmente AMAVA o jeito que era! Só que agora, não falta mais uma vírgula! É perfeito!

Ela ia se levando para a maca dele:

Wolvie: Não! Nada disso! Pode ficar na sua maca, guria! Nada de esforço, lembra? – e a segura com seu braço forte.

Ohana: Mas eu só quero ficar abraçadinha com você...

Wolvie: Desculpa, mas é assim que começa! E eu não consigo resistir a você, então, pra que você possa viajar comigo logo, descansa, tá? – ajeitando-a na maca.

Ohana: Prometo sossegar se me disser pra onde a gente vai!

Wolvie: ‘Tá bom: Japão!

Ohana: O quê? Japão! Mas que diferente! Jamais pensei em ir pra lá!

Wolvie: Tudo bem se a nossa lua-de-mel for lá?

Ohana: Tudo ótimo! Eu queria te abraçar... – fez bico e fechou a cara.

Wolvie: ‘Tá! Vem! Mas se começar com graça eu vou pro meu quarto, hein? – voz grave, de durão.

Ela faz que sim com a cabeça e se deita toda desengonçada ao lado dele, nem mesmo levanta o lençol dele, ficando cada um com o seu e separados por esse leve pano.

Não demora muito para ela dormir e, assim, os dois descansam profundamente, abraçados e aquecidos pela chama de um novo começo...


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