The Mermaid Tale escrita por Luhni


Capítulo 11
A descoberta em Saint Cain


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Aqui estou eu com mais um capítulo! ;)
Muito obrigada a todos que estão lendo, comentando, favoritando, recomendando a fic! Estou muito feliz em saber que estão gostando dessa aventura da Sakura! *-*
Por favor, leiam as notas finais e boa leitura!



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                O Capitão Naruto havia estimado que a viagem até Saint Cain duraria uma semana. E Sakura tinha certeza de que aquela foi a semana mais calma desde que chegara ao Kurama, algo que ela não podia reclamar. Ela não treinou, devido ter se machucado e todos pensarem que ainda estava se recuperando, e muito menos teve que limpar o navio, graças a Kiba. Ele continuava com a sua função no navio, porém não parecia mais tão infeliz com isso, na verdade, o Inuzuka sorria sempre para si e perguntava se precisava de algo, como se ela fosse alguém muito importante e aquilo foi muito estranho.

Ele se comportava de forma diferente com ela agora e aquilo não poderia ser uma boa coisa. Andou calmamente até uma parte inferior do navio, onde dormia afastada de todos, para verificar o seu “tesouro” e retirou uma pequena peça de madeira no chão. Havia encontrado esse “defeito” nos primeiros dias em que chegou ao Kurama e tivera que limpar tudo, mas depois de receber o seu primeiro pagamento, decidira que colocaria todo o dinheiro que conseguisse e agora a grande bolsa de moedas, que ganhara no carteado de Zabuza, também estava ali. Sabia que era necessário ter dinheiro no mundo dos humanos, afinal todos sempre buscavam mais e mais riquezas e algo lhe dizia que o fato de ter isso estava relacionado a sua nova amizade com Kiba.

“Piratas!” e revirou os olhos ao entender o interesse do outro, mas ela faria bom proveito disso se trouxesse algum benefício para si.

                Retornou até o convés e ficou a observar os humanos realizando os seus afazeres mais uma vez. Ela já estava totalmente recuperada do ferimento, mas mentia dizendo que ainda não podia treinar para tentar descansar ao máximo. E mesmo que Sasuke estivesse desconfiado, ele não podia afirmar que era mentira, mesmo com ela indo para cima e para baixo a todo momento no navio para ver o que os outros estavam fazendo, algo pouco usual de alguém que deveria estar machucado.

Durante essa semana de descanso, ela aprendeu a fazer nós com Gaara e Neji lhe mostrou as armas guardadas no piso anterior, mostrando os canhões e como eles eram carregados com pólvora e, mesmo ela insistindo para ver como eles funcionavam, Neji não deixou, dizendo que aquilo não era brincadeira. De qualquer jeito havia sido realmente legal da parte deles pelo menos a distrair um pouco, mas na maior parte do tempo quem mais se aproximou dela foi Akamaru, o cachorro do Inuzuka, ele lhe fazia companhia e Kiba até se impressionou com isso, ensinando-a como chamá-lo, caso precisasse de ajuda.

— Você tem que aprender a assobiar – ele dissera e em seguida colocou dois dedos na boca antes de emitir um som agudo que Akamaru respondeu latindo e correndo até o dono – Viu?

                Sakura o observou admirada por ele conseguir fazer tal som e começou a tentar a aprender, porém mais cuspia do que realmente outra coisa, o que fez com que os outros sempre rissem de si em todas as tentativas falhas.

— No início é assim, mas depois você pega o jeito – o Inuzuka falou antes de Sasuke o mandar voltar ao trabalho.

                Sakura suspirou desistindo, momentaneamente, de aprender a assobiar e olhou em volta. Cada um fazia a função de acordo com as ordens do Capitão e do Contramestre com perfeição. Olhou para Shikamaru que estava no timão e sorriu antes de subir uma pequena escada até se encontrar no nível acima. Ultimamente ela gostava de ficar ali ao lado dele, vendo-o comandar o navio, ou examinando as cartas náuticas como ele explicara no dia anterior. Naruto também aparecia sempre por ali e falava sobre bússolas e mapas, como lê-los e como se guiar nas estrelas, era o momento em que mais aprendia. Até Sasuke, por vezes, contava algo sobre navegação, como identificar problemas no mar ou avarias no navio e ela ficava exultante de poder aprender aquilo tudo sobre o mundo humano.

