Momentos da Vida (Wolverine e Ohana) escrita por lslauri


Capítulo 23
Um dia da caça...




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texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

os nomes de quem fala estão antes de cada fala, em negrito apenas para que saibamos quem são

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UM DIA DA CAÇA...

Eles passam o resto da manhã, início da tarde, planejando.

Vão todos para a sala de perigo e aproveitam a tecnologia para simular a Lua e seus problemas óbvios: gravidade, iluminação etc.

O Professor Xavier entra em contato com o discípulo de Forge e comenta sobre a possibilidade de inventar uma roupa mais maleável para andar na Lua; chegam a um acordo: a roupa ficaria pronta em três dias. Até lá, eles treinariam em combates simulados e tentariam cercar o inimigo de qualquer jeito!

Dessa vez, todos os membros dos X-Men eram necessários e, por conta disso, o Professor também iria. Ele concordou que seria a peça fundamental do ataque; uma vez que somente ele poderia entrar na mente de Metabolisis e bloquear seus poderes. Jean também era capaz, mas o líder da mais nova Irmandade Mutante, provavelmente já estaria preparado para ela.

Os treinos acontecem três vezes ao dia e se prolongaram durante os três dias de espera pelos uniformes.

Forge foi um importante mutante, dotado de uma grande inteligência que lhe permitia criar os mais diferentes tipos de mecanismos. Ele morreu alguns anos depois que Ohana entrou para os X-Men, porém, coincidentemente, seu filho teve a mesma mutação! E acabou ficando como um discípulo dele, aprendendo seus segredos e, depois de sua morte, criando os seus próprios.

Assim como seu pai, quando tinha uma ideia na cabeça ou recebia algum chamado do Professor, passava a noite fazendo o que lhe era pedido; tamanha era sua vontade de ver terminada sua invenção.

Já era tarde quando, finalmente, Scott resolve dar uma pausa nos treinos e deixar cada um passar algum tempo fazendo outras coisas.

Depois de uma boa ducha, Hank foi para a biblioteca pesquisar sobre mutações, táticas de ataque e outros tópicos que poderiam ser úteis; Bobby voltou para o Labmed para retirar os curativos; Scott e Jean subiram e foram descansar; Professor X aproveitou para tentar entrar em contato com outros mutantes para avaliar com precisão o estrago que o ataque havia causado; Ororo resolveu ir arrumar a estufa que ficou muito avariada com o ataque, tendo, inclusive, várias plantas mortas...

Para Ohana e Logan, não restava muito mais a se fazer. O dia tinha tido muito mais do que qualquer expectativa – boa ou má - poderia criar. Eles não tinham clima para nada... E mesmo estar um com o outro era um tanto "penoso". Tomaram banho, um após o outro e, enquanto Ohana estava no chuveiro, Logan estava jogado na cama, braços atrás da cabeça. Ele... Bem, o canadense sentia-se extremamente mau. Por tudo! Por ter sido fraco e se deixado vencer pela "fera"; por ter sido um péssimo pai; por ter sido um péssimo "marido"...

"É, nem mesmo posso pensar isso. Nunca tive coragem de chegar na guria e pedir ela em casamento! Eu queria poder entender por que tudo isso parece me deixar inseguro! Um monte de pessoas se casa, todos os anos! E eu... Tá certo. Eu não sou o que se pode chamar de pessoa normal; mas, ela também não é. Será que se eu pedisse ela... E se ela me disser "não"?!"

No chuveiro, a ruiva tinha estado um tanto quanto silenciosa; isso porque, dentro dela, nada mais importava, a não ser a vingança!

As doces palavras de seu filho; a tentativa do marido de fazê-la sentir-se melhor. Mas somente na Sala de Perigo foi que seu dia se realizou! As palavras doces e calculadas do Professor acerca desse tipo de sentimento fazer mal a quem o nutre, entraram por um ouvido e saíram por outro.

