WSU's: Soldado Fantasma: Honra & Monstros escrita por Nemo, WSU


Capítulo 9
Diretrizes Opostas - Entre a Cruz e a Espada


Notas iniciais do capítulo

Bem gente esse é o Cap final de SF:HM. Vai ser nosso último cap, e o mais grande, justamente por que considerei a eliminação do epilogo. Provavelmente vai ter muita gente me espancando com esse cap final, ou fazendo um bonequinho vodu. Mas vamos lá. Desejo a vocês uma boa leitura ♥



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Karen continuava sem poder agir ao lado da vampira dormente. Eles tinham finalizado o processo com Renata, e agora, a mente dela estava se adequando a reescrita realizada pela vampira mais velha.

Henrique e sua família se encontravam na cozinha, aparentemente discutiam sobre o que fazer, sentados ante uma mesa de madeira.

— Devemos sair desse país. — sugeriu o pai — Ganhamos distância do Soldado e seus amigos, até que possamos conseguir o apoio do resto do clã e da criança.

— Afinal, porque devemos torná-la uma das nossas? — indagou Daniela.

— Porque ela tem poder, e poder nos concede possibilidades. — disse Maria — Ou será que se esqueceu que o velhote tem aprimorados do lado dele? Não temos chance sem aprimorados do nosso lado, a garota é quase o Superman. Imagine mais alguns assim.

— E por que precisamos da namorada dele? — indagou Daniela consternada.

— Porque ela tem espírito de luta, algo decadente nesses tempos obscuros. — diz Henrique — Não basta ter números, é preciso qualidade, Renata é apenas a primeira de muitos, logo teremos força para esmagar o nosso querido vovô. Teremos o que é nosso por direito e talvez possamos realizar muito mais, com os corrompidos e pessoas competentes ao nosso lado.

O rapaz emendou:

— Basicamente teríamos uma vida digna, ao invés de nos rastejarmos por cidades, drenando sangue ruim, nos arriscando e nos expondo a esses malditos vigilantes.

— Então, vamos mudar de país, ou de Estado? — indagou a mãe.

— Confesso que estou tentado a ir para outro país, mas isso envolveria riscos demais, então mudar de estado seria a melhor opção. — disse o rapaz.

— Quando vamos partir? — indagou o pai, temeroso — Bom, tudo já está quase arrumado, preciso apenas esperar Renata despertar e aquela idiota da Roberta voltar, aliás onde ela foi?

— Ela disse que ia se alimentar. — disse Daniela — Faz quase duas semanas que ela não faz isso.

— Aquela garota tem problema, se não fosse o idiota do seu primo, eu já teria matado aquela imunda. — disse Maria, raivosa. — Ela pensa que é melhor que nós! Miseravelzinha hipócrita.

— Calma Maria. — disse o Gregório — Temos problemas maiores. Aquele maldito Soldado, quando eu o pegar eu vou parti-lo em dois.

— Como vai fazer isso sem os braços? — indagou Karen rindo — Vocês estão ferrados.

— Garota insolente. — vociferou o velho, indo até ela, mas sendo impedido pelo rapaz, este disse a ela:

— Tome cuidado com as suas palavras garota, ou sua família vai pagar o preço. Não espera... você está a nossa mercê, posso fazer o que bem entender com você.

Karen deu de ombros.

— Quem sabe...

— Estou cheia disso. — falou Daniela puxando um cigarro de uma cartela e indo para fora, o ascendeu embaixo de uma árvore exalando a fumaça num sopro calmo e prolongado, até uma mão atravessar uma brecha e agarrar sua garganta, a distorção foi aumentando de tamanho até conseguir desaparecer com a jovem vampira para não muito longe dali.

Foi jogada contra uma árvore, tentou se reerguer, mas levou um chute no rosto:

— Se estou sozinho, vou diminuir os números. — Tales disse cravando estacas em suas mãos, antebraços e pernas. Ela tentou gritar, mas sua garganta tinha sido esmagada, embora logo se regenerasse. — O que estou fazendo pode parecer cruel, e é, mas é o único jeito que encontrei, de não matar vocês, então se for esperta vai ficar aí... — amordaçou sua boca sem grandes alegrias.

