WSU's Karen Maximus escrita por Lex Luthor, Lucas, Nemo, WSU


Capítulo 6
CAPÍTULO V — O Príncipe




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— Stroeb na severat!

            Ficaram boquiabertos com a magnitude daquela nave. Um alto falante reproduzia as frases incompreensíveis de seu piloto.

— Mas que porr-- — Karen foi interrompida.

— Está aqui por você, Karen. — Disse o Soldado.

— Não — rebateu Azathoth —. Essa coisa quer a nave.

            Na nave alienígena, o sistema de inteligência artificial conversava com seu portador.

Fiçaat trourbunski — dizia a voz robótica —. Idioma detectado: Português brasileiro.

            O piloto tinha um traje de uma liga metal totalmente high-tech, com tons de azuis, cinza e preto. Um capacete do mesmo material, que, justo ao rosto, cobria toda a face. Os olhos irradiavam uma luz branca e luzes vermelhas eram notáveis nos ombros, clavícula, braços e abdômen.

— Entreguem a nave agora! — falou o piloto pelo alto falante.

— Está falando da nave em que você veio, está num galpão escondido na sala de controle. — disse Azathoth.

— Ah, que legal — disse sorrindo irônica e nervosa —. Você soube primeiro que eu mesma!

             O sistema de inteligência virtual advertia algo.

Dom Illus Dagon, o reconhecimento facial acaba de identificar Horbury Leil.

            Dagon olhou para a garota entre os dois homens, sorriu de lado e apertou um botão no vasto painel da sala de controle. Instantaneamente um canhão de laser foi armado pela nave.

— Azathoth, — Karen gritou saltando os olhos, — não! — Desesperou-se.

Notando a direção que apontava, Azathoth lançou-se à frente de Karen e atingido pelo raio. O detetive havia desaparecido completamente.

O canhão dispara mais uma vez. O Soldado e Karen desaparecem em uma fenda. Karen estava em choque na cobertura da Residência Maximus.

— Meu Deus — lamentou Karen com as mãos trêmulas como as de uma pessoa nos mais altos estágios de Parkinson.

— Não, não Karen. — O Soldado abaixou-se, segurou-a pela cabeça, unindo suas testas. — Me escuta: ele foi sem dúvidas um guerreiro, mas sempre alguém vai tombar no campo de batalha. — A nave de Dagon vira-se em direção a residência e aponta os canhões em direção aos dois. — Agora eu preciso de você aqui, comigo. — Tinha obstinação em seus olhos. — Aonde fica a sala de controle?

            Atormentada com a perda, Karen levanta o braço trêmulo e aponta para a sala de controle.

— Boa menina.

            Pegou-a nos braços no momento em que mais um tiro era disparado. Jogou-se do alto da residência abrindo uma fenda rente ao chão. Entraram na sala de controle e monitoramento e deram de cara com vários monitores e diversas câmeras. 

— Se aqui teve um galpão eu me dano, morei a vida toda nessa droga de casa — comentou a garota.

— Melhor aparecer uma nave aqui antes que o nosso destino seja o mesmo do nosso amigo. — Olhou a nave aproximando-se da sala num dos monitores. Nervoso, o Soldado berra. — E rápido!

            Outro canhão foi armado pela nave e disparou um raio vermelho que ia contra a sala. Instintivamente, Karen tomou impulso, agarrou o Soldado pelo tronco e alçou voo. O raio ultrapassou uma, duas paredes e revelou o galpão escondido.

Nave ZNUH-1 encontrada, senhor — comentou a inteligência artificial da nave inimiga.

— Abra as escotilhas, vou tomá-la. Pela Casa Illus! — disse enquanto ia lentamente até a saída da nave.

            Enquanto Karen fazia o pouso, ao ver que Dagon descia da nave, o Soldado abriu uma fenda que o leva à frente de seu inimigo, fazendo lhe aplicar um poderoso chuta frontal e arremessando Dom Illus Dagon para fora da sala pela brecha aberta pelos canhões.

— Vai para a nave! — gritou o Soldado ordenando a garota Maximus.  

— Mas eu-- — Confusa Karen foi interrompida.

— Agora! — exigiu o Soldado.

            Dagon levantou-se após o golpe, o Soldado foi até ele abrindo uma mais uma vez outra fenda.

Garras retráteis saíam do traje de Illus Dagon, que foi golpeado violentamente com uma joelhada na serviçal pelo Soldado que saía de uma fenda por trás dele.

— Pare! — Dagon gargalhou. — Está me fazendo cócegas, seu verme desprezível. 

            No galpão, Karen tentava qualquer interação com a nave.