— Então, ainda está sem trabalho? – Shikamaru falou apoiado no timão, parecia entediado. Sakura somente aquiesceu e viu o outro bufar – Quem dera pudesse ter uma pausa como a sua – reclamou e os orbes verdes de Sakura brilharam em entusiasmo.

“Eu posso ficar no seu lugar!” disse já tocando no timão, mas logo foi afastada pelo Nara.

— Não quero morrer tão cedo – retrucou. Se Sasuke ou Naruto sonhassem que havia deixado Haru tomar conta do timão, mandariam que ele ficasse a pão e água por semanas, se desse sorte.

                Ele viu Haru fazer uma careta de descontentamento e não pode evitar o sorriso ao pensar em como o Grumete parecia uma criança nessas horas. Colocou a mão no chapéu dele e puxou para baixo, forçando-o contra a cabeça do menor que ficou assustado com o movimento repentino e rapidamente pôs as mãos no chapéu, algo que Shikamaru já esperava.

— Pare de reclamar e vá avisar ao Capitão que estamos chegando – ordenou e viu o menor ajeitar o acessório da melhor forma que pode sem retirá-lo da cabeça e em seguida sorrir ao ver uma ilha ao horizonte – Vá logo, depois terá tempo de contemplar a vista – disse novamente e dessa vez ele o obedeceu ao sair correndo pelo convés – Que problemático – comentou consigo, balançando a cabeça antes de manejar novamente o timão.

                 Não demorou muito e Naruto e Sasuke assumiram o lugar no convés. O Capitão ficou ao lado de Shikamaru e logo deram início ao procedimento para atracar no porto de Saint Cain. Sakura não se aguentava de emoção, começava a anoitecer e o ambiente parecia muito aconchegante com diversas lanternas espalhadas pelas ruas do porto, sem falar da música alegre que parecia contagiar a todos. Certamente, se havia algo que Sakura adorava no mundo humano eram os festivais, pensou contente. E quando a âncora foi lançada, ela já se encontrava na borda do navio, somente à espera de que a escada fosse lançada e permitisse a saída dos tripulantes.

— Ora, pelo visto temos alguém bem animado com o festival – Naruto comentou ao ver o jeito do mais novo que sorriu abertamente para ele enquanto os orbes verdes brilhavam. Mais uma vez foi impossível o Uzumaki não notar aquele estranho fato, como alguém poderia ter olhos como aquele? Tão verdes, tão brilhantes e que pareciam mostrar a alma do rapaz?

— Engraçado... pensei que alguém estava ferido demais para fazer qualquer coisa dentro do navio ou fora dele – Sasuke comentou ao lado do Capitão e rapidamente o sorriso de Haru morreu, bem como qualquer resquício do entusiasmo que tinha nos orbes verdes.

— Tem razão – Naruto ponderou enquanto observava as faces do Grumete – Talvez devesse ficar no navio – e a cara que Haru fizera foi realmente de cortar o coração – Você realmente tem talento, rapaz – comentou o Capitão e Sakura ficou sem entender – Nunca tinha visto alguém ter um poder tão persuasivo quanto você sem nem ao menos abrir a boca – sorriu para o menor que arregalou os olhos.

Naruto riu com a reação de Haru e mexeu levemente no chapéu do Grumete que, assim como fizera com Shikamaru, rapidamente o segurou para que não saísse do lugar. Sasuke e Naruto novamente estranharam aquele apego todo ao acessório, mas logo foi esquecido ao ver o rosto penalizado do rapaz, por não poder sair do navio. O Capitão olhou pra o Contramestre que sorriu de canto e colocou a mão no ombro do menor.

— Pare de frescura – mandou ainda sorrindo – Estávamos somente brincando, você irá para a terra, afinal merece comemorar depois de cumprir a missão com Zabuza – e dessa vez, ambos perceberam o brilho de felicidade retornar aos orbes verdes hipnotizantes.

