Olhe nos meus olhos escrita por Kikyo


Capítulo 17
Só mais cansada


Notas iniciais do capítulo

Tive que pedir ajuda para fazer esse cap, então, já se prepara.
Travei em um momento e minha linda amiga Geysa me ajudou.
Para traçar a reação de Emma, pedi a fofilinda psicóloga Bluebutterfly me ajudar (detalhe que sou a beta dela kkkkkk)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/722082/chapter/17

O altar está arruinado, não há recompensa depois de amar, todas as palavras foram usadas e as mentiras já são velhas, não me venha com promessas, só me deixe passar, com licença, só me deixe passar, quero ir sozinha assim como nasci. Nascerei de novo até cansar de morrer.

Seu olhar perdido não me trará a vontade de lembrar. Seu riso desajeitado não me despertará a ansiedade do abraço. Sou agora insensível às chantagens. Só me deixe passar, quero ir, com licença. Teve várias chances dentro de mim e pensou que eu não iria quebrar. Não tem problema, sou mais leve aos pedaços, não pagarei excesso de bagagem.

Deixe-me passar. Não é ficando na minha frente que mudará qualquer desejo. Não é retornando ao passado que consertará os erros.

O que não percebeu: o perdão era fácil e bastava a sinceridade, o perdão era simples e bastava a verdade, o perdão sempre esteve guardado no sotaque ingênuo da infância.

Não há curiosidade, não há esperança, não enxergo vontade de tentar em seu lugar fingindo que eu sou você. Não somos dois, não seremos um.

Cansei de explicar o que você jamais fez. Cansei de justificar sua ausência. Cansei de estar em dobro quando vinha pela metade. Deixe-me. Nem o sol é educado, a luz vive atravessando a chuva.
Com licença, rir é também chorar, rir é quando a boca chora. Apanhei do amor, mas fui eu que apanhei o amor.
Roberta Campos

 

— Promete que irá dirigir com cuidado? - Regina perguntou pela terceira vez.

— Prometo, mãe. - Brandon respondeu pela quarta.

— Ok kid. Então, chave na mão e pé na estrada.

Brandon olhou o chaveiro que sua mãe entregou, não era o mesmo. Agora era uma guitarra prateada.— Trocou o chaveiro?

— Troquei de carro. Esse agora é seu... se bater ele eu te mato.

Brandon não estava acreditando, finalmente tinha um carro só seu.

— Feliz aniversário, filho. - Regina o abraçou.

— Estou sendo obrigada a passar o final de semana na casa da vó Cora, comemorando o que não é meu aniversário; e serei obrigada a assistir essa cena também? - Mariana resmungou.

— Ok! Todos pro carro do Brandon que eu to indo trabalhar. Me liguem assim que chegarem na casa da avó de vocês. 

— Me liguem em cada parada e Brandon, não esqueça de checar sempre alguma luz diferente no painel. - Regina pediu pela quarta ou talvez quinta vez.

 

Mãe, são 22km.

 

— 22km de desespero pra mim. Todos de olho no Nico e Lara. Só estou deixando eles irem porque a babá não pode trabalhar esse final de semana.

 

— Você vai ficar bem? - Jesus abraçou Regina. - Posso ficar aqui.

 

— Ficarei bem. Olho na sua irmã.

 

***

 

Emma resmungou quando parou em frente a um bar, já havia largado serviço quando recebeu uma ligação de seu Capitão August... Briga de bar.

Odiava brigas em bares, era obrigada a conversar com pessoas bêbadas chorosas ou se achando forte o suficiente para brigar. E ela não gostava muito de conversar.

Não era um bar simples, copo sujo, era mediano, na verdade era até agradável. Entrou, tudo estava calmo, jogadores nas mesas de bilhar, música baixa, calmaria normal. Foi ao barman.

— Oi, recebi um chamado de briga aqui.

— E você veio sozinha? - O homem endireitou os ombros ao perceber a cara de poucos amigos da policial.— Não teve nenhuma briga aqui. Tem certeza que esse é o bar certo?

— Ela tem. - Emma olhou assustada para Regina que se aproximou do balcão.

— O que você está fazendo aqui, Regina? - estava confusa enquanto tirava sua farda e se aproximava da esposa.

— Bebendo. - Levantou o copo.

— Sozinha? - O tom de Emma ficou grave, demonstrando ciúmes, Regina sorriu.

— Ela ta comigo. - Belle se aproximou, copo na mão, aparentava bêbada.

— Meu Deus! Belle, você voltou! - estava surpresa— Meu Deus! Quanto você bebeu? - juntou as sobrancelhas.

— Sei que você não vai acreditar em mim. - Regina sorriu— Mas, esse é o primeiro copo dela. - pediu mais uma bebida ao garçom.

