Maldição dos Gêmeos escrita por MDinifada


Capítulo 1
Capítulo 1




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Maldição dos Gêmeos

O clima em Miathyria não poderia ser o melhor, todos no reino festejavam a chegada do novo herdeiro ao reino. A parteira proibiu o rei entrar no quarto para ficar com sua rainha, apenas ela e outra empregada de sua confiança estava no quarto junto da rainha. O Rei estava apreensivo caminhando de um lado para o outro, escutava sua amada Rainha gritando do quarto e não podia entrar lá. Então veio o silêncio e o choro de bebês. Ele não conseguiu entender aqueles dois choros vindo do quarto. A parteira veio até a porta e a abriu e deixou ele entrar e fechou novamente a porta. O Rei chegou até a cama e levou um susto com o que a rainha tinha em seus braços, um casal, ela segurava dois bebês muito parecidos, entretanto um era menino e outro menina. Ele petrificou com aquela cena, não piscava e nem mesmo estava respirando. A Rainha o olhou preocupada.

 

— Meu Rei.- chamou baixinho para não assustar os bebês e também porque estava fraca por causa do parto.

 

O Rei piscou os olhos ouvindo a voz de sua Rainha e chegou perto da cama, sentou ao lado de sua amada , passou a mão na cabeça de um e depois do outro.

 

— A profecia ela se concretizou, nosso reino entrará numa era de azar terrível e quando eles crescerem disputaram o trono.- Rei passando a mão levemente no rosto de sua Rainha.

 

— Eu sei, mas o que podemos fazer? Aquela profecia pode não vir acontecer se conseguirmos encontrar um modo de burla-lá.

 

— Mas como? Não quero perder nenhum dos meus filhos, mesmo a profecia existindo e eu não sabendo da existência de um deles, os amo muito. A menina tem seus olhos e a boca tão vermelha quanto sangue e o menino parece comigo.

 

— Mas se ficarmos com os dois o nosso reino entrará num…

 

— Shh, descanse, temos tempo ainda para decidir o que iremos fazer.

 

Os anos se passaram, o Rei e a Rainha acabaram esquecendo da profecia, pois ter gêmeos como filhos dava muito trabalho, parecia que um sabia o que o outro estava pensando ou sentindo. O menino se chamava Ceth e a menina Harriet.  Sempre davam um jeito para encontrar encrencas, como da vez que Ceth quando tinha sete anos resolveu ir brincar com as estátuas das armaduras de metal que ficavam dispostas na entrada do castelo, cada armadura foi usada por um rei, cada uma tinha um significado e levava em suas formas e cores a virtude que marcou aquele Rei. Ceth sem querer tropeçou no tapete e caiu por cima de uma ocasionando uma reação em cadeia nas estátuas uma por uma foi caindo, Harriet naquele momento estava sentada brincando com suas bonecas, se não fosse Oxyn parecer e a pegar no braços a tirando por milímetros de uma espada que caia, ela teria sido morta. Oxyn tinha sido designado como guarda costas pessoal dos gêmeos, como uma babá, ele era um elfo e perfeito para aquele serviço por ser tão rápido e forte quanto um humano.

 

A Rainha quando ficou sabendo do ocorrido olhou assustada para seu Rei, as sombras estavam perambulando aquele castelo, porque não foi o primeiro acidente que envolvia os gêmeos daquela maneira.

— Bom temos que resolver com qual dos dois ficaremos para que isso acabe logo.- O Rei sentado numa poltrona enquanto olhava os gêmeos a dormir cada um na sua cama.

 

— Não, nem pensar, isso nunca.- A rainha indo até a frente das duas camas, em sinal que os protegeria com sua própria vida.

 

— E se os largamos na floresta, o que conseguir encontrar o caminho de volta para casa será o que ficaremos.

 

— Mas e se nenhum dos dois voltar? Aquela floresta é perigosa.

 

— Você quer que outra empregada morra? O Oxyn é apenas um, nem sempre vai conseguir impedir os acidentes, ontem foi uma empregada que tropeçou nas bonecas que Harriet brincava e rolou escada abaixo onde caiu sobre a espada que Ceth segurava enquanto brincava.

 

— Mas podemos não deixar que nenhum dos dois faça nada, podemos tranca-los na torre mais alta do castelo e serem alimentados por debaixo da porta, assim ninguém mais irá correr perigo com eles.

 

— Hum, isso também não acho certo.

 

— Mas acha mandar os dois para a floresta e ver quem sobrevive?- Perguntou a Rainha indignada.

 

— Foi apenas uma idéia e se os criarmos separados um do outro? Assim não traram má sorte como vem trazendo.

 

— Hum, isso sim é o mais sensato e depois o que faremos quando eles chegarem na idade adulta?

 

— Não sei, ainda não consegui pensar sobre o futuro deles.

 

— Apenas um poderá governar, o outro terá que se casar com um príncipe ou princesa de outro reino.

 

— Podemos criar uma disputa pela coroa, onde a força, perspicácia, agilidade, inteligência e coração seriam desafiados e confrontados, ao vencedor, a coroa, ao perdedor se casar com alguém que escolhermos.

 

— Então é isso que ocorrerá, cada um vai ser criado longe do castelo, não teremos privilegiado, quando chegarem na idade para se casarem acontecerá o duelo.

 

Então foi isso que aconteceu, cada gêmeo foi mandado para um lugar distante do reino, o rei e a rainha sempre os visitavam, no entanto um dos gemeos foi o que ficou com mais privilegios que o outro, a rainha escolheu Harriet e lhe ensinou à caçar,  sobreviver na mata, usar arco e flecha, saber se esconder como ninguém e se defender, por causa do tipo de lugar que a garota foi criada e o rei escolheu Ceth , mandado os melhores professores de luta corpo a corpo e com espada. Com isso o rei parou de visitar Harriet, mas a Rainha sempre visitava o seu filho quando podia.

 

Então chegou a época dos dois voltarem para o reino e o duelo acontecer. No entanto enquanto os gêmeos se dirigiam para o reino uma densa nuvem negra e elétrica crescia cada vez mais que eles se aproximavam do reino. O Rei e a Rainha ficaram preocupados com a nuvem, mas sabiam que logo ela sumiria quando terminasse o duelo. As carruagens foram protegidas de tal forma que ninguém conseguia enxergar dentro deles.  O rei e rainha não queriam correr risco que se alguém os visse morresse por algo.

 

Ninguém se lembrava do gêmeos apenas os empregados que cresceram junto deles. Oxyn ficou encarregado de zelar por Harriet, impedindo que qualquer homem chegasse perto dela, pois ela já tinha um destino traçado. Para Ceth uma garota de capuz vermelho que não tinha  medo de entrar na floresta ficou o cuidando, pois suas habilidades como caçadora espantava qualquer moça que chegasse perto da casa que Ceth morava.

 

As carruagens quando entrar no terreno dos palácio fez a grossa.nuvem soltar terríveis relâmpagos. Harriet ficou um tanto apreensiva, mas com ajuda.de Oxyn desceu da carruagem. Ceth adorou ele não tinha medo de nada, mas apenas de descobrirem sobre o seu segredo. Respirou fundo depois que Amberly sua garota do capuz vermelho desceu.

 

O rei veio recepcionar os dois, mas apenas abraçou Ceth, Harriet olhou de longe fazendo apenas um pequeno aceno com a cabeça. A rainha no entanto abraçou os dois filhos. Harriet sabia já a muito tempo que o rei tinha apenas olhos para o seu filho, mesmo assim ela nunca desistiu do amor de seu pai e sempre fazia algo para chamar atenção dele, como esculturas de ferro, caçando um lobo e etc., mas nada que fazia chamava atenção de seu pai.

 

— Oxyn quando o Lexus vai chegar?- perguntou Harriet sussurrando.

