WSU's: Soldado Fantasma: Honra & Monstros escrita por Nemo, WSU


Capítulo 6
Descoberto


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer imensamente a Nayane e a Natália por poderem me acompanhar nesse jornada, Nay pelos comentários fofos e Natália por estar me betando ♥

Recomendo que ouçam a música que coloquei em azul no: ****



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Bem a sua frente jazia Renata, que mantinha seu olhar fixo nele, ela já ia se retirar, quando revelou seu rosto de relance. Isso a reteve, lembrava daquele rosto, tinha confundido com seu amigo anteriormente. Sabia que devia ir, que não deveria fitar um estranho, mas algo lhe dizia o contrário e, ao olhar novamente esse rapaz, ela se lembrava de outra pessoa, aquela figura solitária aquelas feições...

 Tales por sua vez, guardou a bússola com cuidado sem se denunciar, logo depois, se virou completamente para Renata. Esta por sua vez ficou simplesmente parada, como se esperasse por algo. A fitou da cabeça aos pés. Estava mais encorpada, porém mais pálida. Já ele, estava indiferente, não tinha mudado nada.

Ela caminhou em sua direção com calma. Ela sempre toma a iniciativa... isso faz de mim o que? Pensou Tales.

— Olá.

— Olá. — disse ele, tentando conter o nervosismo, até que poderia ser um soldado durão, mas em algumas coisas... ele era um tolo.

— Desculpe, mas o que faz aqui? — indagou ela curiosa.

— Sou amigo do senhor Rodrigo, estou cuidando da sobrinha de sua esposa. Ela me despachou para descansar.

— Ah sim, entendo. — disse ela um tanto consternada, em seguida perguntando:

— Porque não está se divertindo?

Ele respondeu, procurando uma saída, ia ter que mentir, odiava isso:

— Além de não estar vestindo nada que digno, não disponho de um par. — A segunda parte a atingiu em cheio, além de se parecer um pouco com seu colega, ter o jeito dele, estava na mesma situação dele.

— Relaxa. — disse ele se sentando em uma parte da parede que servia de banco. — A propósito, qual é seu nome? Jessica? Fernanda? Gabriela?

—  Renata.

— É um belo nome, dizem que significa renascida ou ressuscitada.

— Uau, eu não sabia disso, não sei se meus pais pensaram nisso. Mas o seu qual é?

— James, significa o vencedor, mas acho que não é tão verdade assim. Acho que depende... — Ele abaixa a cabeça enquanto murmura — chega uma hora em que a vida para de nos dar e começa a nos tirar.

— Concordo. — disse ela cabisbaixa, em seguida deslizando a mão pelo cabelo com suavidade e indagando — Você é de onde?

— Itaporanga. — Ele brincou — Acho que você, deve ser da região, um palpite mais arriscado é de que você é sitiante.

— Como sabe?

— Seu sotaque, e seu tom de voz, demonstra ter uma personalidade forte.

— Você é bem observador.

— Sou de humanas.

— Você parece do exército. — comentou ela. — Tem o porte mais rígido.

— Nunca prestei esse tipo de serviço, mas recebi treinamento de sobrevivência.

— Então? — perguntou ele — Não vai se divertir? Dançar?

— Meu namorado se recusou a vir, ele detesta festas.

— Acho que somos dois sem sorte. — apontou ele.

— Quer dançar? — indagou ela.

— O que? Mas você tem namorado...

— Primeiro, é apenas uma dança; segundo, ele não é meu dono; terceiro acho que você não é uma pessoa ruim, e quarto: do que adianta ir em uma festa e não poder se divertir? Já aviso, que o meu coração é puro e se tentar qualquer coisa te chuto até o infinito e além.

— Meu coração é puro também. — disse Tales, em seguida dizendo de forma maligna e divertida — Meu coração é pura maldade.

— Você cuida de uma adolescente e quer que eu acredite nisso?

— Me danei.

— Deixa de ser frouxo e anda logo.

Será que ela sabe? Questionou ele mentalmente

 

*****

— Rodrigo, está vendo o que eu estou vendo? — indagou Ana.

— Sim. Ela é fantástica.

— O que? — indagou Sirehen, enciumada.