"Marido?... Será que eu posso mesmo chamá-lo assim?! Eu tive um filho com ele, durmo com ele... Mas nada disso foi suficiente para que ele ficasse comigo! Aquele maldito ego-filho-duma-mãe tinha que aparecer e destruir a felicidade!... Acho que ele nunca vai me pedir..."

Assim que termina seu banho, não coloca nenhuma camisola sensual. Ela não está pra isso hoje e espera que ele também não esteja. Apenas um moletom, uma blusinha regata branca. Abre a porta e o encontra pensativo, na mesma posição que estava quando ela foi para o chuveiro.

Vai até a cama, senta-se na ponta. Ambos não tinham ressentimentos mútuos, mas cada qual nutria o seu e isso os fazia ficar calados. Era constrangedor...

O silêncio é quebrado pelo movimento de Logan na cama, encostando sua mão no braço de Ohana. Ela coloca a mão oposta sobre a dele e vira-se, sentando-se na cama:

Ohana: Eu me sinto tão estranha, Logan...

Ele resolve deixá-la falar e somente chega mais perto dela, segurando agora, as duas mãos da ruiva. Ela abaixa a cabeça e começa:

Ohana: Sabe, no começo o James também me convenceu de que eu era forte, não sofreria; convenceu-me de você ser mais necessitado do que eu, mas, sinceramente, eu não me vejo assim! Estou sofrendo muito! Tendo ideias loucas na minha mente... Ideias que nunca tive antes.

Ela aperta as mãos dele com força, uma força que ela nunca tinha demonstrado antes.

Wolvie: Querida... Eu também estou sofrendo, estou estranho! Pra mim, seria muito mais fácil tentar sair de mim a enfrentar essas situações! E olha que eu não sou de fugir... Mas como ‘cê mesma disse: eu não estou sozinho agora e, a recíproca, serve! ‘Tô aqui, pro que der e vier! Pra dar minha vida pela tua, ruiva...

Em qualquer outro momento, essas palavras seriam o bálsamo que Ohana precisava, mas agora, o único sentimento que encontrava guarida em seu coração era o ódio... O desejo de vingança!

Ohana: Eu sinto algo dentro de mim que nunca senti antes. Algo não muito nobre, Logan. Estou com medo de mim mesma e do que eu possa fazer...

Wolvie: Então, ‘cê não acha mais prudente ficar fazendo companhia pro Fera quando a gente for pra Lua?

Ohana: NÃO! De jeito nenhum! – e desenlaça as mãos das dele, cobrindo-se mecanicamente e soltando um: "Vou dormir..."

O canadense não entende nada, mas o que consegue captar muito bem é que algo de assustador está acontecendo com ela. A ruiva jamais havia levantado a voz para alguém, que dirá, para ele.

Levanta-se, pega o travesseiro e uma coberta no armário e vai para a sala, pensando que o melhor a fazer nesse momento, seria dar um tempo para ela.

A saída dele só a faz ter certeza de estar sozinha na difícil empreitada que deveria realizar. Ela não podia contar com ele, pois Logan era um homem! Assim como todos os outros na vida dela este também fez bonitas promessas que se desfizeram como um castelo de cartas baratas, ao primeiro vento...

Nenhum deles consegue descansar direito; Logan só pensava nela e se estava fazendo a coisa certa. Levantava-se várias vezes durante a noite com a intenção de ir ter com ela.

Ohana, em contrapartida, somente pensava em criar forças para fazer o que era preciso!

As poucas vezes que o canadense pegou no sono; foi interrompido por pesadelos antigos. Coisas que há tempos não vinham incomodá-lo...

Todos se levantaram com o raiar do dia. Scott foi o primeiro a levantar e encontrou Logan ainda deitado no sofá, olhos fechados, mas acordado:

Scott: Ué, Logan... Que aconteceu?

Wolvie: Nada não, Scott. Problemas meus...

O líder dá de ombros e ruma para a cozinha onde ajeita tudo para o faustoso café da manhã! Eles tinham que se preparar para os treinos que seriam estafantes e precisos.

Todos comem em silêncio, ainda baqueados por todos os incidentes atuais...

