The Mermaid Tale escrita por Luhni


Capítulo 16
A caverna das ilusões


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Quase não apareço nesse mês, não é? Mas eu tardo, mas não falho e aqui está! Dia 29, então ainda está valendo como capítulo do mês XD
Desde já peço desculpas pela demora, mas a minha vida tá bem corrida, estou fazendo mestrado e esse ano eu tenho que escrever a temível dissertação que é 10x pior que o TCC, então estou pirando com isso ao mesmo tempo em que tenho que trabalhar... Por isso peço a compreensão de todos com o meu atraso, mas saibam que eu leio todos comentário e estou adorando saber que estão gostando da fic! Não sabem o quanto isso é importante para mim e me faz continuar insistindo e arranjar um tempo para continuar a escrever!
Muito obrigada a todos!
Boa leitura e nos vemos nas notas finais!



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                Shikamaru observava as ações de Hiruzen, tentando compreender o que falara, mas era difícil de entender algo quando o velho não parava de andar de um lado para o outro, xingando, ao mesmo tempo em que mandava que içassem as velas e preparassem o navio para zarpar.

— Se acalme, homem!  - Chouji bradou sem a mesma paciência que o Timoneiro que continuava calado – Explique melhor, por que corremos perigo?

— Essa ilha é amaldiçoada! – retrucou ao se aproximar do cozinheiro, segurando-o pelo colarinho – Temos que sair daqui antes que ela nos impeça!

— Ela? Ela quem? – Shino indagou calmamente. Sempre fora um homem racional, então era bem difícil que algo o deixasse transtornado.

— A ilha... – foi a resposta de Sarutobi que permanecia inquieto, o olhar indo para a terra como se esperasse um ataque iminente.

— A ilha? O que quer dizer? – foi a vez de Shikamaru se manifestar.

— Dizem que essa ilha escolhe determinados marinheiros e os amaldiçoa, aqueles que chegam em sua terra, não são capazes de sair com vida e se tornam fantasmas em meio ao nevoeiro.

— Como assim “escolhe”? Fale direito homem! – Shikamaru pediu tentando analisar o problema em que estavam metidos, mas cada vez mais parecia que se arrependia de ouvir a explicação do velho.

— Ouvi dizer que a ilha sempre chama por marinheiros que tem desavenças em vida, ela cobra por justiça, atormenta-os até que suas vidas sejam sugadas da pior forma possível – tentou explicar e Shikamaru se pôs a refletir até que o barulho de algo chama a atenção dos tripulantes.

                Imediatamente, todos correram em direção à amurada e viram Gaara, Neji e Kiba correrem para o navio completamente desesperados. Eles estavam ofegantes e pareciam cansados, mas fora isso não havia nada que denunciasse que estavam machucados fisicamente.

— O que houve? Conseguiram encontrar algo? – Chouji indagou ao levar um cantil com água para os homens que beberam avidamente como se estivessem com sede por dias seguidos.

— Achamos algo, mas não o que queríamos – Neji foi o primeiro a falar. Os orbes claro pareciam desvairados e ele tentava claramente se acalmar, assim como os outros dois.

— Inimigos? – Shino arriscou perguntar, mas a resposta de Gaara pegou a todos desprevenidos.

— Antes fossem, pelo menos conseguiríamos enfrentá-los de algum modo – e balançou a cabeça, tentando esquecer o que ouvira ou achara que ouvira.

— Não estamos entendendo, Gaara, seja mais claro – Shikamaru pediu quando Kiba o interrompeu:

— Fantasmas! Ou algo assim! Não sabemos o que eram, mas os ouvimos muito bem! Todos nós!

— Fantasmas? – Shikamaru murmurou e olhou para Hiruzen que arfou preocupado – Mas vocês conseguiram ver algo? Como podem ter certeza que eram fantasmas? Pode ter sido a imaginação de vocês... – comentou, tentando achar uma solução lógica para o que se desenrolava na sua frente.

— Não vimos nada, mas eu tenho certeza que o que ouvi era a voz de um morto – Gaara parecia mais firme e ao ser indagado novamente pelo Timoneiro sobre como ele podia ter certeza, foi com um sorriso frio que respondeu – Porque foi a voz da minha falecida mãe que chegou até mim.