 

— Daqui a pouco, o mal tempo deve ter feito ele diminuir o ritmo do vôo.

 

Lexus era o único amigo de Harriet depois de Oxyn, ele era um pegasus preto muito rebelde que não gostava de dormir nas baias e nem ficar celado. Quando a carruagem partiu em direção do palácio, ele levantou vôo e seguiu-a de perto.

 

— Lhes espero no salão do trono, tenho um comunicado importante para dar aos dois.- disse o rei

 

— Mas por que não da aqui mesmo pai?- Ceth

 

—Anuncios oficias precisam ser lá meu filho. Você aprendeu alguma coisa do que lhe ensinei ou ignorou tudo?

 

Ceth engoliu seco e baixou a cabeça. Harriet sorriu porque ela sabia qual a importância de fazer um pronunciamento na sala do trono. Ceth a olhou e ficou furioso e saiu batendo os pés para dentro do castelo com Amberly o seguindo. Harriet olhou para o céu e viu seu belo pegasos o atravessando e vindo em sua direção. Ela sorriu. Lexus pousou em sua frente.

 

— Ola meu amigo, lamento lhe informar, mas aqui no palácio terá que ficar no estábulo, animais soltos por aqui não são bem vistos.

 

Lexus relinchou e bateu as patas no chão contra o pedido. Harriet o olhou severamente e Lexus se acalmou.

 

— Bom menino.- Harriet caminhando em direção do estabulo e Lexus a seguindo.

 

— Senhorita você não deveria ir encontrar o seu pai?- Oxyn a seguindo.

 

— Sim meu querido Oxyn, mas preciso deixar o Lexus num lugar seguro e meu pai vai levar um tempo até chegar a sala do trono e chamar os empregados para estarem junto lá.

 

—Certo então.

 

Oxyn a seguiu em silêncio para o estábulo. Harriet colocou um Lexus nada contente numa baia. Um guarda chega no estabulo e a fica olhando. Harriet entendeu que seu pai já estava pronto para recebe-la. Ela se olha num reflexo de poça de água que tinha por ali e arruma o cabelo, não podia estar dessarrumada quando fosse ver seus pais. Oxyn fica a olhando de longe.

 

Harriet respira fundo e vai ao encontro do salão.

 

— Posso entrar?- perguntou Harriet entrando na sala e fazendo uma reverência. O rei bufou e olhou para o lado indignado que seu filho preferido não apareceu por primeiro. Harriet baixou os olhos um pouco triste, pelo o que seu pai fez, mas já estava acostumada com as reações dele

 

Harriet tinha poucas lembranças daquele lugar, mas apenas sentindo o cheiro e as imagens, pareceu que nem tinha passado mais de dez anos longe.A sala do trono era imensa, com vinte quatro colunas dispostas em duas a duas até o trono, fazendo um caminho entre elas, cada coluna representava as virtudes que um rei precisava ter e junto de algumas ia o nome de reis que ganharam o lugar de respeito por ser aquela virtude que marcou seu reinado, algumas não possuíam nome de nenhum rei porque ainda esperava que o rei digno daquela virtude aparecesse. Harriet enquanto passava por elas fazia uma reverência e recitava a virtude que cada coluna representava, era autoconfiança, benevolência, contentamento, coragem, desapego, despreocupação, determinação, disciplina, docilidade, empatia, entusiasmo, estabilidade, flexibilidade, generosidade , honestidade, humildade, introspecção, longanimidade, maturidade, misericórdia, paciência, precisão, pureza, sabedoria. Sua mãe sempre contou histórias que falavam sobre cada virtude e dos reis que ganharam seus nomes junto a uma virtude que mais lhe representou. Ela sempre sonhava que um dia seu nome estaria ali, que uma daquelas virtudes carregaria o seu nome, sim porque entre os reis existiam rainhas que ganharam virtudes, que se sobrepuseram mais que seu maridos. Chegando perto da escadaria que levava ao trono de seu pai, parou e ficou ali de pé esperando o seu irmão aparecer.

 

Algum tempo depois seu irmão entrou na sala do trono e caminhou até perto do trono sem fazer nenhuma reverência.

 

— O que queria falar meu pai?- perguntou Ceth sorridente segurando sua espada de ouro que carregava para todos os lados, nunca se separava dela. Ele passou por todas as colunas sem fazer a devida reverência, pois sabia que um dia o seu nome estaria ali nas colunas.

 

— Bom amanhã será um grande dia, amanhã acontecerá uma disputa que se irá descobrir quem será dono do trono, vocês tem conhecimento da profecia que envolve vocês dois, então apenas um de vocês poderá sentar neste trono.- disse sorrindo olhando apenas para Ceth ignorando totalmente a presença de sua filha. Mesmo ela fazendo o lembrar de sua querida rainha que amava tanto.

 

— Como assim meu pai?- perguntou Harriet timidamente com medo que seu pai a ignorasse como vinha fazendo a muito tempo.

 

O rei olhou para ela e bufou.

 

— Por causa da profecia, o reino será destruído se os dois continuarem aqui, a nuvem que esta sobre o castelo e os raios são culpa de vocês dois, e ela não a pior coisa que acontecerá por aqui se continuarem por aqui.- Rei coçando a barba se lembrando das coisas que aconteceram quando eles eram apenas crianças.

 

— Então por que nos chamou para cá? Por que não nos deixou onde nós estavamos?- Ceth bufou. Ele estava bem, Amberly finalmente tinha falado que gostava dele e estavam bem, mas ninguém sabia sobre o relacionamento deles, porque sabia que era proibido por ela ser apenas uma empregada e ele um principe.

 

Harriet olhou apreensiva para sua mãe que estava do lado do rei, sua mãe soltou um pequeno sorriso consolador para ela.

 

— Então é isso, vão e treinem, pois amanhã será a disputa, que o melhor vença.- disse sorrindo para o seu filho. Ceth o olhou firme, sabia que depois da disputa algo mudaria em sua vida e não teria mais a sua doce Amberly ao seu lado, fez uma reverencia para seu pai e saiu da sala do trono. Harriet ainda ficou por ali, olhando sem reação para o seu pai que sorria vendo o seu filho sair da sala.- Harriet, eu já disse o que precisava falar, agora por favor se retire.- disse com um olhar severo para ela.

 

— Sim, meu pai, desculpe.- Harriet fazendo uma pequena reverência, para ele.- Benção pai, benção mãe.- disse olhando para os dois.

 

— Benção minha filha, vou mandar preparar um banho para você, vá treinar um pouco antes de dormir.- disse a rainha soltando um sorriso gentil para filha. O rei revirou os olhos e levantou do trono.

 

— Dêem me licença, vou lá supervisionar o treino do meu filho.- disse fazendo uma reverência a sua rainha, dando um beijo rápido na mão dela e descendo as escadas. Passou por Harriet sem nem mesmo olhar para ela. Harriet ao contrário o seguiu com os olhos com lágrimas nos olhos. Como seu pai podia ser assim tão frio com ela, soltou o ar dos pulmões e subiu as escadas até sua mãe, se ajoelhou na frente dela e colocou a cabeça em seu colo.

 

— Mãe, eu nunca lutei e nem treinei contra o meu irmão,vou ser expulsa do reino ou pior vou morrer na luta.

 

— Não minha filha, você foi treinada para se esquivar de tudo, nunca lutou contra o seu irmão é verdade, mas foi para o seu bem, para ele nunca ver os seus golpes, mas pense você irá conhecer algum principe de outro reino e se casar com ele.- disse fazendo carinho na cabeça de sua filha com lágrima nos olhos. Pois sabia que aquele seria o último dia que teria a companhia dela, que sentiria a maciez de seus cabelos negros, nem a pele macia de seu rosto, nem mesmo os lábios tão vermelhos quanto sangue que sua filha tinha puxado de sua avó.

