The Mermaid Tale escrita por Luhni


Capítulo 1
O desejo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Então, ano novo, fic nova, na verdade, essa fic não é tão nova assim. Esse projeto surgiu porque eu queria muito ler uma fic sobre sereias e como eu quase não encontrava nada do gênero que fosse SasuSaku que me agradasse (fora uma ali e outra aqui), resolvi escrever eu mesma XD

Essa fic é inspirada no conto de Hans Christian Andersen, "A sereiazinha", ou como muitos mais popularmente conhecem "A pequena sereia" e vocês vão perceber algumas semelhanças e diferenças logo nesse capítulo.

Aviso logo que a fic será postada mensalmente, em virtude de minha prioridade ser as minhas duas outras fics em andamento "Reparação" e "Sonhos de uma outra vida 2". Mas não se preocupem pois eu já tenho alguns capítulos escritos, então não terei problema de atraso com essa fic, por enquanto ;D


Nos vemos nas notas finais e espero que gostem!
Boa leitura!



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Nadava de um lado para o outro em busca de uma das irmãs, estava ansiosa para dizer o que encontrara. Não sabia exatamente o que era, mas as mais velhas deveriam saber. Elas sempre sabiam de tudo. Olhou na cachoeira, olhou no lago que sempre ficavam e nas encostas rochosas, nada. Será que haviam ido procurar tesouros? Chateada por não conseguir encontrar ninguém, resolveu voltar e ver se ela mesma descobria o que era aquilo. Afinal, ela era muito esperta, talvez conseguisse sem as irmãs.

Ao chegar ao local parou para observar a “coisa” de longe. Nunca vira nada assim. Era enorme e parecia antigo. Era grande e arredondado embaixo e parecia esconder algo, talvez dentro houvesse tesouros, pensou, enquanto que em cima tinha algo pontudo. Nadou para mais perto de forma cautelosa, pois estava com um pouco com medo. Tocou a superfície, que parecia um pouco áspera, até encontrar uma abertura por onde passou. Lá dentro parecia com uma caverna, mas diferente. Nadou por todos os cantos e viu objetos que nunca pensara existir. Algo quadrado com vários traços dentro, algo com quatro pontas e tão pequeno que cabia na sua mão, encontrou um baú e dentro havia várias coisas reluzentes.

Ficou ali por horas, investigando a grande “coisa” e cada vez mais sua curiosidade aumentava para saber o que era aquilo tudo o que encontrava. Ela nunca havia visto algo assim. Porém ao sentir a temperatura cair, notou que estava ficando tarde e era melhor voltar para casa ou brigariam consigo, mas agora poderia contar a aventura que tivera às irmãs e elas poderiam lhe dizer o que era tudo o que encontrou. Animada com a descoberta, nadou para casa.

Mas o que ouviu depois das irmãs a deixou triste. Fora proibida de voltar ali. Disseram-na que era um lugar perigoso e proibido pelo pai, o Rei dos Mares. Quando ela indagou o porquê de ser proibido ela ouviu pela primeira vez a palavra “humanos” e foi quando decidiu que queria saber mais sobre eles.

Alguns anos depois

O vento soprava forte e o Capitão gritava ordens por todo o convés para que içassem as velas e desfizessem as amarras. O sol estava a pino e o mar parecia calmo, aquele parecia o indício perfeito de uma boa pescaria.

— Levantem-se seus molengas que o mar nos espera! – gritava contente ao ver os marujos correndo para seguir os seus comandos.

— Parece que hoje o dia vai ser bom, Capitão. – ouviu o Imediato falar ao seu lado – O Rei dos Mares deve estar de bom humor.

— Sim e espero que permaneça assim até nossas redes se encherem de peixes – falou com um sorriso ao imaginar o dinheiro que conseguiria naquela pescaria.

                O Imediato comentou alguma coisa mais, porém ela não conseguiu ouvir de onde estava, preferia quando eles gritavam, assim podia tentar entender mais sobre aqueles humanos estranhos. Ouviu passos perto de onde estava e, assustada, jogou-se no mar, não podia deixar que a vissem. Nadou para o fundo, a cauda em tons rosados, assim como os seus cabelos, oscilava para cima e para baixo rapidamente enquanto tentava entender as palavras que ouvira.

