The Mermaid Tale escrita por Luhni


Capítulo 17
A voz e a recompensa dos piratas


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Consegui postar o capítulo, graças!
Me desculpem pelo atraso, mas o mestrado anda sugando a minha vida completamente, mas vou tentar não atrasar no próximo, prometo!
Muito obrigada a todos que estão comentando, favoritando e recomendando a fic! Vocês são demais!!

Boa leitura e nos vemos nas notas finais!



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                Sakura corria dentro daquele túnel, o fogo era a única coisa que conseguia auxiliá-la a enxergar algo na sua frente, mas a cada passo mais para dentro era como se o medo ficasse mais intenso, como se o ar ficasse mais pesado e ela temia que fosse tarde demais para o Capitão e o Contramestre. Sabia que estava arriscando demais. Um lado seu gritava para ter ficado junto à Ino, mas o que poderia fazer? Ela não conseguiria carregar a irmã para fora da caverna sozinha, além disso sua irmã precisava estar em contato com a água, então a única alternativa que lhe veio à mente foi tentar encontrar mais alguém que pudesse lhe ajudar com esse problema.

                Além disso também havia o fato de que não queria que aqueles humanos morressem dessa forma que, para ela, era muito cruel. Mesmo que fossem piratas grosseiros e folgados, mesmo que muitas vezes tivessem lhe tratado mal, ela continuava se preocupando com eles, da mesma forma como aconteceu quando os salvou das seriens. E se ela havia os salvado antes não iria deixar que eles morressem agora, ou então todos a culpariam por levá-los até aquela ilha. Bufou. Não! Definitivamente, iria salvá-los e ainda iria fazê-los a reconhecer.

                Estancou ao ver uma sombra mais ao fundo da caverna e arregalou os olhos ao reconhecer a figura do Capitão. Correu para mais perto, para entender melhor qual o estado do Uzumaki e arfou ao ver como este se encontrava. Naruto parecia em transe, os olhos que ela tanto admirava estavam nublados, quase brancos e ele murmurava palavras como “pai” e “mãe”, o que chamou a sua atenção por um momento. Mas logo voltou a observar com assombro a face do loiro que continha diversas veias roxas espalhadas.

                Desesperou-se ao ver que estavam sugando a vida do loiro e tentou tocar no Capitão, mas ele parecia fundido à parede da caverna, uma parte do corpo dele sendo encoberto pela escuridão. Puxou-o pelo casaco, mas não adiantou, não havia se mexido nem um centímetro. A névoa ainda estava por ali e parecia se concentrar cada vez mais ao redor do Uzumaki que agora dava sinais de dor pelo rosto.

— Pai... não... o que fizeram... – lamentava-se e Sakura foi capaz de ver as lágrimas vertendo pelo rosto de Naruto. Tentou acordá-lo, batendo no rosto dele, mas ele continuava em transe e, conforme ele se desesperava, as sombras continuavam a puxá-lo para dentro e as veias continuavam a se espalhar pelo seu corpo, o que o fazia começar a gritar de dor.

                Sakura começava a se desesperar sem saber o que fazer. Pegou o punhal e olhou para o Capitão. O que tinha que fazer com essa arma? Ela não podia atacá-lo, isso somente iria matá-lo mais rápido e, como os Sussurrantes não tinham forma, ela não sabia onde devia golpear o inimigo. Eles eram a escuridão, a névoa, e duvidava que a arma pudesse fazer algum efeito.  E amaldiçoou o fato de que provavelmente Seika havia lhe enganado novamente. Aquilo não servia para nada!

— Por favor... não... não faça isso... mãe! – gritou o Uzumaki e a dor dele chegou em si. Ele estava sofrendo tanto, segurou o rosto dele com força e sentiu o quanto ele estava quente.

                Naruto chorava e gritava, implorando pelos pais e ela não conseguia fazer nada para tirá-lo daquela agonia. Era como se aquela escuridão estivesse o consumindo aos poucos. Tocou na direção do peito dele e sentiu um frio percorrer o seu corpo, o que a fez retirar a mão rapidamente. Depois sentiu o rosto de Naruto e notou o calor que emanava dele. Algo estava estranho, o corpo dele estava quente, mas onde a escuridão o tocava era o contrário. Talvez, pensou olhando novamente para o punhal, talvez os Sussurrantes não tivessem forma definida, mas eles precisavam se incorporar ao corpo do hospedeiro de alguma forma para conseguir sugar a vitalidade das vítimas. Então, talvez, ela também tivesse uma chance de salvá-lo.

 Murmurou um pedido de desculpas ao Capitão pelo o que estava prestes a fazer e o acertou no meio do peito, onde as sombras se faziam presentes. Ganidos de dor foram ouvidos, era como se algo estivesse perecendo. Sentiu a caverna estremecer e uma luz forte saiu do punhal assim que entrou em contato com a escuridão que rodeava o Uzumaki. Sakura sentia a escuridão tentando repelir o seu ataque, mas ela forçou a arma até que as sombras deixassem o corpo do Capitão que se debatia em dor.

