The Mermaid Tale escrita por Luhni


Capítulo 13
O reencontro e o azar das mulheres


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal gente!! Aqui está o meu presente de Natal, o capítulo do mês!! Uhuul!
E saibam que o presente ainda não acabou ;) Fiquem de olho pois em breve estarei de volta com mais um capítulo só não digo de qual fic hehe XD
Vou tentar responder a todos os comentários, muito obrigada pelo carinho e por estarem gostando tanto da fic!!
Boa Leitura!



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                Os tripulantes do Kurama já haviam sido dispensados, mas ela continuava ali na presença do Capitão e do Imediato. Eles pediram para falar consigo a sós e ela não sabia o que esperar. Naruto falava algo baixo com Sasuke que negava com a cabeça enquanto ela permanecia sentada em um canto à espera que dissessem o que queriam com ela, apesar dela ter uma vaga noção do que seria.

— Então, Sakura – Naruto a chamou e ela levantou-se rapidamente, aproximando-se da mesa do Capitão – Eu preferi perguntar isso diretamente para você, sem a interrupção dos outros, mas a verdade é que preciso saber qual o real motivo de você ir atrás de uma flor?

                Sakura olhou de Naruto para Sasuke. Ele devia ter contado ao Uzumaki sobre a lenda, tinha certeza, mas provavelmente não entendia o motivo dela querer aquela flor, nem acreditava no que poderiam encontrar. E era melhor que não soubessem no que estavam se metendo, ou então nunca conseguiria a ajuda deles. Mas o que diria?

“Eu preciso daquela flor para voltar para casa” respondeu tentando formular mais alguma coisa, aquilo não seria o bastante.

— Por quê? – Naruto fez a pergunta que já esperava – Essa flor não deve nem existir. Vou ser sincero, não vou arriscar entrar em uma missão que não terá um fim.

— Se planeja ficar navegando conosco eternamente tendo como desculpa encontrar essa flor, é melhor desistir de uma vez – Sasuke tomou a palavra e Sakura apertou os punhos, nervosa.

“A flor existe! Tenho certeza disso!”  foi enfática e os dois se encararam rapidamente.

— Como pode ter tanta certeza? – “porque eu existo também” queria poder responder isso a Naruto, no entanto essa não era uma alternativa, então o que disse foi:

“O local onde ela se encontra fica perto da minha casa. Se eu levá-la poderei recuperar a minha vida de volta” mentiu em partes. Ela não sabia se realmente conseguiria encontrar a flor e nem se conseguiria voltar para casa, mas era a sua melhor chance no momento.

— Como assim? Como uma flor vai trazer sua vida de volta? – o Capitão ainda não estava convencido daquela história e Sakura começava a se preocupar em não conseguir convencê-los.

“Porque eu fugi de casa, eu fiz algo muito grave, mas se eu levar a flor sagrada eu conseguirei o perdão de todos. De onde eu venho essa flor é muito importante.”

                Sasuke e Naruto ainda não sabiam ao certo se podiam confiar nela. Eles sabiam que mulheres eram traiçoeiras e Sakura já havia se mostrado bastante ardilosa ao mentir para eles uma vez, não confiavam mais nela, mas a proposta era tentadora e isso eles não podiam desperdiçar.

— Então, já que tem certeza da existência dessa flor, que fica perto da sua casa, você sabe onde encontrá-la, não é? – Sasuke sondou desconfiado e Sakura negou com a cabeça.  

“Eu nunca havia saído de casa, não sei como voltar... só sei que sempre ouvi essa história sobre essa flor mística e que todos diziam que crescia nos arredores de onde morava” mentiu, tentando não encarar o Capitão e o Imediato.

— Que ótimo! – ironizou Sasuke – Iremos em busca de algo que você, uma mulher, somente ouviu falar, sem nem saber por onde navegaremos. Essa é uma ideia fantástica! – debochou e encarou Naruto, deixando bem claro que não concordava com o plano.

— Devo concordar com Sasuke, isso não me parece promissor – Naruto suspirou já pensando no montante de dinheiro que perderiam por ficar navegando sem rumo, talvez não valesse a pena o risco.

“Mas eu sei de alguém que sabe onde encontrar a flor!” Sakura chamou a atenção dos dois para falar. Ficara irritada com a forma como Sasuke falou de si, mas não podia desistir.

— Quem? – e Sakura sorriu ao ouvir a pergunta do Capitão. Olhou rapidamente para Sasuke e voltou-se a Naruto, decidida:

“Primeiro eu quero uma certeza! Se eu achar alguém que nos leve até a flor sagrada, você irá me ajudar a voltar para casa?”