— Sakura! – ouviu lhe chamarem e parou de nadar ao reconhecer a voz da irmã – Onde estava?

— Estava nadando por ai – disse sorrindo um pouco forçado, odiava mentir, pois sabia que era uma péssima mentirosa e, infelizmente, a outra também sabia.

— Você estava espionando os humanos de novo, não é mesmo? – indagou cruzando os braços em frente ao corpo, os cabelos loiros balançando conforme a corrente marítima.

— Eu... – tentou inventar outra desculpa, mas o olhar da irmã sobre si fez com que dissesse a verdade - ...sim – murmurou envergonhada.

— Sakura! Você sabe que isso é perigoso! – esbravejou e Sakura tentou retrucar:

— Mas Ino eles não me viram, eu tomei cuidado!

— Não importa! Você conhece as leis, o Rei dos Mares não permite que tenhamos contato com humanos, por que não consegue entender isso?

— Por que não podemos ter contato com eles? – ficou emburrada, antes de sorrir ao lembrar-se da conversa que ouvira – Eles parecem ser muito interessantes, você devia ver Ino! Eles até conhecem o Rei dos Mares!

— Grande coisa! Ele é nosso pai e nós também o conhecemos – disse ao puxar a irmã pelo braço, voltando a nadar. Sakura bufou.

— Sim, mas isso quer dizer que nossas espécies se conhecem, será que...

— Não começa Sakura! O Rei dos Mares não vai responder nada para você, sabe disso. E se ele descobrir que você subiu até a superfície... – balançou a cabeça para afastar maus pensamentos – Não quero nem pensar no que pode acontecer.

— Ele não vai descobrir... – suspirou para a irmã que parou de nadar.

— Sakura me prometa que não vai mais a superfície para ver os humanos – pediu Ino a mais nova que se encolheu sem saber o que responder – Sakura, eles são perigosos, caçam a nossa espécie e outros animais do mar, são gananciosos por algo que chamam de dinheiro, matam e...

— Como você pode saber disso? Como qualquer um pode saber disso? – bradou Sakura – Ninguém nunca fez contato com eles! Isso são histórias que o Rei dos Mares nos conta, mas eu não acredito que eles sejam tão malvados.

— Sakura! É o nosso pai, ele só quer nos proteger! Tente entender!

— Não! Eu não entendo! – e antes que pudesse ouvir mais do sermão da irmã, nadou o mais rápido que pode para longe dali.

                Nadou e nadou até ficar cansada e deitar em uma rocha para chorar. Todos sabiam o quanto ela queria conhecer o mundo dos humanos, mas sempre a impediam dizendo o quanto era perigoso. Seu pai já havia a castigado uma vez ao ver os objetos humanos que guardava, ele havia destruído tudo e se ele soubesse que, mesmo assim, continuava a subir até a superfície provavelmente seu castigo não seria tão brando quanto foi da última vez. Essa era a preocupação de Ino, sabia disso. Porém, desde que encontrara aquele navio naufragado no mar, ela não conseguiu parar de pesquisar mais e mais sobre os humanos.

Foi por causa disso que descobriu que muitos iam constantemente para o mar e ela passou a procurar por esses navios para observá-los. Ela não entendia tudo que eles falavam e alguns eram estranhos, mas achava intrigante o modo como se relacionavam, as coisas que tinham e imaginava como era o mundo deles em terra firme. Eles eram fascinantes a seu ver e ela não entendia o motivo do pai impedir que entrassem em contato com eles, afinal eles não pareciam malvados como o Rei dos Mares afirmava. Perguntou-se se o pai já falara com humanos, já que um deles o citou durante a conversa, e ficou irritada ao pensar que era injusto ele poder ter contato com humanos e ela não. Mas mesmo que desafiasse o pai e fosse até a superfície, como geralmente fazia, o máximo que conseguia ir era até os navios em alto mar, já que sua cauda a impedia de andar em terra firme.

Suspirou. Seu sonho era conhecer o mundo humano. Era muito curiosa e isso era algo que vivia trazendo problemas para ela e suas irmãs. Porém, o que podia fazer? Não queria desistir, mesmo sabendo ser impossível ver o mundo dos humanos.

