WSU's Karen Maximus escrita por Lex Luthor, Lucas, Nemo, WSU


Capítulo 3
CAPÍTULO II — O Detetive




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Desbravador do Bairro da Liberdade

 Colônia japonesa, onde quer que fosse tudo o fazia lembrar-se de seu pai de criação.

— Ora, ora! Se não é o filho de Hideyoshi. — Dizia um velho de olhos puxados.

— Não sou o filho dele. — Responde Azathoth.

— É claro que não, um cego veria que não é oriental. — Rebateu com uma risada cansada. — Mas ele te criou garoto e, quer saber? Nunca vi ninguém com tal perspicácia.

Não.

Nunca havia visto e nunca mais veria.

— Acho que não está aqui para relembrar o velho Hideyoshi, não é? — Perguntou o senhor.

Azathoth olha para uma parada de ônibus e decide ir ao ponto.

— Um ônibus. Da rota Sorocaba-Itaberá, algum passa por aqui?

— Hum... deixe-me ver.— Tirou o chapéu da cabeça. — Ah, sim! Claro.  — Sorriu. — Dois quarteirões à sua direita. — O velho olhou para o relógio. — Melhor se apressar, tem cinco minutos.

— Muito obrigado.  — Agradeceu deixando o velho.

Correu.

Correu mais um pouco.

Tanto quanto Forrest.

Tanto quanto Bolt.

Alcançou.

***

Horas mais tarde, Azathoth andava sozinho nos becos da noite depressiva de Itaberá.

A querida chuva não veio hoje.

Os escrupulosos céus negros não deixaram.

Pior.

Além da chuva, ele também não tem o seu sustentáculo, a sua base, o seu fundamento, Mister Hideyoshi é apenas uma lembrança.

— Eu poderia estar aqui implorando pela sua misericórdia — refletia sozinho olhando para os céus negros —, pedindo que trouxesse paz, luz e a vida eterna. Não, ele acreditava, mas tinha uma alma suficientemente boa para buscar isso sozinha... ele não precisa de você, nós não precisamos.

Victor, agora, tem um objetivo. Ele precisava de um. Karen. Novamente uma mulher; mesmo que ainda em formação. As damas são algo comum para Azathoth, elas deixam marcas infinitas. Na verdade, elas fazem isso com todo homem; algo exórdio.

Sirenes.

Sirenes.

Eureka. Ele se esconde junto às sombras.

O prego galvanizado. Os pneus.

O prego. Os pneus.

Mimologismo.

Slow Motion.

A viatura desliza pela estrada antes de bater em um poste.

Bate.

Um policial desmaiado, o outro levemente ferido.

Azathoth indo em direção ao carro; O vento tremulando suas roupas ele joga um objeto próximo ao carro. O policial vê a silhueta humana no retrovisor, pega sua arma, chuta a porta e saí com ela apontada.

— Parado! — Adverte.

Não desvie o olhar.

— Qual é o problema, policial? — Ele ouve um estalo vindo do objeto arremessado.

O inocente olha.

Mas, num golpe de vista, Azathoth toma sua arma, joga-a no chão e prensa o policial contra a parede.

— Fiz uma pergunta. — Afirma Azathoth.

— O que é você?! — Indaga o policial assustado.

— Estou tentando descobrir. — Responde sombrio. — A pergunta...

A face assustada de um veterano policial, o sargento. Frente a frente com a face insatisfeita de Azathoth.

— Encontraram um corpo algumas horas atrás. — Responde o policial.

— O lugar. — Exige Azathoth.

— Nos arredores da praça pública.

Ele solta o policial, vai até o outro e o examina.

— Foi só o impacto, irá acordar logo. Dê a ele duas pílulas de acetaminofen, alivia. — Olhou mais uma vez para o assustado policial. — Se te perguntarem sobre o que aconteceu — fez uma pausa, — não diga nada.

O policial abismado com o que acabara de ver. O mito mais uma vez desaparece na escuridão. Azathoth está traindo a chuva com a escuridão (?).

 Êxodo 20:14.

***

Mais uma vez perdido.

Desta vez na Praça.

Frio.

O vendedor histérico.

— O QUE PROCURAS? — Indaga Wesley.

Mais uma lembrança.

A foto que Erik lhe dera outrora.

— Essa garota. — Diz mostrando a fotografia.

— KAREN, A MENINA DO XADREZ! — Conclui o vendedor em gritos.

—Você a viu? — Indaga o detive nada metódico.

— ESTEVE AQUI HÁ UMA HORA, SAIU CORRENDO DE REPENTE! — Diz o vendedor confuso.

— Você só consegue falar gritando? — Pergunta o incomodado Azathoth.

— SÓ. — A saliva produzida nesta satisfatória resposta atinge o rosto de Azathoth. — EU NÃO FUI BEM EDUCADO PELA MINHA FAMÍLIA, SABE? INFÂNCIA DIFÍCIL, MAS QUEM É DE BEM SEMPRE DÁ UM JEITO!