 

— Mas não quero me casar com alguém que não amo.-Harriet levantando a cabeça e olhando para a mãe.

 

A rainha soltou um suspiro forte, pegou o rosto da filha com as duas mãos e a encarou nos olhos, aqueles olhos tão azuis quanto o céu e o mar.

 

— Eu sei, mas pode conhecer ele depois do casamento, como fiz com seu pai que hoje sou perdidamente apaixonada.

 

— Mas eu queria primeiro me apaixonar e depois me casar, não gostei nenhum pouco desse plano mãe. Mas ainda tenho que vencer meu irmão.

 

— Mas o plano nunca foi você vencer ele, mas sim sobreviver e poder seguir sua vida… Acho que vou dar um jeito para que possa fugir em paz e ter o que sempre quis. Mas me prometa que vai lutar e não deixar ser morta por seu irmão?- Rainha pegando no rosto de sua filha e a olhando.

 

— Sim mãe, prometo, vou confiar na senhora como sempre fiz. Agora vou lá para conseguir sobreviver à luta..- Harriet levatando, fazendo uma pequena reverência para sua mãe e descendo as escadas.

 

— Filha, depois do banho vou passar no seu quarto, não preciso explicar a razão.

 

— Sim mãe.- Harriet virando para sua mãe fazendo uma reverência e saindo da sala do trono. Por sua cabeça passava vários sentimentos, depois daquele dia nunca mais veria nada daquele reino, seu humor não estava favorável para treinar. Queria apenas descansar, passear e guardar o máximo de recordações  daquele reino que não veria mais.

 

Caminhou pelos corredores, tentando se lembrar de quando era pequena e brincava por lá, a decoração não tinha mudado em nada. Apenas sua percepção das coisas. Foi até o estabulo, celou Lexus e saiu para passear pelo vilarejo. Observando cada detalhe, guardando cada cheiro que ali tinha, o rosto das pessoas, tudo. Pois depois daquele dia viveria em algum lugar e nunca mais poderia voltar para o seu reino. Desceu de Lexus e se pos a caminhar ao lado dele, Lexus a acompanhava solto ao seu lado. Foi acostumado a andar livremente ao lado dela. Lexus lhe deu uma leve cabeça no ombro. Harriet sabia o que ele estava sentindo, eles compartilhavam os sentimentos, tudo que ela sentia ele conseguia sentir. Respirou fundo e tirou a tristeza de seu coração, precisava se preparar para sua viagem. Se lembrou que no vilarejo tinha uma loja de uma fada que sempre foi amável com ela. Caminhou mais um pouco e usando sua memoria encontrou a loja, ainda se lembrava do nome da dona da loja, era Puff, uma fadinha que falava e fazia tudo rápido.

 

— Bom dia senhora Puff.- disse entrando na pequena loja, tendo que baixar a cabeça para passar pelo batente da porta. O cheiro das flores que tinha na loja invadiram as narinas de Harriet a deixando mais contente. Aquilo lhe fez lembrar uma vez quando caiu na frente da loja e a fada risonha veio ajuda-la e ficou um pouco triste por ter passado tanto tempo longe por causa da profecia que carregava.

 

— Bom dia. Senhorita Harriet! Quanto tempo que não a vejo se transformou numa bela moça, muito parecida com sua mãe, que lhe devo a honra de sua visita tão cedo na minha loja?- perguntou a fada vindo voando do fundo loja e falando rápido, com um belo sorriso no rosto, usando um delicado vestido verde esvoaçante. Pousou sobre o balcão, sentou , cruzou as pernas e ficou sorrindo para Harriet.

 

— Vou fazer uma longa viagem e precisava de algumas coisas.

 

— Mas recém chegou e já vai partir? A sim a profecia, a maldita da profecia, Hum, então já sei o que precisa.- disse a fadinha levantando rápido do balcão e voando para trás dele. Pegou uma bolsa colorida.- Hum vai precisar de pozinho para feridas, pozinho, dos sonhos, pozinho para se esconder, pozinho do amor, pozinho da alegria, pozinho da confusão, pozinho da tristeza.- Puff ia dizendo rápido enquanto jogava para dentro da pequena bolsa os frascos de vidro contendo os pozinhos, cada qual com uma cor específica e devidamente rotulado.

 

— Amor, senhora Puff, para que vai servir isso?

 

— Nunca se sabe minha criança, nunca se sabe.- Puff sorrindo e entregando a bolsa para Harriet.- Cuide bem dessa bolsa ela é especial, pode colocar dentro dela tudo que necessitar e nunca vai ficar cheia.

 

— Claro, muito obrigada senhora Puff.

 

— Quanto tempo vai durar a sua viagem dessa vez?

 

— Não sei senhora Puff, mas vou demorar muito mais que a outra.- disse Harriet deixando escapar uma lágrima.

 

A senhora Puff a olhou e pode sentir o sentimento que Harriet transmitia, soltou um pequeno sorriso e voou para os fundos da loja.

 

— Espere um pouco minha criança, tenho algo especial para você.- Puff falando do fundo da loja. Voltou de lá carregando um pequeno frasco com um pozinho vermelho que brilhava muito.- Este aqui é muito especial e raro, apenas o use numa emergência, nada mais.- Puff entregando o frasco para Harriet.

 

— Que pozinho é esse nunca vi?

 

— É o da vida, muito raro, faz tempo que sumiu do mundo das fadas por ser muito perigoso, muitos amores sofreram com ele. Escute bem criança, apenas o use numa emergência, nada mais, entendeu?- Puff pousando delicadamente a mão sobre de Harriet e pela primeira vez falou devagar.

 

— Sim, entendo perfeitamente.- Harriet sorrindo e escondendo sua tristeza, porque nunca mais iria ver aquela fada que era sempre tão gentil com ela. Deposito um punhado de moedas de ouro no balcão.

 

— Não minha criança, isto é presente.- Puff devolvendo as moedas para Harriet e a olhando nos olhos.- Sei que vai precisar delas muito mais que eu em sua jornada,

 

Harriet não se contem e abraça a senhora Puff, sabendo que fadas não gostam muito de contato humano. Achou que Puff recuaria, mas ela a abraçou de volta. O calor de seu abraço lhe acalmou de tal maneira que tudo que iria passar no outro dia sumiu de sua mente. Soltou Puff e saiu da loja, dando apenas um adeus com a cabeça.

 

Harriet passa pela padaria e pegou alguns pães, sabia que não seria o suficiente, mas teria que ser o suficiente por alguns dias. Passou pela ferragem e comprou ferraduras novas para Lexus, um assento mais confortável para viagem e algumas escovas para escová-lo sempre que pudesse.

 

Senta no chafariz que tinha no meio do vilarejo e fica observando o castelo ao longe. Lexus deita ao seu lado e coloca a cabeça em seu colo. Harriet fica fazendo carinho nele e fecha os olhos curtindo os barulhos que vinham do vilarejo e guardando tudo no fundo de sua memória. Uma brisa bate e respira fundo aquele ar.

 

— Senhorita Harriet!- uma voz conhecida chama por ela.

 

Harriet abre os olhos e vê um Oxyn muito bravo com ela. Ele era um elfo e seu guarda costas e não tinha ideia a quanto tempo ele fazia aquele serviço, mas até hoje nada de mal tinha acontecido contra ela.

 

— Bom dia para você também Oxyn.- Harriet sem abrir os olhos.

 

— Desculpe princesa, mas vossa rainha me deu ordens explícitas para que treinasse hoje o dia inteiro, já é quase meio dia e ainda não treinou nada.

 

— Eu sei, é que fiquei um posto indisposta..- Harriet soltando um suspiro. Lexus levanta rápido.- Então o que teremos para hoje?- Harriet levantando e arrumando o vestido.