—*-

                Quando Sakura ouviu que eles estavam comemorando a missão com Zabuza e ela podia sair para conhecer o porto, ela realmente ficou feliz. Mas ao ver que todos simplesmente iam em direção a uma taverna para beberem, logo seu ânimo se esvaiu. Ela não queria ter que ficar presa ali enquanto via os companheiros ficarem bêbados, e ela também não queria beber por um longo tempo. Já bastava de confusão na vida dela, principalmente, por causa de bebida. Foi por isso que estava se preparando para inventar alguma desculpa para ir passear pela cidade, quando Sasuke foi mais rápido.

— Não prefere dar uma volta? – ele a questionou e ela franziu o cenho, não entendendo o comportamento amigável dele. Sasuke revirou os olhos e bufou antes de voltar a falar – Só não quero que beba essa noite, não quero ter mais problemas do que já tenho, pelo menos não hoje – murmurou a última parte e aquilo aguçou a curiosidade de Sakura ao mesmo tempo em que ficou feliz ao ver que pensavam igual sobre o fato de que era melhor não beber.

                Ela aquiesceu e apontou para o festival, começando a andar em seguida, e ficou surpresa ao vê-lo ao seu lado. Arqueou uma sobrancelha, como se perguntasse o que estava fazendo ali e ele deu de ombros.

— Apenas me certificando que não irá arranjar alguma briga por ai – foi a resposta dele e foi a vez dela revirar os olhos. Sasuke estava exagerando, afinal não arrumava confusão a todo momento.

                E como se o destino quisesse contradizê-la, acabou dando de encontro com outro homem que a fuzilou com o olhar e se não fosse Sasuke encará-lo enquanto segurava a bainha da espada, provavelmente, estaria correndo por ai novamente. Sorriu de forma apologética para o Uchiha, que estava pronto para brigar consigo por sua desatenção, e voltou a andar, impedindo qualquer bronca que estivesse por vir. Talvez fosse uma boa ideia ele lhe acompanhar afinal de contas.

                Andaram até ver o centro do festival, onde havia muitas pessoas reunidas em volta de uma fogueira e um homem idoso encontrava-se sentado perto das labaredas, chamando o público para ouvir algumas histórias.

— Escutem todos e escutem com atenção! O que será dito agora é a mais pura verdade, eu mesmo vi com os meus próprios olhos! – o senhor bradava e gesticulava para dar ênfase na fala.

Sakura se aproximou, curiosa, e Sasuke revirou os olhos ao ver que estavam no meio de diversas crianças e a puxou mais para trás. Ele se escorou em uma árvore e Sakura, um pouco irritada por ter perdido um bom lugar, ficou atenta ao que seria dito. Sasuke achou aquilo engraçado, o fato do Grumete estar tão animado para ouvir histórias bobas e lendas que sempre eram repetidas em todos os festivais, será que Haru não sabia que aquilo eram apenas histórias para divertir as crianças? Sorriu, querendo ver como o menor reagiria àquilo.

— Há muito tempo, quando eu era jovem e Capitão do Fúria da Noite – o velho começou – eu singrava os sete mares e enfrentei os mais diversos desafios, desde piratas até monstros do mar!

                Sakura arregalou os olhos com o que fora dito e franziu o cenho, duvidando de tal fato. Aquele homem não parecia ser capaz de enfrentar os monstros do mar. O Kraken acabaria com ele em um piscar de olhos, e sorriu com o pensamento, balançando a cabeça como se estivesse concordando consigo mesma.

— Eu fugi da Marinha Real diversas vezes e meu pescoço estava por um fio, mas sobrevivi, senhoras e senhores! – voltou a falar e Sakura revirou os olhos, ele estava apenas enrolando – Porém, em um dos meus encontros com criaturas míticas, nem mesmo eu consegui resistir aos encantos das sereias – disse e aquilo fez o interesse de Sakura voltar. Aquele humano conhecia suas irmãs?

— As sereias são seres perigosos que afundam navios e matam marinheiros – ele começou a narrar e Sakura o rebateu em pensamento.

“Nós apenas nos defendemos quando alguém entra em nosso território” disse para si mesma, recordando-se das irmãs que tinham essa responsabilidade por terem desobedecido as ordens do Rei dos Mares, as seriens.