—*-

                Sakura andava perto de Sasuke e Naruto, temendo que algo pudesse saltar do escuro a qualquer momento. Segurava uma das tochas, virando-a a todo momento para afastar as sombras e tentar diminuir o medo que sentia, enquanto que Naruto e Sasuke estavam mais preocupados em achar uma saída daquela caverna. Andavam lentamente tentando achar algo até que em um determinado momento viram que havia uma bifurcação no caminho. O Capitão e o Contramestre encararam-se, pensando no que fariam agora e mesmo sem dizer uma só palavra, entraram em um consenso, só que havia um porém.

                Olharam para a Sakura que observava que a caverna se dividia em três e ao notar que era alvo dos olhares dos dois, imediatamente compreendeu o que eles pretendiam fazer e aquilo a apavorou. Começou a negar com a cabeça, antes que o Capitão dissesse algo, a fim de afirmar que não iria andar sozinha pela caverna, mas não adiantou nada.

— Sakura, sabe que nossa melhor alternativa é nos dividirmos para ver se achamos a saída desse lugar o mais rápido possível – o Uzumaki tentou convencê-la que continuou a negar, não daria um passo a mais para longe deles. Não concordava em se dividirem. – Vamos, seja corajosa, mulher! – incentivou o Uzumaki.

— Você não tem muita escolha – Sasuke contrapôs ao ver que ela não cederia facilmente – O Capitão e eu tomaremos caminhos diferentes, então, querendo ou não, se não quiser nos acompanhar, irá ficar sozinha aqui – e foi aquele argumento que fez Sakura refletir as palavras do Imediato e, mesmo contra vontade, anuiu, já que seria pior ficar sozinha apenas esperando os dois retornarem.

— Certo! Ótima escolha, Sakura! – Naruto disse, e em seguida ele e Sasuke decidiram por qual direção cada um iria – Eu irei pela direita – apontou antes de seguir em frente, deixando os dois para trás.

                Sasuke olhou para a garota que não parecia nem um pouco satisfeita com aquela ideia e apontou com a cabeça para a entrada do meio para que ela seguisse por ali.

— Eu irei pela esquerda – disse e esperou que ela se movesse, o que não aconteceu. Suspirou e segurou o braço da menina para que o encarasse – Não se preocupe, isso é apenas uma caverna, nada irá acontecer – tentou tranquilizá-la, mesmo que aquilo não fosse algo que estivesse acostumado.

                Sakura suspirou e procurou se convencer daquelas palavras, afinal ela já havia enfrentado tanta coisa, o que seria um pouco de escuridão? Reunindo sua coragem, ela aquiesceu e seguiu o caminho indicado pelo Contramestre que somente voltou-se para a esquerda quando não conseguiu mais ver a chama da tocha da garota.

—*-

— O que faremos agora? – Chouji perguntou assustado depois de ouvir o depoimento dos companheiros – O Capitão, o Contramestre e a Grumete estão na ilha ainda!

— Acalme-se Chouji! – Shikamaru pediu enquanto tentava organizar o seu pensamento – Sarutobi! – chamou o velho que olhava para a ilha com afinco – Você disse que somente aqueles que tinham desavenças em vida é que são “escolhidos”, então se alguém que não tiver desavenças... seria possível que essa pessoa sobreviva à ilha?

— Eu... não sei – o velho deu de ombros, refletindo sobre a pergunta – Ninguém nunca sobreviveu, mas não sei ao certo como a ilha funciona – e observou os três piratas que haviam voltado da ilha praticamente intactos – Cada um ouviu alguém diferente, e todos voltaram... eu não entendo o porquê... – comentou e Shikamaru se pôs a pensar naquilo.

— É verdade, Kiba ouviu a voz da avó, Gaara ouviu a mãe, e Neji ouviu o pai, mas... – Chouji comentou.

— Mas nenhum desses fazem mais parte do nosso mundo – Shino concluiu a ideia.