A caverna parou aos poucos de tremer e Naruto caiu nos braços de Sakura desmaiado. Sangue saia de suas vestes, mas ela notou que o ferimento não era tão sério quanto deveria ser se realmente tivesse recebido o ataque completo. Olhou o punhal na sua mão e respirou aliviada. Aquilo realmente havia dado certo. Quando pensou em apunhalar o Uzumaki ela só tinha uma ideia do que poderia acontecer e temia que estivesse errada, mas no final aquela arma havia cumprido a sua função. Suspirou e pensou o que fazer com o corpo do Capitão e sem ter outra alternativa, pôs-se a colocar um braço de Naruto ao redor dos seus ombros, enquanto o arrastava para longe dali. Ou pelo menos foi o que tentou fazer até ouvir o som de passos mais ao fundo da caverna.

                Suspirou fundo, pelo visto ela não iria ter como descansar, mas aquela poderia ser a sua melhor chance para encontrar o Contramestre. Percebeu que a caverna pareceu ficar um pouco mais clara e a névoa já não era tão espessa e refletiu que isso aconteceu m virtude dos Sussurrantes estarem mais fracos de alguma maneira. Arrastou Naruto, segurando o punhal na mão livre, enquanto seguia por algum caminho a esmo, já não tinha mais certeza por onde estava indo, não possuía mais a tocha para iluminar seus passos e os caminhos se dividiam e se juntavam, brincando com a sua mente, mas ela mantinha-se firme, sempre recordando-se onde estava para não cair nas armadilhas dos Sussurrantes.

—*-

                As paredes começaram a tremer e todos pararam imediatamente de andar. O que estava acontecendo ali? Shikamaru olhou os companheiros que pareciam tão confusos quanto ele e até um pouco temerosos com o que ouviram. Ficaram receosos de que algum desabamento ocorresse dentro da caverna e enquanto a caverna não parou de tremer, eles não moveram um só músculo. Quando as coisas pareciam se acalmar o eco de um uivo de dor foi ouvido e foi impossível um arrepio não perpassar o corpo de todos os piratas. Definitivamente, aquilo não era um bom sinal.

— Devemos continuar? – Neji indagou olhando para os lados.

—  Não temos escolha, ainda não encontramos o Capitão – Shikamaru comentou, achando aquilo tudo problemático demais.

Kiba ainda tentou protestar, mas Gaara o silenciou, voltaram, então, a andar pela caverna. Todos estavam conectados por uma corda amarrada na cintura a fim de não se perderem, mas em um determinado momento, notaram que havia uma bifurcação no caminho.

— E agora? – Gaara comentou, iluminando cada uma das entradas, sem saber por onde continuar.

— Devemos nos separar para procurar pelos outros – Hiruzen disse antes de dar mais um gole na sua bebido.

— Eu não vou ficar com o velho bêbado! – Kiba reclamou e Shikamaru revirou os olhos.

— Certo. Façamos assim, Neji e Gaara vocês seguem pela direita – apontou para o local – Eu e Sarutobi iremos pelo meio e Kiba, você vai pela esquerda – decidiu e o Inuzuka arregalou os olhos com o que foi dito.

— Como é? Por que eu vou sozinho? – bradou irritado. Se havia algo que ele não queria era andar sozinho por aquele lugar que parecia ser amaldiçoado.

— Ora, foi você que disse que não queria ir com o Sarutobi, então eu irei junto dele e você pode ir sozinho por ali – indicou Shikamaru, e Gaara e Neji começaram a tripudiar do Inuzuka:

— Não acredito que o temível Kiba, está com medo do escuro! – Gaara começou a falar.

— Nem parece você – Neji cruzou os braços de forma debochada – Aposto que a Grumete deve ter sido mais corajosa que você – e riu ao ver a cara do Inuzuka que se soltou da corda e começou a marchar em direção ao caminho escolhido por Shikamaru.

— Fácil demais – comentou Gaara com um sorriso de lado, batendo o punho junto com o de Neji em uma pequena comemoração. Sarutobi apenas riu dos dois piratas e foi até Shikamaru que chamava a atenção dos dois.

— Shikamaru, você está levando muito a sério o papel de Comandante reserva – Neji bufou e o Nara o ignorou, seguindo para a entrada junto da sua dupla.

— Depois nós lidamos com ele, vamos logo, Neji! – Gaara disse e ambos seguiram o último caminho que faltava. Agora cada um estava por si e mesmo que estivessem brincando, todos torciam para que apenas encontrassem os companheiros o mais rápido possível e pudessem sair dali vivos.

—*-

                Os passos não cessavam e Sakura já estava cansada de perseguir sons e não encontrar ninguém. Ainda mais quando ela tinha que carregar o Capitão à tiracolo. A cada passo que dava tinha a impressão de estar indo para uma armadilha, mas ela precisava continuar.

                De repente o barulho cessou e ela notou que a névoa ficara mais espessa. Trouxe Naruto para mais perto, conferindo se ainda estava desacordado e em seguida olhou para a frente, deparando-se com o corpo do Contramestre parado bem no meio do caminho. Diferente de Naruto, Sasuke não estava preso a lugar a nenhum, mas ele também parecia em transe e as veias negras que se formavam pelo braço e rosto dele confirmavam isso.

                Ele olhava para o interior da caverna e parecia encantado com o que via, provavelmente ainda estava vendo doces ilusões. Rapidamente, Sakura deixou Naruto no chão e correu até o Imediato, imaginando que seria mais fácil resgatá-lo. Porém, ela havia se enganado. Sasuke não a respondia de nenhuma forma e os Sussurrantes aproveitaram que ela estava mais perto da escuridão para enlaçá-la.