— Vai nave! Shazam, carai! — Desanimou sem uma resposta. — Que droga! — Socou a nave.

            No mesmo instante o imenso disco acendeu várias luzes.

            — Lady Horbury Leil identificada. Seja bem-vinda — disse a feminina voz robótica do sistema da nave de Karen —.

— Obrigada, fofa — disse Karen ao adentrar na nave —. Vamos lá bota essa banheira para funcionar!

A senhora deseja alçar voo? — indagou a inteligência artificial da nave. 

— Boa ideia — respondeu Karen revirando os olhos com a óbvia sugestão da nave.  

            A nave lentamente subia ao mesmo tempo em que deixava o galpão. Possibilitando ver o que acontecia fora: Dagon segurando o braço direito do Soldado dando uma meia-volta em torno do eixo do próprio corpo, em seguida curva-se levemente para frente fazendo com que o Soldado caísse bruscamente ao chão. 

— Foi divertido — disse Dagon pisando na garganta do Soldado —.

Dentro da nave, Karen parecia perdida. Porém, o padrão dos controles da nave apareciam lenta e mentalmente para si, algo que parecia ser institivo.

— Nave, você tem nome? — indagou a garota.

ZNUH-1, Lady Horbury.

— Cruzes. — Karen fez uma cara de nojo. — Vou te chamar de Carmem, tá?

Como quiser Lady Horbury.

— Carmem dava pra você fritar aquele imbecil pisando na garganta do meu amigo? 

            Instantaneamente um raio vermelho saiu da nave e atingiu Dagon, o jogando na fonte de anjos quebrada pelo caminhão de Hur.

— Agora traga meu amigo de volta!

            Um feixe de luz branca e monocromática acendeu-se teleportando o para dentro da nave.

            Dagon levantou-se, saía fumaça de todo o seu traje. Levantou o pulso direito e apertou um botão num mecanismo semelhante a um relógio, o que o levou para dentro de sua nave.

— Dispare contra a ZNUH-1, mas não a destrua! — Ordenou Dagon.

            Vários raios vermelhos atingiam a nave de Karen. Com os ataques de Dagon, a garota Maximus exigiu:

— Nos leve pra longe daqui, Carmem!

                                                                       ***

 

 

GROELÂNDIA

            No alto de uma montanha gelada, as tempestades de ventos fortes e a neve tornavam a visibilidade fora da nave quase impossível.

Níveis de energia em 15% — advertia Carmem —.

— Carmem, como reabastecemos a nave? — indagou Karen.

Desculpe, Lady Horbury. Carmem estava em fase de testes quando enviada a este planeta. Não há dados de instrução na memória — lamentou-se a inteligência artificial.

— Você tem a mente mais poderosa que já vi. Não dá pra pensar em nada antes de congelarmos aqui? — perguntou o Soldado.

— Tá legal, herói. Vamos esclarecer uma coisa: eu só tenho 15 anos. Não sou uma engenheira, ou uma cientista maluca.

— Pera! — O soldado refletia. — o que disse?

— Cientista maluca? — indagou Karen tentando ajudar o amigo na ideia.

— Não, antes. — O Soldado sorriu. A ideia havia chegado. — Conheço um cara.

***

                                                           Cidade do Corsário

Usava um bigode falso, uma peruca com cabelos cacheados que escondiam as orelhas. Camisa branca com uma folha de maconha estampada, que ia do peito até o fim do abdômen, uma calça jeans, tênis da moda e óculos falsos. Estava na gerência de um tipo de clube com luzes e música alta. 

— Então você conheceu meus primos? — perguntava o homem com dentes de ouro e colares extravagantes enquanto Marcos suava frio.

            A escuta em seus ouvidos, escondida nos cachos do cabelo semelhante aos de Reginaldo Rossi, transmitia seu primo que o auxiliava na missão.

Seria uma puta propaganda eles colocarem uma galinha pra vender drogas. Tipo: “Pó, pó, pó” — dizia a voz na escuta.

O filho da puta está há quinze minutos contando piadas idiotas. Se eu rir a missão fracassa.  — Pensava Marcos.

— E digo mais, bicho: O teu primo Intangível era meio — procurou o termo na mente, — não me toque. — Sorriu nervoso.  

            Os seguranças na porta não seguraram a risada e nem mesmo o próprio Ícaro, novo chefão traficante da Cidade do Corsário. Marcos aproveita para soltar a risada que segurava há quinze minutos.

— Ah! É verdade — disse o homem num tom descontraído —. Mas se eu pego os caras que fizeram isso com eles-- — Torceu o charuto cubano ao fechar seu punho direito com ódio.

Marcos engoliu a saliva.