Não tardou para que os vampiros iniciassem sua procura por ela, Gregório foi a segunda vítima, estava tão concentrado a sua volta que sequer olhou para o chão, quando deu por si estava caindo contra o solo, sendo interceptado por uma estaca que atravessou seu estômago o prendendo a árvore. Outra atravessou seu pulmão impedindo a fala.

— Então é assim que você age? É inteligente, poderia dar certo se nossos sentidos fossem comuns e eu não estivesse faminto. — falou Henrique com a naturalidade de um lorde, sua mãe e Karen o acompanhavam, ela estava mal, parecia errática. Com certeza estava quebrando o controle vampírico, mas isso levaria um tempo que talvez ele não tivesse. — Decidiu virar o Van Helsing?

— Só um covarde precisaria forçar alguém a ajudá-lo. — Tales falou embargado por memórias, pelo ódio profundo que brotava de si.

— Se tem o mínimo conhecimento no assunto vai entender, que os vencedores são muitas vezes os mais covardes. Eu poderia citar Hiroshima e Nagasaki, também há o que os russos fizeram com a Ucrânia em 1931, Holodomor, mas você já sabe disso, quase-historiador.  

Tales se joga para o lado desaparecendo por uma brecha, a coisa estava ficando feia, as dores do acidente ainda se faziam vivas nele, e o desgaste por usar seus poderes, o esforço físico e mental só pioravam a situação. Sua fuga daria certo se Karen não o agarrasse sua vestimenta e o jogasse para trás de si, como um simples boneco. Antes que pudesse reagir, Henrique o chutou, ainda no chão dois braços femininos restringiram seus movimentos, Maria cravou os dentes em sua jugular.

— Acabou Tales. — disse Henrique novamente reunido com a família — Você é um mal perdedor.

A vampira inicialmente drenou seu sangue com voracidade, enquanto ele tentava se debater:

— É diferente, mais forte me sinto como se tivesse me banqueteado. — Ela ficou em êxtase por esse momento, voltou seu olhar para o sangramento que tinha parado totalmente, era como se não tivesse nada de errado ali, antes de poder fazer qualquer constatação sentiu seu estômago arder, sua garganta e boca. O soltou rolando no chão em desespero, sua boca espumava, enquanto colapsava até a morte.

Seus filhos e marido até tentaram ajudá-la, mas era tarde demais, o que quer que Tales fosse, provavelmente não serviria de refeição. Este por sua vez cambaleou de pé, tinha perdido uma certa quantidade de sangue, nada muito grande, mas o suficiente para desorientá-lo.

— POR QUE? — questionou Daniela em prantos.

— Por que nada de bom pode vir de um sangue impuro como o meu. — Foi a sombria resposta do Soldado Fantasma. Então que percebeu Renata a alguns metros dali, estendida no chão, levou a mão em sua direção como se tentasse alcança-la, mas tudo o que conseguiu foi um gancho arrebatador de Karen, ao observar seu rosto enquanto ele podia ver seu rosto cheio de lágrimas,

“Eu sou seu amigo Karen, prometi que não deixaria nada te acontecer, mas essa situação só prova minha incompetência, me desculpe... por favor. — Se chocou contra a parede de madeira da casa levando-a ao chão, para finaliza-lo Henrique arrebentou com uma das vigas que mantinham o velho casebre de pé, derrubando tudo em cima do inimigo.

Os pensamentos e os sentimentos de Tales ficaram ressoando em sua mente, se recordava dos bons e dos maus momentos, e em seus próprios sentimentos foi encontrando a clareza.

— Será que ele morreu? — indagou a Daniele.

— Vamos finalizar o serviço, odeio pontas soltas. — disse Henrique limpando o rosto.

As telhas e a madeira se mexem, e delas emergiu Tales com uma respiração fraca, sua face em uma terrível mistura de sujeira e sangue, mal moveu uma mão e recebeu um chute,

— Ainda tem forças para isso? — indagou Daniela.