— Ruby não quer saber de mais nada além daquela loja dela, então, vim pra cá passar um final de semana com minha amiga e gastar o dinheiro da minha namorada ocupadissima. - Belle mentiu, drenando todo seu copo.

— Emma, conheça a vingança. - Regina apontou para Belle.

— Às vezes só se vingando pra alguém dar valor. - Belle piscou para Regina e foi ao balcão pedir mais uma bebida.

 

— Não precisava me chamar desse jeito pra vir aqui. - Emma resmungou.

— Você viria se eu não tivesse pedido ajuda ao August? - Levantou uma sobrancelha para a esposa.

— Não... Vou no carro guardar meu uniforme e volto.

Emma não estava afim de um bar, de bebidas ou qualquer outra coisa que não fosse sua cama e Netflix. Era sexta feira e ela teria o final de semana inteiro com a casa para ela e a esposa. Mas, sua esposa estava ali, em um bar com muitos homens atiradinhos. E Belle já ficou alta com um copo de... que bebida era aquela mesmo?

Retornou ao bar, Regina estava jogando bilhar, taco na mão analisando a jogada do adversário. Um homem que não veria mais a luz do dia se desse algum olhar interesseiro para onde não deveria.

Sem farda e coldre, sentou no banco do balcão, pediu duas doses de whisky e calada observou a esposa jogar, gargalhar e brincar com o homem desconhecido.

— Se ta achando ruim, vai lá puxar ela das mãos daquele cara. - Belle sentou no banco.

— O cara não está com as mãos nela e se ela quis vir aqui se divertir, não sou eu que acabarei com a diversão dela. - bebeu as doses e pediu por mais duas, sem gelo.

Belle observou a atitude de Emma em silêncio, por que elas simplesmente não conversam? Foi dolorido ouvir a voz magoada de Regina mais cedo, enquanto relatava seu medo de estar sendo traída, seus olhos vermelhos e molhados. E agora Emma estava ali, na quarta ou talvez quinta dose de whisky, olhos vermelhos e tristes enquanto assistia a esposa se divertir...

Belle sabia que não havia diversão ali. Conhecia Regina há pouco tempo, mas reconhecia bem um sorriso forçado, os olhares furtivos a Emma. God! Por que elas não conversavam?!

— V-você acha que ela sente falta de homens? - a voz de Emma saiu baixa e afetada, enquanto observava Regina elogiar o braço do homem. Olhou seu próprio braço de forma triste, como se não fosse bom o bastante.

— Pelo que eu entendi, a Regina é Estrela Solo, assim como eu.

— Que isso? - Virou as duas doses e pediu por mais.

— Estrela solo é uma lésbica que nunca ficou sexualmente com homens. Então, tipo, acho que aquele cara não está excitando ela.

— Como você pode ter certeza? - sua voz saiu amarga.

— Simplesmente tenho. Emma, ela gosta de você.

— Gostar não é o suficiente. - Levantou indo ao banheiro. Alguns minutos depois Regina foi a sua procura. Emma estava sentada na pia, limpou o rosto, esteve chorando, permaneceu triste com um papel toalha molhado em sua mão.

Regina ignorou aquela cena. Me trai e depois fica chorando quando dou o troco... quando finjo uma tentativa de troco. Respirou fundo retocando o batom, não conseguiria trair mesmo que quisesse.

— Por que você está me magoando? - a voz de Emma não passou de um sussurro.

— Ah... estou? - Voz irônica, coração em pedaços.

 

— O que está acontecendo. Você ta bem?

— Estou bem, Emma. Muito bem, acho que nunca estive melhor. Já falei que estou ótima?

— Não precisa me tratar assim. Temos uma vida juntas, você está escondendo alguma coisa de mim. Omitir também é uma mentira.

— Exatamente! - Regina ficou de frente a esposa, braços cruzados esperando uma confissão. O álcool correndo através de suas veias trouxe coragem.

— O que você quer que eu diga?

— Nada! Não diga nada, Emma! Você só pensa em você mesmo! Nunca pensa em mais ninguém!

 

— Se pensasse apenas em mim, nós não estaríamos juntas.

Mágoa. Mágoa era a única coisa que refletia nos olhos molhados de Regina. - O que você quer dizer com isso?

Emma desceu da pia e se olhou no espelho antes de amassar o papel em sua mão e jogar no lixo.

— Emma, o que você quer dizer? Você se arrependeu de separar do sr Jones e ficar comigo? É isso?

— O q... O que o Killian tem a ver com isso?

— Eu não aguento mais mentiras, Emma?!

— E eu não aguento mais você triste o tempo todo e me evitando. Então, FALA COMIGO O QUE ESTÁ ACONTECENDO!

— Você sabe. - cruzou os braços, estava cansada demais para joguinhos.

— Se eu soubesse não estaria te perguntando. - se olharam por alguns segundos.