                Sakura não soube como isso poderia ter acontecido. Talvez o fato de morarem a tanto tempo naquela ilha fez com que os Sussurrantes se adaptassem de tal forma que agora podiam se materializar e a agarravam, como se tivessem garras, impedindo seus movimentos. Debateu-se, usando o punhal para afastar os inimigos. A luz que incidia da arma fazia as garras recuarem, mais um pouco e aquilo finalmente teria um fim. Ou ao menos assim pensou até ver Sasuke puxar-lhe pelo punho e jogar o único objeto que tinha para se defender para longe. Sakura o olhou incrédula, como ele pode fazer algo assim?

— Não a machuque – foi a resposta que Sasuke murmurou e em seguida ela notou a figura de uma mulher envolta em escuridão, sussurrando algo para ele, abraçando-o por trás e afastando-o de Sakura.

—*-

                Perscrutavam aquela caverna atentos a qualquer movimento ou som estranho. O silêncio reinava entre os dois e aquilo por si só era algo incomum quando Neji e Gaara estavam juntos. Cada um tinha uma tocha em mãos para iluminar o local, mas nada fora do normal era visto.

— Não acha isso estranho? – Neji finalmente quebrou o silêncio entre os dois.

— O que seria estranho? O fato de estarmos em uma ilha que amaldiçoa aqueles que pisam nela? Ou talvez o fato de haver uma névoa capaz de mostrar ilusões de pessoas mortas? – Gaara indagou de forma irônica e Neji revirou os olhos. O ruivo nunca aprendia.

— Estou me referindo ao fato de nada ter acontecido até agora!

— Ah isso! – Gaara disse com um sorriso ladino – Acho perfeitamente normal, prefiro isso a encontrar mais algum monstro estranho por ai – comentou antes de estancar no meio do caminho.

                Neji, que vinha mais atrás, quase esbarrou no ruivo e estava prestes a brigar com ele, mas Gaara nem ao menos o ouvia. Ele não conseguia acreditar no que os seus olhos lhe mostravam.

— Mas que droga, Gaara! – Neji chamou a atenção do amigo e empurrou-o para o lado a fim de ver o que ele tanto observava – Por Tritão! – exclamou ao ver a figura da bela sereia a sua frente.

                Gaara nem ao menos conseguia fechar a boca, de tão surpreso que estava. Definitivamente ele não esperava ver uma sereia tão cedo depois do ataque que sofreram, muito menos dentro daquela caverna e naquelas condições. Seus olhos percorreram o corpo da sereia a sua frente que parecia tão assustada quanto ele por ver os dois humanos ali. A cauda dela possuía tons azulados, mesclados com o roxo, e brilhava de tal forma que imaginava que poderia ficar cego se a visse à luz do dia. Os seios medianos estavam cobertos com algo que ele não conseguia definir ao certo, não parecia ser um tecido, mas os cobriam levemente, dando margem para a imaginação de Gaara do que estava escondido ali.

Por fim havia o rosto que parecia ter sido esculpido por anjos, o nariz delicado, a pele que parecia brilhar como a cauda e, mesmo que ele achasse impossível pois se tratava de um ser metade peixe e que possuía escamas, parecia que a pele era macia e combinava perfeitamente com os olhos azuis assustados, bem como os cabelos curtos da cor do sol que, mesmo irregulares, não tiravam a beleza daquela criatura.

— O que está fazendo, seu idiota? – Neji bradou ao correr em direção a sereia que pegou a espada que Sakura lhe dera para tentar se proteger, porém mal teve tempo de reagir e quando viu o humano estava segurando seus punho com força.

                Gemeu em dor e Gaara sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha, assim como Neji. Ela parecia atordoada com a presença deles, mas se ela os encantasse, seria o fim dos dois. Gaara então correu para perto da sereia e retirou um pano do bolso. Ela se debatia de todas as formas, a cauda virava de um lado para o outro a fim de se livrar das mãos do seu algoz.

— Soltem-me! – bradou e a voz melodiosa os atingiu por um momento, fazendo Neji por um momento afrouxar o aperto.

— O que está fazendo? Segure-a! – Gaara bradou, esquivando da cauda da sereia que vinha na sua direção.

                Ino debatia-se a fim de escapar das mãos imundas daqueles humanos. Seu olhar brilhava em raiva e amaldiçoava a sua sorte por não ter muita água em volta para afogar aos dois homens a sua frente. Inicialmente ficara sem reação ao ver os intrusos na sua frente, pensara que se tratava de uma ilusão dos Sussurantes, e depois, ao ver que eles eram reais, ficou assustada pois nunca vira um humano tão de perto, quanto mais dois! E isso havia sido o seu erro. Abriu a boca pronta para brigar com eles novamente e encantá-los de alguma forma quando sentiu o gosto de um pano sujo sendo posto na sua boca. Arregalou os olhos e continuou a se debater vigorosamente, tentando acertar-lhes com a cauda.

                Uma sereia não devia ficar tão vulnerável dessa forma. Elas tinham suas habilidades especiais, mas precisavam estar rodeadas pela água para poder usar todo o seu poder. Elas tinham a sua beleza para atordoá-los e conseguirem iniciar o seu canto, mas ela também ficara atordoada com a presença deles e não teve como cantar nenhuma melodia. E agora ela havia sido capturada. Sentiu as mãos serem atadas com mais algum pano enquanto o humano de longos cabelos castanhos segurava a sua cauda, junto com o de cabelos vermelho. Chiou com nojo por ser tocada por mãos humanas, mas de nada adiantou o seu resmungo, pois eles continuaram a segurando e a arrastaram para fora da água. Sentiu os orbes encherem de lágrimas. Estava perdida agora.