Os quatro avançaram, enquanto Karen dava sinais de quem estava desesperada para salvar o amigo, procurando toda a força de vontade que poderia, rompendo a imobilização.

Henrique lhe deu um gancho no rosto, sua irmã lhe desceu um soco na boca do estômago e o pai chutou suas costas, enquanto mais golpes surgiam e eram sentidos.

Eu não posso ceder... eu não devo ceder... nem que me matem... minhas mãos não vão tirar sua vida Karen... nem a sua Renata... não posso me tornar o que era novamente... tenho que ser firme...

“E fracassará em todas as coisas” Soou uma voz que não era a sua, mas que ao mesmo tempo só não era semelhante por ser mais rouca e imperiosa, como se tivesse certeza tudo, como se orgulhasse de tudo.

— Despertou? — indagou o rapaz ansioso para Renata a sua frente, seus olhos pareciam sem qualquer sentimento, já Henrique exibia um sorriso triunfante de vitória — É dramático que o renascimento dela vai começar com a sua morte, mas estou muito bem com isso.

— Acabem com ele! — Ele ordenou imperioso, Karen o olhou furiosa e voou em sua direção atingindo o vampiro em cheio, Gregório e Daniela foram auxilia-lo, mas Renata continuou sua tarefa.

Eu não consigo... não consegui protegê-las de novo...porque sou sempre destinado a fracassar? Não!

Caminhou até ele.

Eu não fracassei... eu dei o melhor de mim... só que não foi o bastante...

Ela o pegou pelo colarinho o suspendo-o.

 

 

 

******

 

"Os monstros existem. Os fantasmas também. Eles vivem dentro de nós e ás vezes, os monstros... ganham". — Stephen King.

 

 

 

******

 

Foi então que um objeto caiu dos bolsos dele, Renata o fitou e pareceu reconhecer o que era, soltando o Soldado no chão.

— O que está fazendo sua idiota? — indagou Henrique contra o solo, enquanto Karen nocauteava Gregório — Acabe com ele!

Ela o ignorou e pegou o pequeno objeto de prata. Era a bússola... dentro dela havia uma fotografia. Uma fotografia dela, uma solitária lágrima percorreu seu rosto, e ela nem mesmo compreendeu o motivo.

 

 

 

******

 

Rodrigo tinha localizado sua moto e seguia agora as pegadas do amigo pela estrada arenosa, não estava tão distante dele, mas a estrada não ajudava muito e ele pressentia o que estava por vir, o clima fechado e agourento.

— Droga, aguente mais um pouco... já estou chegando irmão.

 

 

 

******

 

Ela o soltou, e ele caiu no chão de joelhos, a raiva o invadia, a raiva por sua impotência quando era manipulado, a raiva por deixar outros passarem por essa mesma situação, as pessoas mortas, algo simplesmente parecia ter se ativado em sua mente, tudo o que ele havia reprimido por tantos anos, toda a sua dor e frustração, seu ódio.

Como eu evito isso? Indagou ele a si mesmo.

A voz respondeu:

Não evite, não resista. Você sabe que não consegue.

Destrua tudo.

Karen, se virando testemunhou tudo: o Soldado se contorcia e tentava apagar, arrancar, tremendo e gritando de dor, algo que até então, nem mesmo ela tinha visto. Em meio à aquela agonia, percebeu que seu aspecto mudara, estava como na festa, mais sério.

Henrique, correu em na direção dele, passando por Renata que observava o objeto, acertando suas costas com um massivo chute, o levando ao chão novamente.  A garota Maximus tentou ajudá-lo, mas nenhum dos dois vampiros mostravam a oportunidade, embora pudesse acabar com eles com um golpe, como eram vampiros a força usual não era o bastante e temia se soltar mais e acabar cruzando a linha que trouxe tanta dor ao seu mentor.