— Se eu tiver alguém que indique a localização da flor e se você pagar pelos serviços, não tenho porque negar. – Naruto afirmou, mas logo tratou de emendar – Porém saiba que, se descobrir que está mentindo novamente para nós, ou se nos trair de alguma forma, o contrato estará cancelado e não serei piedoso novamente – avisou.

                Sakura apenas aquiesceu e soube que deveria ficar em alerta de agora em diante e manter o seu segredo bem guardado, ou então não poderia volta ao mar.   

—*-

                Após a conversa com o Capitão, ela disse que iria atrás da pessoa que poderia indicar o caminho até a missão e Naruto mandou que Neji e Gaara a acompanhassem. E como agora eles já sabiam que era uma mulher humana, não via mais a necessidade de esconder os seus longos cabelos cor-de-rosa, mesmo que suas roupas continuassem a ser masculinas. No entanto os dois humanos pareciam desconfortáveis com sua presença e andavam um pouco atrás de si, conversando sobre algo que ela não conseguia ouvir. E ao se virar para eles, estes imediatamente paravam de falar ao notarem que estavam sendo observados. Suspirou, ela realmente não esperava esse tipo de tratamento depois que revelasse ser uma mulher.

                Na verdade, ela não sabia o que esperar disso, pois não pensara em contar a verdade a eles por, justamente, temer a reação. E agora que haviam descoberto tudo, bom, eles estavam agindo estranho com ela. E isso ela não esperava, principalmente vindo de Gaara que havia até se mostrado bem humorado com ela após a descoberta.

— Qual o problema, garota? – Neji chamou a sua atenção – O que tanto nos olha? – e ela arregalou os olhos, virando-se para a frente, envergonhada.

                Gaara bateu com o cotovelo no braço de Neji ao ver a forma como a menina ficara e o Hyuuga o encarou sem entender. E ao ver que Sakura não os encarava mais, voltou a discutir com o Sabaaku.

— Qual o seu problema? – murmurou para o ruivo que franziu o cenho.

— Nenhum – disse enquanto seguia com o olhar a menina que parecia tensa, mas Neji não acreditou. Conhecia o amigo bem o suficiente para saber que ele estava o repreendendo pela forma como falara com a Grumete.

— Não gosto dessa ideia de termos uma mulher a bordo – comentou e o Sabaaku voltou sua atenção ao amigo – Isso é um mau presságio.

— Ela já estava no navio antes e nada de ruim aconteceu – deu de ombros, achando aquilo ridículo da parte do Hyuuga.

— Como não? E o que aconteceu em Saint Cain? Ou em Flishburry? – e Gaara teve que concordar que realmente haviam sido dias mais agitados desde a chegada da jovem.

— Nada que não estejamos acostumados – tentou convencê-lo e Neji bufou.

— Por favor, não me diga que quer navegar com uma mulher? – falou contrariado e Gaara franziu o cenho.

— Claro que não! Ela só vai atrapalhar nossos negócios – e Neji finalmente viu um raio de esperança se acender na cabeça do amigo, ou assim ele pensou até ouvir a frase seguinte – Mas uma mulher na embarcação também pode ter suas vantagens – Gaara sorriu malicioso com a ideia e foi a vez de Neji bater no Sabaaku, dando-lhe um tapa na cabeça.

— Ficou maluco? Quer se envolver com a Grumete? – falou de forma protetora e foi a vez de Gaara estranhar.

— Por quê? Virou o pai dela? – debochou e Neji revirou os olhos, acalmando-se.

— Não, mas o Capitão e o Contramestre não vão permitir libertinagem a bordo – foi categórico.

— Eu só estava dizendo que pode ser vantajoso, você que está falando em libertinagem – retrucou e riu ao ver o Hyuuga constrangido – Mas até você tem que admitir que, apesar dessas roupas masculinas, bom, ela parece ser uma belezura. – e fixou o seu olhar no traseiro bem delineado da jovem.

— Pare com suas brincadeiras – cortou, não querendo admitir a beleza da menina, e já iriam voltar a discutir quando notaram novamente que Sakura os encarava – O que quer agora? – falou ríspido e Gaara suspirou. Estava sendo difícil para eles encontrarem um equilíbrio para lidar com a descoberta de que Haru era uma garota. Pensara que ia ser mais fácil no início, mas o orgulho ferido por terem sido enganados sempre falava mais alto e acabavam sendo grosseiros.