— Querida, acha realmente que o ele Iria ir até ela? `Pode ser foda em muitas coisas, mas é um desastre com as mulheres, conheço a colega que tenho. Ela sempre foi forte e independente, além disso se ela reconheceu o Tales quando o viu, imagina aqui?

— Você acha que... — sugeriu Ana.

— Não sei, mas ele lembra o Tales, traços físicos, um pouco do jeito ou modo de falar e agir, Guardyhan nos tornou monstros, nos fez cometer coisas abomináveis, mas há algo que mesmo um Deus não pode controlar... sua alma.

— Agora, eu espero que tenhamos uma música bem nostálgica, certo Karen?

A garota estendeu o pendrive para o Dj e sussurrou algo em seu ouvido, e enquanto Tales e Renata dançavam compassadamente, uma antiga melodia começou a tocar, uma que ambos conheciam muito bem. Unchained Melody.

Ambos tremeram ante:

Oh my love, my darling.

I've hungered for your touch

 

  Renata foi a mais afetada, tentou disfarçar, mas a emoção era nítida nela, não que  Tales escapasse. Aos poucos ela simplesmente reclinou sobre seu ombro e pequenos filetes de lágrimas escorreram de seus olhos. Isso não está certo. Pensou Tales — Escondi que estou vivo para evitar o sofrimento, mas... se eu contar... ela nunca mais vai olhar na minha cara e, ela já tem outra pessoa... o Soldado Fantasma anularia quem eu fui. 

 

A long lonely time

Time goes by so slowly

 

— Está tudo bem? — indagou ele.

— É que... sei que você não vai se importar... mas da última vez que dancei, foi ao som dessa música, com o meu amigo... na verdade... ele era mais do que um amigo para mim... só que ele se foi... e eu nunca disse nada... porque não desejava que ele perdesse seu sonho... por minha causa.

— Renata... — murmura Tales incrédulo enquanto ela parecia encolher em sob seu peito.

 

And time can do so much

Are you still mine?

 

— Se desejar podemos parar. — disse Tales, querendo se partir em dois.

— Não. Por favor continue, essa música e esse lugar me lembram dele... você me lembra ele.

Need your love

I need your love

God speed your love to me

 

  Dessa vez quem chorava era Tales, não importava mais, não era justo com ela, ele não a merecia, isso era verdade, mas ela não merecia sofrer por ele, não daquele jeito.

 

Lonely rivers flow to the sea

To the sea

To the open arms of the sea

— Vou te contar algo meu. — murmurou ele com a voz uma trêmula, estava suando e seu ser tremia. — James é meu apelido.

 Renata por sua vez, teve um sobressalto, suas esperanças se reerguem, talvez sua suspeita também.

Lonely rivers sigh "Wait for me"

Wait for me

 

— Tive muitos outros nomes, me chamaram de Sebastyan e Victor. — Renata tem um pulso interno, ela para a dança e fita o fundo de seus olhos.

 

 

I'll be coming home

Wait for me

 

— Mas você me conhece. Eu sou T...

  Os policiais e seguranças são arremessados, por quatro sujeitos cobertos por capuzes e longos casacos pretos. A música é cortada e Tales e Renata se separam.

— Preste atenção. — disse ele — Fique aqui no canto

  Ela o faz, ele apanha sua bolsa e vai para o banheiro. Tudo estava em risco, sua identidade e a consideração de muitas pessoas, mas Tales não ia permitir que as pessoas mais importantes fossem tiradas dele, ele preferia ir para o inferno antes.

  Dois ficaram barrando a saída, enquanto um deles avançou até Rodrigo, seu rosto não podia ser visto, mas seus olhos vermelhos sim, aquilo era o tipo de coisa que botava medo até em um supersoldado. A voz ainda era distorcida, talvez para evitar suspeitas:

— É realmente uma pena ter que interromper sua festa, mas preciso levar esses três comigo. — disse ele apontando para Karen, Mario e Ana. — Ademais quero que vocês espalhem pelas ruas que quero o Soldado Fantasma a meia noite na praça Guara.

— E se recusarmos? — indagou Rodrigo encarando o perigo de frente.

— Então haverá um banho de sangue. Agora vocês três venham comigo, a não ser é claro, que queiram morrer antes, ou que outros paguem o preço pela sua estupidez.