— As sereias são os seres mais bonitos que vocês terão a oportunidade de ver e possuem as mais belas vozes – “Isso é verdade” concordou internamente com o velho – E usam da beleza e da voz para encantar os homens, levando-os a se afogarem no mar – “Isso também é verdade”, foi obrigada a concordar, mas somente as seriens faziam aquilo com frequência, as outras irmãs somente utilizavam dos seus encantos quando se sentiam encurraladas por humanos, algo que nunca acontecia, já que eram proibidas de ter contato com os seres da superfície, até agora.

                Olhou para o lado ao ter esse pensamento, e notou que Sasuke a encarava, sorriu rapidamente, um pouco envergonhada, antes de se virar para voltar a prestar atenção na história. O que o Rei dos Mares diria se a visse agora? O que ele faria consigo ao descobrir que havia desobedecido às suas ordens e estava ao lado de um humano naquele exato momento? Ele já devia ter notado a sua ausência no mar, não?

— Eu mesmo fui vítima delas, meu navio foi destruído pela bela voz das sereias. Eu pensei que morreria naquele momento e o medo de morrer me fez ver o embuste por trás do encantamento, o que me permitiu fugir a tempo.

Ele continuou falando, o que chamou a atenção de Sakura que revirou os olhos, se as seriens quisessem ele nunca teria fugido, devia ter sido apenas sorte ou então ele inventava aquilo tudo, algo que ela começava a acreditar até ouvir o início a próxima história de seu povo.

— Mas dizem que nem todas as sereias são iguais e que, há muito tempo, existiu uma sereia que quis ser humana em busca do amor de um homem – “Agora a história está interessante” pensou, inclinando-se para frente a fim de ouvir melhor – Ela conseguiu pernas e veio para a terra, abandonando sua família – “Ela parece comigo!” pensou feliz e animada com a história.

— Para conseguir isso, ela teve que sacrificar sua bela voz, a coisa mais preciosa para uma sereia, e seus pés sagravam a cada passo dado para lembrá-la de que aquele não era o seu mundo – “ainda bem que posso andar normalmente” e fez uma cara de dor ao imaginar o sofrimento da pobre sereia ao andar, já que “andar” era algo que ela própria fazia muito – A sereia tinha alguns dias para ganhar o coração do amado, porém ele acabou por se apaixonar e se casar com outra, e a sereia, como não conseguiu o coração do amado, seria condenada à morte.

Ficou horrorizada ao ouvir tal coisa, como podiam fazer algo assim depois de tudo o que ela sofreu? “Não é justo, definitivamente!” pensou sem reparar que Sasuke continuava a observar as caras e bocas que ela fazia ao seu lado por estar completamente envolvida pela história.

— As irmãs, com pena da pequena sereia, resolveram ajudá-la e vieram até a superfície com um punhal em mãos, dizendo que, se ela matasse o jovem, ela poderia ter sua cauda de volta e retornar ao mar – “Onde eu consigo esse punhal? E quem eu tenho que matar?” pensou angustiada, se essa fosse a resposta, seria mais fácil do que pensava voltar para casa – Porém, a sereia se recusou, ela amava demais o jovem, mesmo que ele não a amasse de volta, então quando o tempo se extinguiu, ela virou espuma do mar, desaparecendo para sempre.

                O velho terminou a história e Sakura queria berrar, frustrada, com aquele final. Como aquela sereia pode fazer algo assim? Ela não entendia o motivo da sereia ter sacrificado a sua vida em prol de um mero humano! Sakura amava as irmãs, seu pai, o mar, no entanto não conseguia compreender o que era esse amor tão desmedido que a sereia sentiu, capaz de feri-la e fazê-la passar por tantos obstáculos e, ao final, ainda ter que renunciar a sua vida por alguém que nem pensava em si. Mas Sakura imaginava que devia ser algo muito perigoso e estúpido de se sentir se fez com que a sereia desistisse de voltar para casa. Ficou chateada com o final da história, incapaz de compreender os sentimentos da pequena sereia por nunca ter sentido nada parecido com aquilo que era relatado. 

                Sasuke continuou ao lado do Grumete o observando, enquanto o menor continuava conjecturando coisas, revoltado com o final da história. Sorriu de canto e foi inevitável não pensar em como alguém que era mudo conseguia ser tão barulhento? Haru não percebia, mas suas feições mudavam a cada palavra proferida pelo velho contador de histórias, era fácil ler suas expressões faciais, e conseguia ouvir bem os ruídos que demonstravam a sua surpresa ou os bufos irritados quando algo não o agradava. Tinha que admitir, para alguém mudo, Haru “falava” demais.