— Eu vi você e o seu ex no hospital, vocês estavam abraçados. Você estava chorando nos braços dele, falando que sentia falta de algo. - Emma prendeu a respiração preocupada. - Nós brigamos e você correu pra ele ao invés de correr pra mim, se abriu com ele. Você quer voltar com ele? Então vai? Não há nada te prendendo aqui. Mas, nossos filhos vão ficar comigo.

Emma estava confusa. - Espera... Você acha que estou te traindo? Acha que eu quebraria sua confiança assim?

— Eu não sei mais nada. - recuou alguns passos e encarou o chão.— Nós nos afastamos, Emma. Não sinto mais vontade de correr pra você e contar tudo que me incomoda; você também não faz mais isso. Se quiser terminar, por mim tudo bem, não ficarei no caminho da sua felicidade. - Apenas ela sabia o quanto doeu dizer aquelas palavras, parecia uma dor física lancinante.

— Não estou te traindo, não quero me separar de você. Joguei tudo pro alto pra ficar com você, então não vou te deixar ir embora assim.

Regina olhou para Emma e entendeu tudo. Tristeza, era tristeza que refletia nos olhos castanhos. - Sua mãe te colocou contra a parede e você escolheu ficar comigo, é isso?

Emma engoliu a seco.— Ela disse coisas horríveis sobre você e me mandou escolher entre você e minha família. Eu me sacrifiquei por você, ta! Então, não jogue na minha cara que eu só penso em mim!

Regina olhou mais uma vez para Emma antes de virar e abrir a porta. - Eu não pedi por sacrifícios, poderíamos dar um jeito nisso juntas. Me casei com você porque confiavamos uma na outra e prometemos não esconder nada. Como posso confiar em você se você me esconde coisas?

 

 

Regina saiu do bar sem esperar por Belle.Emma sabia que tinha falhado e estava pagando as conseqüências, mas não iria deixá-la sozinha. 

— Regina! Regina, espere.

Emma chamou, saindo do bar correndo. A morena estava com as mãos na cabeça e virou de costas.

— Regina? Eu ... não quis dizer ... eu não sei ... Eu sinto muito.

Emma ouviu uma risada seca e Regina virou com total desprezo. A dor e traição que Emma havia visto no bar foram embora. Recuou um passo, mas permaneceu onde estava, enfrentando a ira de Regina.

— Você sente? Bem, então tudo pronto, estamos tudo bem. Não, Swan?

Aucht. Ela não era nem mesmo a senhora Swan ou Emma, apenas um seco e frio " Swan ". Adeus a todo o progresso que haviam conseguido em seu relacionamento nos últimos anos.

— Você deve me odiar agora, mas tente me entender, eu escondi isso de você porq...

Regina deu dois passos rápidos em direção a Emma, estava furiosa, estavam cara a cara.

— Não, para. Você não tem o direito de me esconder coisas e depois ficar tudo bem. Você não pode decidir por mim. Juramos jamais fazer isso. Você pode não ter me traído com outra pessoa, mas me traiu ao não confiar em mim.

A porta do bar abriu e sairam mais pessoas, a morena olhou para cima, mas eram apenas Belle e dois bêbados. Ela olhou para Emma, ​​um olhar frio e vazio, sem esperar alguém dizer qualquer coisa, se afastou.

— Regina ... - Emma disse tentando segui-la, mas Bella segurou seu braço, impedindo-a de ir atrás da esposa.

— Eu não acho que é uma boa idéia ir atrás dela agora.

Então, elas ficaram ali olhando, enquanto Regina desapareceu em uma esquina com sua Mercedes preta.

— Você acha que ela vai ficar bem? - Belle perguntou, Emma olhou para ela,
sem saber o que dizer. - Acho melhor você dormir no hotel que estou, eu vou na sua casa conversar com ela.

Emma queria conversar com a esposa, mas depois do que tinha visto nos olhos de Regina, ela não tinha certeza se uma conversa seria o melhor no momento.

 

 

 

 

 

 

Regina sentia a raiva borbulhando em suas veias. Raiva, nenhuma tristeza, nenhuma piedade. Era pura raiva por Emma Swan, contava com aquela loira e tudo que ela fez foi mentir... Mais uma vez .

Ela chegou em casa e trancou-se nela, deixando para fora um grito de frustração e atirando contra uma parede tudo que estava próximo a sua mão, que não ajudou muito. Então, ela pegou outra coisa e esmagou contra a parede, depois outra, e outra.
Em alguns minutos a entrada estava cheia de pedaços e lascas de coisas, mas não se sentiu melhor, só mais cansada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Notou que as ultimas palavras do cap é o título dele, ne.
O título do próximo é: Como a primeira vez,

Essa cena foi baseada na sexta temporada de ouat, quando Emma termina com Killian pelo (quase) mesmo motivo que Regina brigou aqui.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Olhe nos meus olhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.