  Karen pensou em fazer uso de suas habilidades, mas o vampiro lhe dirigiu um olhar que a fazia perder toda a vontade que possuía, aquilo não era apenas controle da mente, se fosse, ela o removeria dali. Aquele poder infernal decorria de um pacto extra. Logo depois, dizendo aos três:

— Vocês não vão nos atacar ou resistir. — Droga... esse filho da puta está me controlando. Pensou Karen. O segundo vampiro a pegou pelo pescoço e indagou:

— Onde seu amigo está?

As mãos de Karen começaram a apertar seu pulso de forma que ele a soltasse, tendo seu braço parcialmente esmagado, antes que pudesse se recuperar, levou uma voadora no rosto, fazendo com que ele estaqueasse na parede, quebrando seu nariz e fazer verter sangue pelo rosto esfolado.

— Estou aqui! — Ele rumou para o líder.

Eu não esperava encontrar a pirralha aqui ou mesmo ele. Pensou o líder — Se resistir, mataremos as pessoas a sua volta!

— Isso daria certo. — comentou Tales com tranquilidade — Se eu me importasse com eles, se fosse o Temerário ou o Aracnídeo isso até que poderia funcionar, mas sou um soldado e sei que a guerra tem um preço.

— Você é uma caixinha de surpresas. — disse o vampiro. — Pensei que fosse um herói.

— Veja as manchetes de novo Albert. — disse Karen. — Se ele for um herói, eu sou Chernabog.

— Quem? — perguntou seu companheiro, enquanto seu rosto se regenerava.

— Isso não vem ao caso pai, vamos nos concentrar na luta. Você não tem medo Soldado? Vai chorar como uma mulherzinha quando eu terminar com...

Tales acertou um soco na boca do seu estômago com a ajuda das brechas.

— Se eu quisesse ouvir discurso, ia numa palestra.

Rodrigo deu um passo à frente. Ficando entre Ana, Mário e Karen e ao lado de Tales, dizendo:

— Ninguém invade a minha festa e sai impune.

— Você vai ser trucidado, fique onde está. — disse Tales falsamente — Mas se servir de consolo, evite contato visual.

— Karen? — indagou Tales.

— O que?

— Me desculpe. — pediu Tales com olhar triste, aplicou golpe na cabeça, deixando-a desacordada. Seu palpite era de que se reiniciada iria se livrar do controle, foi desse jeito que outrora libertou Rodrigo, além de que, eles poderiam utilizá-la contra os eles, e cinco contra dois iria ferrar com situação.

  Subitamente ele e Rodrigo avançaram em perfeita sincronia, Tales pegou o líder, enquanto Rodrigo o da esquerda.  Começaram com frontal, os vampiros desviaram, mas mesmo assim os chutes os atingiram na cara, graças as brechas do Soldado.

  Ambos foram com cruzados de direita e esquerda, seguido por outro chute que deixaria os adversários cravados na parede. A situação havia se complicado para os vampiros, mas sua resistência era elevada, e mesmo que tomassem golpes de dois supersoldados, eles iriam regenerar rapidamente.

— Bom, vocês são os primeiros humanos que colocam nosso poder a prova, mas infelizmente estou farto. — dizendo isso, avançou em conjunto com seu pai, cada qual desferiu uma sequência de jabs e socos que foram prontamente bloqueados tanto pelos dois, mas apesar disso, as partes bloqueadas doíam.

  Tales recuou e sacou sua espada, com a guarda elevada, logo arremessando uma faca para Rodrigo, que pegou a ideia. Se os golpes não tinham efeito, o certo seria cortar o mal pela raiz.

— Vejo que trouxe a espada. Tomei a liberdade de trazer a minha também. — disse ele retirando a sua da bainha, mas diferentemente dele, aquilo era uma espada de esgrima ou Rapier, perfeita para perfurações, já a do Soldado seria uma bastarda, uma espada medieval de lamina dupla, logo a de James detinha a vantagem por ele trajar o Iluminati e logo não perfurar seu corpo, mas sua cabeça ainda era vulnerável e pela bastarda ser um pouco mais pesada, era mais lenta que a Rapier e isso o deixava vulnerável. Toda a concentração de Tales devia ir para a luta.

