Naruto realmente não entendia aquela mulher. Em um momento estava quase desmaiando com a perspectiva de ter piratas sob o mesmo teto que o pai, e agora parecia convidá-los a participar do baile que faria. Olhou para Sakura e soube no mesmo momento que o motivo daquele convite era por causa dela, que parecia tão animada. Em contrapartida, ele podia ouvir os resmungos de Sasuke que esperava que ele negasse o convite. Olhou para Gaara que deu de ombros, mas o sorriso não saia do rosto do pirata, com certeza ele desejava ir para aquele baile. Por último, observou a anfitriã que fez o inesperado pedido, ela parecia um pouco nervosa, provavelmente havia dito aquilo no impulso, mas sorria e conversava com Sakura, contando algo sobre o baile, tentando se acalmar e torcendo para que ele negasse.

                O olhar dela se encontrou com o dele e Hinata corou, desviando o olhar em seguida.

— Bom, agora que essa questão já foi decidida, é melhor eu voltar aos meus afazeres – disse querendo fugir dos orbes azuis do Capitão Uzumaki.

— Espere, nada foi decidido ainda! – Sasuke se pronunciou e fitou o Capitão – Iremos realmente ficar para esse baile? – e foi a vez de Hinata encarar Naruto que refletiu um pouco antes de sorrir.

— Nunca recusaria o pedido de uma donzela como a senhorita Hinata – e fez uma leve mesura para a perolada que corou.

— Sakura, por que não vem me ajudar? Assim lhe mostro o que planejo fazer! – e então Hinata puxou a menina porta afora o mais rápido que podia, sem dar a chance de Sakura responder, deixando os piratas a sós.

                Hinata sempre se achou uma garota sensata, uma dama que sabia tudo sobre etiqueta e como lidar com as mais diversas situações sem perder a elegância, mas pelo visto ela não sabia lidar com o Capitão Uzumaki Naruto. Claro, quando disse que eles poderiam ficar foi algo impulsivo, devido ao fato de Sakura parecer tão entusiasmada, mas ela pensou que ele recusaria, pensou que só estava fazendo o seu dever como boa anfitriã e não que ele fosse aceitar, justamente porque ele sabia sobre o problema que seria ter eles ali com o seu pai. Mas, ele não recusou! Pelo contrário, ainda quis flertar com ela, céus! Estaria ele brincando consigo? O que poderia esperar de um homem assim?

                Sentiu Sakura puxar seu braço e virou-se para a amiga que a olhava confusa.

“O que houve?” ela questionou e Hinata teve vontade de contar o que sentia, mas como se nem mesmo ela entendia? Suspirou e pediu que a seguisse até os seus aposentos.

                Ao chegarem, sentaram na beira da cama e Hinata começou a conversa.

— O que você acha do Capitão Naruto? – ao ver o olhar desconfiado de Sakura, sentiu as bochechas quentes. Céus, o que ela pensaria de si? Será que acharia que estava interessada no pirata? E corou ainda mais ao pensar nessa possibilidade. Não! Isso não!

                Sakura, em contrapartida, tentava não rir do rosto de desespero da humana e pensou em como responder à pergunta dela.

“Ele é uma boa pessoa. Ele me ajudou e me deu um lugar para ficar, mesmo quando menti que era um garoto e...”

— Como assim? Oh! Você ainda não me contou sobre o que aconteceu com você! – a Hyuuga percebeu e Sakura achou que, se queria saber sobre o passado de Neji e Hinata, ela poderia contar sobre as suas aventuras no Kurama primeiro.

                E naquela tarde, foi o que fez. Discorreu sobre os companheiros do Kurama, sobre os infortúnios e os perigos e como escaparam de todos até chegarem à casa de Hinata. Havendo sempre o cuidado de omitir determinados detalhes, como sua relação fraterna com Ino. A Hyuuga abria a boca em determinados momentos e fazia exclamações ao se assustar com algo, achando incrível e ao mesmo tempo assustador tudo. Ela só podia dizer que Sakura realmente era mais forte do que parecia para enfrentar tudo aquilo sozinha no meio de tantos homens brutos.

—*-

                Depois daquilo, Sakura tentou fazer Hinata falar sobre a sua relação com Neji e, apesar de ter conseguido saber poucas coisas, como o fato de terem sido criados juntos, a perolada não contava nada sobre como eles se separaram, sempre dando alguma desculpa ou fugindo de si ao dizer que estava muito ocupada com o baile. Então resolveu respeitar a vontade da humana, pelo menos por enquanto, já que sua curiosidade nunca a deixaria em paz até saber a verdade. Ela até tentou sondar Neji, mas esse ainda estava se recuperando e não parecia de muito bom humor quando fora visitá-lo no outro dia.

                Gaara havia lhe dito, entre risos, que ele estava assim, pois Tenten não parava de perguntar sobre Haru. Sakura sorriu sem graça, sabendo que ainda tinha que conversar com moça. E como se não fosse o bastante, ainda havia Sasuke. Depois do dia em que descobriram que iriam ficar até o baile, ela fugiu dele como um peixe foge de um tubarão. Ela estava magoada e não queria ouvir mais nenhuma reclamação dele. Sabia que não poderia fugir para sempre, afinal ele era seu superior no navio, mas enquanto não estivessem em alto-mar novamente, ela pensou que não haveria problema evitar ser tratada como um Grumete de navio. Apenas por alguns dias ela queria descansar e ver como era aquela tradição do mundo humano.

                O único problema era que, em todo lugar que ia, parecia que Sasuke estava lá. Podia até ser imaginação dela, mas jurava que ele estava tentando falar algo consigo, só que ela não ficava tempo o suficiente no mesmo ambiente para dar a ele a chance de falar. E aquilo provavelmente já devia estar irritando o Contramestre, pois Kiba, Gaara e até mesmo Shikamaru já haviam comentado sobre o humor do Imediato e que ele provavelmente iria mandá-la limpar todo o navio quando voltassem para o Kurama pelo fato de estar sendo insubordinada. Saber aquilo só serviu para que ela continuasse fugindo dele.

                E quando percebeu já era o dia do baile. Ela acompanhava Hinata de um lado para o outro, tentando ajudá-la. Hinata havia feito uma reunião com todos os piratas no dia anterior, a fim de explicar para eles como seriam as coisas durante a festividade e Sakura tinha que admitir que estava orgulhosa da amiga, principalmente ao recordar como fora a conversa.

— E-Então... eu chamei todos aqui, pois precisamos... – Hinata começou a falar nervosa, enquanto encarava todos os piratas na sua mesa de jantar.

                Eles pareciam alheios ao que estava sendo dito, já que não haviam parado de comer um minuto, mesmo com sua chegada no cômodo. A única que detinha sua atenção era Sakura. Suspirou ao ver o que Shizune lhe avisara sobre os modos dos “hóspedes”. Tentou pigarrear e chamar a atenção dos homens que continuavam lhe ignorando abertamente. Olhou para o Capitão que conversava com o Imediato e a ignorava assim como todos, apesar de que ela tinha certeza de que ao menos ele estava ciente de sua presença, já que fez questão de esquadrinhar o seu corpo ao entrar no cômodo. Ela não conseguia entender como a pessoa que Sakura descreveu podia ser esse mesmo homem que a tirava do sério.

