O impala atravessava a estrada de chão deixando o seu rastro para trás daquela cidade esquecida por Deus. Os olhos do loiro estavam perdidos em algum ponto daquele lugar. Sam dirigia e de canto de olho analisava o mais velho em sua quietude. Dean costumava a soltar alguma piadinha, sempre quando possível. No entanto após o ocorrido a quase um mês algo havia mudado, e a tão esperada “férias” jamais fora concretizada. Depois de seguir rastros sobre o atentado contra o loiro não levar em absolutamente nada, os irmãos resolveram continuar a impedirem Lilith a romper outros selos. Tiveram êxito em alguns e fracassos em outros. Castiel agora não estava mais sozinho havia outro anjo a lidar com a situação. Um anjo mais audaz e cruel. Uriel não media as palavras ao falar do apocalipse e toda aquela arrogância deixou um Sam Winchester questionando sobre o que os anjos realmente eram.  Castiel o apresentara como um especialista e o desdém do anjo Uriel a humanidade era visível. As palavras de Uriel ainda ecoavam na cabeça do moreno, pois ele sabia sobre o sangue de demônio e isso incomodou-o. E para surpresa dos Winchester Uriel acabara sendo morto por Castiel, já que o anjo de sobretudo bege descobrira que as intenções reais de seu “irmão” angelical era trazer o apocalipse a terra. Dean continuava relembrando tudo que passara nos últimos meses. Fora tantas provações e sacrifícios e tudo começava a se desmoronar ao perceber que estava perdendo seu irmão ao vicio satânico. Sam não admitia, mas ás escondidas continuava alimentando-se de Ruby e quando não se há mais volta e o mar começa a ficar revolto e incontrolável, Dean Winchester decide dar um basta. Não conseguia suportar o que via a sua frente e não conseguir fazer seu irmão voltar a realidade o atormentava, muito mais do que o inferno o atormentou. E foi naquela noite escura e chuvosa que dois irmãos de sangue lutavam um contra o outro. Os socos, o sangue, as palavras trocadas e o abandono.

— Você prefere um demônio do que seu próprio irmão? Ruby está te envenenando Sam. Você não consegue perceber isso? Está tão cego que não consegue ver o que está na sua frente? — disse Dean tentando livrar-se das mãos do caçula em sua garganta.

— Dean, você está errado. Você voltou do inferno incompleto, está fraco. Eu por outro lado estou forte e sei muito bem o que estou fazendo. Ninguém me controla ou me manipula. Ao contrário EU estou manipulando a Ruby, e quando eu detonar a vadia da Lilith, você se ajoelhará pedindo meu perdão. Essa noite acabarei com Lilith e será sem você, sem suas lamúrias. Ruby já nos ajudou... me ajudou incontáveis vezes e você é o único que não enxerga isso. Estou farto de ser olhado por você como uma aberração. Vou provar o quanto está errado — o moreno gritava enraivecido enquanto segurava firmemente o pescoço do mais velho contra o chão. Sentindo que Dean começava a perder os sentidos soltou-o abandonando-o em meio aos vidros quebrados.

— Samm... se você sair por essa porta... não volte nunca mais! — a voz rouca e as lágrimas da face de Dean encontraram o rosto de um jovem determinado a acabar com o que estava prestes a fazer. Sam torceu a face em um rito de ódio e repulsa e saiu, sem olhar para trás deixando um homem caído e derrotado.

Dean sentia um misto de ódio, dor e angústia. Não podia estar tão errado, seu instinto era forte e costumava não errar e ver seu irmão dando-lhe as costas com aquele olhar frio e sombrio deixou-o em frangalhos. Não teve forças para levantar por alguns minutos, sentia as lágrimas descerem e misturarem-se com seu sangue. Então como em um passe de mágica, o loiro já não estava mais caído ao chão coberto de estilhaços e sim em um lugar limpo e com muito requinte.

— Olá Dean — a voz calma que lhe cumprimentava era conhecida.