  Em uma batalha medieval os combatentes simplesmente se atracavam, mas aquilo exigia uma dança de pés, cada movimento devia ser pensado com antecedência. Um passo em falso seria fatal. O vampiro começou desferindo duas tentativas, das quais, o Soldado bloqueou com facilidade. Ele estava testando até onde o Soldado poderia ir.

  Até que avançou novamente, com um corte frontal, que por pouco não foi bloqueado. Tales mantinha um tom sério, até que exibiu um sorriso, e começou com um golpe frontal lateral, bloqueado, girou a lâmina para a baixo e deu uma subida bloqueando o ataque do vampiro, possibilitando um chute frontal. Sua tentativa de desferir um corte foi bloqueada, o oponente aproveitou a abertura e com a mão esquerda (e com o punhal) tentou desferir um golpe em seu rosto, mas Tales bloqueou com a mão esquerda se cortando.

— Parece que tenho um ponto a mais. — disse o líder — Mesmo que me vença tem mais dois ali fora.

  Foi então que por um momento Tales desviou o olhar para Karen, ele não foi capaz de protegê-la do estranho poder e por conta disso a feriu. Se falhasse agora, mais sofrimento seria desencadeado, como a garota dos cartazes. Ele fitou o oponente a sua frente e indagou:

— Foi você que assassinou aquela garota?

— Eu matei muita gente, seja mais específico.

— A cinco dias atrás.

— Ah é verdade... ela resistiu, fugiu e gritou, mas no fim falhou, assim como você vai falhar.

  Os olhos de Tales se estreitaram, seus músculos ficaram mais enrijecidos, os nuances negros não surgiram, mas Rodrigo ficou levemente ressabiado com a mudança de tom, havia algo ruim ali.

  O punhal foi puxado para o lado, tão impulsivamente que pegou o adversário de surpresa abrindo abertura, para um chute direito em seu queixo. As lâminas se desembaralhavam para um jogo mais agressivo, a mão de Tales fora cortada e dela latejava sangue. O oponente deslizou o dedo pela lâmina do punhal e levou a boca, em seguida dizendo:

— Você possui um sangue bem forte, me sinto quase revigorado, será que a da garota possui um sabor diferente?

  Tales precisava se controlar, era isso que o inimigo queria, afinal ‘’ fúria gera abertura e abertura gera um possível golpe fatal, não vou ajudar ninguém se estiver morto’’. Pensou ele. Então refletindo melhor fez exatamente o que o inimigo desejava, desferiu um golpe frontal, possibilitando uma abertura fatal. O oponente não hesitou e golpeou.

  Golpeou a si mesmo, pois o Soldado fez com que o golpe fosse desviado para o atacante com as brechas, penetrando seu peito com sua própria lâmina. Seu pai avançou para cima do oponente, mas foi perfurado pela espada de Tales, do mesmo modo que o filho.

  Ambos deram passos para trás, removendo as lâminas de seus corpos. Quando a espada do inimigo estava prestes a sair, o mesmo a puxou e abrindo outra brecha cortou seus dois braços. O líder avançou e bloqueou o próximo ataque fatal, Rodrigo desferiu um chute lateral no velho, e avançou numa tentativa de cortá-lo, o cansaço não os havia atingido, mas o faria mais cedo ou mais tarde.

  Dali em diante os ataques se tornaram menos calculados e mais furiosos tanto para Tales quanto para seu oponente, as espadas se chocavam violentamente e com rapidez mortal, mas o jogo virou definitivamente quando a Rapier foi atingida pela bastarda com tanta força que ela se estilhaçou. Ao fitar seu inimigo novamente ele percebeu adornos negros e algumas marcas bem tênues em seu rosto.

— O que é você? — indagou o rapaz. Rodrigo deu um passo para traz, não tinha visto aquilo, mas imaginava quem tinha feito e porquê. Ele não podia dizer nada com todos as pessoas olhando, mas as emanações de energia que vinham do seu companheiro não eram nada positivas.

Se continuar aumentando, ele vai matar todos nós. Pensou Rodrigo.