 

— Vou seguir as ordens de vossa rainha, ela me falou de sua disputa amanhã contra o seu irmão, então hoje treinaremos tudo o que sabe. Vamos?

 

— Sim Oxyn, sim.- Harriet olhando para seu amigo azul de cabelos brancos que sempre andava de armadura, mesmo não precisando.

 

Caminharam até o palácio em silêncio, de vez em quando Oxyn olhava de soslaio para Harriet sem compreender o silêncio da garota, ela era tão falante, adorava conversar sobre tudo. A disputa no outro dia tinha o abalado de tal maneira que não sabia explicar, já sabia sobre ele desde que pegou a pequena Harriet no colo e foi incubido de proteger ela e o irmão deles mesmos, um sentimento que nunca tinha sentido antes brotava em seu peito lhe fazendo suspirar de vez em quando.

 

Olhou para Harriet e compreendeu o que se passava consigo. Ele estava apaixonado por Harriet. Vinha afogando aquele sentimento por ela à muito tempo, pois sabia que era proibido que raças diferentes se relacionassem no reino. Só que agora com uma possível partida dela para longe, ele não sabia o que fazer, precisava revelar antes que fosse tarde demais, antes que algo de ruim acontecesse.

 

Pois sabia que ela não teria chance contra o irmão, Ceth foi treinado pelos melhores guerreiros do reino e enquanto Harriet foi treinada para outras coisas, menos lutar contra o próprio irmão. Não podia apenas contar o que sentia por ela,  precisava planejar com cuidado e demonstrar o quanto sentia por ela. Conhecia muito bem a sua amiga e os modos de fuga dela e desviar sobre assuntos relacionados a amor e nunca descobriu o porquê. Uma ideia surgiu em sua mente em como contar tudo à ela.

 

À tarde passou voando, sempre que Harriet se concentrava nos treinamentos era assim. Oxyn tentava não sorrir o tempo todo, isso não era coisa de elfos fazerem. Eram sempre frios e nunca demonstravam o que sentiam, eram leais até a morte. Aquilo era verdade, Oxyn seria fiel por Harriet até a morte dela. Uma preocupação o incomodou e se ela não sentia nada por ele. Harriet sempre foi uma incógnita quanto a sentimentos, nunca demonstrava nada, mas era muito amiga, sempre sorridente, abraçava sempre que podia todos que gostava.

 

Oxyn já tinha passado por várias situações embaraçosas com ela o abraçando por ele ter feito algo que ela gostasse ou agradecendo alguma coisa, mesmo alertando que elfos eram desprovidos daqueles sentimentos e demonstrações de afeto. Só que não entendi o que tinha acontecido para sentir algo assim tão forte por ela, por onde aquilo andou não sabia, só sabia que precisava informar a Harriet o que sentia.

 

Harriet depois do treino pesado, não estava muito afim de treinar, mas por Oxyn precisava, gostava muito da companhia de seu amigo, ele sempre estava por perto quando precisava. Jantou pouco e foi para o seu quarto.

 

No banheiro estava a sua espera uma banheira cheia de petalas de rosa, essencias, iluminada por velas. Ao inves de água no lugar tinha leite. Aquilo seria um perfeito banho. Sabia que depois do banho sua mãe iria aparecer no quarto e ficar lhe fazendo companhia até dormir. Ela precisava mesmo daquilo, porque depois daquele dia nunca mais veria sua mãe. Tirou a roupa e entrou na banheira, desfez a trança de seus cabelos e mergulhou curtindo o silêncio que ali estava lhe proporcionando. No entanto um sentimento lhe fez sair rápido da imersão que estava.

 

— Como pude ser tola assim por tanto tempo? Como pude ignorar o que sentia por ele? É meu ultimo dia aqui e preciso dele muito mais do que precisei em toda a minha vida.- Harriet levantou da banheiro. se enxugou e colocou um vestido vinho, penteou o cabelo, estava com pressa, dali algumas horas seria amanhã e perderia a oportunidade de falar o que sentia por ele.

 

Escuta a porta bater, seu coração dá um salto, podia ser ele vindo lhe desejar boa noite como sempre fazia todas as noite. Corre até a porta e encontra sua mãe e seu sorriso murcha. Coloca a cabeça para fora para olhar pelo corredor procurando por ele, mas não o vê em parte alguma.

 

— O que foi minha filha?- a rainha a olhando sem entender a reação de sua filha.

 

— Bem, suas preces foram ouvidas, mais ou menos, o que sempre quis que eu sentisse, mas nunca senti, mas não tive culpa por ele ter se escondido tão bem de mim.

 

— Você se apaixonou? Nossa, os planos têm que mudar.- disse a rainha empurrando a filha para dentro do quarto.

 

— Mãe eu preciso encontrar ele.- Harriet apreensiva, com medo das horas não serem o suficiente para demonstrar tudo o que sentia.

 

— Eu sei, escute minha filha, quando for embora, mande seu amado lhe procurar na floresta, darei um jeito para o rei não ver a partida dele, assim podem fugir juntos e criar suas vidas e viverem felizes.- a rainha pousando a mão no rosto de sua filha.

 

— Como? Você faria isso mãe?

 

— Você é minha filha, a única coisa que quero é o seu bem. Sempre quis que se apaixonasse por alguém, mas com você nada é normal, teve que descobrir isso justo no seu último dia no reino.- disse sorrindo para a sua filha que irradiava a felicidade que tinha dentro do seu coração e ficou feliz por aquilo, mesmo sabendo que nunca mais a veria, mas pelo menos sua filha estaria feliz do lado de alguém que amasse.- Eu a libero de hoje, prefiro muito mais que seja feliz, mesmo que fique longe de você e nunca mais a veja.

 

— Ah mãe.- Harriet abraçando sua mãe com força.- Prometo que descubro um jeito de mandar notícias para a senhora informando que estou bem e caso venha ganhar algum netinho.- Disse limpando as lágrimas que rolavam na roupa da mãe.

 

— Vou ficar no aguardo minha pequena, sei que descobrirá um jeito.- a rainha beijando o topo da cabeça de sua filha.

 

Harriet ficou mais um tempo abraçando sua mãe, sentindo o seu cheiro, o calor de seu abraço. Se afastou relutante e a olhou nos olhos.

 

— Prometo que lhe darei netos e que encontro um jeito de fazer eles virem de ver ou de fazer você viajar até onde estaremos morando.- Harriet segurando as mãos da mão com lágrimas nos olhos.

 

— Isso é que mais quero minha criança, que seja feliz e que construa uma família.

 

Harriet sorriu para sua mãe e lhe deu mais um abraço, se soltou dela e sumiu pelo corredor. Caminhou em direção do quarto de Oxyn. Bato em sua porta e fica batendo o pé esperando ansiosa em ele aparecer, mas nada dele aparecer. Bate com mais urgência e mais uma vez nada, apenas silêncio do outro lado.

 

— Senhorita Harriet.

 

Harriet olha para o lado e vê Oxyn a olhando sem entender nada daquilo.

 

— Boa noite Oxyn, desculpa, é que eu precisava falar com você, eu sei que sempre passa no meu quarto para me desejar boa noite, mas não consegui esperar para passar por lá.- Harriet sorrindo e caminhando em direção de Oxyn.

 

Oxyn não conseguia compreender a reação dela, Harriet nunca fazia aquilo, mesmo quando precisava falar com ele, mandava algum guarda chamá-lo, alguma coisa tinha acontecido. Entretanto o sorriso de Harriet caminhando em sua direção demonstrava outra coisa, só que não sabia o que era. Queria sorrir de volta, mas ela poderia reagir errado, já que nunca tinha sorrido para ela. Apenas quando ela se atrapalhava em algo, não conseguia segurar o riso por ela errar algo tão simples, mas nunca um sorriso de felicidade como estava sentindo agora.