                Sakura ao ver que Hinata tentava falar algo, resolveu ajudar. Levantou-se da cadeira e bateu com as duas mãos na mesa, assustando aos homens que olhavam para a Grumete como se ela tivesse três cabeças.

“Hinata tem algo a dizer! Parem de ser mal educados!” e foi com surpresa que a Hyuuga viu todos virarem a cabeça em sua direção.

                Sentiu o rosto esquentar pela atenção repentina e ficou intrigada ao ver como aqueles homens pareciam respeitar Sakura, ouvindo sempre o que ela tinha a dizer, afinal não era qualquer um que fazia tantos piratas se calarem tão facilmente. Agradeceu à amiga pela ajuda, pois agora teria a chance de explicar o que queria, bastava que tivesse coragem para tal.

— E-então... eu queria...

— Qual o problema princesa, não consegue falar direito? – Kiba a interrompeu, rindo, sendo acompanhada por Gaara, Chouji e Hiruzen, que já estava bêbado.

— É melhor demonstrar mais respeito para com a lady, Inuzuka – Naruto o repreendeu de forma incisiva, para a surpresa dos piratas que não esperavam essa reação do Capitão.

                Hinata sentiu as bochechas corarem ao ver que o Uzumaki havia a defendido e a encarava de forma tão firme, como se esperasse por algo. Pigarreou e respirou fundo, decidida a não ser uma fraca diante daqueles homens grosseiros e usando toda a educação e postura que lhe foi ensinada, começou a falar:

— Amanhã será o dia do baile. Haverá muitas pessoas na casa e muitos convidados, então vocês não serão notados com facilidade – mas foi interrompida pelo Contramestre.

— Eu não contaria com isso – e apontou para as roupas que todos usavam. Botas desgastadas, chapéus, casacos longos e surrados, camisas velhas e até mesmo sujas. A aparência deles sugeria um desleixo extremo para com as normas da etiqueta e todos os reconheceriam como homens do mar.

— Eu me certifiquei de mandar preparar para todos roupas mais apropriadas – disse Hinata e o Uchiha arqueou a sobrancelha, esperava que a mulher não os vestisse como completos idiotas com todos aqueles babados que via os nobres usarem. – Peço que experimentem e se houver que fazer algum ajuste, avisem à Shizune. Também quero informar que todos deverão ser polidos com os convidados e não pode haver nenhum tipo de discussão ou briga. Tudo deve estar perfeito para amanhã, por isso, de preferência, é melhor vocês ficarem à margem da festa.

— Akamaru também ganhará uma roupa? – brincou Kiba, mas logo sua risada findou-se ao ouvir as palavras da Hyuuga.

— Céus! Não! O cachorro nem ao menos estará presente na noite! – retrucou horrorizada.

— Como é? – o pirata levantou-se indignado – Por que Akamaru não participará? Ele é mais educado do que muitas pessoas da realeza! – contrapôs e como se o cão concordasse, latiu.

— É proibida a presença de animais em bailes... – tentou falar, mas o Inuzuka novamente a cortou, reclamando e ao ver que ninguém parecia disposto a calar o pirata, pois todos já estavam cansados de lidar com o humor de Kiba, Hinata tentou explicar, mas não obteve sucesso.

                Olhou ao redor e viu que os piratas iniciavam uma discussão entre si sobre outros assuntos, perdendo o foco da reunião, comentando algo sobre as roupas, como não gostaram da ordem, como não iriam deixar uma boa briga e outras coisas triviais. Parou seu olhar em Sakura para novamente pedir ajuda, mas a amiga parecia estar com problemas maiores, preocupada demais em fazer Hiruzen parar de beber e explicar ao bêbado o que fora dito, deixando os outros piratas se resolverem sozinhos. Suspirou ao ver que nem Sakura iria ajudá-la e ao ver que todos elevavam cada vez mais a voz, percebeu a grande besteira que estava fazendo ao trazer tantos piratas para dentro de sua casa. Mas ela não iria desistir, não iria deixar que eles estragassem tudo depois do trabalho que teve, então, pela primeira vez, perdeu a paciência que tinha.

— Calados! – bradou e mesmo que não tivesse a mesma imposição que Sakura, conseguiu a atenção que queria – Eu os ajudei, então em troca o mínimo que podem fazer é seguir as minhas ordens sem reclamar! – e em seguida olhou para Kiba – Não! O cachorro não participará do baile! – depois para o Uchiha – Você usará a roupa designada, mas pode ajustar, então pare de reclamar antes de ver! – e por último para Naruto e Gaara, quem ela ouvira comentar a respeito de não gostarem da parte de ter que serem educados com os nobres – E vocês, pouco me importa se não gostam de nobres, aqui na minha casa vocês se comportarão como cavalheiros! Estamos entendidos?

                O rosto da Hyuuga estava vermelho de raiva e parecia que veias haviam saltado ao lado dos olhos dela. Ficara tão assustadora que ninguém foi capaz de retrucar. Sakura riu ao lembrar da cara de espanto dos humanos e como eles comentaram, depois que Hinata havia ido embora, que ela havia arranjado alguém aterrorizante como amiga. E agora, ambas estavam conferindo se nada estava faltando, quando Hinata lhe deu uma missão. Uma missão que não gostara nem um pouco: conferir os trajes dos rapazes.

                O problema não era realmente fazer isso, mas é que ela precisaria falar com Sasuke, algo que estava evitando. Franziu o cenho e tentou convencer Hinata, mas a perolada disse que só faltava isso e ao ver como a humana parecia cansada, resolveu acatar a ordem e ajudá-la. Não foi difícil encontrar os humanos, eles haviam escolhido alguns lugares bem específicos no castelo onde gostavam de estar. Chouji, na cozinha, Shikamaru, na biblioteca, Gaara estava sempre no quarto de Neji, Naruto sempre ia ver como estava os reparos do Kurama junto com Sasuke e Kiba gostava de ficar nos jardins junto de Akamaru e Shino. Hiruzen era o mais difícil de encontrar, já que sempre estava bêbado e zanzando por todos os lados.

                E um por um, ela foi questionando sobre os trajes até que faltava somente Sasuke. Ela fez de tudo para demorar a encontrar os outros, mas parecia que o destino queria brincar consigo e os piratas foram surgindo a sua frente, mesmo que tentasse evitar. Logo, ela não teve escolha a não ser ir falar com Sasuke. Suspirou ao encontrá-lo observando o mar em uma das grandes varandas do castelo. Ele parecia calmo e concentrado na vista e, por um minuto, não pode deixar de contemplar a beleza do humano. O cabelo escuro fazia um contraste bonito na pele alva do rapaz, os traços dele, sempre tão sérios e rígidos enquanto dava ordens no Kurama, agora estavam relaxados e davam a ele um ar mais... sereno, até mesmo mais jovial e mais bonito.