— Sabe o que houve para ela fugir? — Azathoth cortou-o antes que ouvisse uma biografia em três casas de decibéis.

— FOI DEPOIS DE UM ACIDENTE. QUANDO VIREI, ELA JÁ HAVIA SUMIDO. — Coçou a cabeça.

Não que o vendedor tenha ajudado muito, mas agora estava claro: somente uma rua levava para outro caminho.

— Obrigado. — Agradeceu-o.

 Azathoth, então, desbravou-a.

 Uma rede de captura.

 Um pouco de sangue.

Cartuchos de munições.

Duas semiautomáticas.

Mais sangue.

Mais munições.

Uma pistola.

Mais sangue2.

Uma leve chama se apagando.

***

Quase, Azathoth. — Pensou enquanto envolvia-se na escuridão da rua e via o movimento.

Três viaturas e uma ambulância, esta última removia o corpo de um brutamonte. Enorme, era um urso vestindo uma camisa do Van Halen.

Esperou duas horas, até que deixassem o lugar.

Depois, usou a intuição.

Caminhou um pouco e virou à esquerda.

Viu uma caçamba destruída.

Evidente, tinha muito sangue nela.

Subiu.

Grudou-se em uma janela.

Grudou-se em outra.

Segurou numa barra de ferro solta e quase caiu.

Outra janela.

Derrubou um vaso.

Passou a perna direita, e chegou até a cobertura do prédio.

Nada.

Porém, ao horizonte não tão distante, um ônibus saía com apenas dois passageiros. Um homem e uma garota trajando roupas que batiam com a descrição da última aparição da garota Maximus.

Olhos de lince.

Run, forrest, run!

Azathoth pula de um telhado em outro.

***

Chega ao ponto do ônibus.

Restou apenas um mendigo.

— Precisa ser mais rápido. — Concluiu o mendigo, que não tinha os dentes da frente.

— Pra onde foram? — Indaga o detetive.

— Não sou um oráculo, sou um mendigo louco pra fumar um pé-de-burro. É seu trabalho saber.

— ONDE FORAM?! — Azathoth perde a paciência.

— Que horas são? — Pergunta o mendigo rindo como um fumante. —Dizem que se olharmos ao relógio e os horários forem iguais, estamos nos espiritualizando com nossos mestres cósmicos... você tinha um?

— Todos temos.

— Já se perguntou: Quem sou eu? — Questiona o mendigo.

A cabeça de Victor se revira e só pensa em uma coisa:

Eu sou a fúria contida do Jack.

Eu sou a vingança sorridente do Jack.

Eu sou o coração podre do Jack.

Eu sou o suor frio do Jack.

 Mas sua boca responde outra:

— Já. — Não quis responder. — Devemos descobrir quem somos.

— Essa é a resposta e a solução, você precisa e vai... — Reflete o mendigo.

— Isso desbloqueia a resposta para a primeira pergunta? — Indaga fingindo não ter dado a mínima para as palavras do mendigo.

— Ao Sul. — Respondeu o mendigo.

— Quanto ao Sul?

— O quanto for preciso. Moisés caminhou por 40 anos.

— Moisés é uma lenda urbana. — Respondeu Azathoth.

***

Caminhe os quarenta quilômetros, Azathoth.

A chuva vai com você.

Resolvido.

***

Andou muito.

Bastante.

Mas não morreu.

Estava tão tarde que a Lua já não estava mais no céu.

Caminhou por uma estrada de terra e avistou um galpão.

Caminhou mais ainda.

Chegou.

***

Do lado de fora, o homem que avistara abre e fecha seu canivete, uma sequência interminável. Intuição; Isso não poderia ser boa coisa.

Azathoth recolhe-se entre às sombras. O homem se vira rapidamente, como se tivesse percebido algo.

— Karen?

— Lucrum unibus est alterius damnum...— Dizia uma voz dentre as sombras.

Azathoth a poucos metros.

— Quem está aí?! — Indaga o Soldado.

— É cego? — Ironiza Azathoth irritado.

Azathoth acerta um soco com a mão direita na cabeça do Soldado. Na sequência, o Soldado tenta acertá-lo com o canivete, mas Azathoth bloqueia com o braço esquerdo.

O Soldado fica à procura de Azathoth, que reaparece acertando-o com uma chave grifo. Azathoth cai por cima do Soldado e logo em seguida tira uma faca de seu bolso. O Soldado desvia de um lado para o outro enquanto o detetive tenta golpeá-lo, ele consegue acertar uma cabeçada em Azathoth, que rola para o lado.

O Soldado assume a luta e joga Azathoth no alto de uma árvore; ele bate nos galhos e se choca bruscamente no solo. O detetive se levanta, e já é atingido por um soco do Soldado. Os dois entram em violenta troca de socos. O Soldado bloqueia um direto, e ergue seu adversário pelo pescoço.

— Você não sabe por onde eu andei. — Ele caminha com Azathoth preso em suas mãos. — Senti na pele o que é dor e sofrimento... A desgraça se enraizou... Vi de perto o que somos capazes de fazer pela ganância, experimentei isso. — Tenta amedrontar o detetive. — Quanto a você?