“É que nós chegamos” disse aos dois que observaram o local. Estavam em frente a uma taverna caindo aos pedaços e que parecia que estava fechada naquela hora. “O que fazemos? Voltamos depois?” perguntou aos dois que a ignoraram.

— Vamos acabar com isso de uma vez – Gaara disse e forçou a entrada para a surpresa de Sakura que não sabia dessa habilidade do ruivo – Damas primeiro – foi sarcástico, mas Sakura não compreendeu, então apenas fez como ele dissera.

                O lugar fedia à bebida e as mesas estavam reviradas. Havia muitas pessoas jogadas no chão e sobre as mesas, completamente apagadas. Sakura procurava alguém específico, mas realmente não tinha certeza se o encontraria ali, somente ouvira que aquele era o local onde poderia iniciar suas buscas. Mas agora começava até a duvidar se essa pessoa poderia lhe ajudar. Andaram até que, mais ao fundo da taverna, encontrou quem procurava, dormindo no chão agarrado a um porco e com uma garrafa bebida nas mãos. Franziu o cenho pelo cheiro que emanava do velho e olhou para os dois humanos ao seu lado a fim de questionar o que fariam, mas nem foi preciso. Gaara sorriu de forma perversa e soube que o ruivo já sabia como tratar o problema.

                Ela nem ao menos conseguiu questioná-lo, pois quando viu o ruivo já saia do estabelecimento, sendo seguido por Neji e deixando-a sozinha. Ela ficou sem saber o que fazer e tentou acordar o velho de todas as formas, mas ele nem se movia e o cheiro começava a incomodá-la a ponto de não querer mais mexer nele. Foi então que os dois tripulantes do Kurama retornaram e quando deu por si, Gaara, que segurava um balde nas mãos, jogava água fria no velho que pulou pelo susto.

— Maldito seja! Eu o amaldiçoou eternamente a vagar pelos vales da morte! – o velho gritou, assustando Sakura que se aproximou do ruivo que apenas ria.

— Pare com isso velho, não acredito nas suas maldições – e em seguida empurrou Sakura para a frente – Agora fale com ele de uma vez – mandou.

                O velho que se levantara um pouco capenga devido à bebida, olhou para as pessoas a sua volta e seu olhar se prendeu no pequeno ser de cabelos rosados, reconhecendo-a. Sorriu ao ver que não havia se enganado.

— Ora, então é você? O que quer pequena? Mais alguma história do mar? – mas logo o seu sorriso morreu ao ler os lábios da jovem:

“Quero que me ajude a encontrar a flor mística!” disse e em seguida o mais velho começou a rir de forma escandalosa e Sakura olhou para Neji e Gaara sem saber o que fazer.

— Cala a boca, velho! – o Hyuuga bradou irritado e internamente se perguntou se o outro já tinha conhecimento da verdadeira identidade de Haru pela forma como falou com a garota.

— Pelos deuses! Estás louca, criança? – bradou sem se importar com o escândalo que faziam no estabelecimento ou se iria acordar alguém – Eu já singrei os sete mares e mesmo que saiba como chegar até esse local, nunca mais irei arriscar a minha vida por causa de...

— Ela pode pagar e temos rum no navio – Gaara interrompeu a ladainha do velho que imediatamente se calou. Sakura apenas encarava de um para o outro sem saber como aquilo poderia ajudar a convencer o humano, mas não pode deixar de ficar surpresa ao ouvir aquela resposta:

— Sarutobi Hiruzen ao seu dispor, madame – tentou fazer uma pequena reverência à Sakura que o olhava aturdida – Irei com a senhora até os confins do mar, enquanto tiver dinheiro e uma boa bebida a bordo – e sorriu para a menina que revirou os olhos.

Esses piratas!” pensou desgostosa mas estendeu a mão para firmar um contrato com o homem, já havia visto Naruto fazer a mesma coisa e pensava que devia fazer o mesmo. Sarutobi apertou a mão da garota com força e em seguida sentiu a água fria percorrer todos o seu corpo. Blasfemou, assustando Sakura que deu um passo para trás de Neji, o responsável por jogar a água no mais velho.

— Maldição! Eu já estou acordado, seu cão sarnento! – bradou e o Hyuuga deu de ombros.

— Mas ainda fede – foi a sua resposta e Gaara riu com o humor do amigo, sendo acompanhado por Sarutobi em seguida.

                Sakura apenas suspirou ao ver que, de uma forma estranha, o velho já parecia ter sido incorporado ao grupo que velejava consigo. Só esperava que isso se mantivesse ao voltar para o navio e Sasuke ver quem seria o responsável por indicar o local onde navegariam.