— Eu queria, só por um dia, ver como era o mundo dos humanos, só um dia... e depois eu seria a sereia mais feliz do mundo – murmurou consigo.

— Talvez eu consiga realizar esse seu desejo – ouviu uma voz dizer e levantou a cabeça.

— Quem está a ai? – indagou ao ver que não havia ninguém ao seu redor.

— Sereia, se eu me mostrar, promete não me fazer mal? – ouviu novamente a voz e Sakura concordou, sua curiosidade falando mais alto, mais uma vez.

                Foi quando ela viu emergir de uma fissura, de um canto mais escuro do mar, a figura esquálida de cabelos platinados e longos. A parte de cima do corpo era coberta de escamas escuras, diferente da pele lisa e macia de Sakura, e no lugar de uma cauda a criatura possuía na parte inferior do tronco os tentáculos de um polvo. Sakura arregalou os olhos ao reconhecer a figura da Cecaelia, mais conhecida como...

— A bruxa do mar – falou em um sussurro.

— Eu prefiro o termo feiticeira do mar – disse a voz que parecia ser melodiosa demais alguém como ela – Meu nome é Seika e o seu, sereia?

— É proibido falar com você, bruxa – disse ao se afastar da criatura que pareceu ficar triste.

— Pensei que você fosse diferente das outras – murmurou cabisbaixa – Já que deseja ir ao mundo humano, mesmo sendo proibido também – e observou de esguelha a sereia cerrar os punhos.

— É diferente! Eu sei que você é malvada, diferente dos humanos! – retrucou irritada.

— E quem disse isso para você? O Rei dos Mares? Porque essa é a primeira vez que nos vemos, estou certa? – a bruxa estudava com atenção a dúvida no rosto da sereia e deu um pequeno sorriso antes de continuar – Você vê a mim como um perigo da mesma forma que os humanos também são um perigo, de acordo com o que o Rei dos Mares acredita.

— Como assim?  – apesar de Sakura não acreditar totalmente na bruxa, queria entender o que ela dizia.

— Eu sou uma sereia como você, sabia? Somos praticamente irmãs – disse com um sorriso e Sakura franziu o cenho – Sei que pensa que estou mentindo, mas é a verdade. Eu sou uma sereia, mas nasci diferente de minhas irmãs e no lugar de uma cauda, tenho tentáculos. Por isso fui rejeitada por meu pai, nosso pai.

— Se o que diz é verdade, por que eu nunca ouvi nada sobre isso? – sondou a bruxa que voltou a suspirar.

— Porque ele proibiu. Ele sentiu vergonha de ter uma filha como eu, mas não conseguia me matar, então me exilou para a parte mais escura do mar e espalhou que eu era perigosa. – colocou a mão no rosto como se estivesse envergonhada e triste por sua situação – Ele não queria que tivéssemos contato, da mesma forma como ele não quer que ninguém conheça o mundo dos humanos – disse, atraindo a atenção de Sakura.

                Uma parte dela ficou penalizada com a história da bruxa, e a outra insistia em não acreditar totalmente naquilo, mas Seika tinha razão em um ponto: se o Rei dos Mares a proibira de ir até a superfície e conhecer os humanos, sem qualquer prova ou motivo concreto para isso, talvez tudo o que ouvira sobre a bruxa do mar também não fosse totalmente verdade.

— Você falou que pode me ajudar a conhecer o mundo humano. Pode mesmo fazer isso? – indagou incerta e a bruxa do mar voltou a sorrir.

— Claro! Assim como você eu também tenho poderes, porém os meus são um pouco diferentes. – e se aproximou da sereia que dessa vez não recuou.

— Como?

— Veja bem, irmãzinha, eu posso lhe conceder esse desejo, mas eu preciso de algo em troca. – disse circundando um dos tentáculos na cintura de Sakura.

— O que você quer? Eu posso dar minhas pérolas e...

— Não, eu não gosto de coisas como pérolas – interrompeu à sereia – mas, sabe, eu sempre quis ter o dom de cantar, assim como minhas outras irmãs – e colocou as mãos na garganta, antes de encarar a sereia – Então... você poderia me dar a sua voz em troca, o que acha?

— A minha voz? – indagou assustada com as mãos no pescoço.