                O Grumete, como se tivesse se dado conta que estava sendo observado, voltou-se para Sasuke que arqueou uma sobrancelha ao vê-lo mexer os lábios:

“Pergunta para ele se a pequena sereia nunca mais poderia voltar ao mar” pediu e ele revirou os olhos.

— É só uma história, Haru – tentou dissuadi-lo, mas o rapaz segurou a manga da sua blusa, puxando-a para chamar atenção. E Sasuke bufou – Pare de ser irritante – murmurou.

“Ele não vai me entender, estamos muito longe e...” quando viu que o Grumete iria continuar a atormentá-lo, resolveu acabar com aquilo e indagar em voz alta:

— A sereia... – chamou a atenção do velho que já iniciava outra história sobre um navio fantasma cheio de piratas – Não havia nada que ela pudesse fazer para voltar ao mar?

— Pensei ter sido claro sobre o punhal – o velho comentou risonho e em seguida pegou um cantil para beber. Sasuke sentiu as faces esquentarem ao ver as pessoas rindo de si e encarou Haru, irritado, como se dissesse que a culpa era dele. Mas o rapaz pouco se importou e tornou a pedir que ele questionasse sobre outra coisa.

— Eu sei disso – retrucou, rangendo os dentes por se prestar a esse papel – O que eu queria saber é se depois de ter virado espuma do mar, não teria como ela voltar a ser sereia?

                Ao ouvir aquilo o velho parou de beber e encarou o rapaz que o indagava, desconfiado. Era a primeira vez em anos que alguém perguntava aquilo para si. O rapaz tinha um bom porte, cabelos negros e uma cara de poucos amigos, ele não parecia nem um pouco disposto a saber a real resposta de tal pergunta. Foi quando percebeu um pequeno corpo ao lado dele, segurando a manga da camisa do outro e puxando-a enquanto mexia os lábios sem parar, querendo a atenção do mais velho, que o ignorava. Sorriu em compreensão, era o menor quem queria saber a resposta.

— Você é muito esperto e por isso irei lhe responder – falou e viu dois orbes verdes o encararem. O velho sorriu ao ver aqueles belos olhos – Dizem que nos confins do mar existe uma flor que cresce na água, oriunda das lágrimas da pequena sereia que morreu por causa do amor, e esta pequena flor contém o arrependimento e a nova chance de refazer a sua decisão.

                E o velho foi o único a perceber o brilho de esperança que surgiu no olhar do mais novo com a sua resposta. Bebeu mais um gole da bebida, depois de brindar ao rapaz que nem ao menos lhe encarava de volta e continuou suas histórias.

—*-

                Sakura estava lívida de emoção, finalmente... depois de meses procurando, havia encontrado uma pista sobre como poderia voltar ao seu lar. É claro que era algo bem improvável e, tinha que admitir que, talvez, não conseguisse achar essa flor que podia nem ao menos existir. Suspirou, tentando controlar as suas emoções, aquele velho podia ser um grande mentiroso, mas pelo menos ele parecia saber mais do seu mundo do que muitos outros humanos, além do mais a história que ele contara... era muito parecida com a dela, e se ela havia virado humana, porque não outra sereia também? Sorriu, feliz, e resolveu se concentrar. Havia dito a Sasuke que iria ver uma barraca de comida, mas ficara tão entusiasmada com o pensamento de voltar para casa que acabou por se afastar demais e agora nem ao menos conseguia enxergá-lo.

                Suspirou. Ela realmente tinha que parar de divagar e começar a raciocinar sobre como conseguiria convencer aqueles piratas a ir atrás de uma flor mágica e também tinha que pensar onde poderia encontrar tal artefato. Além disso, também tinha que descobrir onde estava o Imediato, antes que ele a achasse e começasse a esbravejar contra si. Começou a olhar em volta e pensou ter visto o vulto do Uchiha, seguiu mais à frente, passando por diversas barracas de comida e de bugigangas, sempre seguindo o rastro daquele que ela pensou ser Sasuke. Ficou irritada por não ter voz naquele momento, nem ao menos podia gritar para que ele parasse.