—*-

— Isso só pode ser brincadeira! – bradou furioso enquanto batia com força na mesa de Naruto que franziu o cenho para o amigo. Ele gostava muito daquela mesa – Esse velho bêbado irá dizer para onde iremos? – e apontou para Sarutobi que não parecia minimamente ofendido.

— O senhor sabe onde podemos encontrar a... – Naruto parou de falar sem saber ao certo como lidar com aquilo. Parecia algo irreal até para si.

— A “Flor dos Deuses”? – Sarutobi se manifestou pela primeira vez desde que fora levado até o Capitão e o Contramestre ao pisarem no navio junto de Sakura.

— Isso! Até que o nome soa melhor do que “flor mágica” – Naruto comentou pensativo e Sakura e Sasuke reviraram os olhos, aquilo não era minimamente importante.

— Bom, eu nunca a vi de fato... – o homem disse enquanto abria uma garrafa de rum e bebia diretamente do gargalo. Sasuke ao ouvir aquilo imediatamente olhou de forma debochada para Sakura que se encolheu ao ver que voltaria à estaca zero, ou pelo menos assim pensou até ouvir o resto da frase – ...Mas eu sei como chegar até ela, mas não será fácil.

— Como pode saber disso se nunca a viu? – Sasuke indagou mais uma vez e o velho deu de ombros.

— Eu já vi muitas coisas nesse mar, mais do que muitas outras pessoas, meu caro – explicou pacientemente como se falasse com uma criança – E o fato de você não ter visto, não significa que elas não existam. Sereias, por exemplo, já teve um encontro com alguma delas? – e sorriu para Sasuke antes de desviar rapidamente o olhar até Sakura que não pode evitar ficar tensa com aquilo. Por que ele havia lhe olhado daquela forma? O que estava escondendo de si?

— Claro que não! Sereias não existem, são lendas do mar! – Sasuke retrucou e o outro sorriu ainda mais.

— Devia ter a mente mais aberta, meu caro. Até porque, se vocês querem algo como a Flor dos Deuses, é melhor pensar que o impossível é possível, ou essa missão nunca obterá êxito.

— Certo, acho que isso não nos leva a lugar nenhum, apenas precisamos saber se você sabe nos indicar o local – Naruto resolveu interromper aquela conversa e ao ver Sarutobi aquiescer, suspirou.

Ele tinha que tomar uma decisão agora, se acreditava ou não no homem. Olhou para a menina que estava na expectativa e em seguida para o seu Imediato que parecia lhe alertar sobre o fracasso a que estavam fadados ao continuar com a essa ideia.

— Certo, vamos seguir as suas direções, Sarutobi – afirmou Naruto e Sakura começou a pular feliz ao ver que conseguiria, finalmente, ter uma chance de voltar para casa – Mas se percebermos que não teremos nenhum resultado, abandonamos a missão e você terá que nos pagar de qualquer jeito, Sakura! – informou novamente à menina que parou de pular, mas ainda estava feliz o bastante para apenas concordar. Estava tão feliz que nem pensava que algo poderia dar errado.

                Sasuke em contrapartida, bufou irritado e mandou o velho ir com Shikamaru enquanto dava ordens para Sakura limpar o deck inferior e os aposentos de Naruto. Ambos saíram do local para verificarem as últimas pendências para zarpar e Sakura, de tão feliz que estava, demorou um pouco para perceber que tinha trabalho a fazer.

—*-

— Você acha que isso realmente existe? – Sasuke indagou enquanto ia para o convés acompanhado do Capitão.

— Claro que não! Navegamos por diversas águas e nunca vimos nada como Sakura ou aquele velhote dizem existir. Mas se ela quer acreditar e recuperar uma flor, iremos fazer como ela quer. – e deu de ombros, sorrindo de forma superior – Afinal, o importante é ela pagar.

                Sasuke suspirou e apoiou-se em uma das vigas do navio para o observar o amigo. Franziu o cenho e Naruto tornou a falar:

— Enquanto ela tiver dinheiro, não vejo problema nenhum seguirmos com essa ideia louca dela, fora que isso não nos impede de continuar com os nossos negócios – e Sasuke teve que concordar que a ideia do Capitão era válida, só esperava que essa loucura não se estendesse por muito tempo.

— Não seria mais fácil apenas roubarmos dela? – sugeriu.

— Seria fácil demais, tanto que nem teria graça – e colocou a mão no ombro do amigo, observando a porta onde estava a menina, alvo daquela conversa – Além disso tem algo nela que continua me instigando.