— Castiel? Que raios estou fazendo aqui? Que lugar é esse? — o Winchester falava observando cada adorno do quadro a sua frente que retratava o arcanjo Miguel com sua espada pronto para acabar com o demônio a seus pés.

— Precisamos conversar... — começava o anjo até Dean virar-lhe as costas e se encaminhar a porta a sua frente.

— Desculpa aí Castiel, mas não posso jogar conversa fora neste momento e... mas que Diabos é isso? Onde foi parar a porta? — O loiro procurava em vão por uma saída.

— Ora, ora vejam só se não é o famoso Dean Winchester. Venha cá “cara” a mesa está repleta de coisas que você adora — dizia o anjo careca de olhar sinistro.

— Você? Zachariah não é? — Dean notou a mesa repleta de cheeseburgers de bacon duplo e cerveja que ele adorava.

— Bom saber que ainda lembra de mim, mas venha, tudo está como deveria estar meu amigo. Seu irmão está onde deveria estar, é o destino dele. Você não mudará nada. Então, que acha? — dizia o anjo apontando para a mesa convidativa.

 Dean Winchester sentia seu ódio crescer ainda mais na presença daquele homem, e vê-lo falar o nome de Sam daquela forma irônica e prazerosa só deixou-o ainda mais desconfiado com a situação. O loiro olhou para Castiel que estava de cabeça baixa e voltou sua atenção a Zachariah.

— Me tirem desta sala, agora! Lilith ainda está a solta rompendo e selos e pelo que eu saiba falta muito pouco selos para ela quebrar. Vocês querem o apocalipse? Meu irmão pode estar trilhando um caminho perigoso, mas que está fazendo pelo bem do mundo. No qual ele ainda acredita, temos opiniões diferentes, no entanto com o mesmo intuito de impedir o apocalipse. Por essa razão, me tirem daqui! Vamos impedir que Lilith rompa o último selo! — Dean estava muito próximo do anjo mais velho, que apenas suspirou.

— Tolo. Você acha que conseguirá deter Lilith? Um mero humano fraco e pobre de espírito como você? — o anjo dizia as palavras com um sorriso nos lábios e com seus olhos que fuzilavam o jovem a sua frente.

— Posso não ser a pessoa certa para isso. Mas Sammy, meu irmão irá acabar com a “vaca” de olhos brancos, ele irá destruí-la! —  Dean enchia a boca de convicção ao formular tal afirmação.

— Dean, Dean... pensei que vocês fossem mais espertos. Mas não passam de marionetes em nossas mãos —  Zachariah agora sentira os punhos de Dean em seu maxilar.

— Feche essa boca seu maldito. Vocês eram para ser anjos de verdade e ajudar nós meros humanos, como você mesmo diz, mas não apenas nos menosprezam e para quê? Por um a caso vocês querem o apocalipse? Vocês querem ver Lúcifer de volta a terra? Castiel você quer isso? —   Dean segurava o pulso, mais um pouco e acabaria quebrando os ossos no queixo de Zachariah, que nem sequer piscou.

— Dean... eu...eu sinto muito. — Castiel realmente parecia muito mal com tudo que estava acontecendo.

— O que você quer dizer com sinto muito? Mexa esse traseiro e vamos ajudar o Sam acabar com aquela vadia, impedindo-a de quebrar o ultimo selo! — o Winchester apenas viu o semblante de Castiel ficar ainda mais baixo.

— Pare com isso Dean. O selo será rompido, estamos contando com isso. O destino não se muda — Zachariah sorriu.

— Bobagem, nós fazemos nosso destino. Sam está determinado a acabar com Lilith e assim o fará, impedindo que o  apocalipse recaia sobre a terra.

— Seu idiota. LILITH É O ÚLTIMO SELO!! — berrou Zachariah.

Dean Winchester sentiu o mundo desabar sob seus pés, seus olhos encontraram o céu azul do olhar de Castiel, e a tão temida confirmação.