 — Bem, mas isso não vem ao caso. — Ícaro entregou um pacote de um quilo de maconha. — Marcos entregou-lhe o dinheiro. — Não, cara. Eu não vou aceitar seu dinheiro. Amigos dos meus primos são meus amigos. É difícil conseguir amizades quando se vem de outra cidade para continuar um empreendimento de família.

— Tudo bem — disse Marcos apertando a mão de Ícaro.

— Bira Joe, Joselito. — Olhou para a porta. — Acompanhem o homem.

            Marcos saiu do estabelecimento escoltado pelos dois capangas de Ícaro, cochichava para a escuta.

— Consegui, miserável. Mesmo contigo tentando me atrapalhar — sorriu, — comprei drogas sem ser reconhecido. Missão cumprida.

Foi mal, bicho. Aquele que nunca errou que atire a primeira pedra — respondeu Matheus pela escuta —. Você nunca vai ouvir isso por aí. — A transmissão começou a falhar.

— Não tô te ouvi-- — dizia Marcos enquanto tirava o seu disfarce.

            Mal terminou de falar e surge aos céus a nave Carmem. Os capangas de Ícaro correm para dentro do clube assustados. Um canhão dispara um feixe de luz branca que engole o disfarçado Marcos fazendo-o parar na sala de controle da nave.

— E eu nem comecei a fumar — disse ao chegar e dar de cara com Karen e Soldado —. Sabia que você era estranho demais para ser humano, cara — disse ao contemplar o Soldado.  

— Muito engraçado, Marcos — disse o Soldado seriamente.

            Marcos olhou desconfiado para Karen. A garota toca-o nas mãos.

— E essa garota estranha aí me tocando? Dropou? — indaga Marcos confuso.

— Não, o Tales não é um pedófilo maníaco. Ele está me ajudando e quero saber se você é confiável — respondeu Karen irritada.

— Eu não disse isso — réplica de Marcos.

— Mas pensou — tréplica de Karen.

— Que tipo de lugar é esse que nem nos meus pensamentos eu estou seguro? — indaga Marcos incomodado.   

            Karen olha ao redor da nave e vê um gato gordo e albino aproximar-se dela. Não fazia ideia de como ele havia entrado ali. O gato pôs as garras de fora e avançou em direção a ela.

— Vadia, sai dessa mente! — gritou o Gato.

            Uma cabeça decapitada com aparência de defunto flutuava pela nave e também surgiu para hostilizá-la.

— Essa mente é nossa, fracassada! Vaza antes que eu arranque essas brotoejas que você chama de peitos! — Abria e fechava o maxilar como se ameaçasse mordê-la.  

            Foi mais que suficiente para Karen mover a mão do braço de Marcos e desconectar-se do ambiente hostil que era estar naquela mente perturbada.

— Bem, acho que não me trouxeram até aqui para conhecer a nave zero quilômetros, certo? — perguntou o homem com cabelos de Reginaldo Rossi.

— Carmem, autorizo Marcos Fonseca a comandá-la — disse a garota .

***

            Estavam no andar debaixo da nave, onde funcionava o motor e as demais máquinas que mantinham o funcionamento. Haviam explorado a planta da nave cedida por Carmem.

— Se vocês viajaram da Groelândia pra cá em tão pouco espaço de tempo, então quebraram a barreira do espaço e estes aqui são, — apontou para quatro caixas metálicas próximas ao motor preto arredonda que parecia um toro, — certamente, capacitores de fluxo de ondas gravitacionais. Mas não é tudo, se puderam romper o espaço, podem -- — disse Marcos ao ser interrompido por Karen.  

— Romper tempo. — Concluiu Karen.

— Então era assim que ganhava partidas de xadrez? Lendo mentes? — ironizou o Soldado.

            — Não li — respondeu a garota —. E nunca quis nem precisei fazer isso para vencer.

— Ousada — elogiou Marcos —.  Mas há algo que descobri, o motor é movido a urânio e a não ser que assaltemos Angra I ou II, não temos como abastecer.

— Nossa! Isso radioativo. — impressionou-se Karen. — Como faremos pra reabastecer?

            Marcos apontou para o canto sala.

— Talvez aquilo sirva para isto — disse Marcos.

            Um traje branco gelo, detalhes nas bordas e luvas dourados.

— Irado! — disse Karen surpresa.

— Acho que não vamos precisar assaltar usina alguma para reabastecer. Você vem com a gente, Marcos? — perguntou o Soldado.

— Não com uma esposa brava me esperando em casa — respondeu o homem com cabelos de Reginaldo Rossi.

— Uma pena — lamentou o Soldado.