 

— Sem sono princesa?

 

— Sim.- Harriet segurando a vontade de abraça-lo e dizer tudo o que sentia por ele.

 

— Quer dar uma volta pelo jardim? O treino foi um pouco puxado hoje.- Oxyn estendendo o braço para que ela passasse o dela por ali.

 

— Nem me fale, você pegou muito pesado hoje. Adoraria sim, que pena que a nuvem está atrapalhando a vista das estrelas hoje.- Harriet passando o seu braço onde Oxyn queria. O toque de suas peles fez os dois sentirem arrepios estranhos, mas ficaram quietos com medo de revelar o que sentiam.

 

— Ordens de sua mãe princesa. Pois é, mas deve ter aliviado o calor que estava fazendo durante o dia.

 

— Então vamos.

 

Os dois caminharam silenciosamente até o jardim, cada um guardando o seu sentimento pelo outro e com medo de se revelar. Enquanto isso no quarto de Ceth, estava tomando seu banho para relaxar os músculos que ficaram cansados pelo treino pesado que teve aquele dia, mas sem perder a confiança que ganharia com facilidade da irmã. Escutou alguém bater na porta.

 

— Pode entrar, estou no banho.- Ceth, ele não tinha pudor, se alguém desconhecido o visse como veio ao mundo.

 

— Boa noite meu filho, como foi o treino?- o rei parando na porta do banheiro

 

— Perfeito pai.

 

— Que bom, como sabemos que vai ganhar precisamos preparar o seu casamento.

 

— Como é que é?- Ceth levantando da banheira. Seu pai jogou uma toalha para ele se enrolar. Ceth a pegou no ar, se enrolou e saiu de dentro da banheira.

 

— Isso mesmo que ouviu, já venho algum tempo conversando com o rei de Tetris, ele gostou muito da ideia de casar a filha dele com você.

 

— Mas achei que ganhando eu poderia escolher a minha rainha, não quero casar com alguém que não amo.- Ceth passando por seu pai furioso e indo até o seu armário e pegando uma roupa.

 

— Eu sei meu filho, mas é um casamento necessário, o reino de Tetris está cada vez mais forte e nos aliando à eles uniremos os reinos e ficaremos tão forte que nenhum outro reino irá querer lutar contra nós.

 

— Só que eu amo outra meu pai, não quero me casar com a filha do rei de Tetris.

 

— Bom então desame ela, depois da luta, no final de semana será o seu casamento com ela e eles já estão viajando para cá.

 

— Como assim? Não mesmo, não vou casar com ela, eu me nego, prefiro perder a luta a ter que me casar com quem não amo.

 

— Nem pensar, você não faria isso.

 

— Eu sempre fiz tudo o que o senhor mandou até agora, mas perder ela não mesmo.

 

— Hum, lamento meu filho, mas você ainda não tem poder por aqui, apenas quando virar rei.- Rei saindo do quarto e batendo a porta. Já tinha ideia do que fazer para tirar a moça do seu caminho. Sabia quem era porque um empregado viu Ceth a beijando e que passavam horas passeando junto, mas quando chegaram no reino ficaram frios com medo que descobrissem seu amor secreto e proibido.

 

O rei pegou um guarda no corredor e pediu que passasse no quarto da garota informando à ela que Ceth estava a esperando no jardim. O guarda não entendeu direito o recado, mas fez o que o rei pediu. A moça vestiu sua capa vermelha com capuz que Ceth havia dado para ela e saiu apressadamente do quarto. O rei esperou ela sumir no corredor, entrou no quarto da moça, entrou pegou uma peça usada da moça. Foi até o estábulo montou em seu cavalo e foi até quase perto da floresta proibida onde ficava o clã dos lobos. O lobo alfa foi o que o recepcionou.Um lobo de pelagem negra, com olhos vermelhos, maior que os lobos da alcateia, andavam sobre as quatro patas, mas sabiam a lingua dos homens e assim se podiam se comunicar.

 

— O que faz o rei de Miathyria aqui? Tão longe do palácio?- o alfa caminhando em sua direção mostrando o conjunto de seus dentes bem afiados.

 

— Preciso do serviço de vocês e nesse acordo só tem a ganhar.- o rei mostrando um saco grande de moedas de ouro.

 

— Hum, está começando a falar nossa língua, mas isso é apenas a entrada do pagamento.- o lobo sorrindo.

 

O rei ficou um pouco receoso com aquele acordo, mas era necessário. Conhecia a cabeça dura de seu filho, se não interviesse ele daria um jeito de perder a luta no outro dia. Respirou fundo e ficou firme como um rei devia ser em seus tratados.

 

— Ok lobo, quando terminar o serviço ganhará o resto do ouro. Quero uma coisa simples, coma essa garota.- disse o rei jogando a peça de roupa da garota que Ceth gostava em direção do lobo.

 

O lobo cheirou a roupa da garota e sorriu.

 

— Carne nova, ela está dando problema no reino é?

 

— Isso mesmo. Ela está no jardim do palácio, é fácil reconhece-la, está usando um capuz vermelho. Melhor não perder tempo.

 

— Claro meu rei, como desejar, se depois do serviço ter um saco desses grandes me esperando pode ter certeza que o serviço será feito.

 

— Vai ter o dobro se não deixar nenhum vestígio dela, o triplo se ninguém do castelo o ver atacando a moça.

 

— Hum, certo. Acho que posso dar um jeito. Vou indo então comer, carne fresca é a minha preferida.

 

— Espere, daqui uns quinze minutos vá. Preciso estar dentro do castelo para não levantar suspeitas.- Rei fazendo o cavalo correr rápido em direção do castelo. O deixou na frente do palácio e foi para dentro, passou pela cozinha e pegou algo para comer, antes de ir para o seu quarto.

 

Harriet e Oxyn chegam no jardim. Oxyn a conduz em direção do labirinto que tinha no jardim. Harriet vai sem questionar, estava apenas querendo sair do olhos de todos do palácio para falar tudo que estava entalado no seu peito e quem sabe conseguir sentir o gosto dos lábios dele. Oxyn estava ficando nervoso, pois o que tinha preparado para Harriet logo iria parecer, mais uma curva e chegaria onde deixou tudo preparado.

 

— Harriet preciso te contar uma coisa.- Oxyn parando e soltando o seu braço do dela e segurando gentilmente sua mão.

 

— Fale Oxyn.- Harriet com o coração na mão, querendo uma oportunidade para falar o que sentia por ele.

 

— Bem, pode achar estranho o que vou lhe falar, sabendo sobre o histórico dos elfos serem como são, mais ainda por ser algo proibido, mas não tenho culpa, não consegui mandar em meus sentimentos. Harriet eu estou apaixonado por você.

 

Harriet fica o olhando sem ter reação alguma, uma lágrima escorre de seus olhos.

 

— Harriet, o que houve...amor?- Oxyn gaguejando quando falou amor.

 

— Amor? Eu também sinto a mesma coisa por você. A quanto tempo sente isso por mim?- Harriet chegando perto dele e segurando as duas mãos dele e uma eletricidade correu pelo seu corpo no mesmo instante.

 

Oxyn a olha e pisca, não sabia como proceder dali pra frente, tinha planejado tudo, menos que ela gostasse dele. Planejou apenas que diria que gosta dela e não o que procederia depois. Ele engole seco, respira fundo, nunca tinha feito aquilo na sua longa vida que tinha, era muito mais velho que Harriet, uns cem anos para mais, mas por estar sempre servindo reis e preocupado na segurança deles que esqueceu como era gostar de alguém e como fazer aquilo. Sem jeito chegou perto de Harriet, soltou suas mãos das dela, as colocou uma em cada lado do rosto e a beijou intensamente. Harriet escutou fogos explodindo em seus ouvidos, um calafrio percorrer por sua espinha. Acaba soltando um suspiro enquanto beija Oxyn, mas não queria sair de perto dele.