  Foi então que Rodrigo se deu conta de que, aqueles guardavam a porta vieram para frente. Um deles pegou Karen desmaiada sem se importar com Ana, Sirehen e Mário o outro foi no meio da multidão e pegou uma garota.

— Deixem os dois passarem ou matamos elas. — disse uma das mulheres.

— Malditos. — murmurou Rodrigo ante aquele golpe baixo.

— Feito. — disse Tales sem hesitar, ele prezava a segurança de Karen e a sua vida mais do que tudo, já havia falhado uma vez. Para ele, Karen não era apenas uma aprendiz, era uma amiga ou na sua concepção, uma filha.

  Fitando a outra refém, ele percebeu de que não tratava de uma estranha, seus piores temores haviam se realizado, pois a outra refém era Renata, duas pessoas que ele respeitava e prezava, mais do que a si mesmo, jaziam perdidas.

— Mas... vai ter que deixá-las aqui.

— Você não está em posição de dar ordens. — disse a mais velha.

— Não é uma ordem, é uma promessa não finalizada. — disse Tales, continuando com tranquilidade, uma assustadora tranquilidade — machuque essas duas e vai desejar estar no inferno.

Ele e Rodrigo deram espaço e os dois derrotados passaram, enquanto Rodrigo chegou perto dizendo:

— Fique calmo, sei que parece estranho, mas se você não se controlar vai acabar matando pessoas inocentes, preciso do Tales aqui, não do monstro.

— O que é que eu tenho?

— Você está manifestando a sua Aura Negra, mas por favor se acalme, isso não vai te fazer bem... faça isso pela Karen e Renata, por favor.

  Os efeitos vão cessando à medida que Tales começa a se lembrar do seu passado, uma arma feita para suprimir e intimidar, quantas famílias ele não destruiu? Quantas vidas inocentes não caíram ante aquele rosto? Ele olhou em volta e viu o medo encarnado naquelas pessoas. Eles não dirigiam o olhar aos vampiros, mas a ele, ele era o monstro ou talvez algo muito pior que um.

  Os vampiros chegaram no portão, o filho com os braços do pai, sumiram em disparada pela porta, Rodrigo fez menção de ir atrás, mas Tales o deteve:

— Fique aqui e proteja essas pessoas junto a sua esposa e filho. Esse é meu fardo. — Terminando de dizer isso saiu, um carro havia acabado de dar partida e seguiu rumo a saída da cidade. Tales pegou a moto que emprestara de Rodrigo para vir, - afinal chegou atrasado na festa -, partiu em busca dos sequestradores.

*****

— Ele não é um oponente fácil. — comentou a mais nova no banco traseiro enquanto carregava Karen.

— Seu pai foi descuidado demais. — disse a mulher irritada — Lutou contra ele da última vez, sabe que ele não está em um nível comum.

— Querida, quem poderia imaginar que ele teria um aliado tão forte quanto ele? O plano era vocês duas eliminarem o casal, cuidariam da garota e se juntariam a nós, enquanto o golpeávamos, Victor o atingiria pelas costas ou mais precisamente em sua cabeça.

— Se aquela cabeça oca da Roberta, tivesse vindo nós teríamos ganhado. — apontou a mais nova.

— Ela estava faminta. — disse o pai — Vive suprimindo a fome e esse é o resultado, ela ainda vai entender a nossa posição neste mundo, ainda é jovem.

— O que faremos agora? O casal está vivo juntamente com o Soldado e ele tem um aliado poderoso. — indagou a mulher ao filho.

  Ele fez menção de dizer, mas olhando pelo retrovisor viu um motoqueiro, ele estava em velocidade alta, suas vestes eram negras e seu rosto era ocultado pelo capacete. Podia ser o Soldado.

— Pai fique de olho naquele motoqueiro, mamãe, pegue a 12 e se prepare.

Foi então que o motoqueiro desviou para uma estrada de terra e desapareceu.

— Lamento, mas você errou. — ironizou a irmã.

— Cala a boca, ou quer que eu arrebente essa merda?

— Ah tá, você não faria nada com a sua preciosa entre nós.

— Mais uma palavra e eu te...

— Espera um pouco... — disse a mulher — Aquela estrada não tem uma entra...