No plano traçado por Scott, Fera, Professor X e Ororo, os X-Men iriam atacar de todos os lados. Eles não sabiam em que condição Metabolisis se mantinha na Lua, contudo, sabiam sua localização exata! Usando uma versão modificada do X-Jato, eles iriam chegar bem próximo da Lua e, dispersando-se, seriam levados pela telecinesia de Ohana até os pontos pré-determinados, selando as chances de fuga do mutante.

Pela surpresa, Jean tentaria entrar na mente dele e, nesse momento, o Professor bloquearia a área relativa aos poderes, deixando-o indefeso e passível de ser levado à Terra, para as devidas providências serem tomadas: ficaria preso na mansão, onde tentariam mostrar a convivência pacífica entre humanos e mutantes, de qualquer modo.

Hank ficaria monitorando tudo da "nave", o Professor estaria com ele, mas em contato telepático com Jean.

A área ocupada por Metabolisis era pequena, seria possível cercá-la apenas com: Scott, Jean, Ohana, Logan, Ororo e Bobby.

Enquanto isso, na Lua, Metabolisis estava radiante! O seu plano tinha dado certo! Todos os grupos tinham reportado a vitória *nota: Jean utilizou-se da onda mental do mutante preso para saber exatamente o modo de comunicar a vitória e o fez, fazendo-se passar pelo mutante preso em combate* e, desse modo, ele poderia começar seu plano de genocídio e extermínio da raça humana.

Em sua mente, momentos de glória como o mais poderoso e importante mutante vivo, passam como um flash de algo que realmente aconteceria.

Tentar entender os motivos de seu ódio à espécie humana seria o mesmo que tentar entender o funcionamento do cérebro, em sua completude.

Ele era apenas um mutante com um poder muito incomum, capaz de modificar o metabolismo de seres e coisas, com sonhos de grandeza e fortuna! Essa seria a mais completa definição dele...

Em sua mente era simples: Ou elegem-no como o "rei dos mutantes", ou todos morreriam e ele governaria sozinho, sobre as carcaças de todos!

Os mutantes que compunham sua guarda estavam com ele ou por amor próprio ou pela força. O único presente por vontade, era o de asas cortadas por Wolverine.

Nesse instante, ele estava conversando com o mutante capaz de criar microecossistemas em qualquer local; o responsável por sua estada na Lua.

Metabolisis: Bem! Enfim conseguimos alcançar nosso objetivo! Destruímos os X-Men e seu reinado de terror! Agora, não mais existirão mutantes com suas mentes modificadas pelo "bom" Professor! Não! Agora, seremos todos uma grande força, liderada por mim, para acabar com os malditos humanos! Eles sofrerão por sua fraqueza e pagarão com a morte! Ahahhaahha

O ajudante acenava em concordância com a cabeça. Que escolha ele tinha?! Não era prudente brincar com Metabolisis... Disso ele já tinha sido testemunha. Matar nunca foi um problema para o "rei lunático".

Metabolisis: Bem, ficaremos até que o plano B comece e, então, quando todos os mutantes estiverem com as mentes libertas das "lavagens" feitas pelo Professor X e sua aluninha, aí sim, seremos muito bem recebidos entre eles. No momento, são incapazes de entender a magnitude do meu plano e o bem que isso fará à raça mutante!

Na Sala de Perigo, Ohana faz à risca cada um dos movimentos pedidos por Fera e pelo Professor. Ela decidiu se distanciar de Logan um pouco, pois ele não a entenderia e não a apoiaria em suas vontades.

Os uniformes utilizados eram um tanto quanto desconfortáveis, porém o Professor garantiu que chegariam outros melhores e leves.

Naquele final de tarde os uniformes chegaram para a primeira prova. Na verdade, não eram uniformes na acepção da palavra, pois parecia uma espécie de relógio hightech. Ao ser colocado, uma grande transformação ocorria. Dele começava a sair uma fina película negra, esta preenchia toda a pele, inclusive entrando pelos orifícios do rosto! Isso dava um desconforto inicial incrível! Porém, permitiria a vida no vácuo do espaço. Ao entrar em cada mutante, a pequena máquina que parecia um relógio, começava a fazer um acompanhamento do estado biológico e, em qualquer lugar que eles fossem a função da máquina era manter o ambiente daquele modo! Como um circuito fechado!