 

— É, não era apenas isso, quer dizer, faz décadas que não sei o que é amar, foquei tanto em cuidar, que esqueci de mim. Descobri isso hoje quando descobri que pode ser expulsa do reino. Desculpe pela demora.- Oxyn a olhando e baixando os olhos.

 

— Tudo bem, antes tarde do que nunca, melhor assim aqui no reino nunca poderíamos ficar juntos.- Harriet o beijando novamente. O pouco tempo que ficou longe de seus lábios, foi demais. Queria sentir por mais tempo o calor dos lábios deles pressionados contra os seus.

 

— Concordo plenamente, precisamos fugir para algum reino que nossa relação seja aceita.- Oxyn a puxando delicadamente pela mão e a levando onde tinha preparado o piquenique.

 

— Você sempre pensando à frente.- Harriet adorando a cena que viu. Uma toalha estendida no chão com uma cesta de palha, castiçais com velas acesas e um cobertor dobrado num canto.- Pensou em tudo mesmo.

 

— Sim, para você sempre penso em tudo meu amor.- Oxyn a beijando novamente.

 

Sentaram na toalha e fizeram um piquenique regado a risadas, de tudo que fizeram juntos e nunca se dando conta que gostavam um do outro, intercalado por beijos que cada vez ficavam mais ardentes. Oxyn deita por cima de Harriet.

 

— Harriet posso lhe fazer minha essa noite embaixo dessas estrelas, para ficarem como de testemunhas do nosso amor, mesmo que elas não estejam aparecendo no momento?- Oxyn fazendo carinho no rosto de Harriet.

 

— Sim meu amor, eu confio em você como amigo e agora como o amor da minha vida.

 

Então usando as estrelas apenas como testemunhas, mas as nuvens pretas carregadas de raios que caiam a todo momento iluminando tudo foram as únicas testemunhas daquele amor que surgiu sem eles perceberem. Então os raios tão brilhantes foram que presenciaram o amor entre uma humana e um elfo, onde uma relação em seu reino era proibida, entre os amantes existia apenas um homem e uma mulher e o amor que tinham um pelo outro. Ali deitados numa toalha embaixo de um céu repleto de raios iriam demonstrar tudo o que sentiam um pelo outro com carícias, beijos e tudo mais que queriam.

 

Perto dali Amberly, estava esperando Ceth aparecer no jardim como o guarda tinha informado. O ar da rua estava um pouco gelado, as nuvens carregadas não ajudavam em nada e se fechou melhor dentro da capa vermelha. Quando avista um par de olhos vindo da floresta. Ela fica com medo, mas se lembra que a qualquer momento Ceth aparece espantando o bicho. O lobo saiu e pode ver suas grandes orelhas, seus olhos enormes, seus dentes afiados, seu nariz grande e seu pelo que parecia ser macio e sua enorme boca.

 

— Hum, sozinha então, que delícia.- o lobo saindo da floresta lambendo os beiços.

 

— Se eu fosse você não deveria chegar perto de mim, o Ceth não vai gostar da garota dele em perigo.

 

O lobo soltou uma risada alta.

 

— Desculpe, mas ninguém vai vir buscá-la, o querida chapeuzinho vermelho.

 

— Então por que me olha desse jeito com essa boca aberta?

 

— Para lhe comer garota.- o lobo dando um salto em direção da garota, a deixando sem reação alguma, mordeu seu pescoço arrancando um pedaço e foi comendo parte por parte dela. Quando ficou saciado uivou. Dois lobos aparecerem e terminaram de comer o resto do corpo que sobrou da garota.

 

O lobo alfa correu em direção do castelo e escalou por foras as paredes. Quando chegou na sacada do rei três sacos de moeda o esperavam ali. Por serem muito pesadas, uivou pedindo ajuda, dois lobos apareceram e ajudaram a carregar os sacos para dentro da floresta. O rei que estava na janela cuidando toda a cena sorrio, pois seu plano tinha dado certo. Agora precisava avisar seu filho sobre a morte da garota. Sua rainha estava dormindo na cama tranquilamente, saiu pé por pé do quarto sem fazer muito barulho. Fechou a porta e encontrou um guarda no corredor que estava quase dormindo em sua posição de sentinela.

 

— Guarda!- gritou. Fazendo o guarda dar um salto e o olhar apavorado.

 

— Meu rei.- disse fazendo uma reverência.

 

— Para de pomposidade, ouvi uivos, algúem pode estar correndo perigo lá fora, avise os outros guardas e vão averiguar isso, por favor.- disse abrindo a porta do quarto.- E quero ser avisado apenas amanhã de manhã, se precisar de alguém avise meu filho que ele tomará as devidas providências.- rei fechando a porta com um enorme sorriso no rosto. Deitou na cama e abraçou sua esposa, finalmente estava tudo dando certo, não teria disputa pelo trono, seu filho casaria com a princesa do reino de Tretis, não teria uma filha para ficar cuidando se iria encontrar alguém que gostasse dela. Beijou o pescoço de sua esposa a fazendo acordar, precisava comemorar, tirou a roupa de sua rainha e a teve em seus braços como dois amantes que a muito tempo não eram, desde que apareceu a possibilidade dos gêmeos disputarem pelo trono e suas vidas girarem apenas em volta dos dois e a maldita profecia.

 

O guarda correu pelo corredor, o barulho de suas botas contra o piso fazendo barulho, encontra outro guarda em sentinela  e o chama para ir com ele para o jardim. Os dois caminham apressadamente para o jardim com a mão em suas espadas, quando chegam lá encontram apenas um capuz vermelho e sangue por toda parte. Eles procuram em volta, mas por estar muito escuro não conseguem ver nada, um dos guardas volta para dentro do castelo atrás de um lampião, no caminho encontra Ceth.

 

— Boa noite príncipe.

 

— Boa noite, o por que dessa correria toda?

 

— Alguém foi atacado no jardim e estamos averiguando o que pode ter feito o ataque e quem foi atacado.- o guarda recuperando o fôlego,

 

— Me leve junto com você, posso ajudar em alguma coisa.

 

— Claro.

 

Os dois seguem para o jardim onde encontram o outro guarda levantando uma capa vermelha do chão, o coração de Ceth aperta vendo ela, ele sabia de quem era. Ceth respira fundo, precisava se acalmar, ela podia estar apenas perdida na floresta, nada mais que aquilo ou deixou a capa cair. O guarda acendeu o lampião e então Ceth fica horrorizado com o que vê pela grama, pedaços de carne humana, sangue por toda a parte. Ceth cai de joelhos no chão e arranca a capa da mão do guarda e a abraça, sentindo o cheiro de sua doce Amberly.

 

— Vossa majestade?- um dos guardas chegando perto dele e colocando a mão em seu ombro.

 

— Me deixem em paz, eu a perdi para sempre, por favor, saem daqui.- Ceth gritou a plenos pulmões. A dor que sentia era forte demais, seu grande amor tinha sido morta, comida por algum bicho que não deixou nada para trás.

 

Ceth fica ali abraçado na única lembrança de sua doce e pequena Amberly e acaba adormecendo ali mesmo. Harriet escuta os gritos, mas por medo de a pegarem ali nua do lado de Oxyn que era um elfo em que aquele tipo de relação era proibido, preferiu ficar quieta e abraçada em seu amado feliz por ter encontrado um amor que estava tão perto dela.

 

Pela manhã Harriet acorda e sente a maciez de lençóis sobre o corpo, olha para baixo e vê que está vestida. Senta na cama assustada procurando por Oxyn, fica com medo que tudo aquilo que passou na noite passada foi apenas um sonho.Então encontra um elfo dormindo na poltrona todo torto. Levanta e vai até ele, senta em seu colo e lhe faz carinho em sua face,

 

— Bom dia meu amor.- diz dando um leve beijo nos lábios de Oxyn o despertando.