— Como assim? – Sasuke encarou o Capitão com o cenho franzido – Não me diga que está interessado nela agora? – e bufou com a perspectiva, o que fez Naruto rir.

— Quando trouxe Haru para o navio, eu disse que iríamos nos surpreender – Naruto resolveu ignorar a pergunta do Contramestre, o que não passou despercebido por ele – E quando descobri que ele, na verdade era uma mulher, pensei que esse pressentimento fosse acabar, mas ainda há algo nela... – sorriu e deu dois tapinhas no ombro do amigo, finalizando a conversa e rumou para subir até o convés.

                Sasuke nada disse, apenas refletia sobre as palavras do Capitão, se ele estivesse certo... Apertou os punhos com força, prometendo a si mesmo que não seria mais enganado por Sakura. Ficaria de olho nela, principalmente depois de ver quem ela trouxera consigo para o Kurama. Se ela estivesse os enganando novamente, iria descobrir.

—*-

                Sakura limpava o deck inferior, usava uma escova para limpar o chão e fazia isso com um sorriso enorme, pois tudo parecia dar certo, até o trabalho parecia ter ficado mais fácil já que ninguém a importunava mais. Ou assim pensou até ver diversos pares de botas surgirem na sua frente e estragarem todo o seu trabalho. Olhou para cima e viu Neji, Gaara, Kiba e Chouji andando de um lado para o outro sem se importar em estarem sujando todo o piso que demorara horas para torná-lo apresentável.

                Andou até eles e puxou a camisa de Gaara e apontou para o chão, esperando que ele entendesse o que fizera, mas o ruivo apenas arqueou a sobrancelha e ignorando-a voltou aos seus afazeres e a conversar com Neji. Ela bufou irritada e bateu no chão com força e foi a vez de Neji bufar.

— Por que não procura algo para fazer e nos deixa em paz, mulher? – o Hyuuga falou impaciente e ela não acreditou no que ouvira. Ela estava fazendo algo antes deles chegarem e deixou isso bem claro a eles, porém não surtiu o efeito desejado.

— Isso está o horrível, o Capitão e o Imediato irão lhe punir por isso – Chouji disse sem entender a discussão que começava ali e como carregava o resto de algumas comidas para serem jogadas fora, consequentemente, algumas coisas acabavam por cair no chão e piorar a situação.

                Gaara ao ver a cara furiosa da menor não conseguiu se controlar e começou a rir, atraindo a fúria de Sakura para si.

— Ora, que cara irritada é essa? – e colocou a mão no rosto da menor que continuava a encará-lo – Uma mulher não devia se comportar dessa forma perto de homens. – disse, mas sentiu um arrepio ao ver os olhos de Sakura que pareciam mostrar o início de uma tormenta.

— Aproveite e tome o seu querido esfregão de volta – Kiba empurrou o objeto a ela que ficou confusa por um momento, mas foi o suficiente para acalmar o estado do Sabaaku que não era mais o alvo dos olhares intensos dela – É dever da mulher cuidar da casa e como nossa casa é o navio, nada mais justo que o trabalho fique todo para você – debochou.

“Você ainda está cumprindo com o seu castigo. O Contramestre não liberou você!” foi firme e viu o Inuzuka se irritar.

— Você devia aprender que não deve retrucar um superior – Kiba disse e até Gaara e Neji arquearam a sobrancelha com o que fora dito.

— Quem disse que você é superior a alguém aqui? – o Hyuuga se intrometeu e o Inuzuka suspirou.

— Em comparação a ela, todos somos superiores, ela é uma grumete e ainda é mulher em uma embarcação de piratas! – explicou-se e Sakura voltou a ficar irritada.

“Qual o problema de eu ser mulher?”

— Mulheres não podem ficar em navios – Gaara foi o primeiro a se manifestar.

— Mulheres não sabem navegar – Kiba continuou.

— Mulheres só atrapalham as coisas – Chouji disse apontando para a confusão que ela estava armando somente pelo chão estar sujo.

— Mulheres dão azar – Neji finalizou e ela continuava atônita com o que ouvia. Ela ainda pensou em retrucar algo, não acreditava que eles estavam a tratando daquela forma por causa disso, porém foi interrompida por outra pessoa.

— Acho que chega dessa discussão. – a voz firme de Sasuke foi ouvida e somente naquele momento Sakura reparou que ele estava presente durante toda a discussão – Kiba, você ainda está encarregado do convés, então não torne as coisas piores para você – e sorriu de forma forçada ao Inuzuka que rapidamente pegou o esfregão de volta. – E quanto a vocês, - olhou para os outros piratas – Sakura é nossa... convidada – disse, e Sakura não pode evitar franzir o cenho com o termo dito, pensava que eles eram companheiros agora.

