Este ano o natal vai estar cheio escrita por Segunda Estrela


Capítulo 2
É sempre bom estar com a família


Notas iniciais do capítulo

Tudo bem, se você também escreve, você sabe o quão é importante ouvir as opiniões sobre suas histórias. Saber se tem algum erro, se você está mesmo fazendo tudo certo. Se puderem, me digam o que acham.



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— Bem-vindo Luke. - Disse Leia, dando um abraço apertado no seu irmão. – E é ótimo ter vocês aqui, Finn e Rey.

Ela virou-se, cumprimentando cada um deles, que pareciam igualmente tímidos.

— Muito obrigada senhora Leia. – Disse Rey, dando a ela um sorriso sincero.

— Não permito que me chame de senhora, é só Leia, por favor. – A mulher mantinha seu sorriso, estava disposta a esbanjar toda a hospitalidade que sabia que Ben estragaria depois.

Finn olhava para a casa, admirado. Era uma das maiores salas que já tinha entrado, e não era nem metade da sala dos Solo na cidade. As paredes eram altas e de madeira, e havia uma lareira coberta de enfeites natalinos. Sem contar na árvore bem no meio da sala com luzes e  bolas coloridas. As janelas iam quase do chão ao teto e eram cobertas por cortinas bejes.

Uma varanda de tábuas escuras dava lugar na frente, mas naquele frio era difícil se manter fora por muito tempo. A construção era rodeada por um lindo jardim, uma visão aconchegante. Havia um rio que corria nos fundos, e nenhum vizinho em quilômetros. Com a neve que caía do lado de fora, era a perfeita imagem de natal.

— Fomos os primeiros a chegar? – Perguntou Luke, pendurando seu cachecol na porta.

— Poe já está aqui, ajeitando suas coisas lá em cima. Han foi buscar Chewbacca e Lando.

— E o Ben?

Leia juntou as mãos, olhando para cima em uma prece silenciosa.

— Eu espero que ele já esteja chegando, você precisava ver o drama que o menino fez quando descobriu que ia precisar vir.

Quase falou que o motivo do rapaz não querer passar o natal com o resto da família, era o número extra de convidados, mas não ia querer fazer com que suas visitas ficassem desconfortáveis. Ainda mais por causa do comportamento infantil do seu filho.

Notou o desconforto dos outros dois ao ouvir o nome de Ben, e só podia culpar as atitudes rudes dele por isso.

— Venham cá, vou mostrar onde vocês vão ficar. – E Leia pediu para eles o seguirem.

Finn e Rey se entreolharam, eles estavam ansiosos e nervosos. Sabiam porque tinham sido convidados, e apreciavam a boa atitude dos Skywalker, mas estavam com medo de que o menino mimado criasse alguma situação constrangedora. Rey passava todo natal sozinha, desde sempre. Luke sabia disso, e tinha pedido que ela ficasse com sua família esse ano. Para que ela não se sentisse mal, chamou Finn, também para evitar qualquer rumor maldoso no trabalho.

Eles subiram a escada estreita de madeira, em comparação ao dinheiro da família, a casa era modesta.

— Nós temos quatro quartos aqui. O meu e do Han, o do Ben e os outros dois quartos de hóspedes, que são maiores.

Rey torceu os braços, imaginando que Leia provavelmente não a colocaria em um quarto com nenhum garoto. A  mulher estava pensando em como organizaria tudo, quando Poe apareceu com a cabeça no corredor, sorrindo para os amigos.

— Poe! – Disse Finn, e correu para abraçá-lo. – Nossa, ainda bem que chegou logo. – Pareceu mais aliviado do que deveria.

Os dois sorriram um para o outro, felizes que iam ter outra pessoa para poder dividir os constrangimentos.

— Como se conheceram mesmo? – Perguntou Leia, curiosa.

Finn passou a mão na cabeça.

— O cachorro do Poe fugiu uma vez, a gente encontrou. - Respondeu, apontando para si e Rey.

Ela sorriu para os dois, segurando suas mãos com carinho.

— Viu? Não há motivo para preocupação, vamos estar todos entre amigos. – Ela parecia animada.

Rey lhe deu um olhar desconfiado, mas não ia falar nada.

 - Finn, você vai dividir o maior quarto com Poe, meu filho e o amigo dele.

Finn engoliu em seco, seus olhos redondos arregalando-se inconscientemente. Ele tinha um mau-pressentimento sobre isso.

— Não precisa ficar com medo do Ben. Ele não vai fazer nada com você, e se tentar, eu puxo a orelha dele. Puxo mesmo, porque você acha que ele tem as orelhas tão grandes? – Perguntou a mulher mais velha rindo e todos a acompanharam nervosamente.

— Não se preocupe com isso, eu não tenho mais problemas com ele. – Respondeu o rapaz.

— Você é muito esperto então. Poe, querido, mostra para ele o quarto e onde deve colocar suas coisas?

O moreno de cabelos macios concordou com um sorriso estonteante. Depois o levou até o quarto onde estava arrumando sua mala. Finn o seguiu com animação.

— Espero que não se importe, mas você vai ficar no quarto do Ben.