                Ao verem que a sereia parecia parar de lutar, respiraram fundo e, com uma corda que Gaara sempre levava consigo, amarraram todo o corpo da criatura e olharam-se aliviados e felizes com a conquista.

— Então, o que fazemos com ela agora? – Neji indagou ao companheiro que observava a sereia loira com atenção. Ela parecia estar triste e Gaara se perguntou se uma criatura como aquela poderia sentir como eles.

— Eu tenho uma ideia – sorriu para o amigo que suspirou. Claro que Gaara tinha uma ideia. Ele sempre tinha.

—*-

                Sakura ainda tentava se livrar das garras dos Sussurrantes, sua mão estava esticada na direção do Contramestre, querendo pedir ajuda, querendo ajudá-lo. Ele não parecia sofrer como o Capitão, mas sabia que era somente uma questão de tempo agora. Haviam usado Sasuke para atrai-la até o fim da caverna para que pudessem capturá-la. Sabiam da sua arma e haviam feito com que não tivesse mais como se defender. Sentiu os orbes marejarem e novamente lutou para se aproximar de Sasuke. Se ele pudesse lhe ver... se ele pudesse lhe ouvir... tinha certeza que conseguiria sair dali. Tinha certeza que ele lhe ajudaria.

                Ele estava parado na sua frente. O corpo voltado para o outro lado enquanto o vulto de escuridão o enlaçava, murmurando algo próximo a si. Abriu a boca para chamá-lo, mas nenhum som pode ser ouvido. Se ela tivesse a sua voz... a sua voz de sereia... sabia que ele conseguiria ouvi-la. Ele iria se libertar das ilusões dos Sussurrantes pois a sua voz era feita para atrair os outros, independentemente de qualquer circunstância, ele iria olhar para si. Viu quando a escuridão acertou o peito de Sasuke que caiu de joelhos devido à dor. Não! Se ele sucumbisse totalmente, ninguém poderia salvá-los mais. Precisava ajudá-lo.

— Isso dói, mamãe... – ouviu o lamurio do homem a sua frente. Ele parecia tão pequeno, tão frágil naquele momento sendo alvo dos Sussurrantes e, novamente, sentiu-se triste por um humano.

                Não queria vê-lo assim. Não queria que ele sofresse. Nem ele e nem Naruto. Olhou rapidamente para o Capitão que continuava desmaiado e notou a sombra que se aproximava lentamente dele. E aquilo a desesperou. As lágrimas começaram a verter de seus olhos. Ela não sabia mais o que fazer. Ambos iriam morrer ali na sua frente e ela também morreria se não fizesse nada. Esticou novamente a mão, tentando alcançar Sasuke. Se ele acordasse. Se ele a visse. Se ele pudesse pegar o punhal que estava no chão da caverna... teriam uma chance.

                Mas suas mãos estavam longes e ela parecia ser puxada para trás. Não havia ilusão para ela, já deviam saber que não funcionaria. Já deviam saber quem era e queriam sua morte. Fora tola em pensar que poderia salvá-los. Se ela ao menos tivesse a sua voz...

                Chamou por ele, gritou por ele, querendo que ele acordasse, mas não era emitido nenhum som... E ela tinha que ver Sasuke ser dominado, lentamente, pelos Sussurrantes sem poder fazer nada. O que ela não daria para ter sua voz de volta naquele momento? E foi com esse pensamento que algo começou a mudar dentro de si. Puxou o ar com força, tentando entender o que acontecia consigo e como se tudo tivesse ficado claro para si, ela soube exatamente o que fazer.

                Inspirou profundamente pela boca e quando expeliu o ar preso, finalmente pode ouvir o som da sua própria voz:

— Sasuke! – Ela bradou com toda a força que tinha. A voz que há tanto tempo não ouvia, foi bradada com força e desespero e repetiu o ato, várias vezes, tentando alcançar o humano – Sasuke! Sasuke!

                Inicialmente, nada aconteceu. Porém, conforme a voz ficava mais firme, o Imediato pareceu se comportar de forma diferente. Ele não sabia explicar o que estava acontecendo, mas aquela voz o chamava de tal forma que parecia impossível não responder. Ao seu redor ainda via a casa que morara um dia, mas a figura da mãe parecia borrada e estranha diante do seu olhar.

— Sasuke! – mais uma vez foi chamado e virou o rosto em direção ao som, em busca da pessoa que o chamava de forma tão desesperada.

                E como se tudo dependesse de achar essa pessoa notou que tudo ao seu redor começava a ficar distorcido. Não entendia o que era aquilo, sentiu sua mãe perto de si, mas de alguma forma a presença dela o machucava e, de forma instintiva, separou-se dela a fim de ouvir mais a voz. E ao fazer tal ato notou que o cenário mudava e logo a casa ficava mais parecida com uma caverna e olhos verdes lacrimosos pareciam lhe encarar em um pedido de ajuda. Ele conhecia aqueles olhos.

— Sasuke! – os olhos ganhavam uma boca e logo em seguida um rosto completo, trazendo à tona a memória do pirata.

— Sakura? – murmurou incerto se estava ouvindo e vendo coisas. Desde quando Sakura falava?