— É que a ideia de ter uma mulher a bordo... – Gaara começou, passando a mão no cabelo, tentando se explicar. Nenhum deles sabia conviver com uma mulher à bordo, muito menos se esta não fosse uma meretriz.

— Eu sei – Sasuke interrompeu com o semblante fechado – Mas temos que nos adaptar, por enquanto – e olhou de esguelha para Sakura que virou o rosto para o lado, demonstrando toda a sua revolta – Voltem ao trabalho! – comandou e rapidamente todos saíram dali, deixando Sasuke e Sakura a sós.

“Obrig...” começou a mexer os lábios para agradecer ao Imediato, mas este nem ao menos parecia prestar atenção em si. Levantou a mão para que ela pudesse falar com ele, mas as palavras dele a pararam.

— Mulheres só causam problemas... – Sasuke murmurou para si enquanto massageava as têmporas e sem notar que ela o ouvira, saiu dali, deixando uma Sakura sozinha e abatida com a sua nova condição no navio.

—*-   

                Já navegavam a algum tempo, e sua última missão do dia era limpar os aposentos do Capitão Uzumaki, o que não era uma tarefa muito fácil. O homem era um completo furacão, por onde passava havia desordem. Eram roupas, papéis, mapas, botas, tudo o que se possa imaginar estava espalhado por aquele lugar e ela se perguntava como ele conseguia viver no meio de tanta sujeira? Abriu a portinhola para sentir um pouco da brisa do mar enquanto começava o trabalho e, mesmo que sua relação com os rapazes estivesse complicada novamente e que se preocupasse com as condições impostas pelo Capitão, estava decidida a não se deixar abater, afinal finalmente estava dando um passo para voltar para casa.

                Ao mesmo tempo ela recordava-se de Sarutobi e como ele parecia saber de algo a mais do que os outros humanos e aquilo a assustava um pouco. Devia ser algo da sua cabeça, mas talvez fosse bom sondar o homem, apenas para se assegurar que nada iria atrapalhar os seus planos. Enquanto pensava nisso, segurava um casaco do Capitão, junto com mais uma calça e duas camisas até que algo a mais chamou a sua atenção. Mais precisamente um som.

Olhou de um lado para o outro, mas nada viu, porém o som continuou chamando a sua atenção. Era uma voz melodiosa, tão linda e suave que ela sabia já ter escutado antes, milhares e milhares de vezes, afinal aquela voz era a sua.

                Imediatamente largou os pertences de Naruto e correu para a pequena janela aberta e olhou para ver se conseguia entender o que estava acontecendo. Como poderia ouvir a sua voz? Ela a tinha perdido para a bruxa do mar. Começou a olhar para o mar, tentando identificar algo, mas não havia nada ali, a não ser o som da sua própria voz. Ficou pendurada na portinhola até que notou a figura de mais alguém no meio das águas. Seu coração disparou de emoção ao vê-la e seus olhos se encheram de lágrimas, era Ino. Sua irmã estava ali perto, na superfície.

                Arfou, surpresa, por ver a irmã naquele local, estava afastada do navio, mas qualquer um que se esforçasse minimamente a veria. E Ino não gostava dos humanos, nunca havia ido até a superfície, sempre ficando protegida dentro das águas, então ela não conseguia entender o que faria sua irmã se arriscar dessa forma. E ao mesmo tempo ela só queria chamar a atenção da sereia, abraçá-la e dizer que estava bem. E esse sentimento foi tão forte que quando deu por si, agitava os braços para fora da portinhola, tentando chamar a atenção da loira.

                Mas de nada adiantava os seus esforços, sua irmã nem olhava na sua direção. Teve a ideia de jogar algo, mas sabia que isso poderia assustar a irmã e como desejou ter sua voz naquele momento para poder gritar por Ino. Sentiu os olhos arderem e começou a se desesperar ao ver que a sereia nadava para mais longe do navio.

Não! Ino! Eu estou aqui!” mexia os lábios, aflita, enquanto tentava se aproximar ainda mais da irmã. Metade do seu corpo pendia para fora da janela, mas ela pouco ligava para isso, apenas queria que sua irmã a visse. Mas ao ver Ino mergulhar, voltando para o mar, ela soube que não conseguiria chamar a sua atenção e as lágrimas que tentava conter, acabaram por serem vertidas e caírem nas águas profundas.

Sakura não havia notado nada, apenas continuou ali, chorando e lamentando, quando algo realmente extraordinário aconteceu.