— Por que vocês correram? – Shikamaru perguntou de repente e os três se entreolharam rapidamente, sem saber o que falar.

— Na verdade, nós não corremos... nós seguimos a voz por um tempo, ela parecia nos levar para algum lugar – Neji tentou explicar – Mas cada vez mais que nos aproximávamos, eu sentia que algo estava errado, é difícil de explicar, mas algo me disse que aquele que eu ouvia não era o meu pai... – olhou para o Timoneiro sem saber ao certo como se explicar. – Quando dei por mim, estávamos na frente de uma caverna e vi que Gaara e Kiba pareciam um pouco fora de si.

— Eu também notei que algo estava errado, algo como a voz falava não lembrava a minha mãe – Gaara comentou um pouco perdido nas memórias que tinha da matriarca e Kiba aquiesceu concordando com a ideia.

                Shikamaru apenas refletia sobre o que ouvia, tentando entender o que estava acontecendo. Algumas coisas eram óbvias: aquela ilha atraia marinheiros e usava as memórias deles para atrai-los, mas para quê? E como Gaara, Kiba e Neji haviam conseguido escapar? Olhou para os companheiros que continuavam a conversar entre si, tentando entender o que era aquele lugar.

— É a névoa... – comentou Sarutobi ao seu lado – Ela os levou até a caverna...

— Mas para quê? – o Nara voltou a indagar e o mais velho deu de ombros.

— Porque ali deve estar a essência do mal dessa ilha – contrapôs com simplicidade – O que quer que seja, foi muita sorte que eles conseguiram perceber que se tratava de uma ilusão, se eles tivessem entrado na caverna... provavelmente não estariam mais aqui. – e a ideia de que talvez os outros tivessem sido atraídos para o mesmo perigo lhe passou pela cabeça.

— A quem eu quero enganar? – Shikamaru murmurou para si, olhando para a ilha – Se tem alguém com desavenças nessa vida são aqueles dois, que problemático – e começou a pensar em algo para acabar com essa situação.

—*-

                O mar estava calmo e a temperatura da água agradável. Alguns peixes nadavam ao seu lado e um recife de coral surgia mais à frente. Sorriu, ela adorava quando a água estava assim. Adorava poder nadar com os peixes e explorar recifes. Abriu os braços e nadou um pouco para frente até se dar conta do que fazia. Olhou para si e viu sua cauda novamente, há quanto tempo ela não via sua cauda em diversos tons rosados? Olhou para as mãos e sentiu a pele diferente de quando era humana, seus cabelos compridos espalhavam-se pela água e perguntou-se o que havia acontecido... como havia ido parar ali, no meio do mar?

                Tentou recordar como conseguira voltar para casa, mas parecia que sua mente estava em branco e um pouco confusa sobre tudo ao seu redor.

— Sakura! – ouviu lhe chamarem, olhou para frente e avistou Ino junto de suas outras irmãs. Elas sorriam e acenavam para si.

                Sakura sentiu seu coração palpitar de alegria por vê-las. Todas as suas irmãs estavam ali. Elas nadavam entre si, em uma brincadeira que sempre faziam quando estavam juntas desde pequenas e ela ficou radiante por ver aquela cena novamente, quanta falta sentia delas. Quanta falta sentia do mar e o sentimento de que finalmente estava em casa a preencheu de forma tão arrebatadora que ela não conseguiu não se mexer e começar a nadar para perto delas. O único porém foi que elas começaram a se afastar dela e Sakura não entendia o motivo delas estarem indo para longe.

— Vamos Sakura! Nade mais rápido! – uma de suas irmãs gritou para si e começou a rir junto das outras que voltaram a nadar.

                Sakura riu ao ver que elas estavam brincando consigo, então tratou de aumentar a velocidade, estava com saudade daquilo, de nadar junto com elas, porém novamente não foi o bastante e aquilo começou a deixá-la preocupada, não queria perder as irmãs de vista. Ouvia as sereias rirem e lhe chamarem, mas elas não paravam nunca e por mais que se esforçasse Sakura não conseguia alcançá-las. Em determinado momento esticou a mão como se pedisse para elas lhe esperarem, porém elas não viram o seu gesto.