O sangue de Rey gelou, e ela sabia que sua expressão mostrava o quanto estava desconfortável. A verdade era que só tinha falado com ele uma vez, mas tinha notado que o rapaz tinha alguma coisa contra ela. Era só ver o jeito que a ficava olhando de cima com aquela expressão de irritação. Sendo tão grande, ele era, no mínimo, intimidador.

— Eu não sei, você acha que ele não vai ligar?

— Não, é claro que não. – Tentava tranquilizá-la, mas não sentia muita convicção da sua voz.

Leia abriu uma porta com avisos ameaçadores colados, como: Não entre. Você vai sofrer as consequências. Somente lordes das trevas.

O quarto tinha muitos pôsteres de bandas colados, em um canto chegavam a ser tantos que cobriam a parede. Rabiscos feitos com tinta preta também tomavam o lugar e havia uma guitarra vermelha pendura por ganchos de ferro.

Os pôsteres de bandas eram obscuros, com caveiras e homens berrando. Mesmo assim, o que mais chamava atenção era uma grande espada de duas mãos com lâmina e guarda-mão vermelhas, colocada bem na parede central do quarto.

— Não se assuste, isso foi só uma fase. Graças a deus superamos isso. Como a gente não vem muito aqui, esse quarto acabou congelando na adolescência.

Rey riu para ela, mas mesmo assim, se sentia meio desconfortável de ficar em um quarto estranho, de uma pessoa estranha, com gostos estranhos.

Foi então que a menina percebeu o que estava escrito na pichação de uma das paredes: Foda-se o exército. Deu uma pequena olhada singela para Leia, mas ela percebeu. Se aproximou da garota, e colocou a mão em seu ombro.

— Ele costumava não aprovar o meu trabalho, acho que não podemos agradar a todos.

Rey suspirou fundo, tomando coragem para falar:

— Mas eu acho que tudo que a senhora fez foi incrível. Entrar no exército e se tornar general, depois senadora. Você é um exemplo a ser seguido, senhora Leia. – E a jovenzinha parecia completamente comovida.

A mulher mais velha sorriu para ela, a moça na sua frente tinha o tipo de inocência que era difícil de encontrar.

— Muito obrigada, querida. Mas não se preocupe com isso, Ben não está mais tão rui... – E antes de terminar a frase, elas ouviram um carro cantando  com notas agudas na rua.

As duas colocaram a cabeça para fora da janela, vendo um Dodge preto correndo pela estrada e parando praticamente na calçada.

— Falei cedo demais.

...

Kylo estava fechando o carro, usava óculos escuros mesmo no sol fraquíssimo, carregava uma mochila por cima do ombro. No outro braço segurava um presente, uma caixa. Dentro dele estava uma brincadeira de mal gosto, uma ideia que passou pela sua cabeça quando pensou no passado da garota. O passado que ela tão secretamente lhe revelara anos atrás.

Hux estava atrás dele, espremendo os olhos para enxergar melhor a casa. Os cabelos ruivos brilhando na luz pálida.

— É essa?

— Não. Parei aqui para dar um oi para os vizinhos. – Respondeu ele com raiva.

Hux o ignorou e foi andando na direção da cabana. Leia apareceu na porta batendo os pés com os braços cruzados.

— Oi mamãe. – Falou o homem alto passando por ela e dando um beijo na sua cabeça.

— Precisa chegar com o carro assim? - Perguntou enquanto Kylo Ren subia as escadas de três em três degraus.

— Obrigada senhora Solo. Ren ficou ouvindo a mesma música a viagem inteira, e estava começando a me irritar.

— Uma marcha sombria e estranha? Nem me fale, viajar com ele e o Han sem meus fones é um inferno, eles gostam de se punir com música. – Falou ela, indicando o caminho para dentro.

Subindo as escadas depressa, Ben chegou na porta do seu quarto. Rey estava parada no portal, encarando-o de perto, parecendo apreensiva.

O presente na mão dele queimou. Era uma pá de lixo. Ia colocar em baixo da árvore, endereçado especialmente para ela. Era cruel, e lhe dava um senso de confiança ser maldoso. Mas agora ela olhava para ele, com as sardas proeminentes e o nariz e bochechas rosadas por causa do frio. Era adorável, e ele quase se sentiu mal por ser cruel. Quase.

— Mãe! – Gritou ele.

Leia veio subindo devagar, sem se apressar pelas palavras dele ou por sua provável irritação.

— O que foi?

— Por que tem alguém no meu quarto?

Rey abriu a boca, mas não conseguiu falar nada, sentindo ficar corada de vergonha. Leia apareceu no corredor com o ruivo nas suas costas.

— Rey vai ficar aí, ela é uma garota, não pode dividir o quarto com os homens.

— E porque tem que ficar no meu quarto?

— Não tem espaço nesse para todo mundo.

— Eu posso sair... – Rey tentou começar a dizer, mas parou assim que viu o homem de dois metros encarando-a com uma expressão severa. O coração palpitou de agitação. – Eu...

Kylo Ren continuou olhando para ela com a mesma expressão dura, depois assentiu com a cabeça devagar.