— Sakura? – a voz doce da irmã foi ouvida e ao levantar a cabeça, pode ver a sereia lhe encarar confusa e espantada – Sakura! É você? – Ino perguntou mais firme e começou a nadar em direção ao navio, sem se importar com o perigo.

                Ino não conseguia acreditar. Depois de tanto tempo a procurando, finalmente havia achado sua irmã, mas ela não conseguia crer no que via, não conseguia entender o motivo dela estar em um navio humano. Havia nadado por todos os lugares, seguindo a voz da irmã para falar com ela, mas todas as suas tentativas falharam, até agora. Ela já estava desistindo de procurar por ali quando sentiu a essência de Sakura, fora algo fraco, mas tinha certeza que sua irmã estava por ali.

                As sereias tinham uma grande sensibilidade quando em contato com o mar e por causa disso conseguiam sentir o que acontecia ao seu redor, se o Rei dos Mares estava furioso ou calmo, se alguma coisa estranha iria acontecer e pressentir o perigo. Uma sereia também podia ser capaz de perceber outras criaturas, inclusive suas irmãs, mas era algo que exigia muita concentração e, quando se tratava de uma sereia, um laço muito forte com a outra criatura, tudo isso em uma área limitada. E Ino sabia que tinha essa capacidade de encontrar Sakura, mas, infelizmente, não conseguia se concentrar a ponto de achar a irmã no mar, pois sempre que ouvia a voz de Sakura, imediatamente, começava a nadar, tentando encontrá-la o mais rápido possível.

Mas conforme os dias foram passando e não encontrava Sakura em nenhum lugar, somente o som da sua voz, soube que algo estava estranho. Ino não sentia sua irmã em nenhum lugar do mar, até que a voz dela soava e aquilo a confundia e a deixava desesperada para entender o que estava acontecendo.

Chegou perto do navio, mas ainda havia uma certa distância entre as duas. Ino, então, moveu as mãos e Sakura percebeu o brilho azul no olhar da irmã enquanto a água se movia ao seu bel prazer. A água começou a se elevar, levantando o corpo de Ino até que ela ficasse a poucos centímetros abaixo de si.

— É você mesma! – Ino disse emocionada e Sakura respondeu com um sorriso, sentido a loira lhe abraçar.

                Era tão confortável e tão estranho ao mesmo tempo estar abraçando Ino. Era sua irmã ali, aquela com quem mais tinha carinho dentre todas as irmãs, mas agora que era humana percebia a diferença entre suas peles. A pele de Ino era fria, como o mar, e seu corpo era coberto por pequenas escamas, que se avolumavam principalmente na parte da cauda que reluzia à luz do sol quando nadava.

— Eu não acredito que finalmente te encontrei! O que aconteceu?  - indagou à mais nova que começou a mexer os lábios, mas nenhum som sair e aquilo assustou a sereia loira – A sua voz! Por que não consegue mais falar? – estava horrorizada e viu a as lágrimas da irmã começarem a escorrer pelo rosto e foi então que percebeu que Sakura estava diferente fisicamente. Ela usava roupas humanas e sua pele estava mais lisa que a sua e tão quente. Arregalou os olhos com o que via a sua frente, ela era uma... – ...Humana!

                Sakura meneou a cabeça, confirmando, e Ino abriu e fechou a boca diversas vezes, mas sem nada falar. Até que sua atenção foi desviada pelas vozes masculinas que conversavam entre si na parte superior do navio. E como se tudo fizesse sentido na sua mente, seus olhos azuis escureceram e o mar começou a se agitar. A corrente marítima começou a ficar mais forte e Sakura percebeu a tempestade dentro dos olhos da irmã, e isso não era um bom sinal.

                Imediatamente, Sakura puxou o rosto da irmã para que ela lhe encarasse e lentamente movimentou os lábios para Ino pudesse ler:

“Ino, não! Os humanos não fizeram nada comigo!” tentou explicar, mas aquilo pareceu enfurecer ainda mais a outra sereia.

— Como não fizeram nada? Você virou uma humana! – bradou e, como se água respondesse aos seus sentimentos, essa batia de forma violenta no barco, jogando-o um pouco. Sakura conseguiu ouvir Naruto começar a bradar ordens, junto de Sasuke e aquilo a preocupou. Não podiam encontrar sua irmã.

“Presta atenção! Eles não fizeram nada comigo, foi a bruxa do mar!” e Ino passou a prestar mais atenção no que lhe era dito.

— A bruxa do mar? – Sakura, então, pediu que a irmã se acalmasse para poder contar o que acontecera e ao ver a anuência de Ino, iniciou a sua história.