“Esperem! Esperem por mim!” tentou dizer, mas nenhum som saiu da sua boca e aquilo a chocou.

                Imediatamente ela parou de nadar e colocou as mãos no pescoço. Ela não entendia o que estava acontecendo. Havia voltado a ser uma sereia, mas sua voz... sua voz. E como se tivesse compreendido tudo, abaixou as mãos e olhou com atenção o lugar em que estava, olhou para o mar que tanto amava e para as sereias que continuavam a nadar e se afastar de si. Sentiu os olhos arderem e o peito se afundou em dor. Não é real. Não é real. Repetia para si. Por mais que parecesse seu lar, por mais que fossem suas irmãs ali, por mais que tivesse a sua cauda novamente e parecesse ser uma sereia, aquilo não passava de uma mentira, uma ilusão.

                E ela tinha certeza disso pois mesmo que seus olhos dissessem o contrário, ela sabia que se tivesse voltado para casa, se tudo estivesse bem, ela teria a sua voz novamente. Então aquilo devia ser mentira, seu sonho ainda não havia se realizado e aquela não era a sua casa. E com essa constatação notou que o ambiente mudava aos poucos e logo seus olhos conseguiram notar que ainda estava dentro da caverna, que agora estava envolta em neblina, e sua mente recordava tudo o que acontecera.

                Ela olhou para os dois lados e sentiu as lágrimas descerem por seu rosto. Mesmo que soubesse que era mentira, que tudo o que vira foi algo projetado, ainda doía em si. Doía ver que lhe enganaram com aquilo que ela mais desejava: voltar para casa. Enxugou o rosto com as mãos, se não fosse a sua voz, ela realmente iria achar que estava de volta ao mar. Um pensamento cruzou a sua mente e analisou o túnel onde estava, atentando-se ao fato de que haviam conseguido lhe encantar. A névoa ainda espessa agora formava uma linha esbranquiçada que parecia seguir para algum lugar na escuridão e ela temeu o que isso poderia significar. Havia alguma criatura ali ou algum demônio habitava a ilha para ser capaz de exercer tamanho poder assim e se ela, que ainda tinha algumas vantagens por ser sereia, havia sido afetada, não queria nem pensar em como os dois humanos que estavam consigo deviam estar.

                Olhou para trás e decidiu que era melhor procurar pelos dois. Viu a sua tocha jogada no chão e a agarrou com força enquanto refazia o caminho de volta. Quem habitava aquela ilha era traiçoeiro, usava de memórias para iludir as vítimas e fazê-las se aproximar da morte, eles haviam caído dentro da boca do inimigo e, o pior, era que não existia uma forma de contra-atacar, pois podia ser qualquer tipo de entidade maligna. Eles apenas poderiam não ser subjugados e fugir o mais rápido possível dali.

 -*-

                O lugar lhe trazia aconchego. As enormes pilastras lhe eram familiares e o cheiro de comida quente lhe transportava para um lugar que há muito tempo não via. Havia criados por todos os lados, mas parecia que ninguém o via e ele até preferia assim, mas então ela surgiu. Estancou no lugar sem saber o que fazer. Ela estava da mesma forma como se lembrava... linda! Usava um vestido da mais pura seda, os cabelos ruivos compridos estavam presos em um elegante coque e ela vinha na sua direção com rapidez, os olhos transbordando um sentimento que ele estava acostumado a ver frequentemente: a raiva.

— Naruto! – ela bradou ao chegar perto dele – Onde esteve? Seu pai e eu ficamos o procurando a manhã toda!

                Ela começou a brigar consigo como sempre fazia e ele não conseguiu esboçar nenhuma reação. Ela estava ali. Ela estava ali.

— Kushina! Não precisa brigar assim com o menino – uma voz forte, porém calma intercedeu por si e Naruto virou-se para ver a figura do pai surgir no batente da porta. Ele ainda usava o uniforme de Capitão do Comércio Marítimo Real de que se lembrava.