 

— Bom dia minha vida. Dormiu bem?- Oxyn abrindo os olhos e passando uma mão pelo cabelo dela.

 

— Sim, você me trouxe para cá?

 

— Sim, ninguém podia nos pegar da maneira que estavamos ontem. Está com fome?

 

— Sim.

 

— Vou lá buscar então seu café da manhã- Oxyn levantando e a carregou junto. A deixou sentada na cama, lhe deu um beijo carinhoso e saiu do quarto.

 

A manhã foi tranquila, tudo correu bem entre Harriet e Oxyn, ninguém suspeitou que tinham algo, pois sempre passavam juntos os dias. Entretanto más notícias correm rápido, mesmo para ouvidos apaixonados. Harriet quando descobre por uma empregada como Amberly foi morta ficou horrorizada, mas tinha ouvido dos criados que Amberly tinha uma atração pela floresta que ninguém entendia, era  a única no reino tirando Harriet que não tinha medo da floresta, chegava perto dela sem medo algum. Harriet foi criada para conseguir sobreviver em qualquer lugar,a floresta para ela era seu quintal de treinos a conhecia como a palma da mão, apenas o lado escuro que não se aventurava, pois era domínio dos lobos, seu alfa era cruel e o chamavam de BadWolf que significava Lobo Mal.

 

Quando soube da morte de Amberly que tinha um apelido de Chapeuzinho Vermelho, por sempre estar usando aquela capa que Ceth tinha lhe dado, correu para o quarto do irmão e quando o mesmo abriu a porta o abraçou forte.

 

— Você sabe que hoje iriemos lutar e o perdedor irá embora do reino.- Ceth disse friamente sem corresponder o abraço da irmã.

 

— Sei sim, mas eu sei o quanto deve estar sofrendo pela morte dela e…

 

— Me deixe em paz, preciso me concentrar para a luta.- Ceth empurrando bruscamente a irmã e saiu dando passos rápidos pelo corredor. Ceth podia gostar de lutar, mas nunca a tinha tratado daquela maneira, na frente dos pais, não gostavam de trocar olhares cúmplices porque sabia que o rei não gostava dela. Ninguem sabia, mas os irmãos sempre se encontravam no meio do caminho para passar o tempo juntos, não conseguiam ficar muito tempo longe um do outro. No entanto fora das vistas dele eram muito ligados um com o outro, sempre que um sentia a dor o outro sentia , todos os sentimentos eram compartilhados estranhamente pelos dois. Então a forma fria que seu irmão a tratou lhe cortou o coração, muito mais que qualquer olhar frio de seu pai, pois sempre depois encontrava um olhar caloroso de seu irmão para lhe confortar.

 

Harriet afastou aquele sentimento para o lugar mais fundo de seus pensamentos, porque queria apenas o calor dos braços e beijos de Oxyn naquele momento. Sem pensar direito correu para o quarto dele e entrou sem bater na porta. Oxyn estava sentado de costas afiando alguma coisa enquanto olhava o pedacinho do mar que conseguia ver de sua janela. Harriet chegou por trás e lhe deu um beijo na orelha pontuda de Oxyn. Ele virou para ela e sorriu. Alguns anos lhe deram experiência e sabia o barulho que sua amada fazia quando caminhava.  

 

— Você não devia estar aqui, sabia minha Branca de Neve?

 

— Não me importo, hoje vou embora mesmo deste reino e poderemos viver juntos como quizermos.- Harriet lhe dando um beijo, pois seus lábios anciavam o encontro dos lábios tão quentes de Oxyn. Ele retribui, soltou o que estava fazendo, a puxou para o colo e lhe beijou arduamente.

 

O que não sabiam é que Ceth a tinha seguido e estava a espionar os dois. Seu coração jaz tão frio quando uma pedra de gelo, não sentiu felicidade pela irmã, pelo contrário, sentiu ódio, por alguém estar arrancado dele outra pessoa que amava. Saiu dali e foi direto aos guardas comentar sobre o ocorrido. Uma pequena comitiva se formou e marcharam em direção do quarto de Oxyn.

 

— Sabe o que não lhe disse ainda?- Oxyn passando as mãos nos cabelos de Harriet que eram tão negros quanto a noite e depois passou o dedo suavemente sobre os lábios dela tão vermelhos quanto o sangue e sua pele tão branca quanto a neve. O apelido que à muito tempo lhe haviam dado caia perfeitamente, Branca de Neve.

 

— Não, o que seria?- Harriet se arrepiado pelo leve toque nele em sua pele.

 

— Que lhe…

 

A frase foi cortada com o barulho da porta sendo escancarada e os guardas presenciando a cena de Harriet sentada no colo de Oxyn enquanto o mesmo lhe fazia carinho. Deram espaço e Ceth passou entre eles.

 

— Por ordem do Reino de Miathyria eu condeno Oxyn à execução por ter infringido a regra mais importante do reino, de que nenhuma espécie pode se misturar com a outra.

 

— Ceth, por favor. não, eu o am…- as palavras que Harriet iria dizer morreram em seus lábios quando viu o olhar frio que o irmão estava lhe dando e engoliu aquelas palavras.

 

— Devia ter pensando bem antes de se apaixonar por alguém como ele, o prendam e levem para o pátio em que irá ser preparado a execução.- Ceth saindo firmemente do quarto sem olhar para a irmã.

 

Os guardas foram até Oxyn e o prenderam, ele podia ter lutado, os venceria fácilmente, entretanto viria mais e mais guardas e não queria aquilo. Sabia que antes de ser executado tinha um último pedido e sabia o que iria pedir. Guardou aquele pedido e fitou Harriet que não conseguia mexer nenhum músculo e ele não pode dizer o que sentia por ela e nem ela a ele, a porta se fechou e foram separados.

 

Harriet precisava de ajuda, um último pedido, precisava fazer algo, para seu amado não morrer. Saiu correndo do quarto de Oxyn com uma ideia em mente e precisava ser rápida, a execução seria dali à duas horas. Pouco tempo para planejar uma fuga, mas tempo suficiente para fazer um acordo , aceitar um pedido que algum tempo atrás foi negado, por não sentir nada, mas aquilo com certeza salvaria seu amor da morte.

Rompeu a porta do quarto de seus pais e encontrou a pessoa que tanto lhe odiava, que passou a  vida inteira querendo que ele olhasse para ela com outros olhos, aquele era o momento de mostrar o quanto estava apta para desistir de tudo que gostava por um bem maior e finalmente ter reconhecimento por ele.

 

— Rei.- Harriet o cutucando no ombro, nunca o chamou de pai, porque ele não deixava.

 

O rei a olhou e desaprovou completamente a conduta dela apenas com um olhar.

 

— Antes de falar qualquer coisa, quero fazer um acordo com o senhor, eu me caso com o filho do rei do mar, mas em troca você salvará Oxyn.- Harriet o olhando firmemente.

 

— Oxyn? Mas o que ele fez de tão ruim para precisar que salve a vida dele com esse tipo de acordo?- o rei a olhando mais severo do que nunca.

 

— Ele, ele, me beijou e eu a ele.- Harriet baixando os olhos em direção de seus pés, contou até dez esperando seu pai estourar de raiva, só que ao invés disso, escutou uma risada.

 

— Não acredito que está fazendo isso para desistir da luta  contra o seu irmão.- o rei rindo. Harriet se espantou ao ver seu pai rindo e não entendeu aquilo, porque nunca o tinha visto sorrir daquela maneira, muito menos para ela que sempre tinha uma expressão fria como Ceth fez a ela no quarto.- Anos tentando algo diferente para que essa luta não ocorresse e agora as vésperas dela, você vem fazer um acordo que sonhei desde o dia que vi seu lindo rosto sorrir para mim nos braços de sua mãe.- o rei passando a mão no rosto de Harriet.