                Viu-a sorrir para si, o rosto repleto de lágrimas. Ela tentava se aproximar dele, mas era segurada por algo estranho.

— O quê?

— Pegue o punhal! Rápido! – Sakura mandou e ele ficou congelado por um segundo antes que fizesse o que ela pediu. Não sabia o que estava acontecendo ao certo, mas ela estava com problemas e algo o impelia a ajudá-la. Aquela voz... – Acerte a escuridão!

                Ele a olhou, achando aquilo uma loucura, mas quando ouviu o chiado de algo perto de si, em um movimento reflexo, usou o punhal para se defender. Algo foi atingido e o ganido de dor balançou a caverna como um todo, enquanto uma luz saia da arma. Fosse o que fosse aquela criatura, ela estava sujeita àquele objeto. Bramiu o punhal com agilidade quando viu mais daquele ser sombrio aproximar-se de si. E a cada corte desferido, mais e mais a caverna tremia e mais luz era irradiada.

                Correu até Sakura e começou a libertá-la rapidamente, segurando-a para evitar que caísse quando esta se viu livre.

— Está tudo bem? – indagou à menina que tremia em seus braços. Ela apenas aquiesceu, acostumada a não conseguir pronunciar palavras.

— O Capitão! Precisamos ajudá-lo! – lembrou-se rapidamente e logo olhou na direção do Uzumaki. Sasuke acompanhou o olhar dela e correu para salvar o melhor amigo.

                Com a ajuda de Sakura, ergueu o Capitão e apoiaram cada braço ao redor do ombro deles. A escuridão se agitava cada vez mais, os ganidos eram mais altos e mais fortes e a caverna agora não parava de tremer. Olhou ao redor sem saber ao certo o caminho por onde tinham que ir, somente sabia que deviam sair daquele lugar antes que ele desmoronasse em cima deles.

— Por aqui! – Sakura disse e Sasuke a encarou aturdido. Realmente não estava acostumado a ouvi-la – Eu sei como podemos sair – foi incisiva e ele concordou, deixando que ela os guiasse para fora dali.

                Conforme corriam com o Uzumaki, mais e mais garras daquele monstro eram vistas. Sasuke as repelia com maestria, não permitindo que chegassem perto de nenhum deles. O caminho era escuro e ele não via nenhuma saída, mas confiava em Sakura para sair dali. Tinha que confiar, pois se tinham uma chance de saírem vivos era única e exclusivamente por causa dela. Algumas pedras rolaram de uma das paredes a sua frente e Sasuke segurou o braço da menina rapidamente, evitando um problema maior.

— Cuidado! – disse preocupado olhando o caminho que poderiam fazer agora. Uma das vias estava interditada agora devido às pedras.

— Obrigada... – murmurou Sakura que voltou a se concentrar e ver que caminho poderiam pegar novamente.

— E agora? Por onde vamos? – Sasuke indagou antes de afastar mais um dos monstros da escuridão.

— Por ali! – Sakura disse um pouco incerta, mas o Contramestre não titubeou a segui-la, nem ao menos contestou sua decisão.

                Correram o mais rápido que podiam tendo que carregar Naruto por todo o caminho. Desviavam de escombros e de pedras que se soltavam e de todas as garras que apareciam, ficaram nisso o que parecia ser horas até que finalmente uma luz começou a surgir ao final de tudo. As paredes começaram a ruir atrás de si, o barulho de tudo desmoronando deixava Sakura apreensiva, mas mesmo assim continuaram em frente. Era a última chance que eles teriam para escapar com vida.

—*-

— Precisamos voltar agora – Shikamaru disse calmamente ao ver que finalmente haviam conseguido terminar o serviço.

                Gaara, Neji, Kiba e Chouji pareciam exaustos e olharam o Timoneiro com raiva. Ele não havia feito quase nenhum esforço, apenas dizia o que eles deviam fazer e agora ainda tinha coragem de querer mandar neles novamente.

— Não me olhem assim – contestou o Nara – Vocês que tiveram a ideia, eu apenas a executei – deu de ombros e ouviu a reclamação dos piratas.

— Quem executou fomos nós! – Kiba esbravejou ao se levantar e Akamaru latiu em concordância.

— Vocês pelo menos encontraram algum deles? – Shino se manifestou, enquanto entregava o cantil de água para Neji e Gaara.

— Não, por isso devemos voltar – Hiruzen falou de forma séria, atraindo a atenção para si. O velho não costumava ter esse tipo de humor.

— Vamos de uma vez! Quero ver a cara do Capitão quando ver o que preparamos! – Gaara exclamou debochado.

                Logo todos partiram novamente para encontrar os companheiros, deixando ordens para Shino e Chouji iniciarem os procedimentos para que o navio pudesse zarpar em breve. E mais uma vez estavam em frente a mesma caverna de antes, porém algo estava diferente. Assim que entraram puderam sentir o ar frio passar por eles, causando maus presságios, a névoa parecia agitada e as sombras bruxuleavam ao serem iluminadas pelas tochas. Algo estava errado e Sarutobi foi o primeiro a perceber isso.

— É melhor sairmos daqui – aconselhou ao sentir uma leve trepidação da terra.

— Do que está falando, velhote? – Neji questionou inconformado – O Capitão, o Contramestre e a Grumete ainda estão aqui.