                Andou mais um pouco, saindo da parte mais movimentada do festival e chegou até uma área em que as árvores começavam a predominar no cenário, mostrando o início da floresta que cercava a pequena cidade de Saint Cain. Bufou irritada ao ver que nada adiantaria ela ficar ali, Sasuke não devia ter ido por aquela direção e só estava perdendo o seu tempo. Deu meia volta para sair do local mas, antes que conseguisse, sentiu alguém lhe agarrar por trás. Seu nariz e sua boca foram tapados por um pano e ela tentou lutar para se livrar do agarre, porém de nada adiantou e logo os seus olhos pesaram até que, finalmente, sentiu os seus sentidos a abandonarem.

—*-  

                Sasuke já estava irritado por ter que procurar Haru por todos os lados. Como aquele garoto foi se afastar tanto dele? O menor estava muito desatento desde que ouvira as histórias do velho, mas não imaginava que isso fosse atingi-lo tanto. Viu que estava na frente da taverna onde Naruto e os outros estariam bebendo e resolver entrar, quem sabe o Grumete não estaria ali? Além disso, Sasuke estava cansado de bancar a ama seca indo atrás de uma criança. Pediu uma bebida e não foi difícil achar os companheiros, os gritos de Naruto o atraíram para uma mesa bastante barulhenta.

— Temeeee! – berrou o Capitão e Sasuke bufou sentando-se ao seu lado na mesa – Onde está o Haruuu? – continuou a gritar no seu ouvido e o Uchiha o afastou rapidamente, não desejava ficar surdo.

— Ficou perdido por aí – explicou, mesmo sabendo que o Uzumaki não prestaria a mínima atenção já que estava mais ocupado enchendo a cara. Sorriu, ele devia fazer o mesmo e virou a copo que tinha nas mãos em um gole só.

— E isso não é perigoso? – Kiba indagou, chamando a atenção dos outros.

— Desde quando se importa com o Grumete? – Neji indagou e o Inuzuka deu de ombros.

— Não me importo, mas penso que é bem capaz dele estragar a nossa noite de alguma forma – disse sério e Gaara riu.

— Não seja bobo, o que poderia acontecer com ele? – e como se quisessem zombar do Sabaaku um pivete se aproximou da mesa onde estavam e estendeu a mãozinha suja, que segurava um papel, para Naruto que não parecia prestar atenção a nada ao seu redor.

                Sasuke vendo a situação tomou o papel das mãos do garoto e deu uma moeda pelos serviços prestados para que ele pudesse ir embora dali. O Uchiha viu que era um papel comum, não havia timbre e nem remetente, então abriu, já que Naruto não parecia minimamente interessado, ou sóbrio, mas o que leu fez o seu sangue ferver e bateu com força na mesa, atraindo a atenção de todos, inclusive do Capitão.

— Qual o problema, Teme? – Naruto indagou preocupado e Sasuke jogou a carta na mesa para que ele lesse.

— Parece que Haru realmente conseguiu acabar com a nossa noite – e virou o resto de bebida do copo enquanto via os companheiros lerem a carta abismados. De acordo com a carta, Haru havia sido capturado por Zabuza que, de alguma forma, havia sobrevivido e agora exigia a cabeça de Naruto e Sasuke para terem o garoto de volta.

— Zabuza? Pensei que estivesse morto – Gaara comentou surpreso, assim como os outros companheiros.

— Eu também, mas pelo jeito o canalha tem mais vidas do que um gato – comentou o Capitão e durante um minuto a mesa ficou em silêncio sem saber o que fazer com a notícia da captura de Haru.

— Ele já deve estar morto, deve ser uma armadilha – Neji disse ao reler o conteúdo da carta, mas aquilo pareceu soar errado ao ouvido de todos ali, até para o próprio Hyuuga – O que iremos fazer? – e voltou os olhos para o Capitão que havia ficado sério após a notícia.

— Ele é nosso companheiro, o que acha que vamos fazer? – foi a sua resposta ao se levantar da mesa com um equilíbrio que mostrava que ele não estava tão bêbado quanto parecia a momentos atrás.

— Mesmo que isso signifique a cabeça de vocês em uma bandeja? – Kiba indagou, mas já se levantava junto com o Capitão.