Todos foram levados a colocar e quem demonstrou maior desconforto e desgosto foi Wolverine, pois esse processo lembrava muito o de implantação do Adamantium em seus ossos! Toda vez que estava se aproximando do rosto, o canadense jogava longe o mecanismo!

Foi necessária uma conversa profunda do Professor e de Jean para que ele se decidisse a usar até o fim e, mesmo assim, quando o toque frio do material fez-se sentir dentro dele, soltou um urro!

Porém, todos puderam constatar como era confortável e útil aquele dispositivo.

O discípulo de Forge resolve fazer mudanças de última hora, para que ficasse melhor.

Wolvie: Ô, guri! Vê se dá pra tirar esse troço incômodo que entra na gente...

Discípulo: Desculpe, Sr. Logan, mas isso é impossível! É justamente por essa diferenciação é que ele é tão bom! Sinto muito...

Wolvie: Tá tudo ok, guri... A vida tá voltando a se encaixar pra mim...

Ninguém entendeu muito bem as coisas que ele disse, mas o Professor ficou preocupado, assim como Jean e Ororo.

Ao final dos treinos, já sem aquele incômodo do novo uniforme, Logan aproveitou para ficar mais na Sala de Perigo e destruir alguns hologramas de antigos Sentinelas. Na atualidade, eles não eram mais uma ameaça; nos dias em que essa estória se passa, tudo ficou mais sutil. Já não existia caça de mutantes, uma vez que esses estavam tornando-se a maioria. Charles conseguiu entrar em acordo com as autoridades e pegar para si a tarefa de fazer os mutantes andarem na linha. Com isso, o velho canadense já não era tão mais necessário. Ao menos não como ele gostaria: destruindo e cortando, pondo a raiva dele pra fora!

Olhando da cúpula superior o modo como ele treinava, Ororo resolve entrar na simulação:

Ororo: Meu amigo! Essas latarias são coisas do passado! O que o assusta, Logan?

Wolvie: Ah! Ororo... Eu não ‘tô a fim de conversar...

Ororo: Percebi! Estava vendo seu treinamento e queria poder ajudar, de algum modo.

Wolvie: Eu não ‘tô precisando de ajuda. Sem querer ofender, mas só quero mesmo cortar algumas cabeças de Sentinelas, como eu fazia nos velhos tempos, ‘tá?

Ororo: Claro Logan. Mas, se precisar conversar, eu estou aqui...

A africana sai do local e ele volta a colocar sua frustração e decepção para fora.

Quando sai, toma uma ducha no vestiário da Sala de Perigo e, assim que ia indo para a garagem pegar sua moto ouve a cadeira do Professor Xavier.

Prof. X: Logan! Preciso conversar com você.

Wolvie: Olha, Charlie, a Ororo já tentou, ok?... Não estou pra conversa hoje.

Prof. X: É sobre Ohana, Lo*

Wolvie: Qui é que tem a ruiva?! Ela tá legal?

O velho professor sorri diante da pronta preocupação de Logan. Ao menos, ele tem certeza de ser ouvido e entendido naquilo que tem a dizer.

Prof. X: Ela está bem, Logan. Por hora... Venha comigo.

Wolvie: Tá ok, Charlie...

Ambos entram na ampla sala onde Charles passa a maior parte de seu tempo. Ao entrar nela, Logan tem a impressão de voltar ao passado. A uma boa época de sua vida. Em vários porta-retratos, fotos de Vampira, Gambit, Jubileu, Sam, Warren e Betsy, Jean e Scott bem novos; tinha até uma foto dele com toda a turma, num dos raros momentos de descontração: estavam todos na piscina!

Respirando forte, ele sente o cheiro da madeira, um cheiro que antes costumava estar em toda a mansão, mas agora era circunscrito aquela sala.