                Franziu o cenho com o pensamento, “mais bonito”? Desde quando achava Sasuke bonito? Desde quando achava um humano bonito? Devia ter engolido água do mar demais ou batido a cabeça com força, se Ino ouvisse aquilo iria reclamar em seus ouvidos até a morte por considerar que humanos detinham uma beleza que pudesse ser comparada a de seres míticos. Não que ela estivesse comparando-o com um ser mítico, mas...

— Vai ficar ai por quanto tempo? – a voz de Sasuke a retirou de sua discussão interna. E ali estava, novamente, o rosto sério, as sobrancelhas franzidas e o ar de quem estava irritado por algo. Mas mesmo assim, ele continuava bonito, apesar de preferir vê-lo mais relaxado.

                E novamente estava pensando na aparência do humano. Balaçou a cabeça e sentiu o rosto arder ao ver que era alvo de escrutínio do Imediato.

“Vim perguntar sobre o traje de hoje” mexeu os lábios ao se aproximar um pouco receosa. Não sabia como estava o humor do Uchiha naquele momento, mas pelo o que ouvira dos outros piratas, não era dos melhores.

                O Uchiha bufou e encarou a garota que parecia desconfortável ao seu lado. E ele também se sentiu desconfortável. Estava tentando ir falar com ela nesses últimos dias, mas o fato dela não estar facilitando as coisas, acabou piorando o seu humor e ele se perguntou se realmente devia pedir desculpas à ela, já que ela não parecia ter a mínima vontade de falar com ele.

— Resolveu parar de fugir de mim como se eu estivesse com a peste? – indagou e Sakura levantou uma sobrancelha, confusa.

                Ela não sabia o que significava ter a peste, mas imaginou que não fosse algo bom. Cruzou os braços e resolveu retrucar.

“Apenas não queria ouvir mais reclamações sobre como faço tudo errado!” e Sasuke se surpreendeu com a resposta. Ultimamente a Grumete estava desafiando cada vez mais o seu comando, respondendo-o de forma brusca e o pior era que ele não conseguia colocá-la no lugar dela, de subalterna, como fazia com os outros. E ele não entendia o porquê.

— Eu não estava querendo reclamar, eu só... – e quando deu por si já estava lá, quase dizendo aquelas palavras que atingiam diretamente o seu orgulho. Calou-se e Sakura ficou curiosa com o que ele diria, inconscientemente aproximou-se dele.

“O que você ia dizer?” indagou e Sasuke não conseguiu escapar daqueles olhos verdes.

— Eu só... – ele ficou um pouco perdido, como se procurasse as palavras certas para pedir desculpas, mas não conseguiu terminar, pois Sakura afastou-se rapidamente, desviando o olhar. O que fora aquilo agora?

                Ele não entendeu o motivo dela se afastar tão bruscamente e Sakura só conseguia se repreender mentalmente, será que ela havia feito de novo? Será que ela estava controlando Sasuke, como fez com Neji? Só isso justificava o fato dele ter ficado daquele jeito ao olhá-la, como se estivesse em transe, e ela não queria que ele agisse assim com ela, não queria controlá-lo.

— Sakura... – chamou, mas ela continuava nervosa, olhando para todos os lados menos para ele. Suspirou. Não entendia aquela garota – Me desculpe, não devia ter descontado minha raiva em você – falou de uma vez e aquilo atraiu a atenção dela novamente. – O traje também ficou bom, não se preocupe – e antes que ela pudesse responder algo, ele já se retirava da varanda, sentindo-se envergonhado e ridículo por ter pedido desculpas à Grumete, ficara também apreensivo, pois não sabia se ela esqueceria os seus erros com tão pouco, mesmo que para ele não fosse.

—*-

                A noite chegou e logo os portões foram abertos para receber os convidados. Podia-se ouvir a música alta, as conversas que se iniciavam, as vestimentas tão pomposas dos nobres e Sakura estava ansiosa para entrar no salão e ver de perto os costumes daqueles humanos. Só havia um problema...

— Sakura, você ainda não está pronta? – Shizune brigou com a menina que pulou com o susto – Olha as roupas que você está usando! – reclamou ao ver as calças masculinas que Sakura insistia em não tirar por serem “muito confortáveis”.

“Eu estava indo me arrumar nesse momento...” justificou-se, mas a criada não parecia acreditar e estava pronta para mandá-la se arrumar novamente quando a mais nova voltou a mexer os lábios “O pai e a irmã da Hinata já chegaram?” indagou espiando novamente pela fresta da porta.

                Ela estava na parte restrita do castelo, na área de acesso apenas para os familiares e hóspedes, olhando escondida por uma pequena abertura da porta. De lá, ela conseguia visualizar a imensa escadaria que se descia até chegar ao meio do salão, mas não parecia enxergar o Lorde Hyuuga em nenhum lugar, mesmo que tentasse.

— Não seja mexeriqueira, Sakura! – Shizune a repreendeu – Lorde Hiashi irá chegar durante o baile, junto da senhorita Hanabi, uma entrada triunfante, como de costume – comentou e Sakura sorriu com expectativa – Agora, vamos, vou ajudá-la a se arrumar. A senhorita Hinata, em breve, irá descer para recepcionar os convidados e ela quer você junto a ela.

                Sakura não teve alternativa a não ser seguir a criada e torcer para não sofrer muito durante essa “arrumação”. E enquanto era levada por Shizune viu quando Tenten entrava no quarto de Neji e não pode evitar suspirar, ainda não havia tido tempo para conversar com a moça, mas não podia adiar mais, afinal iriam partir após o baile. Então prometeu a si mesma que hoje à noite contaria a verdade para a Mitashi, ela só não sabia como ainda.

—*-

                Já estava ficando entediado naquele baile. Ele odiava aquele tipo de festa e achava totalmente desnecessário a ideia do Capitão, mas tinha que admitir que, pelo menos, a comida era boa. Olhou ao redor vendo Chouji com um prato nas mãos junto de Shikamaru, estavam mais afastados, apenas apreciando a comida e a bebida. Do outro lado do salão estava Shino, completamente desconfortável naquele ambiente e completamente isolado, provavelmente iria se esconder entre a decoração a noite toda. Virou o rosto e viu Kiba ao lado de Gaara e aquilo o preocupou. Havia conversado com todos os piratas sobre a postura que deveriam ter durante a festa, reforçando o pedido de Hinata, mas aqueles dois eram capazes de tudo e por isso ficaria de olho neles.

                Por último focou sua atenção no Capitão que parecia se misturar bem entre a nobreza, conversando com eles como se fosse um igual, o que ele havia sido há muito tempo, e parecia que não havia perdido a prática. E enquanto todos ficariam se divertindo, ele permaneceria atento e vigiando todos os seus para que nada desse errado naquela noite. Mesmo que Hinata fosse confiável, havia mais guardas ali e o fato do lorde do castelo estar presente... bom, não sabia o que esperar do tal Hiashi. Olhou para a escada sabendo que faltava Sakura aparecer e Neji. Porém este não compareceria ao baile, alegando ainda estar se recuperando, mesmo Tenten dizendo que não havia mais o que se preocupar.

