We Go Back And We Go Foward escrita por Araimi


Capítulo 7
Capítulo 7




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            Ela estava bem.

            Não era a pessoa mais saudável do mundo, tinha dias horríveis e dores de cabeça que fazia com que ela desejasse morrer de uma vez por todas. Mas Honey estava bem, de certa forma.

            Ela não havia contado aos seus amigos, nem para os mais próximos, apesar que ela não achava que algum deles fosse do grupo dos mais próximos. Eles poderiam chorar e se lamentar quando ela estivesse morta, mas, enquanto seu coração estivesse batendo em seu peito, ela só queria se divertir.

            Ela estava se preparando e, quando a hora chegasse, Honey estava pronta para receber a morte e dizer: “Você poderia ter vindo mais tarde, vadia. Mas tudo bem.”

            Honey não poderia conhecer o mundo, como havia um dia sonhado, mas passou a conhecer a velha Londres muito melhor do que a palma de sua mão. Não poderia se formar, então a escola que fosse para o inferno enquanto ela aproveitava aqueles últimos dias.

            Honey nunca teria filhos, mas tudo bem, ela não gostava de crianças mesmo.

            Seus pais ficariam arrasados, mas, por enquanto, ela fazia de tudo para fazê-los felizes. Seus irmãos não teriam mais com que caçoar, por isso ela deixava eles fazerem isso quando bem entendiam sem reclamar, mas eles quase nunca faziam isso agora.

            Honey sabia que não viveria até seus vinte e um anos, onde planejara tomar seu primeiro e mais fenomenal porre, então ela adiantou isso um pouco. Ficou de castigo por semanas, mas, no fim do castigo, ainda estava viva e já sabia como era uma ressaca.

            Ela não poderia esperar até ficar casada, então escolheu um cara legal, aquele que ela sabia que tinha uma queda por ela desde o sétimo ano e ela teve sua primeira vez em uma noite de sexta-feira. E aquela foi a mais perfeita primeira vez que ela poderia ter imaginado.

            Honey também experimentou um baseado, porque sempre teve vontade de saber como se sentiria e, afinal, estava morrendo mesmo. Isso os seus pais nunca descobriram.

            Ela brincou mais com Ruby do que em toda a vida da cadela e, em um dia especialmente quente de verão, Honey finalmente havia conseguido esgotar a energia de sua Akita.

            Ela sempre dava esmola aos pobres, porque queria ir a um lugar legal quando morresse, caso esse tipo de coisa existisse. Honey ajudou a servir alimento aos sem-teto mais de uma vez pelo mesmo motivo.

            Ela finalmente havia criado coragem de dizer a Alexander que a namorada dele era uma vadia e que ele deveria arrumar outra pessoa. Ela havia até arrumado uma garota para Cameron e desconfiou ferozmente que ele era gay quando disse que não a queria. Mas Cameron apenas riu, aquele riso manso e cansado de quem tem 70 anos, algo bastante peculiar para um jovem de 25, e disse que ele estava esperando a mulher certa, a mulher com quem ele iria passar o resto de sua vida.

            Foi a primeira vez que Honey percebeu que era uma completa idiota. Ela não conseguiria fazer em um ano tudo o que ela poderia fazer em uma vida.

            Ela queria conhecer o mundo todo, queria se sujar de tinta na Índia, queria ver a Torre Eiffel brilhando no Natal, queria gritar no Grand Canion, queria velejar no Amazonas e tirar a blusa no Mardi Gras. Ela queria ver o rosto orgulhoso de seus pais em sua festa de formatura e queria entrar em uma boa faculdade como seus irmãos. Ela continuava sem querer filhos, mas, se eles viessem futuramente, seria bom. Queria que seus pais e seus irmãos brigassem com ela sem se preocuparem, sem se sentirem culpados, e queria a alegria doce da reconciliação. Ela queria amar alguém tão completamente que sua mente entrasse em curto-circuito toda vez que visse essa pessoa. Queria se casar em uma igreja linda e ter uma cerimônia emocionante. Queria ter uma pessoa para passar o resto de sua vida.

            Foi a primeira vez que Honey sentiu medo. Não qualquer medo, mas um medo que fazia seu estômago revirar, fazia com que sentisse frio nos ossos, que sua mente desse pane, que perdesse a visão e a fala, que não conseguisse pensar em mais nada a não ser naquilo.

            Honey sentiu medo porque ela queria desesperadamente ter o resto de sua vida para viver.


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