Os móveis antigos e de madeira escura, não mais presente no restante da mansão, aliados ao cheiro, foram os responsáveis por esse "dejá vú" em Logan.

Ao notar o silêncio do canadense, o Professor interfere:

Prof. X: Bons tempos aqueles, não? Parecia até que tínhamos mais pelo que lutar...

Wolvie: É... Mas ‘cê não me trouxe aqui pra isso, foi?

Prof. X: Não. Na verdade estou muito preocupado com Ohana, seus pensamentos e o que ela pretende fazer lá na Lua.

Wolvie: ‘Cê sabe que sutileza não é meu forte, Charlie. Dá pra ser mais direto?

Prof. X: Scott me disse que você dormiu no sofá da sala hoje e*

Wolvie: Aquele caolho metido a certinho! Olha aqui, ele não tem o direito de se meter na minha vida, assim como eu não me meto na dele! Se* – mas o Professor não o deixa terminar a frase, o faz parar telepaticamente, pedindo desculpas e dizendo que dessa vez ele deve ouvir ao invés de falar!

Prof. X: Não... Ele não se mete em sua vida e não é um "caolho certinho"; tenho muito carinho por ele e por suas decisões. Ele, juntamente com você e os outros, são meus filhos, Logan! Pelo amor de Deus, poderia tentar abrir sua mente ao fato de ele estar fazendo o possível pelo bem-estar da relação de vocês?! – sossega, para com a "trava" mental – Mas não foi mesmo para isso que o chamei. É o seguinte: Ohana somente parece estar bem! Em seu interior, nutre um sentimento de vingança por Metabolisis e, com isso, acabará afastando a todos que ama e está começando por você! Não percebe que ela tem agido estranhamente? Muito calada, treinando duro e com um estranho sorriso nos lábios sempre que olhamos para ela?

Logan não fala nada, apenas abaixa a cabeça. Estava sentindo-se novamente incompetente! Será que estava falhando com a mulher que amava?

Prof. X: Acho que não chega a ser uma falha grande, meu amigo...

Wolvie: Ela não me deixa chegar perto, C... Ela me afastou e eu nem soube por quê! Achei que tinha sido pela morte do nosso filho, por me culpar, de algum modo. Mas, imaginar que ela está se fazendo passar por uma coisa, enquanto planeja outra! É assustador... É dizer que eu não a conheço. Se é que a conheci alguma vez...

Prof. X: Claro que a conheceu! E ela ainda está lá, assustada, precisando de ajuda. Precisando de você! Não é o momento para se afastar, Logan. Contudo, é bem provável ela não aceitar seus conselhos, nem mesmo sua ajuda. É possível que continue com o fingimento... Precisamos dela nessa missão! Jean estará mais preocupada em entrar na mente de Metabolisis do que em ter de levar todos com sua telecinesia. Além do mais, depois que Ohana chegou, Jean deixou de treinar a telecinesia e passou a se concentrar mais na telepatia, ao que eu digo com orgulho, ela estar a poucos passos de ser melhor do que eu jamais fui!

Logan fica inquieto, não sabe o que fazer, nem como agir. De que adiantaria estar presente e querendo ajudá-la se Ohana não necessitava disso? Ou não havia se convencido de que necessitava?

Era tudo tão confuso. Um terreno tão novo para o canadense pisar.

Wolvie: Eu já não tenho idade pra isso, Charlie!...

O maior telepata do mundo ri diante da insegurança de Logan. E envia a seguinte mensagem: *é o que todos dizem, meu amigo! Não importa a idade que tenham!* Logan solta um sorriso.

Wolvie: ‘Tá certo! Eu vou tentar! – e unindo palavra a ação, começa a caminhar na direção da porta, para segurando a maçaneta e vira-se – Valeu, Charlie!

Prof. X: Está tudo bem, meu amigo. Eu achei que poderia acalmá-lo ao dizer que a culpa não é sua!

O canadense acena com a cabeça e sobe as escadas da ampla mansão, indo para seu quarto e encontrando Ohana lá, sentada na cama, já trocada para dormir.