— Ora, não se preocupe tanto! – sentiu o Capitão colocar a mão sobre o ombro dele – Daqui a pouco a senhorita Hinata deve aparecer e fazer um brinde em homenagem ao pai. O Lorde fala, enche a cara, assim como todo mundo, jantamos e depois saímos sem ninguém notar – sorriu antes de levar a taça com vinho à boca.

— Você é muito relaxado e isso sempre acaba comigo tendo que livrá-lo da morte – o Uzumaki riu com a frase, sabendo que era verdade, mas o que poderia fazer? Não recusaria uma boa festa.

— Acho que o Lorde Hiashi não terá motivo para me matar na noite de hoje – comentou despreocupado e Sasuke sorriu de canto.

— Tem certeza? – e em seguida indicou com a cabeça a escada onde despontava a anfitriã da noite.

                Naruto olhou na direção indicada e inconscientemente abriu a boca, sem acreditar no que via. É claro que ele sabia que a moça tinha uma beleza angelical, ninguém duvidara disso na primeira vez que a viram, porém ele não imaginava que ela pudesse ficar ainda mais bela. Hinata usava um vestido longo e bufante de mangas curtas de um azul claro, tão claro, que alcançava o cinza, cravejado com pequenas e delicadas pedras brilhantes que, ao se mover, parecia que as estrelas do céu estavam costuradas. O decote era modesto, mas ele conseguia perceber o busto avantajado da Hyuuga a cada respiração. As mãos estavam cobertas por longas luvas brancas, tão delicadas quanto a pele dela parecia ser.

                Por último, o rosto da mulher estava emoldurado por algumas mechas soltas do cabelo preto comprido, enquanto o resto permanecia preso no alto da cabeça em um coque elegante e bem feito. Ela parecia um pouco nervosa, mas o olhar dela denunciava a alegria de rever a família novamente e, por um instante, os olhares deles se encontraram. E Naruto arfou com a visão daqueles olhos sob si. É, talvez Sasuke estivesse certo e Lorde Hiashi teria um motivo para matá-lo naquela noite.

—*-

                Sakura respirava fundo. Primeiro, pois reunia coragem para falar com Tenten, segundo pois a roupa que Shizune escolhera para si parecia impedir que respirasse, mas era agora ou nunca! Bateu no quarto de Neji e entrou, encontrando Tenten sentada na beira da cama, falando algo para Neji e Gaara encostado em uma parede. Ao verem a jovem, os homens arregalaram os olhos não acreditando no que os seus olhos viam, enquanto Tenten não entendia a reação dos piratas, apesar de admitir que a tal de Sakura estava realmente linda.

— Sa-Sakura? – Gaara acabou gaguejando e odiou-se por isso.

                Ela sorriu para ele, sem entender o motivo daquele nervosismo, mas logo voltou sua atenção para Neji. Ele ainda estava com a boca aberta e foi preciso que Tenten pigarreasse para que ele voltasse a si.

— Sakura... o que faz aqui? – questionou, tentando se controlar ao ver que Tenten parecia um pouco irritada com a forma como eles agiam com a presença de Sakura. Mas a verdade era que não imaginavam que ela pudesse ficar daquela forma tão... diferente. E eles já a achavam bonita antes.

                A Sakura lhe mandou um olhar em resposta que fez Neji estremecer, mas dessa vez de medo ao perceber qual era a intenção da menina.

— Não acha melhor... – tentou dizer algo, mas logo Sakura negou com a cabeça e cruzou os braços em frente ao peito, fazendo o decote do vestido ficar mais evidente.

                Gaara deu um passo para mais perto, inconscientemente, com a cena, mas também estava curioso com qual seria o desenrolar dos fatos a sua frente. Neji olhou para Gaara que deu de ombros e tentou dissuadir Sakura, que negou com a cabeça. Por último encarou Tenten que parecia confusa com tudo aquilo.

— Tenten... eu, quer dizer nós... – começou a engasgar na hora de falar e a Mitashi prontamente lhe ofereceu um copo d’água.

— Está tudo bem? – observou a todos no recinto, sem saber o que acontecia. Por qual motivo Neji estava tão nervoso? Até suava frio, pelos deuses!

— Está sim, Neji quer apenas lhe contar algo sobre Sakura – Gaara decidiu ajudar ou pelo menos pensou que ajudara até ver a carranca de Neji em sua direção.

                Tenten tentou não se sentir incomodada com a frase de Gaara, mas foi inevitável não pensar que Neji lhe diria que ele tinha um caso com Sakura. E aquilo, por algum motivo, a irritou. Por quê? Não tinha nada com o pirata e nem queria ter! Ele era um grosseiro, arrogante, sempre pensara isso dele e sempre quis que ele a deixasse em paz e finalmente tinha conseguido isso com a chegada da mulher de cabelos rosas. Mas agora que tinha tido a chance de passar um pouco mais de tempo com Neji, ela percebera que ele não era tão ruim quanto imaginara. Era até divertido participar das discussões dele e de Gaara, que vivia no quarto.

Ora, ela não entendia aquilo, eles poderiam ser amigos, mesmo se Neji e Sakura tivessem algo, então por qual motivo se sentia assim? Ela gostava de Haru também! Suspirou pensando que ainda não sabia o que havia acontecido com o Grumete, pois sempre Neji ou Gaara mudavam de assunto e a distraiam com algo.

— Tenten, está ouvindo? – Neji chamou a atenção da moça que se sentiu sem graça ao ver que havia devaneado.

— Sim! Quero dizer, não! Pode repetir? – e o pirata suspirou, reunindo coragem para dizer o que devia.

— Eu queria dizer que Sakura, ela é...

— Ah, se é sobre isso, não precisa se preocupar, eu já sei! – interrompeu a morena, fazendo todos arregalarem os olhos.

— Sabe? – Gaara questionou e olhou para Sakura que também estava surpresa, então se ela não havia contado nada para a moça, como Tenten descobrira tudo?

— Sim, ficou nítido pela forma como Sakura se preocupava com Neji.

— Comigo? – Neji estranhou a resposta e resolveu esclarecer aquilo de uma vez – Do que você está falando, Tenten?

— Ora, você vai me dizer que está tendo algo com Sakura, não? – Tenten respondeu com uma pergunta e foi o suficiente para Gaara e Neji explodirem em uma gargalhada.

                Sakura ficou sem entender a frase de Tenten, como assim “tendo algo” com Neji? E por qual motivo eles estariam rindo? Tenten também não parecia entender, mas diferente de Sakura que estava apenas confusa, a humana estava ficando irritada com as risadas.

— Parem! Qual o motivo da graça? – explodiu e Gaara respondeu em meio aos risos:

— É que você... entendeu... errado! Sakura não tem nada com Neji!