— Tem algo errado aqui – murmurou, mas somente Shikamaru foi capaz de ouvir por estar mais perto do pirata.

— O que foi, Hiruzen? – o Timoneiro quis entender melhor a situação. No pouco tempo em que esteve com o velho soube que era melhor não duvidar do que ele falava, parecia que ele sabia muito mais do que eles sobre coisas que antes não achava serem possíveis.

— A caverna... algo está acontecendo e ela não está gostando – comentou e antes que mais alguém pudesse se manifestar, ouviram um estrondo.

                Um pequeno desmoronamento aconteceu, e todos paralisaram sentindo a terra tremer abaixo de si. Algumas pedras se desprenderam, fazendo-os recuarem para não serem atingidos, e o caminho que estavam percorridos fechou-se. Entreolharam-se em busca de respostas, mas novamente o ar frio e a escuridão que parecia aumentar fez com que temessem o que estava por vir.

— Vamos embora agora! – Sarutobi comandou dando meia volta, mas ao ver que não era seguido, bradou para os piratas – Se não formos embora, ninguém sobreviverá para contar história!

                Ninguém conseguiu retorquir o velho e logo começaram o caminho de volta para a luz. Fosse o que fosse, aquela caverna estava amaldiçoada e se eles não saíssem dali seriam os próximos a morrer. Começaram a correr ao sentir que a caverna começava a desabar completamente. Ninguém queria abandonar os companheiros, mas naquele momento o sentimento de autoproteção falava mais alto. Ao saírem eles apenas se encararam sem saber o que fazer agora. Não podiam entrar, mas tampouco estavam dispostos a abandonar os outros.

Dez minutos haviam se passado sem que eles fizessem nada e Gaara andava de um lado para o outro exasperado. Ele não gostava de se sentir um covarde, não gostava de fugir da ação e naquele momento sentia que era os dois.

— Calma Gaara – pediu Neji, mas aquilo apenas fez o ruivo ficar ainda mais agitado.

— Como calma? Se não fizermos nada, eles vão morrer! Isso se já não estiverem soterrados! – bradou, mas não houve resposta. Ouviram outro desmoronamento dentro da caverna e Gaara bufou irritado – Chega! Eu irei até lá! – e começou a andar em direção a entrada da caverna.

— Ficou louco, Sabaku? – Kiba tentou dissuadi-lo, mas Gaara o empurrou para longe enquanto voltava a caminhar.

                Neji bufou e sorriu de canto com a teimosia do amigo. Perguntava-se quanto tempo ele demoraria para fazer tal besteira e logo seguiu o ruivo. Não o deixaria sozinho. Porém não conseguiram andar muito, pois um estrondo maior e mais forte fez a terra sacudir e rachar abaixo deles. Ficaram paralisados à espera que o tremor terminasse e quando tudo se acalmou e Gaara virou-se para continuar com o seu plano, foi surpreendido ao ser atropelado por uma figura pequena de longos cabelos rosados.

                Sakura corria sem saber ao certo por onde estava indo, apenas seguia a luz, assim como Sasuke e quando esta foi ficando maior e mais forte, não pensaram antes de correrem mais rápido para sair daquele pesadelo. E foi por causa disso que ela apenas notou que havia conseguido sair da caverna quando trombou em algo e caiu por cima de alguém que resmungou de dor.

— Na próxima vez me lembre de não ficar no seu caminho – Gaara resmungou abaixo de si e Sakura arregalou os olhos ao vê-lo. Ao seu lado estava Neji que ajudava Sasuke e Naruto.

                Levantou-se eufórica, ignorando o protesto de Gaara sobre ela não ajudá-lo, e observou todos os tripulantes do Kurama se aproximarem para ver como estavam e sorriu feliz. Todos estavam ali, eles vieram resgatá-los, não os deixaram sozinhos e aquilo a aqueceu por dentro, principalmente por ver que todos estavam a salvo. Ficou tão contente pois finalmente aquele pesadelo havia acabado que ela não conseguiu se segurar:

— Conseguimos! – comemorou, atraindo a atenção de todos para si que pareciam chocados, com exceção de Sasuke, que já sabia da novidade, e Naruto que permanecia desacordado.

— S-Sakura, você.... falou? – gaguejou Neji desacreditado.

 - Como pode? – Kiba se aproximou da garota que ainda sorria, feliz.

— Primeiro ajudem o Capitão, depois fazemos as perguntas! – Sasuke ordenou ao ver a jovem rodeada por todos os piratas.

                Todos seguiram o comando do Contramestre e logo Naruto estava acordando um pouco atordoado e com dor no local onde estava o seu ferimento. Ele também ficara surpreso ao ouvir a voz de Sakura e novamente indagou o motivo dela estar falando. Sakura ficou tentando pensar em como contar o que pensava estar acontecendo, mas não foi preciso, pois outra pessoa se manifestou primeiro.

— É a ilha, não é? – Hiruzen indagou à menina que aquiesceu.

— Isso é apenas uma ilusão – comentou para eles, colocando a mão direita sobre a garganta – Eu desejei muito conseguir falar para que Sasuke pudesse me ouvir – olhou na direção do Imediato que ficou levemente surpreso – Mas é apenas temporário.

— Como pode ter certeza? – Shikamaru questionou ao ver o semblante triste da Grumete.

— A Ilha ainda tem a magia das criaturas da caverna, então ela pode manipular tudo como quiser. Não é tão forte quanto na caverna, mas ainda é capaz de criar ilusões para que depois as criaturas a tomem, então... – murmurou perdendo o sorriso.