— Fica aí. – Ele falou a voz baixa, quase rosnando, então saiu andando na direção do outro quarto marchando de raiva.

— Viu só? Disse que ele não ia ligar. – Assegurou Leia.

Rey deu um sorriso nervoso, não parecia exatamente que ele não ligava.

Luke conseguiu ouvir as reclamações do seu sobrinho do corredor, e correu para cumprimentá-lo.

— Sobrinho! – Gritou ele.

Kylo se encolheu quando Luke veio abraçá-lo com animação.

— Como vai Ben? – Sorriu o senhor.

— É Kylo Ren.

— Quantas vezes você vai ter que repetir isso até perceber que eu não ligo? – Perguntou, com um sorriso.

O garoto cerrou os punhos, olhando para ele de cima a baixo com raiva. Luke notou como ele agia e pegou uma fita métrica do bolso que parecia cuidadosamente guardada. Colocou no chão e levantou só alguns centímetros.

— O que você está fazendo?

— Medindo sua paciência. – E assim que terminou de falar, começou a rir com as mãos na barriga.

Kylo inflou o peito, suspirando fundo.

— Você estava só guardando essa piada, não é?

— Ah, eu estava. Se prepare, esse ano eu estou ainda mais afiado.

— Misericórdia. – E Ben saiu andando para o quarto de hóspedes, com Hux no seu encalço.

O quarto tinha um tamanho razoável e uma grande varanda com janelas altas. As paredes eram verde-claro e o chão era branco. Tinha um ar completamente diferente da casa de Ren, que mais parecia a caverna do Batman. Havia um sofá que se transformava em cama de casal, uma cama de casal de verdade, e um colchão de solteiro encostado na parede do fundo.

Poe e Finn olharam para as duas girafas pomposas entrando pela porta. Finn pareceu apreensivo. Poe deu um sorriso desafiador.

— Olá traidor. – Cumprimentou Hux com frieza.

— Não se preocupem, escória inferior, não vou fazer nada contra vocês. Não quero estragar as coisas para minha mãe nesse natal. – Ren falava, enquanto segurava seu antigo colar de madeira por baixo da blusa. Tinha esquecido que estava com ele, fazia um tempo que não usava.

Poe deu uma risada seca.

— Que ótimo podermos contar com a sua gentileza, senhor. Não é, Finn?

O rapaz de pele negra e cabelo curto cruzou os braços, e concordou com incredulidade.

— Não acredito que vocês dois se conhecem, agora sim isso vai ser um complô contra mim. - Reclamou Kylo.

— Quem é o Weasley? – Perguntou Poe, apontando para as cabeleireiras ruivas de Armitage.

— Weasley? O garoto gordo que anda atrás do Harry Potter? – Kylo Ren se indagou, com as sobrancelhas franzidas e sem entender.

— Não tem um garoto gordo que segue o Harry Potter.

— Ah, o amigo fracassado ruivo. Faz sentido. — Kylo falou sem pudor.

— Weasley é uma família, ignorante. E se eu fosse um Weasley, obviamente seria o Weasley bacana. — Hux argumentou, erguendo os ombros.

Poe e Finn se entreolharam.

— Nossa, daqui a pouco vai querer me ensinar que feitiço deu errado na sua cara? — Perguntou o latino, dando uma batida no ombro do amigo do seu lado.

Kylo percebeu que aquilo estava se estendendo por tempo demais, então simplesmente decidiu cortar:

— Não importa. Esse é Hux.

Hux deu um suspiro exasperado e decidiu ignorar o assunto. Olhou longamente em volta, percebendo os números das camas.

— Quem vai ficar no colchonete?

Kylo pensou, analisando. Alguém dividiria a cama, alguém dormiria sozinho e outro dormiria no colchão fino da parede. Franziu o cenho, desconcertado. O certo seria ele mesmo, como um dos donos da casa, ficar em uma cama sozinho. Mas decidiu ser um líder superior. Esperando que alguém o admirasse por isso.

— Eu apoio uma votação. – Falou ele, certo de que não perderia.

— Tudo bem. Quem quer que o Ben deite no colchonete? – Perguntou Poe.

E todos levantaram a mão, até mesmo Hux.

— O quê? – Reclamou o rapaz alto.

— Desculpe, mas eu não vou dividir a cama com você. – Respondeu o homem ruivo.

Ren bateu o pé no chão com raiva, tinha sido traído por sua própria ideia, e não queria ser fraco de recuar agora.

— Que seja então. – Rosnou ele.

— Que isso, Ben... – Começou o latino de pele bronzeada.

— É Kylo Ren!

Poe levantou uma sobrancelha, esperando que ele dissesse que estava brincando.

— O que é isso? Uma raça de cachorro?

O homem mais alto curvou o corpo de forma ameaçadora, cerrando os punhos e o encarando cheio de raiva.

— Uma raça obviamente nobre. – Tentou consertar Dameron, mas o princípio de um sorriso matreiro brincava no canto dos seus lábios.


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Notas finais do capítulo

O Domhnall Gleeson, ator do Hux, também faz o Bill Weasley, por isso ele fala que seria o irmão Weasley descolado.



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