— Então o que vocês querem tanto falar sobre ela? – cruzou os braços, irritada. Gaara abriu a boca para responder, porém Neji o interrompeu. Ele sabia que, se Gaara respondesse aquela pergunta de forma debochada e ainda rindo da Mitashi, ela ficaria furiosa com todos.

— Tenten – pigarreou Neji, chamando a atenção da mulher – O que eu queria dizer é que, bom, você já conhece a Sakura faz um tempo.

— O quê? Como? – e olhou a outra mulher, tentando reconhecê-la de algum lugar, mas nada lhe veio à mente.

— É verdade, porém você a conheceu de uma forma diferente, assim como todos nós! – Gaara continuou, tentando amenizar a bomba que estava prestes a explodir.

— Como assim? Expliquem-se melhor! – mandou a morena.

— SAKURA É O HARU! – Neji soltou de uma vez e fazendo o silêncio predominar naquele quarto em seguida.

— O-O quê? – gaguejou a moça antes de começar a rir de forma nervosa – Parem de gracinhas! O Haru é o grumete do Kurama, não essa mulher aqui! – bradou, agora irritada.

                Sakura assustou-se com a mudança brusca de humor da jovem e viu os dois piratas suspirarem, como se esperassem por isso, então ela resolveu se pronunciar por si própria. Aproximou-se de Tenten e virou o rosto da menina na sua direção, para que ela olhasse para si. Sorriu de forma tímida e movimentou os lábios devagar.

“Tenten, sou eu, Haru.” e aquilo foi o suficiente para a humana petrificar na sua frente. “Me desculpe ter mentido, mas ninguém sabia quem eu era de verdade, nem os rapazes. Eu precisava entrar no Kurama e ir para o mar. Eu precisava de ajuda para voltar para casa” explicou rapidamente e em nenhum momento Tenten conseguiu dizer uma palavra. “Você me perdoa? Eu realmente gostei de você, não queria ter mentido, mas não tive escolha!”

                Neji e Gaara estavam apreensivos, sem saber como seria a próxima reação da Mitashi, porém ambos ficaram surpresos ao ver Tenten abraçar Sakura.

— Eu... claro... eu devia ter desconfiado, você era tão pequena para um homem – riu de forma nervosa ao se afastar da menina que parecia surpresa com o gesto da humana – Era bom demais ter um homem tão bonito e gentil quanto você! Mas fico feliz que você tenha me contado a verdade!

“Então, está tudo bem? Podemos ser amigas?” Sakura questionou incerta.

— Claro! Eu vou adorar ser sua amiga! – respondeu e o sorriso de Sakura foi radiante, e foi a vez dela abraçar a humana e em seguida se despedir de todos, dizendo que queria ver o resto do baile.

                Gaara imediatamente seguiu a menina, pois se Sakura não havia percebido, ele percebera muito bem que Tenten estava prestes a desabar e ele não queria estar ali para lidar com aquilo. Achava que Neji devia fazer essa parte sozinho, já que ele dizia gostar da moça.

— Tenten... – começou o Hyuuga, chateado com o amigo por ter lhe deixado naquela situação sozinho, mas não conseguiu continuar pois fora interrompido pela Mitashi.

— Você deve me achar uma tola, não é mesmo? – e ela virou de costa para o pirata não ver a forma como estava.

— O quê? Por que eu acharia isso de você? – indagou sem entender o pensamento dela.

— Imagino o quanto você e Gaara devem ter rido de mim! Céus, o quanto os outros devem ter rido! Fui a piada de vocês esse tempo todo! – bradou com os punhos cerrados, recusando-se ainda a encará-lo de frente.

— Você está sendo tola agora! Nós não rimos de você! – tentou convencê-la, porém calou-se ao vê-la virar para si e ficou surpreso ao ver as lágrimas no rosto de Tenten. Era a segunda vez que ele a via chorar e pela segunda vez a culpa era dele.

— Você podia ter me contado antes, mas preferiu mentir e me ver iludida falando de Haru aqui! Como eu posso não ter sido uma piada? – bradou furiosa e sem dar chance de Neji responder, correu porta afora.

                Por um momento o Hyuuga ficou sem saber o que fazer, mas ele não queria sair dali com Tenten chateada com ele, igual como foi da outra vez. Então mesmo que não estivesse completamente recuperado, sabia que estava em condições de se levantar e segui-la, mesmo que significasse andar dentro daquele castelo novamente. Ele faria isso unicamente por Tenten.

—*-

 - Está belíssima esta noite, senhorita – Naruto disse ao ouvido de Hinata que se arrepiou com a aproximação e engasgou com o champagne.

— Não sabe o que é espaço pessoal? – murmurou tentando se recompor e Naruto sorriu.

— Não quando se trata de você – comentou e deliciou-se ao vê-la corar.

                Hinata havia decidido ignorar o caso dos piratas por toda a noite enquanto esperava o pai e a irmã, mas aquilo se tornava difícil ao ser seguida pelo Capitão Uzumaki. Rapidamente observou o traje dele e teve que dizer que se surpreendera vendo aquele casaco nas cores laranja e dourado ficarem tão bem nele. Quando Sakura disse que ele havia mudado a cor do traje, quase teve um treco pelas cores escolhidas, mas nele, incrivelmente, lhe caía bem.

— Gosta do que vê? – comentou e Hinata sentiu o rosto esquentar novamente, mas não pode responder, pois sentiu algo se agarras às suas saias e foi com alegria que notou que era Hanabi quem estava ali.

— Irmã! – a voz infantil lhe chamou com alegria e Hinata logo estava retribuindo o gesto, abraçando a mais nova – Estava com saudades!

— Eu também Hanabi! Você, por acaso, cresceu? – perguntou sorridente e Hanabi logo começou a falar sobre como estava maior e outras coisas que lhe aconteceu enquanto estava fora.

                Naruto apenas observava a cena, encantado como as irmãs interagiam. E tão distraído estava que nem notou a figura imponente que logo despontou no meio do salão. Por onde passava Hiashi Hyuuga era recebido com uma pequena reverência por parte dos convidados até que chegou até as filhas, bem ao lado de Naruto que nem ao menos havia percebido a sua presença. Mas Hiashi notou a forma como o homem estranho olhava suas filhas e como não demonstrava o mínimo de cortesia para o anfitrião da noite. Quem era esse homem?

— Hinata! – chamou e logo a filha sorriu para si, fazendo uma pequena reverência para em seguida abraçar ao pai, como fez com a irmã. Hiashi não era o mais afetuoso dos homens, mas abria uma exceção quando se tratava das filhas – Como foram as coisas na minhas ausência? Algum problema?

                Hinata congelou por um segundo e não conseguiu evitar olhar de relance para Naruto que permanecia ali, alheio ao fato de que era um intruso e estava bem diante do dono daquele lugar.

— T-Tudo bem, papai – e odiou-se por gaguejar, ela não era muito boa com mentiras, então pensou em distrair o pai com outro assunto. Uma pena que o Capitão Uzumaki não pensasse da mesma forma.