Wolvie: Oi, gata. Ao que parece, amanhã será o último teste do uniforme... Depois disso, Lua!

Ela apenas olha para ele. Estava decepcionada, triste. Em seu olhar era possível perceber que algo havia mudado. Baixando a cabeça de novo, ela diz:

Ohana: Veio pegar seu travesseiro? – encarando-o novamente, com um sorriso sarcástico nos lábios...

Logan não sabe o que dizer. A ruiva sempre sabia o que dizer, mesmo quando era pra fazê-lo sentir mal... No começo, ele não aguentava esses desaforos e eles acabavam brigando feio! Mas agora, Charles disse que ela tentaria afastá-lo e ele deveria ser insistente! Mas ele nunca foi bom com as palavras...

Andando na direção dela, Logan senta-se na cama, a alguns centímetros da mulher que escolheu para amar e ser amado.

Wolvie: Eu... sei que errei e quero dizer que não farei isso de novo.

Ohana: Oh! Mas quem foi que te disse isso?! Não! Você somente me fez ver a realidade, Logan! – o som de sua voz era totalmente cínico!

E o sangue do canadense estava começando a ferver! Ele tenta se segurar para não iniciar uma briga, para não dar a ela a desculpa que precisava para brigarem de vez:

Ohana: O que foi, Logan? Mexi em algum nervo?

Wolvie: Eu não vou brigar com você, Ana...

Ohana: Pois isso muito me surpreende! Antes você sempre tinha alguma resposta na ponta da língua e, agora, nem isso! Você pensa que pode entrar e sair da minha vida quando quiser, mas está enganado! Eu te expulsei da minha vida! Por ser um total incompetente!

Wolvie: ...

Ohana: E esse seu silêncio somente comprova isso!

Ela arremata, pegando seu travesseiro e começando a levantar. Logan ia tentar pegá-la pelo braço, sendo jogado na cama pela telecinesia dela:

Ohana: Nem pense, Logan! Hoje você pode ficar com a cama! – Sai do quarto, batendo a porta atrás de si.

No corredor, encontra Jean e dá um sorriso para ela, como se nada tivesse acontecido:

Ohana: Acho melhor você ir conversar com ele; o coitadinho está tão sozinho...

Jean não entende nada, pois estava mesmo muito concentrada em treinar direito e não falhar em nenhuma parte do plano. Ela invade a mente de Ohana e percebe a briga recente e o ódio por Metabolisis; vê como ela havia deixado Logan no quarto e coloca a mão na boca, muito triste pelas palavras que a telecinética disse ao amigo.

{TOC, TOC}

Wolvie: Não tô a fim de conversa, Jeannie...

A ruiva abre a porta assim mesmo, entrando devagarzinho e vendo Logan largado na cama. Ela caminha até ele, senta-se ao seu lado, segura nas mãos dele e inicia:

Jean: Logan, não fique assim... Eu sei que as palavras dela foram duras, mas ela está cega pelo ódio. Você já passou por coisa pior! Você é mais forte do que isso!

Wolvie: Sou nada, ruiva! Eu já passei por lutas piores, concordo. Mas ouvir certas coisas da boca de quem a gente ama pode ser mais doloroso do que um belo soco do Juggernaut!

Ela acaricia o cabelo dele, passa a mão pelo rosto:

Jean: Eu faria qualquer coisa para que você não ficasse assim... Foi maravilhoso para mim quando você a trouxe ao Instituto! Eu fiquei feliz, pois assim, você teria a tão esperada felicidade! Aquela que você sempre mereceu e buscou, mesmo inconscientemente...

Ele fecha os olhos, sente o carinho da amiga e fica extasiado, lembrando da época em que faria qualquer coisa por um momento desses; onde ele vivia e respirava a presença de Jean! As palavras dela são como um bálsamo para o velho canadense.

Wolvie: Talvez tenha sido esse o erro, gata... A gente não tem que buscar algo tão irracionalmente assim... A felicidade sempre esteve do meu lado, Jeannie.