— Mas Carmem me revelou algo no disco rígido da nave. — comentou Marcos. — Seria melhor darem uma olhada.

— Ótimo, vamos ver — respondeu Karen.

            Subiram até a sala de controle.

— Carmem, reproduza o vídeo — pediu Marcos.

                                                                       ***

            Um holograma foi reproduzido, um homem com longas vestes douradas aproximava-se aumentado o tamanho da imagem reproduzida.

Era como numa peça, o cenário era a nave, e as imagens eram os atores interpretando seus devidos personagens.  

Relatório do teste da nave ZNUH-1, son 235dizia o homem de vestes douradas no holagrama.

— Que diabo significa é son? — perguntou Karen.

É o equivalente há um dia no planeta Hórus, ou seja, 34 horas e 27 minutos. — respondeu Carmem.

            — A sonda cerebral é estável. — respondeu a Carmem do holograma, arrancando um sorriso do homem satisfeito. — Hoje, o homem pode transferir sua consciência para o passado.  

            Foi no momento que a porta da nave abriu-se e Dagon adentrou com sua armadura, sem o capacete mostrando o seu rosto com uma cicatriz no olho direito.

Horbury! — Dagon cumprimentou o homem de vestes douradas. — Vim desejar-lhe as melhores das felicidades pela filha nascida em nome da casa Illus.

Uma certeza brotou nos olhos e no coração de Karen, que suspirou e disse em voz baixa:

— Meu pai — disse a garota.

O homem vira-se e contempla Dagon.

Dagon, sabe que não é bem-vindo aqui! — esbraveja o pai de Karen.

Sua esposa fez a gentileza de abrir a porta para mim. — Dagon levantou as mãos mostrando as palmas, como se estivesse em posição defensiva. — Eu não a ameacei, só fiz uma proposta irrecusável.

Bastardo! — berra o homem de vestes douradas.

Acalme-se, Horbury. — Inclinou as palmas das mãos para baixo suavemente, como quem planeja uma trégua. — Tem feito um bom trabalho como policial temporal evitando os lapsos temporais. Essa nova ferramenta vai possibilitar que anomalias temporais indesejadas sejam cometidos por vocês mesmos, os viajantes. — Curioso, Dagon saltou os olhos ao perguntar. — Acha que podemos transferir nossas consciências para outras pessoas no passado?Por exemplo, evitar que Hitler tome Paris adentrando seu subconsciente?

            O homem de vestes douradas olhava indignado.

Acredito que certamente — respondeu Horbury.

O holograma de Dagon passa por dentro de Karen, que vira o seu rosto para acompanhar gravação. Ele segue em direção a Horbury e, frente a frente, põe a mão direita em seu ombro esquerdo.

Semana passada o nosso Rei Illus anunciou a evacuação do planeta. — disse Dagon sorrindo. — Mas parece que o velho Rei Illus Barda não é mais o mesmo, enlouqueceu.

Seu pai está certo Dagon, a vida aqui se tornou insustentável.

Dagon soltou o ombro do homem a sua frente e sorriu inconformado.

Superior Homo Sapiens?  — apertou os olhos. — Já vai ser a segunda vez na história da raça humana que evacuamos um planeta. Logo, não teremos mais onde encontrar um planeta que sustente a nossa vida — disse Dagon ao socar a mesa de controle da nave.

Horbury sentiu ameaça do príncipe prestes a trair a população que o venerava.

É hora de a nobreza assumir o controle. Podemos fazer isso Horbury, juntos. Anunciamos a evacuação apenas para a nós, a sociedade perfeita: a nobreza, os incorruptíveis homens da lei e as mentes mais brilhantes. Vamos salvar a nossa raça — disse o príncipe sorrindo.

Preciso de um tempo para pensar, Dagon — respondeu Horbury.

            Dagon pôs uma ampulheta na mesa e deu as costas.

Isto é o que tem, estarei voltando em breve. No cair do último grão de areia — disse ameaçador.

            Horbury perdera o chão. Tinha uma hora para decidir se ia contra o príncipe do planeta Hórus, ou ele, um plebeu, seria a favor de um lapso temporal que o daria um lugar na nova sociedade dos nobres. Pensativo, apertou um botão no painel principal da nave.

Leia, traga nossa filha. — pediu Horbury por um comunicador enquanto programava o teleportador da nave. — Janeiro de 2001. — pronunciou em voz alta. — Talvez ninguém a encontre nesta linha temporal.

            A gravação em holograma se encerra.

— Esta nave além de uma máquina do tempo, tem algum artifício para transferir consciência através do tempo independente do usuário e de quem recebe a consciência — disse Marcos.

— É isso que ele procura — concluiu Karen.


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