— Lorde Hiashi – a voz do pirata foi ouvida, fazendo Hinata suar frio. O que ele estava fazendo? – Gostaria de me apresentar, sou Uzumaki Naruto, um... amigo da sua filha, Hinata – e fez uma breve reverência ao nobre que franziu o cenho com o comentário do jovem.

— Uzumaki Naruto? – estranhou o nome – E como o senhor conheceu a meu filha? – e olhou para Hinata que parecia cada vez mais nervosa. O que aquele homem planejava? O objetivo era eles ficarem escondidos e não ir falar diretamente com o seu pai!

— Eu trabalho navegando no mar. Sou o capitão de um navio mercante – e sorriu amplamente ao ver atrás do nobre o rosto lívido de Sasuke por ver o que dizia.

— Marinha mercante? E Capitão? – Hiashi perscrutou o rapaz em busca de algo que o denunciasse, mas os trajes elegantes denunciavam a sua posição. Pelo visto era muito bem remunerado para ter um gosto tão excêntrico para roupas – Atua em qual área?

— Área de comércio. Realizo trocas marítimas nos portos – continuou a mentir e Hinata estava impressionada com a capacidade dele de fazer algo dessa magnitude de forma tão natural.

— Interessante. E como se conheceram? – novamente olhou para a filha à espera de respostas, mas quem respondeu foi Naruto ao ver que a jovem não conseguiria enganar o pai.

— Temos uma amiga em comum, não é senhorita? – e Hinata arregalou os olhos, finalmente entendendo o que ele queria fazer.

— Sim... – murmurou ainda atônita, mas logo se recuperou e virou-se para o pai – Sim, temos uma amiga em comum. Ela veio me visitar junto do Capitão Uzumaki.

— Ela viajava a caminho da sua casa, quando fomos forçados por uma tempestade a desviar de rota, foi então que ela lembrou-se da senhorita Hinata e pediu abrigo para mim e aos meus homens – finalizou Naruto bem na hora que Sasuke chegava na roda para impedir que houvesse alguma fatalidade em breve – Aproveito para apresentar o meu Imediato, Uchiha Sasuke – disse e o Uchiha ficou brevemente sem ação. O que diabos Naruto estava aprontando?

— Uchiha? Uzumaki? – e refletiu por um instante – Perdoem-me, mas não consigo me lembrar de ninguém com esses sobrenomes na atual marinha mercante, mas ao mesmo tempo, não posso dizer que me são estranhos. – falou desconfiado e Sasuke quis bater no Capitão.

                Eles podiam não ter sido da marinha real ou mercante, mas os pais deles eram. E mesmo que fizesse muito tempo desde a morte de ambos, era óbvio que alguém poderia notar a semelhança dos sobrenomes e ligá-los a tudo o que aconteceu, principalmente se fosse alguém de prestígio social como Hyuuga Hiashi. Olhou para Naruto como se pudesse fuzilá-lo com o olhar e finalmente o Uzumaki caiu em si ao ver a besteira que havia feito.

— Deve ser impressão, não faz muito tempo que fomos nomeados. Pode ter ouvido nossos nomes nos proclames reais – Sasuke tentou ajeitar a besteira feita por Naruto.

— Tem razão, pode ter sido disso – Hiashi respondeu ainda desconfiado – E onde está essa amiga de vocês, então? Quero que me apresente, Hinata! - pediu e o clima pareceu ter ficado mais ameno. E Hanabi, que via tudo de baixo, foi a única que percebeu que Naruto e Hinata soltavam a respiração como se estivessem aliviados.

— Oh, é mesmo! Preciso encontrar Sakura e... – parou de falar ao olhar na direção da escada e arfou, chamando a atenção Hiashi e Naruto.

— O que foi, Hinata? – Naruto indagou e em seguida seguiu os olhos até verificar o que tanto a fez ficar boquiaberta – Sasuke – chamou o Contramestre que verificava os outros, seria preciso repassar a história para eles, caso Hiashi resolvesse investigar mais sobre os dois – Sasuke! – chamou novamente.

— O que foi Naruto? – falou entredentes, já irritado pela gafe do amigo. Ele sempre ficava encarregado de salvar a pele do Uzumaki.

— Lembra que você disse que talvez eu tivesse problemas por causa da Hinata? – e olhou rapidamente para Hiashi com receio que ele tivesse ouvido algo. Sasuke apenas aquiesceu, sem entender – Bom, acho que quem terá problemas essa noite é você – e apontou para a escada.

                Sasuke, ainda confuso, olhou na direção que o Capitão apontava e ficou sem ar diante da figura que estava belamente parada na parte mais alta da escada, observando a tudo com alegria enquanto também era observada por todos. Não podia ser Sakura, podia? Esqueceu-se que devia permanecer ao lado do Capitão para evitar mais problemas e afastou-se, aproximando-se da escada, querendo ver mais aquela que tanto atraia o seu olhar e o de tantos outros homens no salão.

                A mulher usava um belo vestido verde-esmeralda e, embora não fosse tão ornamentado quanto o de Hinata, ficara estupendo no corpo da jovem. O vestido deixava os ombros à mostra, sendo cravejado de pequenos brilhantes perto do busto, o que chamava atenção para o decote da mulher. Além disso, a vestimenta delineava a cintura fina, sendo rodado na parte debaixo, não era tão bufante quanto o de Hinata, permitindo mais conforto ao se movimentar. Como se não fosse o bastante, o cabelo de Sakura estava solto e escovado, estando apenas uma pequena parte preso para trás por uma trança, para chamar a atenção do belo rosto da moça. Os orbes verdes estavam destacados e os lábios cheios e pintados de uma cor clara. Ela estava maquiada mas não era como se precisasse de nada disso. Sakura estava...

— Linda! – murmurou, sem se conter. Mas foi o olhar que ela deu para si e o sorriso ao vê-lo ao pé da escada que fez o seu coração errar uma batida. Ela começou a descer em sua direção, feliz por encontrar alguém conhecido, já que Gaara a abandonara na escada, e Sasuke logo ofereceu a mão para ajudá-la e evitar que mais alguém se aproximasse dela.

“Que bom que te encontrei! Estava um pouco perdida com tantas pessoas.” Confessou e Sasuke continuava a encarar os lábios dela, mesmo que mais nada dissessem.

                Sakura franziu o cenho não entendendo o que acontecia com o humano e preocupou-se em estar controlando-o novamente. Afastou-se, mas Sasuke segurou em seu braço, como se fosse dizer algo, mas foi interrompido por Hinata que se aproximou junto de Hiashi, Naruto e a pequena Hanabi.

— Sakura, você está deslumbrante! – Hinata a abraçou, sendo retribuída pela jovem – Esse é o meu pai, Hiashi. Ele queria lhe conhecer – explicou resumidamente.