Este tremia, enquanto os adornos negros se materializavam, a dor que Tales sentia era quase insuportável. Embora estivesse esgotado, tentou impedir que não passasse dali, mas foi então que ao se virar lateralmente, viu Renata cercar Henrique, para protegê-lo, e viu este desferir um soco em sua face.

— Sua inútil maldita! Você devia ter seguido minhas ordens! — Aquela tinha disso a gota D’água.

Eu mostrarei a eles à nossa dor.

Eu destruirei o resto.

Eu não vou permitir.

Marcas surgiram em seu rosto, e por todo o seu corpo (embora só fossem visíveis por causa da roupa, apenas no rosto e nas mãos), essas marcas eram irregulares e mais pareceriam feridas a um olhar desatento, mas seu estilo estava diferente. Henrique avançou para mais um ataque, contra o corpo que se levantava novamente, mas levou uma voadora de Karen, que impediu o ataque.

— Karen... caia fora daqui! — disse o Soldado, com sua voz ficando cada vez mais deformada.

— Eu não vou deixar você! Não de novo! — Ela replicou, se lembrando da última vez que ele disse isso, da vez em que ele morreu por ela.

Tales de pé parecia ser um zumbi, pela sua postura caída, mas havia algo que ela percebia, seus machucados estavam sumindo rapidamente, ele estava se curando. Ela nem tentou argumentar e dizer que ele não faria isso, viu o que ele tinha feito no estágio anterior, e definitivamente, aquilo não era seu amigo.

O céu antes brilhante, estava nublado e trovões ressoavam por toda a parte, fosse o que fosse, aquilo não era bom. Karen segurou a mão de Renata e a levou do lado oposto dos vampiros, que avançaram contra ela, mas algo os deteve, o aspecto do Soldado tinha melhorado, mas não era apenas isso, pois em torno dele, uma energia negra começava a irradiar de forma enevoada, cada vez mais intensamente, promovendo ainda mais dor ao Soldado, enquanto o mesmo evocava os céus com seus gritos lancinantes.

Como se você tivesse escolha. 

 

 

 

******

 

O Soldado se virou para os vampiros. O vigilante levou a mão no rosto e retirou sua máscara a jogando no chão. Algo assustou os vampiros, a íris de seus olhos eram escarlates, tão intensos quanto o sol e tão frios como o inverno. Em torno do seu corpo, haviam ondulações negras e que aos poucos iam para cinza. Seu cabelo castanho estava levemente eriçado, tremulando ao vento.

— Por que fez isso? — indagou Daniela

 Porque este rosto, vai ser a última coisa que vocês vão ver. — disse o soldado com uma voz diferente, logo depois exibindo um sorriso, não de alegria, mas de perversidade, exibindo uma dentição um pouco mais afiada do que o normal, era assombroso e bestial ao mesmo tempo.

— Acha realmente que só porque mudou uma coisinha aqui e ali, você pode conosco? Estamos em maior número. — engoliu em seco Henrique.

— Quantidade não é qualidade.

Henrique deu um passo para trás, hesitante. O desgraçado ouviu nossa conversa. Pensou ele. Soldado olhou para os oponentes sem qualquer expectativa, logo depois começou a caminhar bem devagar pela relva. Um sorriso estreito se fez em sua face. Foi então, que sem qualquer aviso prévio, criou uma brecha a sua frente e continuou seus passos com indiferença.

Surgindo perto dos destroços, se agachou, e pegou a espada. Logo se levantando e desferindo um golpe no ar, a tempo de evitar que Daniele atacasse. Mas ela recuou ante aquela espada.

Os vampiros começaram a dar passos para trás. Dizem que um predador reconhece o outro, talvez pela primeira vez em suas vidas, os vampiros reconheceram o seu. Ou talvez, reconhecessem a igualdade de seus olhos e a frieza em seu coração.

Eles estavam com sérios problemas, se corressem, ele usaria aquela habilidade dele e os pegaria enquanto fugiam. Se lutassem em grupo tinham uma chance de ganhar, mas com Karen ali isso era difícil. Gregório lhe fez uma oferta desesperada:

— Olha se poupar nossas vidas, podemos te tornar imortal. Te devolvemos as garotas e nunca mais vai ouvir falar da gente. — O homem olhou para o vampiro indiferente a aquela afirmação, sabia que no fundo a proposta de imortalidade era uma balela, para um descuido e uma traição.