                As mesmas calças brancas, a camisa branca, o colete azul escuro assim como o casaco pesado da mesma cor. Nos cabelos loiros, o chapéu preto sempre presente, bem como o sorriso que sempre lhe transmitiu confiança. O que estava acontecendo ali?

— Pai... mãe... – murmurou atônito e viu os dois sorrirem para si.

— Teve insolação, garoto? Claro que somos nós! – Kushina disse com um sorriso e estendeu a mão para o filho – Vamos, estamos atrasados!

— Atrasados? – ele murmurou segurando a mão fina da mãe que agora parecia pequena em comparação com a sua.

— Seu aniversário, lembra-se? – o pai, Minato, respondeu.

                Começou a andar, sendo puxado pelos dois, ainda perdido no meio de tantos sentimentos, mas ele pouco ligava para o que sentia no momento, a única coisa que importava era o fato de que estava de volta. De volta ao seu lar. E estava com as pessoas que mais amava no mundo.

—*-

                O barulho do fogo crepitando encheu seus ouvidos e ele olhava atordoado para as chamas sem entender o que havia acontecido. Onde estava? Havia o som de um violino soando ao fundo e aquilo lhe era estranhamente familiar. Andou pela casa de madeira ressabiado, sem saber ao certo que lugar era aquele, mesmo que algo dentro de si dissesse que conhecia o ambiente. Ouviu o barulho de alguém do outro lado da porta e com a espada em riste aproximou-se para ver quem era, porém não estava preparado para ver a figura imponente do pai a sua frente.

— Ora, garoto! Isso é jeito de receber o seu pai? – exclamou ao ver o filho lhe apontar a arma – Sei que faz tempo desde a última vez que estive em casa, mas acho que não mudei muito, não é? – e sorriu de canto enquanto deixava a mochila com seus pertences no chão – Não vai abraçar o seu velho pai? – indagou ao abrir os braços.

                Sasuke nem ao menos piscava, quanto mais tinha forças para fazer o que fora pedido pelo mais velho e ao ver que o filho nem ao menos se mexeria, foi ao encontro do jovem, tomando-o nos braços para a surpresa do Uchiha.

— Você cresceu, garoto! – murmurou para o filho que parecia congelado no lugar.

— Fugaku? – ouviu-se uma voz doce no cômodo e os dois Uchiha’s imediatamente olharam na direção para encontrar a sua dona.

                Fugaku largou o filho e com os olhos brilhando felicidade foi em direção à mulher de cabelos negros brilhantes que sorria para si enquanto chorava por ter voltado são e salvo de mais uma empreitada no mar. Ele a rodopiou no ar, feliz por estar em casa e Mikoto ria, agarrando-se a ele. Sasuke, em contrapartida, parecia não respirar com a cena que se desenrolava a sua frente.

— M-Mãe... – gaguejou, atraindo a atenção para si.

— Querido, o que houve? – sorriu para o filho ao se aproximar e tocar sua face delicadamente – Parece que viu um fantasma! – brincou, mas o Uchiha arregalou os olhos, pois era exatamente isso que achava que estava vendo. Não era possível que eles estivessem ali... não era possível e, mesmo assim... ele queria que fosse – Venha, vamos jantar, todos juntos, como uma família! – comentou feliz ao puxar o filho em direção à mesa de jantar.

—*-

                Sakura corria pela caverna tentando encontrar mais alguém, mas parecia que nada adiantava, ela não via nem Naruto e nem Sasuke. Era como se eles tivessem sido engolidos pela escuridão e aquilo fez um calafrio lhe percorrer a espinha. Já havia seguido pelos dois caminhos em que se separou dos piratas e nenhum sinal deles e ela não sabia mais o que fazer, tinha medo de que estivesse em outra ilusão e aquilo começou a deixá-la desconfiada e neurótica com tudo a sua volta. Qualquer sinal era motivo para ela se desesperar e aquilo a deixava ainda mais apreensiva com tudo.