— Sim.

— Ótimo, eu já estava ficando entediado – Gaara dissera sorrindo ao se levantar – Haru anima as coisas – comentou bem humorado e Neji o imitou.

— E é um ótimo mascote para o navio – brincou.

— Ele até que é uma boa companhia, quando não fica perturbando os outros – Shikamaru também disse ao pegar a espada.

— Sasuke? – indagou ao Imediato que bufou, mas sorriu de lado.

— Ele irá lavar o convés por dois meses e ainda sofrerá com mais treinamento por ter cometido um deslize desse – foi a resposta do Uchiha, mas todos entenderam que o Imediato estava disposto a trazê-lo de volta.

—*-

                O plano era simples: eles entravam, pegavam Haru, matavam Zabuza e todos que estivessem com ele, e voltavam a beber. Bem simples. Não tinha como algo dar errado. Naruto sempre foi muito prático, não era adepto de planos mirabolantes, isso sempre ficava a cargo dos seus companheiros, principalmente Shikamaru e Sasuke, mas parecia que estes resolveram seguir a sua ideia dessa vez. Talvez pelo fato de que eles não sabiam exatamente o que os esperava, e por conhecerem Zabuza sabiam que tudo poderia acontecer, então o improviso era a melhor arma que detinham no momento, isso e o pequeno esquema que deixara para que os outros também participassem da “festa”.

                Chegaram em frente ao local indicado no pequeno bilhete entregue a eles mais cedo e Naruto encarou o Imediato que balançou a cabeça em concordância, isso fez o Capitão sorrir antes de andarem até a porta onde Zabuza os esperava. Levantaram as pernas e deram um chute duplo, fazendo com que as portas fossem abertas com um estrondo. Eles não ouviram nenhum barulho vindo de dentro da casa, mas já esperavam por isso, afinal estavam esperando por eles. Entraram cautelosos e Naruto foi o primeiro a avistar Zabuza, sentado sozinho em uma mesa no canto, com uma faca em mãos. O Momocchi parecia não ter notado a presença deles, concentrado em amolar a arma.

                Sasuke aproveitara aquele pequeno momento para esquadrinhar o lugar, vendo se havia mais alguém e verificando se encontrava Haru por ali, ou se havia alguma saída rápida para eles, caso precisassem. Mas nem o Grumete e nem nenhum dos capangas de Zabuza estavam à vista e isso não podia significar boa coisa para eles.

— Pensei que chegariam antes – Zabuza se manifestou, ainda sentado, mas seu olhar agora se detinha a encará-los com atenção.

— E eu pensei que você fosse humano e estivesse morto, mas pelo visto faz jus ao apelido de Demônio – Naruto contrapôs e sorriu ao ver o cenho franzido do outro.

— Tenho que dizer que foi por pouco – e fuzilou o Uchiha ao lembrar que foi ele quem quase o matou – Permita-me retribuir o favor em breve, Sasuke – disse com escárnio e foi a vez do Contramestre sorrir de canto.

— Só em seus sonhos, Zabuza.

— Não vão se sentar? – o pirata apontou para a mesa e Naruto e Sasuke se entreolharam, mas em seguida se dirigiram até o local indicado – Confesso que fiquei bem surpreso de vê-los se arriscando tanto por causa de um Grumete – e colocou um pouco de vinho em duas taças, mas nenhum dos dois ousou beber do líquido.

— Ficamos curiosos com o fato de você ter sobrevivido, – Naruto disse e notou uma movimentação à sua direita – foi isso que nos motivou a vir realmente – comentou, tentando não demonstrar a importância de Haru ou poderia complicar ainda mais as coisas – Além disso, estávamos querendo deixar a noite mais agitada mesmo.

                Zabuza riu, não acreditando nisso e observou como o Uchiha continuava a procurar algo na casa em que estavam.

— Não é somente isso, eu sei, mas tudo bem – e foi a vez dele tomar um pouco do vinho que eles negaram de início – Eu também viria se soubesse daquele segredo.

                Sasuke arqueou a sobrancelha e notou que Naruto também parecia confuso com o que fora dito. Mas nenhum dos dois ousou contestar Zabuza.