— Não preciso recorrer a meios tão patéticos para adquirir algo que já tenho. — riu com perversidade. Karen não sabia se ficava animada ou com medo, ainda se perguntando se aquela mudança era temporária ou permanente. — Você acha que eu sou um idiota?

Os oponentes ficaram onde estavam, não tinham intenção de se render.

— Parece que a covardia se esconde por baixo de desculpas esfarrapadas realmente. — disse ele se aproximando do grupo. Mas vendo que ninguém tinha coragem de vir por causa da espada, a fincou no chão indo para trás.

— Porque está fazendo isso Tales? Você tinha a vantagem! — indaga Karen inconformada. Ele nada disse, apenas se tornou impassível enquanto recuava e seus oponentes avançavam. Agarrando aquela oportunidade. Karen pensou em avançar. Mas aquela voz em sua mente a petrificou:

Vamos deixar que pensem que venceram.

O Soldado retirou duas bombas de fumaça e arremessou contra os vampiros, enquanto seus olhos vermelhos faiscavam como o fogo. Ele adentrou por uma brecha e caiu de outra, bem a cima da fumaça. O que se seguiu depois foram gritos de dor da parte dos oponentes. Henrique e Daniela foram os únicos que saíram quase ilesos, já Gregório, saiu sem o braço que lhe restava.

Ele acabou perdendo o equilíbrio e caiu no chão. Da fumaça, Karen pode ver os olhos do soldado cintilarem por um momento. Ele claramente podia ver na escuridão. Enquanto saiu da neblina com relativa calma. Gregório rastejava desesperadamente como um verme, lutando com todas as suas forças para escapar. De repente, deu com dois pés descalços e imundos, ao olhar para cima viu um homem de roupa social, bem trajado, cabelos pretos e penteados, era Mefistófeles, o demônio que fez dele o que era. Estava com um sorriso no rosto, portava um milkshake e um saco de pipocas, das quais comia calmamente.

— Me ajude! — implorou o homem.

— Calma aí Greg, esse não é meu departamento, cuido da papelada e dos contratos. Só vim apreciar a o seu combate, ou melhor sua derrocada.

— Seu filho da puta! — xingou ele. Em seguida sendo chutado pelo Soldado.

— Minha mãe não tem nada a ver com isso seu demente. — dizendo isso, Ragnar olhou para Henrique, que encarava a cena com raiva, já Daniela fugia.

Intercepte a mulher, o que ela sabe é perigoso. Ressoou a voz rouca na mente de Karen.

Quem é você? Por que está no corpo dele?

Este é meu corpo pirralha, ele é o intruso, sou o verdadeiro Soldado Fantasma, Ragnar.

Ah e é melhor fechar os olhos.

A mesma seguiu o conselho, e um segundo depois a cabeça de Gregório rolou. Mefistófeles a tudo observava quieto, enquanto bebia o milk-shake, pelo canudo.

— Gostei desse cara, realmente sabe ser divertido, enquanto humilha os outros. — disse Mefisto, se referindo ao Soldado. Logo depois fitando o falecido.

— Acho que devo fazer um minuto de silêncio pelo falecido. — falou ele pensativo. — Não... vou ter que ver a cara dele todo o dia no inferno.

— Quando será que a Lucy vai me visitar de novo? — indagou ele enquanto caminhava pela relva e desaparecia.

Paralelamente Karen alçava voo e mirava em Daniela que fugia. Já Ragnar encarava Henrique, a frente dos dois jazia a vampira inconsciente. Henrique tentou pegá-la e leva-la com ele, mas foi detido pelo Soldado que emergiu de uma brecha antes do ocorrido, perfurando sua barriga com a espada e o deixando cravado e uma árvore.

— Mesmo que me mate, ela nunca vai se esquecer de mim. — Ele quase chorava de horror.