                Tentou repassar todos os seus passos até o momento para ver o que estava deixando passar: ela havia tentado encontrá-los, mas não obteve êxito nos caminhos que eles percorreram, então o único lugar que faltava averiguar era a direção que ela própria tomou e havia desistido no meio do caminho ao ver que fora enfeitiçada. Engoliu a seco, aquilo não fazia sentido... como poderia encontrá-los ali? Não era o mesmo caminho, pois se fosse já teria os visto em algum momento. Devia ser uma armadilha, mas ao mesmo tempo aquele lugar não fazia muito sentido, ele brincava com a mente de todos e ela podia jurar que enlouqueceria a qualquer instante e se perderia dentro daquelas paredes. Respirou fundo, tentando se acalmar e pensar no que deveria fazer a seguir, mas o som de água gotejando chamou a sua atenção.

“Mais uma ilusão?” Pensou receosa ao ver que o barulho vinha da entrada por onde passara instantes atrás ao ir atrás do Contramestre e com a tocha em uma das mãos e a espada na outra, lentamente se aproximou, torcendo para que fosse o Uchiha e que ele pudesse lhe ajudar de alguma forma, pois ela começava a se desesperar, mas o que viu fez com que o seu sangue gelasse e mesmo que fosse uma armadilha, ela não conseguiu impedir suas pernas de correrem para a figura jogada no meio de uma poça de água.

“Ino! Ino!” mexia os lábios na tentativa de sair algum som enquanto verificava o corpo da irmã que parecia despertar.

— Sakura... – murmurou ao abrir os orbes azuis como o mar e em seguida se lançou contra o corpo frágil da humana – Sakura! Graças aos Deuses! Cheguei a tempo! – dissera com alívio ao ver que a irmã estava bem.

                Porém Sakura não conseguia acreditar no que via. Como sua irmã sereia estava ali? Certo que o corpo dela estava em uma pequena poça com água, mas aquilo não fazia sentido! Como ela aparecera ali? Só podia ser outra alucinação sua e aquilo a fez se distanciar da sereia que a olhou magoada.

— O que houve, irmã? – indagou Ino, querendo tocar Sakura que andou para trás e por não haver água o suficiente, ambas acabaram ficando separadas, já que Ino não podia sair do pequeno espaço em que estava.

“Quem é você?” indagou à outra sereia que arregalou os olhos com a pergunta.

— Como assim, quem eu sou? Sakura! – esbravejou Ino e, mesmo que não quisesse, aquele tom de voz raivoso fez Sakura se encolher levemente – Sou sua irmã! Ino! Vim aqui para lhe ajudar!

“Como pode estar aqui? Isso não é possível! Não tem como estar dentro dessa caverna e muito menos no meio de uma poça d’água!”  contrapôs e Ino suspirou tristemente, passando a mão pelos cabelos, o que chamou a atenção de Sakura. Ela arfou ao notar pela primeira vez os cabelos loiros da irmã, outrora longos e brilhantes, agora tão curtos que mal chegavam aos ombros.

— Eu fiz um trato... – Ino começou a contar ao ver o olhar da irmã sobre si – Fui até a Bruxa do Mar e a ameacei. Disse que se ela não a trouxesse de volta, iria contar tudo para o Rei dos Mares.

“Você o quê...?” mexeu os lábios sem acreditar no que ouvia. Ela havia dito a irmã para não ir até Seika.

— Ela parecia temerosa, eu achei que tinha tudo sob controle... – Ino tentou se explicar um pouco constrangida – Mas, então, ela me mostrou uma imagem sua, disse que você estava dentro de uma caverna de Sussurrantes, ela me mostrou o que aconteceria com você, Sakura – disse angustiada ao relembrar as imagens da irmã se contorcendo no chão enquanto sua vida era sugada – Eu não podia deixar que isso acontecesse! – balançou a cabeça para os dois lados, inconformada.

“O que você fez?” Sakura questionou, já prevendo a resposta.

— Ela disse que me daria algo para salvar você em troca dos meus cabelos – passou a mão nos fios loiros – Ela me trouxe até aqui, só não imaginava que seria nessas condições – e olhou para o pequeno espaço onde estava presa, sorrindo ao ver que também fora enganada. A Bruxa do Mar pretendia deixá-la morrer, afinal não tinha como ela escapar daquela caverna sendo uma sereia.