 

— Pai!- Harriet chorando e sentindo o calor da mão de seu pai que tanto quiz por todos aquele anos e sempre foi negada.- Então aceita o meu acordo?

 

— Pelo jeito foi de verdade isso, vocês realmente se beijaram e …- o rei ficou olhando para a sua filha  e se deu conta que não tinha acontecido apenas um beijo.- Harriet.- suspirou por fim.- Você o ama?- perguntou pasmo.

 

— Sim, papai o amo, como nunca amei ninguém, por favor, impeça a execução dele, porque se ele morrer eu morrerei junto.- Harriet com lágrimas nos olhos

 

O rei ficou espantado e se deu conta de tudo que tinha feito até aquele momento, depois que Ceth ganhasse a luta, porque foi treinado para nunca perder, ele tinha planejado secretamente um caçador matar friamente sua filha,pelo simples motivo que não poderia existir outra pessoa parecida com a sua amada rainha, sua única e bela filha que sempre que a olhava lembrava da neve em que caia no dia que se apaixonou por sua rainha.

 

Aquela dor , todos aqueles anos negando o amor de sua filha por uma disputa ridicula, de todas as noites que conseguia apenas beijar sua amada rainha, apenas por necessidade, que aquele acordo ridiculo tinha criado um abismo entre os dois, por ter feito dois irmãos que se amavam quando crianças se odiarem, que mandou matar o amor de seu filho, tudo aquilo lhe atingiu forte no peito e pela primeira vez o rei que não temia nada, que sua maior virtude era justamente a coragem, caiu de joelhos e chorou e chorou como nunca havia chorado, por perceber o mal que tinha causado até agora.

 

Quando sentiu que sucumbiria aquela dor no peito que lhe estraçalhava sentiu um calor vindo de fora, abriu os olhos e viu sua filha o abraçando e o acalentando. Sua bela filha que queria ver morta por um simples orgulho idiota de não querer ter outra pessoa igual sua rainha. Abraçou sua filha como nunca tinha feito antes e chorou mais e mais, em que cada lágrima que caia era um ano que tinha perdido, o mês que tinha ignorado, o dia que tinha deixado de lado para ficar perto de sua filha.

 

— Papai, por favor, eu preciso que pare a execução, Oxyn vai ser morto daqui a pouco tudo já está sendo preparado.- Harriet com a voz embargada de choro. Pois ela também estava chorando, porque tinha conseguido alcançar seu objetivo da vida sentir o amor de seu pai, só que seu outro amor estava agora sendo levado para o pátio e preso para lhe cortarem a cabeça, pois era o que acontecia com os traidores.

 

— Eu ...eu...os libero, eu deixo que fuja com ele, eu deixo que vá morar em outro reino onde essa lei de relacionamento entre espécies não exista e possa viver com seu amado e a lhe libero da luta contra o seu irmão, ah seu irmão como vai viver daqui pra frente sem a Chapeuzinho?- O rei a olhando e limpando as lágrimas da filha e vendo ali nos olhos dela, os olhos de sua esposa e todo o amor entre eles formado numa única pessoa, que foi dividida em duas, onde cada um pegou um pouco daquele amor que foi fundido entre ele e a rainha.

 

— Ah papai, eu lhe amo tanto.- Harriet rindo.- Ceth é forte vai conseguir superar a perda dela, ele ficará amargurado por um tempo, mas eu sei que outro amor descongelará o seu coração que agora dolorido demais e conseguirá sentir o amor novamente.

 

— Sim, seu irmão é assim mesmo, tem um grande coração realmente. Bom preciso avisar sobre a execução e você minha pequena Branca de Neve precisa ir preparar as coisas para sua partida, leve o meu pégaso Lyn, ela aguentará a viagem longa junto com Lexus e também não ficaram sozinhos.

 

— Sim papai, eu lhe amo você sabe disso.- Harriet lhe beijando a testa.

 

— Sei minha filha, desde o primeiro dia que falou meu nome e todos esses anos que tentou demonstrar o seu amor por mim. Vá preciso soltar Oxyn e fazê-lo fugir com você. Espere na entrada da floresta com os pegasos celados eu o mandarei lhe encontrar lá.

 

— Sim papai.- Harriet entendendo o plano de seu pai, ele daria um jeito de soltar Oxyn o fazendo fugir com ela, pois a lei das espécies sobreporia até mesmo uma ordem direta do rei.

 

Correu para o seu quarto e jogou dentro da bolsa algumas roupas, depois correu para o quarto de Oxyn e pegou também algumas peças para ele jogando dentro da bolsa mágica da fada Puff, colocou também as armas favoritas dele, pois teriam que caçar animais para se alimentar. Foi para o estábulo, Lexus já a esperava selado, foi até Lyn e a celou. Montou em Lyn, porque sabia que se Oxyn subisse nela ela reclamaria e Lexus era mais forte para aguentar o peso de Oxyn que por ser um elfo seus ossos eram mais pesados que o normal e correu para a entrada da floresta esperando Oxyn.

 

Algum tempo enxergou um borrão azul vindo em sua direção e sabia quem era, Oxyn, era muito mais rápido que qualquer humano e mais forte também. Quando chegou perto ele sorria para ela. A puxou de cima de Lyn e a beijou. Harriet lhe empurrou porque tinham pouco tempo até algum guarda dar falta de Oxyn na cadeia onde ficavam os condenados a guilhotina.

 

— Eu te amo, foi isso que esqueci de lhe falar.

 

— Eu também lhe amo Oxyn.

 

Os dois montaram nos pegasus e partiram correndo para dentro da floresta, precisavam de uma distância boa para levantar voo, porque os arqueiros do rei tinham uma mira perfeita. Correndo entre as árvores e fugindo dos soldados e da fúria de seu irmão, em seus rostos não tinha estampado medo, mas apenas alegria, porque viveriam para sempre e felizes.

 

Harriet olhou para Oxyn e ele olhou para ela sorrindo. Só que no rosto de Harriet demonstrava pavor. Oxyn não entendeu aquilo. Quando olhou para baixo e uma flecha tinha perfurado o seu coração. Harriet jogou Lyn para fazer parar Lexus. Com o impacto Oxyn voou e caiu no chão. Harriet caiu sobre ele o amparando e colocando sua cabeça no colo e chorando.

 

— Meu amor não fique triste, eu morrerei feliz sabendo que amei alguém como você, algo que é proibido, só que fique feliz no seu ventre carrega nosso amor, esqueci de lhe contar isso de manhã, sabe que consigo prever poucas coisas e uma dessas foi essa, meu amor da minha vida.- Oxyn com essas palavras a vida deixou seu corpo deixando uma Harriet triste vendo seu amor partindo e sem poder fazer nada, pois o pozinho da vida não podia trazer alguém de volta a vida que não fosse humano.

 

Bom a profecia era assim, sempre trazia morte para quem estava perto dos gêmeos no reino. Um caçador naquele momento estava caçando o lobo que tinha comido a Chapeuzinho Vermelho, um guarda viu o lobo a atacando e foi atrás do mal feitor. Por causa da profecia a flecha que devia acertar o lobo acertou o pobre Oxyn, pois era para acertar Harriet, tudo de mal sempre ia encontro aos gêmeos. O Lobo percebeu o caçador e matou. Numa profecia em que se carrega as sombras não se deve nunca tentar dribla-la, pois os efeitos podem ser piores.


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Notas finais do capítulo

Um conto misturando contos de fadas em que nem sempre se pode ter um final feliz como planejado, mesmo burlando e tramando planos



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