— Então, será que podemos ir direto ao ponto? Estamos aqui, como você pediu – Sasuke resolveu cortar aquela conversa que não os levava a lugar nenhum – Onde está Haru?

— Claro – levantou-se e os dois imitaram o seu movimento, segurando no cabo da espada.

                Zabuza sorriu de forma maliciosa, mas não fez nenhum movimento de ataque, apenas andou mais para trás e fez um sinal para alguém que eles não conseguiam ver.

— Devo dizer que a ideia inicial era usá-lo de exemplo e fazê-los pagar um por um, mas fiquei impressionado quando soube a verdade, confesso, e um pouco irritado por ter sido enganado dessa forma – Zabuza continuou a falar calmamente – Mas depois pensei que isso era perfeito, pois conseguiria pegar vocês dois de uma só vez.

                O barulho de correntes começou a ser ouvido enquanto passos arrastados denunciavam a vinda de alguém e Naruto e Sasuke ficaram tensos com a perspectiva de verem a atrocidade que Zabuza devia ter feito ao mais novo tripulante do Kurama apenas para se vingar deles.

— Eu sabia que vocês viriam por ela e eu não perderia essa oportunidade – o Momocchi finalizou ao mesmo tempo em que um corpo era empurrado com brutalidade e atirado ao chão. Naruto e Sasuke se entreolharam confusos e em seguida o Capitão voltou a indagar:

— Ela? – e seus olhos pousaram no corpo que estava jogado no chão, de costas para eles, os longos cabelos rosados espalhados pelo chão, sem reconhecer a figura.

                E ao ver a forma aturdida de ambos enquanto olhavam a pessoa a sua frente foi que Zabuza se deu conta de algo: eles também não sabiam. De repente uma estrondosa gargalhada se alastrou pela sala e aquilo enfureceu os dois piratas que não entendiam o motivo de tanta graça.

— Ora, mas que vadia esperta! – teve que dizer enquanto se aproximava do pequeno corpo que tentava se mover o mínimo possível por não saber o que fazer ou como reagir ao que estava acontecendo – Você enganou a todos, não é mesmo? – e puxou os longos cabelos dela para cima e, se pudesse, ela teria gritado de dor e de nojo por alguém como Zabuza estar tocando no seu cabelo. Mas ela forçou a sua cabeça para baixo, não deixando que ninguém conseguisse ver o seu rosto.

— Do que você está falando? Quem é essa garota? – Sasuke exclamou, nervoso. Zabuza estava brincando com eles?

— Ora, vocês vieram aqui atrás dela, não foi? Deixe-me, então, ter a honra de apresentá-los devidamente: essa... – e forçou a cabeça de Sakura para cima, revelando o rosto conhecido com os orbes verdes marejados para os dois piratas do Kurama – ...é a Grumete de vocês, também chamada de Haru!

                E naquele momento Sakura teve a certeza de que estava muito ferrada.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? O título é ambíguo mesmo, serve para fazer referência ao fato da Sakura ter feito uma descoberta em Saint Cain sobre como voltar para casa e, ao mesmo tempo, também se refere ao fato dela ter sido descoberta. Gostaram? Algumas pessoas pensavam que alguém da tripulação iria descobrir sobre ela, mas o primeiro mesmo foi o Zabuza e ele foi o responsável por fazer o disfarce dela ir para o ralo com o Naruto e o Sasuke. XD
Agora a questão é: como eles vão reagir com isso e como vão sair dali?
Ahh, detalhe: a história contada pelo velho é a verdadeira história da Pequena Sereia, criada por Hans Cristian Andersen ♥ Quis fazer uma homenagem a ele, já que a fic é baseada no conto.
Outra coisa: sobre as Seriens... sim, eu sei que é sereia dito de outra forma, mas foi proposital, afinal as sereias eram nomeadas de formas diferentes em cada região do mundo, então aqui eu atribui somente uma função para algumas delas de acordo com a forma como são chamadas, ok? Existem as sereias como a Sakura, que são as filhas do Rei dos Mares e princesas, e existem outros tipos de sereias, como as Seriens que são as guardiãs do mar, banidas por terem desrespeitado as leis... mas elas vocês vão conhecer melhor mais adiante ;)
Espero que tenham gostado do capitulo e nos vemos na próxima!
Beijos