— Ela é uma guerreira, você é só um verme querendo crescer a sombra da mulher.

O que é você, se fosse um supersoldado... você não teria tanto poder! Por que não consigo te matar... por que isso está ACONTECENDO?

É natural que um verme não conheça a força da bota, mas já que é tão curioso... — cochichou duas palavras no ouvido do vampiro, duas que conseguiram aterroriza-lo completamente. De repente por um momento, Ragnar parou, pareceu perder a alma, ficou como uma página em branco, mas logo reassumiu a velha postura:

Não se preocupe, você não vai morrer ainda, tem um último papel a desempenhar aqui, considere isso um agradecimento por ter permitido que eu emergisse.

Dizendo isso retirou a espada e se voltou para Karen:

Ela tinha a atingindo pelas costas com uma voadora em alta velocidade, fazendo partir o chão com o tamanho do impacto. A vampira estava avariada, mal podendo se levantar, a garota a pegou pela roupa e levitando, a jogou mais próximo da casa.

 Em seguida foi até Renata, ao adentrar em sua mente podia perceber que agora ela era quase uma página em branco. Embora ainda restassem alguns resquícios, ela achou uma solução mediana: transplantar o que tinha visto anteriormente a ela, não era muito, mas era o suficiente.

Daniela vendo que seu irmão tinha sumido, e Ragnar a observava reuniu toda a energia que lhe restava e correu para Karen, em seguida caindo no chão, mas ainda assim implorando por sua vida:

— Por favor, você tem que me salvar, eu não quero morrer. Por favor, Karen! — A garota chorava e tremia de medo, ela não desejava morrer, afinal o destino de todo o vampiro é o inferno de Mefistófeles.

Pare! Ela se rendeu! Gritou Tales em sua mente.

— Se você não é capaz de afirmar o que realmente acredita, então não merece consideração.

Karen tentou avançar, mas já era tarde, o Soldado surgiu na frente da jovem que se arrastava e cravou a espada em seu crânio. Em seguida se virando para Karen, com um sorriso no rosto, tudo o que ele queria estava sendo adquirido sem menores dificuldades.

— Parece que ainda falta uma, Karen. — disse ele dirigindo o olhar para Renata que já estava desperta desde a súplica da vampira, porém confusa com a sua atual situação.

Karen ficou na defensiva, em posição de combate, ele correu em sua direção, enquanto a mesma ficou firme, procurando obstruir a visão que ele tinha de Renata colocando seu corpo a frente.

O Soldado então saltou abrindo uma brecha, Karen imediatamente se virou para Renata esperando um ataque, que não veio, o Soldado caiu no chão normalmente e dessa vez com um impulso atravessou pela brecha formulada a sua frente surgindo em frente de Renata, com a espada em punho e pronto para lhe ceifar a vida.

A lâmina girou junto com seu braço, enquanto a vítima não conseguia se mover devido ao terror que contemplava. O assassino no entanto parou abruptamente o movimento, parecia engasgado, seus braços tremiam, parecia dividido, uma parte queria avançar e a outra não.

Não! Eu não farei isso! Pensou Tales reunindo todo o desejo e determinação que poderia.

Claro que não fará, mas o dano já está feito, eu acho. Por que vocês humanos acreditam no que vêem. E o que ela viu, foi você.

Karen se arremeteu contra ele, em um impulso combinada com um potente soco no meio do peito. O Soldado derrapou no chão, misturando sua roupa a terra. A garota Maximus foi em sua direção com a intenção de nocauteá-lo.

— Karen sou eu! — disse Tales, tentando se levantar.

— Quem me garante isso? Como pode provar?

— Eu não posso... sinto muito. — Não haviam lágrimas em seus olhos, havia apenas sangue rubro e vertente, da mesma forma que do canto inferior de sua boca. Karen não sabia dizer se aquilo foi efeito do golpe ou da transformação. A única certeza que tinha é que não devia confiar em seu mestre.