                Sakura contara tudo, como fora enganada, como teve que lidar com os humanos e fingir ser um homem para poder entrar no navio e como estava tentando voltar para casa. Ino a escutara em silêncio para não perder nenhum detalhe e até após o final da história, ela permaneceu calada, tentando digerir tudo.

— Isso explica muita coisa – foram as primeiras palavras da loira e Sakura arqueou uma sobrancelha confusa – É por isso que o Rei dos Mares está tão calmo, ele não sabe o que aconteceu com você.

“Como assim?” questionou à outra sereia.

— A bruxa do mar está usando a sua voz! – e Sakura arregalou os olhos, mas rapidamente recordou-se de ouvir a própria voz e foi como encontrou Ino – Ela pediu emprestado a sua voz, pois assim poderia usá-la e evitar que o nosso pai desconfiasse que algo estivesse errado. Ela tem cantado por todo o mar e me enganado durante todo esse tempo e eu nem percebi – disse desgostosa por não perceber o truque.

                E Sakura só pode sorrir tristemente para tentar aliviar o sentimento da irmã, mas no fundo ficara aliviada por saber que o Rei dos Mares não havia a deixado sozinha, ele apenas não sabia o que acontecia consigo. E aquilo era melhor do que ser desprezada pelo pai por ter desobedecido as leis.

— Eu vou agora mesmo atrás do Rei dos Mares e... – Ino começou a falar, mas Sakura negou veementemente – Como assim “não”? Ele precisa saber e...

“Ele não irá me perdoar, Ino” interrompeu a sereia “Você mesma me avisou que o nosso pai não seria misericordioso comigo mais uma vez e, bem, a situação fugiu do meu controle” e sorriu tristemente, pois não podia contar com a ajuda do pai.

— Ele vai entender... – Ino murmurou, mas não conseguiu encarar a mais nova. No fundo, sabia que o Rei dos Mares até poderia devolver Sakura ao mar, mas ele também a puniria de forma tão severa que, talvez, fosse melhor ele continuar ignorante sobre o que acontecia.

“Você sabe que não vai”.

— Então eu vou atrás da bruxa do mar e vou ameaçá-la e... – Ino voltou a vociferar e Sakura negou novamente, agora mais desesperada.

“Não! Ela pode fazer algo com você! Eu não quero que se arrisque assim!” estava nervosa e Ino começava a se preocupar sem saber o que fazer.

— Então o que devo fazer? Sentar e esperar até que ela se canse de brincar ou então que você ache essa flor que nem sabe se real? Que veio de uma história humana? – Ino não conseguia acreditar, Sakura era muito ingênua se acreditava mesmo naquilo – E enquanto isso vai continuar com esses humanos nojentos? – bradou, irritada, com a mais nova que se encolheu.

                Sakura até pensou em responder algo, porém o barulho atrás de si chamou a sua atenção. Começou a se desesperar pelo fato deles verem Ino daquela forma. Não podiam ver a irmã, ou então seu segredo e a própria Ino correriam risco. Começou a mexer rapidamente os lábios, tentando passar uma mensagem para outra que começou a ficar atordoada e viu quando Sakura começou a ser puxada para dentro por algum humano. Segurou a mão da mais nova rapidamente para impedir que a separassem e Sakura ficou alarmada.

“Não faça nada perigoso! Eu vou voltar para casa! Eu prometo! Você tem que ir agora, eles não podem te ver, eu...” tentou dizer que a amava, mas no segundo seguinte estava dentro dos aposentos novamente, em cima de um Sasuke que parecia furioso consigo.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Sakura voltou a ter problemas com os rapazes que não sabem como lidar com uma mulher abordo e nem com o fato de que foram enganados por ela. Além disso tem o fato de que eles são supersticiosos e não gostam da presença de uma mulher no navio XD
E ainda tivemos o retorno do velho contador de histórias, o Sarutobi, que será importante para a fic já que ele irá guiar o navio até a Flor dos Deuses. E também tivemos a aparição da Ino que contou o que está acontecendo no mar. A Bruxa do Mar está enganando a todos ao usar a voz de Sakura, por isso ninguém sabia o que havia acontecido, somente a loirinha havia notado que algo estava errado, ainda bem não é? Mas e ai? Alguém acha que a Ino vai fazer como a Sakura pediu e ficar fora de confusão enquanto espera a irmã voltar para casa? hehe
Muito obrigada a todos que estão comentando e favoritando a fic e em breve nos vemos!
Beijos e até a próxima!