E, tocando o rosto dela, de leve, ele completa em voz baixa e rouca:

Wolvie: Você é parte da minha felicidade!

Jean sempre se surpreendia com o modo como ele se declarava! Ela achou que essa fase tinha passado e, por isso, podia falar abertamente com ele, expondo seus desejos de amiga preocupada e atenciosa! Ela não esperava que ele fosse dizer algo assim!

Para a ruiva, ele havia encontrado a felicidade ao lado de Ohana e a havia esquecido, simplesmente...

Ela deixa cair uma lágrima, engole seco e, olhando-o fundo nos olhos, diz:

Jean: Logan, não faça isso a você mesmo! Eu acredito que no início, fosse mesmo seu ideal me ter; mas... – as palavras não queriam sair de sua boca! Ela não queria magoar o amigo novamente! Foi ali para confortá-lo... – Mas eu amo o Scott!

Wolvie: Eu sei, ruiva... – acenando positivamente com a cabeça – Mas eu tinha que dizer. Parece que isso colocou tudo no lugar, que um peso saiu das minhas costas...

E, escorregando as mãos do rosto dela, ele fica ali, parado; como quem espera alguma coisa que nunca virá. A telepata entra na mente dele e nota que ainda existem grandes sentimentos por Ohana, sentimentos reais e palpáveis!

Jean: *Eu te amo, Logan! Mas não do jeito que você deseja. Para mim, você é como um irmão mais velho; alguém por quem eu tenho um imenso carinho e seria capaz de cometer loucuras... Mas não as loucuras que você gostaria.* Ela te ama! Você a ama! Então eu não entendo o que pode ter causado uma separação tão abrupta assim!

Wolvie: Eu entendo, gata! Ela só ‘tá descontando a raiva em mim, isso vai passar, assim que ela matar o Metabolisis!

Jean: Matar?! Mas nós deveríamos trazê-lo com vida! O Professor sabe disso?

Ele acena positivamente com a cabeça.

Jean: Mas então?...

Wolvie: Disse que ela é essencial para a missão. E que eu devo me preparar. Disse isso quando eu estava saindo da sala dele. Mas, ruiva... Eu nunca soube o que falar. Aliás, foi isso o que a fez sair daqui hoje. Eu tinha tanto a dizer e não consegui...

Jean: Acredito que na hora certa, você encontrará as palavras, Logan. Apenas, não tenha medo! Diga sem pensar no que poderá acontecer depois.

Ela o abraça e ele nem mesmo a abraça de volta, fica completamente largado; pensando no que poderia acontecer, o que estaria passando pela cabeça de Ohana e, principalmente, como ele poderia ajudá-la!

Todos esses pensamentos entram na mente de Jean, deixando-a triste. Ela resolve sair e deixá-lo sozinho, porque ela também captou um forte desejo dele de que tudo voltasse a ser como antes. Esses pensamentos incluíam Jean e as constantes brigas com Scott. Levantando-se:

Jean: Você vai ficar bem?

Wolvie: Claro, ruiva!

Jean: Logan, você, melhor do que ninguém deveria saber que o passado deve ser deixado no passado! Viva o presente e encontrará uma pessoa que te ama, mas está profundamente confusa... Boa noite.

Wolvie: 'Noite...

O manto da noite cai pesado sobre a mansão. Todos têm o sono agitado; todos entre aqueles que conseguem dormir... Ohana ficou sentada no sofá, abraçada às próprias pernas, tentando fingir que nada de errado estava acontecendo. Tentando se enganar com o fato de Logan ser igual aos outros. A ruiva conseguia dar uns cochilos, mas nada que a fizesse descansar de verdade.

Logan também não conseguia dormir. Revirava na cama. Também pudera! Sentindo o cheiro de Ohana em sua narina era impossível dormir! Cogitou duas ou três vezes de sair e ir dormir n'algum hotel longe dali, mas pensava melhor e decidia que isso poderia separá-los mais ainda...