                Sakura deixou os joelhos cederem e caiu no chão ao final da narrativa, sentindo as lágrimas banharem o seu rosto. Por sua culpa, sua irmã havia perdido seus cabelos, algo tão precioso para uma sereia... e ela sabia o quanto Ino amava os seus longos cabelos loiros que sempre fora motivo de orgulho para si. Por sua culpa, Ino se arriscara e podia morrer se continuasse naquela caverna de Sussurrantes.

“Me desculpe, Ino!” aproximou-se da irmã, abraçando-a gentilmente e sendo retribuída por ela, o que fez com que Sakura tivesse mais vontade de chorar, pois a irmã parecia estar consolando-a mesmo com todos os problemas que tivesse arrumado.

— Tudo bem! Vamos sair daqui – Ino falou de forma confiante e afastou a mais nova de si antes de mostrar o pequeno punhal que estivera escondendo – Ela me deu isso e disse que era uma arma mágica, capaz de afastar os Sussurrantes. Lembra-se das histórias? – indagou à irmã que aquiesceu.

                Ela sempre ouvia histórias sobre as criaturas que habitavam o mar. Os humanos sempre foram os que mais despertavam a sua curiosidade, mas ela sabia o que eram os Susssurrantes. Filhos do Deus da Morte com sereias perdidas, os Sussurrantes eram figuras esquálidas e sem forma definida que reinavam no mundo dos humanos sempre trazendo a morte e a desgraça por onde passavam, até que um dia foram confinados em uma ilha por um dos deuses. Mas como eles não eram criaturas normais e por não terem uma aparência exata, logo conseguiram se adaptar ao local, transformando-o para favorecer aos seus interesses. Eles controlavam toda a ilha e eram capazes de hipnotizar suas vítimas, fazendo-as ver memórias e figuras que, de alguma forma, seriam capazes de levá-los ao desespero. As ilusões sempre eram como doces sonhos às vítimas, sussurradas com palavras doces, e aos poucos os sussurros de dor começavam até que não era mais possível sair do enlace do Sussurrante.

                Um Sussurrante tinha prazer com a dor, quanto mais a pessoa sofresse, melhor para eles, por isso somente lhes interessavam pessoas que já tinham vivenciado algo assim, isso facilitava o trabalho deles, e a alma e a vida de alguém que sofrera em vida era considerada por eles como a melhor das refeições. Eram seres desprezíveis que davam o que a pessoa mais queria e depois tomavam tudo apenas para se deleitarem com o sofrimento alheio, e Sakura sempre os odiou por usarem de algo tão baixo para poderem sobreviver. Mas ela nunca imaginou que fosse encontrá-los um dia e sentir na pele a ilusão que eles poderiam oferecer.

— Eu não sei como você conseguiu fugir da ilusão dos Sussurrantes, Sakura – disse Ino novamente, tirando-a de seus devaneios – Na imagem que eu vi, você não havia conseguido... – mordeu o lábio, receosa de continuar contando o que vira à irmã.

“Eu notei que era uma ilusão” explicou e ao ver que a outra sereia continuava confusa, tentou completar “Quando percebi a mentira, voltei a enxergar a realidade. Acho que a ilusão ainda não havia sido concretizada totalmente, por isso consegui me libertar” disse o que achava que havia acontecido.

                Havia passado pouco tempo dentro da ilusão e foi somente por causa disso que conseguira fugir ao notar a armadilha em que estava. Se tivesse ficado mais tempo no mundo dos Sussurrantes, talvez não tivesse a mesma sorte.

— Que bom! Mas e agora o que faremos? Precisamos sair daqui! Os Sussurrantes ainda podem tentar nos encontrar – e, quando Ino terminou de falar, ouviram um grito de dor dentro da caverna.

                Sakura rapidamente pegou a sua espada e ficou na frente da irmã à espera de algo, porém mais nada aconteceu. E foi quando reconheceu de quem pertencia aquele grito.

“Capitão!” virou-se para a irmã que a olhava assustada e em seguida sua atenção se voltou para o pequeno punhal. Aquele punhal seria a salvação contra os Sussurrantes, de acordo com a Bruxa do Mar.