— Não se preocupe querida, seria apenas um empréstimo. Enquanto você estiver lá em cima – e apontou para a superfície – sua voz será minha. Mas quando você retornar para o mar, depois do tempo se findar, ela será sua novamente. – e sorriu, piscando os olhos de forma convincente.

— Eu... não sei... – disse incerta. A voz de uma sereia era algo precioso e ela amava poder cantar junto das irmãs.

— Ora, não seja boba, sereia... afinal, qual o seu nome, criança?

— Sakura... – disse pensativa e Seika se aproveitou para envolver ainda mais a jovem.

— Sakura, não seja boba! O Rei dos Mares adora comandar o reino sem se importar com os outros, não há motivo para ele não deixar você ir até a superfície.  Além disso, você não perderá nada e vai ser por pouco tempo, apenas dois dias. O que acha? – ao notar que a sereia estava quase aceitando, deu a cartada final – E em breve você será a primeira sereia a conhecer o mundo dos humanos!

Aquilo fez os olhos verdes de Sakura brilharem, ser a primeira sereia a ver o mundo dos humanos, quantas aventuras não teria? Quantas histórias não poderia contar às irmãs quando voltasse? E seria por um curto período de tempo...

— Se quiser, basta fechar o contrato – disse a bruxa ao estender uma mão – e você se tornará humana imediatamente. Poderá correr e ser uma humana normal... bom, menos falar, mas isso não é tão importante, não é mesmo? – e riu com a piada que fez.

                Sakura olhou da mão da bruxa para esta e estendeu a sua, porém antes que qualquer contrato fosse firmado, questionou mais uma vez:

— Eu... aceito, mas vai ser apenas por dois dias, não é?

— Sim, apenas dois dias. – e sorriu de forma mordaz – Agora, vamos. – disse ao esticar novamente a mão para a sereia.

                Sakura apertou a mão da bruxa, firmando o contrato e em seguida ouviu a bruxa pronunciar as palavras “trato feito” e algo mais em uma língua estranha, porém logo parou de pensar nisso ao sentir uma dor imensa na parte inferior do corpo. Contorceu-se para tentar aliviar a aflição e, quando não aguentou mais, gritou tão forte e tão alto, como jamais tinha gritado. Em determinado momento, sua voz pareceu se transformar e, ao invés de um grito, passava a ser um canto de tristeza e agonia, que saia de dentro de si. Ao mesmo tempo sentia que seu corpo se dividia em dois, era como se a rasgassem de dentro para fora, e a dor foi tanta que perdeu a consciência.

                Ao abrir os olhos uma luz ofuscante a cegou momentaneamente, mas logo percebeu estar em um lugar estranho. Olhou em volta para tentar entender o que havia acontecido e se surpreendeu ao ver o mar a sua frente e não ao seu redor. Estava em terra firme. Então voltou o seu olhar para baixo e se pudesse teria gritado ao ver duas pernas no lugar da sua cauda. Ela havia realmente conseguido.

Transformara-se em humana.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Como vocês puderam ver a Sakura é uma sereia muito curiosa com o mundo dos humanos e isso a fez assinar um contrato com a bruxa do mar, o que deve ter lembrado a história da "Pequena sereia", mas diferente do conto e do filme da Disney, a nossa Sakura não conheceu nenhum príncipe.

Para quem já me conhece deve estar estranhando o tamanho do capítulo, mas vocês também devem saber que no início eu tento realmente fazer capítulos menores para que não fique muito cansativa a leitura, só que eu tenho a tendência a deixar os capítulo maiores (sorry), então espero que isso não seja um problema, mas vou tentar manter um tamanho de capítulo razoável.

Vocabulário:
Cecaelia: É uma criatura mitológica que aparece para combinar a cabeça, braços e torso de uma mulher a partir da parte inferior do tronco para baixo, os tentáculos de um polvo ou lula-como uma sirene ou demônio do mar. Outros termos comuns usados ​​são "polvo sereia", "octo-sereia", "octo-humano", e suas variantes. Enquanto a sirene termo mais amplo (do latim "Maid of the Sea"), você também pode aplicar, cecaelia são geralmente considerados uma espécie não relacionada com as sirenes. Também freqüentemente cecaelia conhecido como "bruxas do mar."


Espero que tenham gostado e nos vemos no próximo capítulo.
Beijos



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