                Sakura, então, estendeu a mão para o pai de Hinata, fazendo o famoso “aperto de mãos” que havia aprendido com os rapazes e totalmente alheia ao fato de que a etiqueta a mandava fazer uma reverência, segurando o vestido, como era o tradicional entre as mulheres. Hiashi achou o comportamento estranho, mas aceitou a mão da menina, que balançou fortemente como se estivesse fechando um negócio. Naruto quis rir da cena e Sasuke revirou os olhos, mas sorriu de canto ao ver que, mesmo de vestido, aquela ainda era a Sakura que eles conheciam.

—*-

                Gaara não tinha do que reclamar, a comida era farta e não faltava bebida. Sem contar as mulheres da nobreza que pareciam deveras interessantes. Uma pena que nenhuma delas pudesse chegar aos pés da sereia que conheceu. Revirou os olhos com o pensamento e se perguntou se havia bebido demais. Nunca acharia alguém como Ino, nem alguém tão inalcançável. Com certeza estava bebendo demais para pensar algo assim.

Olhou ao redor e viu a entrada triunfal de Sakura e não pode deixar de pensar que ela, talvez, se aproximasse da beleza da sereia loira. Suspirou, estava ficando louco em comparar um ser mítico com uma humana como Sakura, mas mesmo assim tinha que admitir que a beleza dela era de tirar o fôlego, até pensou em chamá-la para fazerem algo juntos, porém a presença do Imediato ao lado dela, a forma como ele a olhava e a conduzia até Hinata, o Capitão e mais duas pessoas que ele jurou ser a família Hyuuga, fez ele desistir da ideia. Resolveu, então, espairecer e foi em direção a sacada do castelo, suspirou ao observar o mar calmo e, após beber um pouco, notou algo estranho sobre as ondas.

— Não pode ser.... devo estar bêbado! – comentou consigo e jogou fora o vinho que bebia, indo em direção às escadas de saída para descer até a área que margeava o mar.

                E qual foi a sua surpresa ao ver que estava diante da sereia mais uma vez? Parecia até mesmo ter sido invocada pela força de seus pensamentos. Ino resplandecia sobre a luz da lua, os olhos azuis brilhavam e um sorriso se desenhava no rosto perfeito. Estaria tendo uma alucinação? Ou ela viera para lhe matar?

— Nem uma coisa, nem outra, humano insolente – comentou Ino e Gaara percebeu que falara alto demais os seus pensamentos.

— O que faz aqui, então? – resolveu parar de imaginar coisas.

— Sakura... – comentou olhando para cima – Vim para falar com ela – e Gaara não pode deixar de estranhar o comportamento da sereia para com a Grumete.

— O que você quer com ela? – cruzou os braços e Ino bufou. Ela estava o mais perto que podia da terra, mesmo assim não conseguiria alcançar o pirata a menos que ele entrasse no mar para poder afogá-lo por aquela atitude prepotente. Como se ela fosse dizer algo a ele!

— Algo que não diz respeito a você!

— Então, acho que serei a sua única companhia da noite – retrucou com um sorriso e a sereia bufou descontente.

— Todos os humanos são como você? – questionou irritada.

— Só se a sorte estiver ao seu lado para achar alguém como eu! – brincou e a sereia revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o pequeno sorriso com as palavras. Aquele humano até que era interessante.

— Queria saber como ela está... – confessou ao ruivo que aquiesceu.

— Ela está bem, tivemos que parar aqui por causa dos danos no navio e por causa de um companheiro ferido. A ideia foi de Sakura – explicou e Ino não pode deixar de pensar que a irmã estava se saindo melhor do que o esperado no mundo humano.

Gaara olhou para cima e notou uma movimentação na sacada. Ficou receoso que fosse algum nobre ou até mesmo o dono da festa e que pudesse ver Ino. No mínimo a pessoa acharia estranho e averiguaria se visse uma mulher no mar àquela hora da noite e, por mais estranho que pudesse ser, ele não queria que ninguém encontrasse com a sereia.

— Esconda-se! Tem alguém vindo! – mandou e Ino rapidamente submergiu.

— Gaara! Aí está você! – viu Neji descendo as escadas laterais e suspirou ao ver que era somente o amigo – Preciso da sua ajuda, não acho Tenten em lugar nenhum!

— Como assim? O que houve depois que sai? – indagou verificando se o amigo estava realmente bem. Mas, apesar de cansado, Neji parecia estar bem.

— Isso me lembra algo – e em seguida o Hyuuga socou o rosto de Gaara que o olhou feroz, antes de rir debochado – A culpa é sua por me deixar sozinho com ela! Belo amigo!

— Não me culpe por não saber cuidar da sua mulher! – retrucou e decidiu ajudar Neji antes que ele resolvesse lhe bater novamente – Agora, como você chegou aqui sem que ninguém lhe visse?

— Esqueceu que eu morei aqui? Esse castelo é cheio de passagens secretas, foi fácil! – informou e aquilo instigou Gaara ainda mais a participar da missão.

                Olhou de relance para o mar, onde as ondas quebravam e Ino estava escondida e suspirou. Não poderia ficar ali e nem ajudá-la a falar com Sakura.

— Se eu achá-la, digo para ela vir até você! – gritou e Neji deu um tapa na cabeça do ruivo pelo escândalo.

— Por que está gritando? Eu estou do seu lado! – bradou irritado e com medo de que alguém tivesse ouvido. Não queria topar com Hiashi ou Hinata.

— Para de reclamar e vamos de uma vez! – o Sabaaku disse irritado, sempre ele era quem se ferrava por ajudar os outros, mas esperava que a sereia tivesse entendido o seu recado.

—*-

                Sakura estava muito feliz, aquele baile realmente era muito divertido. A comida humana deliciosa, a música alegre e descontraída e havia tanta gente que ela não sabia para onde olhar primeiro. Hinata estava ao seu lado e explicava algo sobre alguns dos convidados, sempre de olho no pai que continuava a conversar com Naruto. Ela não entendia o motivo de tanto nervosismo, depois que ela se apresentou a Hiashi tudo correu muito bem. De repente a música mudou para uma mais lenta e viu quando o Uzumaki despediu-se do Lorde e seguiu em direção a elas.

— Me concede essa dança, senhorita? – Naruto indagou bastante cortês e a Hyuuga corou de vergonha.

— E-Eu... – olhou para Sakura que sorriu, incentivando-a – Claro! Mas apenas uma dança! – se recompôs, falando de modo firme.

— Como desejar! – e antes de sair dali, piscou para a Grumete que abriu ainda mais o sorriso.

                Hinata dançava lindamente e tinha que admitir que o Capitão também não fazia feio. Foi quando se recordou do passado dele, ele também era um nobre, por isso devia saber todas essas tradições que pertenciam ao mundo de Hinata. Olhou em volta, querendo conversar com alguém, mas não conseguia enxergar ninguém da tripulação. Onde será que todos se meteram? Pensou em andar por ai para ver se encontrava alguém conhecido, porém foi interceptada por outra pessoa.

— Senhorita, gostaria de me dar a honra dessa dança? – um jovem de cabelo castanho-claro e olhos verdes indagou galante. E Sakura estava prestes a aceitar o convite, já que gostara muito de dançar da última vez com Tenten, quando novamente foi interrompida.