Jean e Scott dormiram razoavelmente bem. A telepata ficava se mexendo na cama e, desse modo, acabava acordando o marido que, ao vê-la assim, abraçava-a e ninava-a como um bebê. Jean estava visivelmente abalada com os últimos acontecimentos. Tudo tinha se acumulado numa bomba um pouco maior do que ela gostaria, não que ela não suportasse, mesmo assim, era difícil ver os outros que amava padecendo... Tinha sonhos desconexos sobre Logan, Ohana, Metabolisis e Scott. Por isso se revirava tanto, porém, nos momentos mais agitados, ela sentia um calor bom percorrer seu corpo e, nesse momento, Scott vinha ajudá-la no sonho; eram todos os momentos em que o marido a embalou.

Como líder, ele não podia demonstrar cansaço ou fraqueza, contudo, quem fosse capaz de observá-lo sem aqueles óculos de quartzo rubi, veria uma ou outra ruga que cismava em aparecer, veria também, uma olheira e, em sua mente, muitas possibilidades passavam. A possibilidade de saírem vitoriosos se avantajava às outras, mas mesmo assim, ele pensava na possibilidade de perderem, de falharem a centenas de quilômetros da Terra, num ambiente hostil e com um dos maiores inimigos que já haviam enfrentado... Era a função do líder: prever todos os possíveis acontecimentos e traçar estratégias de fuga ou aproveitamento de uma ou outra situação.

O Professor X dormiu muito bem, como há tempos não dormia. Ter dito a Logan o que Ohana estava passando o fez pensar em Lilandra e em como ela também deve ter tido momentos difíceis, onde ele faltou em carinho e presença... Ah! Sua amada Lilandra!... Em sua mente idosa e cansada, ecoava o que Betsy havia dito sobre a Aurora Rubra e o bom velhinho ficava pensando se teria um lugar para ele ali, naquele enorme encontro de gigantes! Nunca em sua vida esteve tão nítida a certeza de ter vencido ao criar os X-Men! Se pairava alguma dúvida, esta não mais o assustaria daqui para frente, pois a própria Psylocke foi serená-los, deixando claro que a morte não era o final da jornada!

A imagem de Lilandra vinha em sua mente e, nesse instante, um fraco elo mental formou-se. A imperatriz S'hiar também estava velha e doente. Há muitos anos deixara de se comunicar com Charles deixando claro ser por incapacidade corporal, mas que seu amor nunca havia diminuído, muito pelo contrário; ela sempre iria admirar aquele homem, fazendo crescer em seu coração o mais puro e fiel amor.

Nesse momento, ela aparece, fraca, etérea, sussurrante:

Lilandra: Meu querido Charles... Eu nunca duvidei de seu sonho e, se outros deveres não me chamassem, teria partilhado dele, ao seu lado.

Charles apoia os braços e faz força para sentar-se na cama. Aquilo era mais o que ele poderia pensar ou esperar! Era um alívio! Um bálsamo!

Prof. X: Lilandra!... – seus olhos enchem de lágrimas e ele sorri, totalmente feliz!

A voz embargada deixava claro que aquela mulher era a depuração de todos os seus anseios e de todos os seus desejos. Através de uma palavra, ela era capaz de fazer sossegar o coração de Charles, num momento de ira e, num momento como esse, fazê-lo feliz por ter a oportunidade de vê-la!

Ela sente todos esses pensamentos e, sorrindo diz:

Lilandra: Eu sei, meu amor! Também sinto o mesmo! Não se preocupe, você os treinou da melhor forma possível e, acima de tudo, os fortaleceu interiormente! Nada pode derrubá-los, nem mesmo os incertos pensamentos e sentimentos que têm para com eles mesmos. No final, o amor sempre triunfa, meu querido. Sempre!

E, desvanecendo, como aqueles sonhos bons que raramente nos acometem, Lilandra desapareceu da vista de Charles, fazendo-o sentir um calor em seus lábios, como se tivesse lhe dado um beijo.

Ele coloca a mão no rosto e chora copiosamente, de felicidade, por ter a oportunidade de reencontrar sua alma gêmea.


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