Renata por sua vez estava de pé, observava a cena trêmula. O Soldado se levantou, seus olhos já não eram mais vermelhos, não havia mais aura negra ali, somente um aspecto de fraqueza, pela forma com a qual se sustentava. Ou talvez fosse seu olhar pesaroso e o sangue em seu rosto que respingava na terra.

O olhar dos dois se entrelaçou por um ínfimo momento e se dissipou com uma rajada de vento. Renata não sabia o que sentir, além de medo. Ela fez menção de fugir.

— Renata não fuja! — disse Karen. — Estou aqui para te ajudar!

— Me ajudar? Você mexeu na minha mente!

— Sua mente foi apagada pelos vampiros, tudo o que fiz foi transplantar as memórias que li em sua mente anteriormente...

— E quem não me garante que você não fez isso para ajudar o seu amigo psicopata? — indagou ela correndo para a mata. Karen fez menção de ir atrás dela, mas Tales segurou sua mão a detendo.

— Por favor, vá atrás do vampiro, aquela coisa o deixou vivo por um motivo, eu não estou em condições de um combate. Vou tentar rastrear ela antes que tenhamos mais problemas...

— E por que eu devo ouvir você?

— É uma sugestão, não uma ordem... — Tales levou a mão no peito, o apertando como se tentasse conter sua dor. Um gemido abafado foi o que a garota Maximus pode ouvir. O Soldado levou a mão a boca, por entre seus dedos o sangue gotejava. — Eu estraguei tudo...

Karen alçou voo procurando pelo vampiro. O pior de tudo é que a mata era vasta se arrastava para o norte, leste e oeste, contando com a campina ao sul, ela não sabia o que dizer, estava irritada com Tales por esconder tantas coisas, no fundo ela sentia que não importasse o quanto estivesse ao seu lado, jamais saberia de toda a verdade, estava frustrada com essa relação.

Tales se percorria a mata, correndo ou andando com as poucas forças que tinha, as vezes fazendo uso de suas brechas de ir além, sacrificando seu corpo para isso, quanto mais usava mais perdia os sentidos. Por fim alcançou a jovem fugitiva.

— Nat, você não precisa ter medo... eu não vou te machucar. — disse o rapaz se apoiando numa árvore.

— Fique longe de mim, seu monstro. — disse a garota evasiva.

— Procure se lembrar, nós somos amigos. Estudamos juntos desde o primário até o terceiro ano...

— Eu não lembro de você, nem quero você perto de mim.

 

 

 

*****

 

Karen havia sido chamada pela Frente Unida -, um grupo de vigilantes que se uniram em prol de algo maior, - deixando as buscas de lado e o mentor na procura por Renata, o que ela não sabia é que Tales não mais estava consciente, Rodrigo o encontrou contra a mesma árvore a qual antes estava, ele quase não respirava mais, seus ferimentos não se curavam com a velocidade anormal de antes.

— Me desculpe. — Foi tudo o que Rodrigo conseguiu dizer enquanto prestava os primeiros socorros ao amigo.

 

 

 

Tales e Karen retornaram em Frente Unida

Renata em Renascida.


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Notas finais do capítulo

Bem pessoal é isso, Honra & Monstros terminou. Primeiramente peço que não tentem me assassinar, foi difícil escrever esse final, principalmente por que eu queria uma coisa e os personagens outra, apesar de parecer chato, eu adoro quando eles me sacaneiam desse jeito. Desde já agradeço ao pessoal do WSU por me darem aquele apoio ♥, pela Nay, que me acompanhou desde o primeiro cap até aqui. E principalmente pela ajuda da Natália Alonso, por ser minha beta e me recomendar sempre um caminho. Alias se você deseja se aprofundar nos vampiros do nosso universo (e conhecer mais o doido do Mefistófeles, em Lucy Lordache). Ademais, Soldado retorna em Frente Unida (estreia dia 22/05) juntamente com Karen. Já Renata vai retornar em sua história solo: Renascida, sem previsão por hora. Agradeço imensamente por vocês terem me acompanhado até aqui ♥ Por favor opinem.



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