                Olhou mais uma vez para Ino que tentava entender o que se passava na cabeça da mais nova. Enquanto Sakura tomava uma atitude que, com certeza, desagradaria a irmã.

“Ino...”

— Não ouse! – interrompeu a fala da humana, os orbes azuis brilhando em raiva – Você não vai atrás de quem quer que seja que tenha dado esse grito!

“São os meus companheiros e...” tentou justificar-se a mais velha que a cortou novamente.

— São humanos! Deixe-os morrer! Já não devem ter mais salvação de qualquer jeito!

“Eles podem nos ajudar a sair daqui! Precisamos da ajuda deles também!” argumentou com a irmã que negou.

— Eles que precisam de nós! Podemos nos virar sem eles! Sakura... – mas antes que conseguisse terminar a frase, a irmã já havia puxado o punhal para si – Sakura! Não faça isso! Você pode morrer! – tentou pará-la, mas não podia arriscar sair da água, por causa disso suas tentativas foram em vão.

“Eu irei salvá-los e depois venho buscar você!” disse à Ino, deixando-a com sua espada e fazendo, com alguns panos, uma fogueira de forma improvisada para que não ficasse no escuro. Sabia que a chama não duraria muito tempo, mas rezava para que fosse tempo o suficiente para ajudar Naruto e Sasuke, e depois resgatar a irmã.

                Ino não conseguiu dissuadir Sakura e quando deu por si estava sozinha novamente. Não conseguia entender a irmã, por qual motivo ela estava se arriscando tanto por meros humanos? Será que ela compreendia o que estava fazendo? Que ela parecia estar preferindo salvar os humanos à sua própria irmã? Ou o coração de Sakura era tão grande e bom que nem ao menos notava o quanto estava sendo imprudente? Fosse o que fosse, Ino somente podia pedir ao Rei dos Mares para proteger as duas agora.

—*-

— Está certo disso? – Gaara indagou mais uma vez a Shikamaru.

— Que problemático! – o Timoneiro bufou, cansado – Não temos alternativas. Verificou os nós? – e teve a confirmação do Saabaku – Todos prontos? – olhou para trás e pode ver Neji, Kiba e Hiruzen também aquiescerem – Então vamos!

— Essa missão será suicida – ainda ouviu o Sabaaku comentar e suspirou. Ele bem sabia que estavam jogando com a sorte, mas o que mais poderiam fazer a não ser tentar resgatar seus companheiros?

— Pelo menos pense que se sobrevivermos, isso dará uma bela história! – Sarutobi disse antes de tomar um pouco de rum e logo os outros pediram que compartilhasse a bebida, afinal não sabiam se voltariam com vida daquilo.

                Shikamaru suspirou mais uma vez e olhou para a caverna onde Neji, Gaara e Kiba disseram ter sido atraídos. Era a partir dali que iriam procurar pelos outros e que os deuses os protegessem.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Muita coisa aconteceu, não é?
Vocês puderam ver no que a Sakura e os rapazes se meteram e, diferente das Seriens, agora eles estão em uma situação um pouco pior, principalmente pelo fato de que não sabem como matar os Sussurrantes, os piratas nem ao menos sabem do que se trata... e foi ai que apareceu a Ino para salvar a pátria! Tadinha, ficou tão desesperada com a irmã que aceitou um acordo com a Bruxa do Mar e perdeu os longo fios loiros. Agora a pergunta é: será que esse punhal realmente vai poder ajudar a Sakura em algo? Ou vai ser o motivo de levá-la a mais um problema? hehe Eis a questão!
Além disso, vocês puderam ver um pouco das imagens do passado do Naruto e do Sasuke e no próximo vocês entenderão muito mais coisa sobre o que aconteceu com eles, se a Sakura chegar a tempo para salvá-los, é claro! kkk
Prestem atenção, Sakura deixou a irmã sozinha no meio da caverna e mais piratas estão entrando ali, quem acha que isso não vai prestar, levanta a mão! o/////
Espero que tenham gostado do capítulo e nos vemos no próximo!
beijos e até mais