— Sinto, mas a jovem já havia me prometido essa dança – a voz forte de Sasuke surgiu atrás de si, assustando-a e ela ficou confusa, pois não se lembrava dessa promessa. Porém, não teve tempo de contradizê-lo, já que este já a puxava para o meio do salão e para longe do jovem.

— Não é bom ficar muito próxima dessas pessoas – Sasuke disse para ela e Sakura ficou sem entender – Iremos embora em breve, já mandei os outros irem para o Kurama, por isso vim te avisar. Não queremos nenhum tipo de problema.

                E, ao ouvir aquilo, Sakura imediatamente ficou triste. Já partiriam? Ainda era tão cedo e ela nem conseguiria dançar pelo visto, já que Sasuke a levava para fora do salão. O Imediato percebeu o estado da moça e suspirou. Ele não mentira, realmente iriam partir dali a pouco, mas o principal motivo para aparecer daquela forma foi o fato que não gostou nem um pouco da aproximação daquele nobre almofadinha perto de Sakura. Ele teve que aturar durante a noite toda as piadinhas dos companheiros sobre como queriam convidar a Grumete para dançar, sobre como estava linda e, um por um, ele foi mandando a todos para o Kurama com a desculpa de terem que arrumar algo para evitar uma cena daquelas, e tudo isso para quê? Para que um mimado, no final, fosse a convidar para dançar.

                Não deixaria a companheira de viagem em uma situação como essa. Além disso, havia o fato de que Sakura provavelmente estragaria tudo, assim como Naruto quase estragou com a ideia de se apresentar a Hiashi. No fundo, Sasuke ainda achava que algo mais iria acontecer naquela noite, o fato de Naruto ter sido abusado o suficiente para chamar a herdeira Hyuuga para dançar era a prova de que aquela noite ainda não estava no fim. Olhou para a jovem que ainda segurava e viu o rosto triste da mesma. Parou de andar quando estavam na sacada e largou-a.

“Será que dá tempo de eu me despedir de Hinata, ao menos?” indagou, e por um momento Sasuke não soube o que responder, uma parte sua encantado pela beleza dela à luz da lua, e a outra pensando em como evitar que ela ficasse triste.

— Acho que temos tempo para isso... – foi a sua resposta e antes que pudesse se impedir, ouvi-se dizendo – ...e para uma dança. – e foi o bastante para Sakura encará-lo com aqueles olhos verdes que pareciam aumentar de tamanho ainda mais.

“Você vai mesmo dançar comigo?” questionou sem acreditar no que ouvira e Sasuke subitamente sentiu-se constrangido com o ato. Virou o rosto para o lado, cruzando os braços e Sakura suspirou, ele devia estar brincando com ela. Pelo menos foi o que pensou até ver a mão estendida do Uchiha na sua frente.

                Sentiu o coração disparar de forma estranha e sorriu com o ato dele. Não entendera muito bem o motivo dele estar tão... gentil aquela noite, mas gostava de pensar que era uma forma de se desculpar pela discussão que tiveram, mesmo que ela já tivesse o desculpado. Aceitou o gesto e s eaproximou dele, colocando a mão da cintura dele e a outra agarrou a outra mão. Sasuke riu ao ver a forma como a garota estava e tirou a mão dela da cintura dele, colocando-a no ombro dele, enquanto a dele foi em direção a cintura dela.

— Acho que você aprendeu a dançar do jeito errado – comentou ao lembrar que Sakura havia aprendido a dançar como se fosse um homem. E quando tentou dar os primeiros passos com ela, e foi um desastre total, viu que ela estava decidida a comandar a dança e não ser guiada por ele – Você tem que deixar eu te guiar – tentou explicar.

“Por quê?” questionou com um bico no rosto “Eu posso guiar muito bem, basta me seguir!”

— O homem é quem guia – justificou mais uma vez, revirando os olhos pela teimosia dela.

“A mulher também pode guiar, não?” disse.

Sasuke suspirou ao ver que ela insistiria e teve uma ideia de como acabar com aquilo, puxou-a, trazendo-a para mais perto de si e a colocou sobre os seus pés. Sakura estava pronta para protestar mais uma vez, mas foi surpreendida ao se ver tão perto dele, e ao levantar o rosto para reclamar alguma coisa a impediu. Sasuke a olhava tão profundamente que por um momento pensou que ele pudesse descobrir todos os seus segredos com aquele olhar. Sentiu o rosto esquentar e não entendeu o motivo daquilo acontecer. Sentiu Sasuke iniciar os movimentos de acordo com a música que ainda era ouvida do lado de dentro, e sorriu ao perceber que ele fez aquilo para poder dançar com ela de uma vez.

A música era alegre e tinha uma melodia que a acalmava e ao mesmo tempo a deixava inquieta, era como se aquele instante tudo fosse mágico e ela não entendia o porquê. Mesmo assim deixou-se levar pela dança e começou a rir pela forma como dançavam. Sasuke fazia movimentos exagerados, bailando sobre toda a sacada, girava-a e depois a puxava de volta até que os corpos estivessem colados e os pés dela estivessem sobre os seus. Ela estava encantada por ele, nunca imaginou que ele pudesse ser assim e nunca imaginou que pudesse se divertir tanto dançando com alguém, já que era bem diferente do dia que dançara com Tenten. Quando a música parou, os movimentos também pararam, mas nenhum deles conseguia se afastar ou olhar em outra direção.

Sakura sorria feliz assim como Sasuke. Era a primeira vez que o via sorrir tão abertamente e ela achou que não existia homem mais bonito que Sasuke em toda a terra ou mar. Sentiu novamente o seu coração acelerar e sua barriga dava voltas enquanto ele a apertava ainda mais entre os seus braços, diminuindo cada vez mais o espaço entre eles. Sasuke não conseguia mais raciocinar, estava perdido no meio daquele mar verde, os lábios dela o chamavam como se fosse a canção de uma sereia, mas ele sabia que não era só aparência que lhe chamava a atenção, a cada dia, a cada momento a mais com ela, suas barreiras caiam e ele sabia que estava prestes a cometer um dos maiores erros de sua vida, mas ele não conseguia se impedir, não naquele momento com ela em seus braços, tão inocente e entregue. E foi pensando nisso que encostou a sua testa na dela, esperando qualquer tipo de reprimenda para que ele tivesse coragem de parar aquela loucura.

Ao invés disso, Sakura fechou os olhos e suspirou perto de si, convidando-o ainda mais, pois mesmo que ela não soubesse ao certo o que esperava, sabia que era algo que desejava muito. Depois disso não houve mais olhares, ou pensamentos bobos, apenas sentimento ao sentir Sasuke beijando-a. E ele a beijava de uma forma que não conseguia entender. Era tão diferente e ela se sentia tão bem... parecia que alguma coisa se libertava dentro de si, parecia que algo crescia e quando ela retribuiu o beijo foi como uma explosão dentro de si.