— Quando sairmos não seremos mais afetados pela magia e tudo se dissipará – Sarutobi completou a frase e Sakura concordou.

                Nenhum dos tripulantes comentou algo. Alguns ainda tentavam entender o que fora explicado e outros simplesmente não sabiam o que comentar. Eles não eram mudos como a Grumete, mas devia ser difícil não poder falar, e conseguir essa capacidade para depois perdê-la... devia ser devastador.

— Sakura, obrigado por lá – Naruto disse apontando para os escombros da caverna – Se não fosse por você não teríamos conseguido sair vivos – agradeceu.

                Sakura sorriu feliz e olhou para Sasuke em expectativa, mas ele somente aquiesceu concordando com Naruto. Suspirou, mas mesmo assim não diminuiu o sorriso, já era um começo pelo menos. Naruto, então, começou a bradar ordens para que zarpassem dali o mais rápido possível e Sakura se afastou um pouco do grupo, aproveitando que teria um pouco de tempo antes que saíssem dali e foi em direção ao final da praia, onde havia algumas árvores e era possível ver o mar. Chouji ainda fez menção de chamá-la, mas Sasuke o impediu.

— Deixe-a – mandou, olhando as costas da garota – Ela merece um tempo sozinha – disse prevendo o que aconteceria a seguir.

                Sakura observava o horizonte tentando controlar as lágrimas que insistiam em cair pelo seu rosto. Estava sendo tola, apenas alimentando os Sussurrantes com a sua dor, mas estava sendo difícil lidar com tanta coisa ao mesmo tempo. Ela tinha que seguir em frente, ela ia conseguir recuperar o que perdeu e, na próxima vez, não seria uma ilusão. Limpou o rosto com a determinação renovada e quando virou-se para voltar ao navio viu o Contramestre observando-a atentamente.

— Está melhor? – indagou e ela, surpresa, aquiesceu. Sasuke sorriu de canto ao ver que mesmo com voz ela parecia não estar acostumada a usar palavras. – Vamos voltar, então – disse ao se virar e viu a garota ficar ao seu lado.

                Ele a observava atentamente e ela estava melhor do que esperava. Os olhos um pouco avermelhados, o que indicava o choro, assim como as faces rosadas, mas ela parecia tranquila e não fazia alarde sobre a perda da voz e ele a admirou por um instante. Não conhecia nenhuma mulher que se comportasse de tal forma. Geralmente elas choravam e surtavam por muito menos. E ela aguentara bravamente todas as dificuldades que passaram na caverna e sozinha, já que ele estava hipnotizado pela criatura. Suspirou, talvez Naruto estivesse certo e devesse pegar mais leve com ela.

— O que foi? – ouviu a voz melodiosa dela e por um momento sentiu o seu coração falhar uma batida. Que estranho. Mas a voz dela, de alguma forma, mexia consigo. Parou de andar e a Grumete imitou o seu gesto, encarando-o confusa.

— Obrigado Sakura – disse e mordeu o lábio para evitar sorrir ao ver a cara de espanto dela. Definitivamente ela não esperava por isso.

— Eu.... hã... – havia ficado sem saber o que dizer e sua boca se abriu ainda mais ao ver o Contramestre rir baixinho.

— Deixei-a sem palavras, Grumete? – brincou e Sakura sentiu o rosto esquentar, mas não conseguiu entender o porquê. – Vamos, estão nos esperando – e voltaram a andar em direção ao Kurama.

                Todos já haviam subido no navio e somente esperavam as ordens do Capitão para saírem dali, porém Sakura pediu para falar algo antes que perdesse a voz novamente. Os humanos se juntaram no convés à espera do comunicado da Grumete, ansiosos pelo o que ela diria, afinal não era todo dia que poderiam “ouvi-la”. Além disso, havia o fato de que a voz dela parecia tão doce e melodiosa que tinham vontade de ouvir mais e mais.

                Sakura sorriu para todos a sua frente. Ela sabia que não podia perder essa oportunidade, finalmente teria a atenção deles. Eles não mais a ignorariam, eles ouviriam o que tinha para dizer e seria agora.

— Eu gostaria de dizer algumas coisas, antes de partimos, pois talvez não tenha outra oportunidade – comentou alegremente e ouviu Akamaru latir feliz.

— Pode falar, Sakura – Naruto deu um sorriso gigantesco para ela. Com certeza ela lhe agradeceria por ter a deixado entrar para a tripulação.

— Sim e não economize palavras – Gaara brincou pensando como ela diria que ele e Neji foram fundamentais para ela aprender a se defender.

— Principalmente se for elogios – Kiba complementou antes de rir. Talvez ela dissesse que lhe daria o dinheiro que ganhara de Zabuza.

                Cada um possuía uma ideia do que a menina diria, pareciam afoitos para ouvir Sakura e ela sabia disso. A voz dela atraia eles de alguma forma, não como cantava, mas ainda exercia um leve poder sobre eles, deixando-os eufóricos. Mas provavelmente aquele estado de torpor passaria em breve, principalmente depois das seguintes palavras:

— Claro, mas o que eu queria dizer é que vocês são terríveis! – e sorriu ainda mais ao ver o espanto no rosto de cada um deles – Vocês são mesquinhos! – apontou para Kiba – Preguiçosos! – Shikamaru também foi listado – Desaforados e insuportáveis – Gaara e Neji se entreolharam, os ombros levemente encolhidos – Além de bêbados, impacientes, desconfiados e completamente loucos! – finalizou olhando para Sarutobi, Sasuke, Shino e Naruto, respectivamente.