  O motoqueiro surgiu a frente deles antes que ela pudesse completar a frase e com um 38 em punho realizou alguns disparos contra os pneus, em vão, pois o motorista já tinha desviado. Enquanto Tales avançava para fazer um retorno.

— Esse desgraçado conhece o terreno, melhor do que nós! — vociferou o vampiro mais velho.

— Então é por isso que o dono da festa lutou ao lado dele, ambos se conhecem... — murmurou Daniela.

— Silêncio, preciso me concentrar para mirar.

— Espere, ele pode desviar os tiros para os pneus do carro. Não preciso dizer porque sei disso. — disse Gregório.

— Então se é assim... vamos tirar ele da pista.

  Uma freada busca foi aplicada e por pouco Tales não foi para o infinito e além. Ele desviou para a outra pista, um caminhão avançou, por um momento eles acreditaram que haviam se livrado dele, mas quando foram ver, ele estava no meio da faixa um pouco a sua frente.

— O desgraçado desviou a moto com aquelas brechas.

— Como é que vamos se livrar dele?

— Relaxa maninha, ele não tem intenção de capotar o carro ou matar o motorista, temos as reféns e é essa a nossa vantagem, além disso a habilidade dele deve ter um limite.

 

 

 

****

 

Os vampiros desviaram para uma estrada de terra, deixando o Soldado que estava à frente atrasado, ele conhecia a região, mas se tem algo ruim nas estradas de terra é que elas sempre mudam. Além de ter de suportar a poeira deixada pelo carro. A noite, aliada ao cansaço da estranha transformação, e o uso das brechas, fizeram seu serviço.

  Seus braços e suas pernas ficavam cada vez mais pesados, mas a ideia de abandonar as duas pessoas mais importantes para ele, era por si só insuportável, ele continuou e ao fazer uma curva em uma descida, sua moto sofreu um solavanco o arremessando diversos metros no ar se chocando numa cerca de arame farpado e nela se embrenhando.

  Ele não podia se mexer, seu corpo estava cansado e dolorido demais, seu rosto ardia, enquanto seu sangue respingava na grama, sua cabeça rodava, seus ossos doíam. Na melhor das hipóteses tinha ossos quebrados ou trincados. Lágrimas se formavam em seu rosto e deslizavam pelos cortes promovendo ainda mais dor. Seus pensamentos estavam tão arrastados.

  Karen... Renata...Rodrigo... me perdoem, mas não fui capaz de... protegê-los...assim... como não fui... capaz de proteger... Erwem... e aquela garotinha... sou uma falha. Uma falha monstruosa... que possui tanto poder... mas é incapaz de fazer o certo...e que causa medo nos próprios amigos... até você... Rodrigo. Até você teve... medo de mim... seu amigo.

  Uma chuva gélida e fina começou a cair, ante o rapaz enrolado na cerca, se misturando a suas lágrimas e ao seu sangue, enquanto seus olhos vagos fitavam o horizonte, em busca de um sentido... mas só conseguia encontrar morte e destruição. Os cenários mudavam dentro de sua mente, mas o final era sempre o mesmo.

— Não, por favor, eu tenho filhos! — disse um homem enquanto seu pescoço era apertado brutalmente.

— Você não tem que fazer isso. — disse outro homem em outro ambiente, enquanto tinha seu coração transpassado por uma espada. — Eu farei o que ele quer, só m...

— Eu te pago... — dizia outro ao ser interrompido com seu pescoço foi torcido.

— Por favor, não machuque meus filhos! — disse outra uma mulher erguendo o braço em direção as suas crianças em um ato desesperado de defesa.

Qual é o meu legado? O mentor que deixou seus aprendizes morrerem? O assassino? O terrorista? Talvez... eu mereça morrer aqui... talvez... o mundo... esteja melhor... sem... esse monstro. Pensou ele pela última vez, enquanto a chuva persistia e o mundo continuava a rodar.


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Notas finais do capítulo

Peço encarecidamente para não me matarem ou fazerem um boneco vudu de mim. Essa cena final, foi difícil de escrever, nas várias vezes que tentei, sempre tive que ficar limpando as lágrimas do teclado e o pior é ter que revisar essa mesma cena, varias e varias vezes ao longo dos meses, no fim, eu sempre acabo chorando. Retornamos dia 22/04. Até mais pessoal



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