— O que... – Naruto tentou dizer algo, mas foi interrompido pela Grumete.

— Eu ainda não terminei! – bradou irritada e notou quando eles se encolheram. Ótimo era isso que ela queria – Vocês, definitivamente, fizeram da minha vida um inferno com todos os treinos e todas as limpezas pelo navio e não nem um pouco benevolentes comigo, mesmo eu estando pagando por essa viagem – comentou indignada – Será que seria pedir demais que fossem um pouco melhores? – indagou à espera de uma resposta.

                Quando terminou não houve reclamações e nem discordância, mas tampouco eles responderam a sua pergunta. Eles apenas ficaram a olhando, como se não acreditassem nas palavras proferidas e sabia que poderia ter exagerado, mas ela queria que eles soubessem o que sentia, pelo menos uma vez eles ouviriam suas reclamações.

— Bom, podia ter sido pior – Chouji comentou risonho ao ver que fora o único que não fora atacado diretamente por Sakura.

— E você é repetitivo, Chouji, tanto nas histórias quanto nas comidas! – reclamou Sakura, o que fez o Cozinheiro arregalar os olhos com o que fora dito. – Mas mesmo assim... – continuou e ouviu Gaara bufar junto de Sasuke.

— Acho que prefiro ela muda – murmurou o Sabaku para o Hyuuga que acenou com a cabeça, em concordância. Sakura os fuzilou com o olhar e logo eles ficaram quietos novamente.

— Mas mesmo assim... – tomou a palavras novamente – Eu estou feliz que todos estão bem, pois mesmo com tantos defeitos vocês sempre me ajudaram quando precisei, bom, mais ou menos – disse recordando-se da luta com Hoshiaki – E nunca desistiram de mim, mesmo com a mentira que tive que contar – finalizou um pouco acanhada, afinal ela ainda mentia.

— Então... er... – Naruto tentou dizer algo, mas ele estava confuso demais para saber se ela havia lhe ofendido ou lhe elogiado – Sasuke, diga alguma coisa, homem! – pediu ajuda ao Imediato que, sem ter nada para falar, olhou do Capitão para a Grumete que aumentou o sorriso.

— Deixe vocês sem palavras? – usou a mesma frase dita por Sasuke minutos atrás, o que fez o Uchiha sorrir de canto.

— Você realmente é abusada, garota – comentou calmamente e logo todos concordaram, mas ninguém parecia realmente irritado com Sakura.

                No fundo todos sabiam ser verdade as palavras dela, somente ficaram surpresos por ela ter coragem de falar tudo isso. Mas como bons piratas que eram, começaram a comemorar por Sakura estar evoluindo e não parecer a mesma garota medrosa quando a conheceram. Quem diria que a garota poderia ser tão espirituosa e ousada?

Naruto, então, iniciou o procedimento de partida e enquanto ditava as ordens do que cada um devia fazer, começaram a se afastar da ilha. Foi nesse momento que Sakura recordou-se de algo que ela não poderia ter esquecido. Começou a ficar agitada, a andar de um lado para o outro, olhando em direção à ilha e pensando em como poderia voltar até lá, como convenceria aos piratas de cometer tal loucura, quando Gaara e Neji chamaram Sasuke e Naruto para o convés.

— Já que a Grumete já teve o seu momento de glória – Gaara comentou risonho – Está na hora de vocês verem que, mesmo com todos os problemas, foi válido termos ido parar nessa ilha.

— Do que está dizendo, Sabaku? – Naruto indagou curioso.

— Não saímos de lá de mãos vazias e saibam que o mérito disso é todo nosso! – Neji complementou e em seguida assobiou para Akamaru e Kiba que puxavam uma corda, arrastando algo para o convés.

                Algo pesado e grande e que não devia estar ali. Sakura, que estava distraída pensando em algum plano mirabolante, teve a sua atenção desviada ao ouvir o som de algo sendo arrastado e, ao virar-se para ver do que se tratava aquele barulho, apenas arregalou os olhos ao ver a última pessoa que esperava ali dentro daquele navio: Ino.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Os nossos piratas puderam ouvir um pouco da belíssima voz da Sakura e ficaram meio atordoados com ela, querendo ouvir elogios... hehe uma pena que a Sakura não teve vontade de fazer elogios a eles, mas pelo menos ela não desperdiçou a chance de falar umas verdades aos piratas kkk
E vocês viram que ela conseguiu a voz de volta por desejar salvar o Sasuke? A vontade dela foi tão grande quanto voltar para casa e por isso a ilusão funcionou para ela e o Sasuke a escutou ♥
Uma pena que no meio de tudo isso a Ino tenha virado prêmio dos piratas. Só nos resta saber como a Sakura vai lidar com isso e como ela vai salvar a irmã!
E se vocês estiverem se perguntando sobre quando a Sakura irá recuperar a voz novamente, bom, vamos aguardar mais um pouco, pois os efeitos sereia atingem a todos e não seria justo com os nossos piratas kkk O que não significa que vocês não irão "ouvi-la" mais vezes ;)
Espero que tenham gostado e até a próxima!
Beijos