Azathoth acerta o rosto do Soldado com o joelho. Ele cai e parte raivosamente para cima do Soldado, esquivando-se dos golpes dele e o acertando com chutes e socos.

— Quanto a mim...

Um soco.

— Experimentei tudo isso.

Uma esquiva.

— E nunca deixei que me impedisse...

Um soco com a direita.

Um chute com a esquerda.

— ... de encarar a desgraça ao redor.

Uma esquiva.

Dois socos.

— Não existe sofrimento maior...

Um chute.

 Dois socos.

— ... do que perder quem você mais ama.

O Soldado acabado.

Azathoth o carrega para o galpão.

Ao chegar perto da porta, Azathoth joga o Soldado.

 O corpo dele atravessa a madeira velha.

O estrondo se dissipa por toda a região.

***

            No mesmo galpão, alguns metros acima, alguém acordou assustada...

— Soldado! Soldado! O que aconteceu?!— Desesperava-se Karen.

***

O Soldado caído; Impotente.

Azathoth pega um machado que estava cravado no chão.

Ele coloca o machado na cabeça do Soldado.

— Eu já imagino o que fizeram com a garota. — Azathoth leva o machado para o alto e, até que sua mente explode.

Uma voz.

Uma voz inocente.

 Não era a sua, era uma mulher.

Eu sei, eu sei... você amedronta o medo, não é? Olhe um pouco para ele, olhe bem, não se assuste.

***

Onde está Azathoth?

Está em uma sala, com dois homens ao lado de um corpo semiconsciente.

Um homem; ansioso e trêmulo, rezando.

Pela graça de Guardihan, por sua honra e glória...

***

Novamente a voz feminina:

Eu quero te privar do resto... eu quero, mas não posso. Tem que ver e aprender que suas frustrações não são únicas... todos tem um motivo.

***

Um rapaz, aparentemente magro deitado em uma cama.

Dois homens; Crueldade.

— Só teremos uma chance. Se ele morrer, não haverá substitutos. — Conclui um dos homens.

A energia percorre o corpo do rapaz, queimando e reformando cada célula do seu corpo. Gritos que são sinônimos da dor e do sofrimento: Dos sentimentos atrelados à vida dos três.

 O homem na cama sofre e sofre, mas no fim se transforma em algo maior, pior e perigoso. Nuances de suas ações circulam a mente de Azathoth, haveria alguma escolha nelas? Não, havia resistência, havia bondade e perda. Teria o Soldado sido um assassino? Ou a maior vítima de si mesmo?

O mais correto dos homens transfigurado em um assassino. — Disse uma figura enevoada por uma aura negativa. — Você é uma vergonha para tudo o que já representou.

Eu sei. — Responde o Soldado reflexivo.

Teria o sofrimento deste homem aberto uma fenda na cabeça de Azathoth? Teria a dor deste homem encontrado humanidade no coração de Azathoth? Sim, teria.

***

Tudo lento.

Azathoth abaixa o machado e o deixa cair no piso de madeira.

Karen corre.

 O Soldado se vira.

 Azathoth conheceu alguém que, assim como ele, foi deixado a mercê do mundo.

O soldado estirado ao chão.

Azathoth de joelhos.

Karen de joelhos.

—Todos sofrem. Não existe angústia maior ou menor.— Disse Karen de cabeça baixa.

— O que eu fiz?— Murmurava Azathoth inconformado.

— Ele me ajudou! Sei que você queria o mesmo, mas é loucura, cara. Enfiar o machado na cabeça de alguém? — Karen questiona a atitude de forma indignada.

Azathoth não fala; suas mãos tremem.

— Eu vi o que ia fazer, por isso entrei na sua mente. — Conclui a garota Maximus.

—“Entrou na minha mente”. — Diz Azathoth ainda sem acreditar.

— Precisa conhecer mais sobre o mundo que te cerca. — Diz o Soldado levantando-se.

O Soldado inteiro, regenerado da luta por suas células.

— Sorte que estou cego.— Diz o soldado. — E estava aliviando. — Completa.

— Eu-eu — Azathoth estava nervoso —. Por favor, me desculpe — tenta amenizar o que achava que tivesse sido uma covardia, — não sabia o que...

— Filho da puta. — O Soldado interrompe sua fala.

A garota põe a mão sobre o ombro do Soldado.

— Você está bem? — Pergunta Karen.

— Estou sim. Os socos dele só doem na hora — o Soldado provoca.

— A garota — diz Azathoth procurando palavras na mente, — deve ser levada até à polícia.

— Nem toque nesse assunto. — Disse o Soldado balançando a cabeça.

— Eu não vou, não insista. — Disse Karen de maneira serene e convicta.

— Vim para encontrá-la, e a encontrei. — Afirma o detetive.

— Ok. Agora, regras precisam ser seguidas. — Conclui o Soldado. — Vai se juntar a nós, psicótico? —Perguntou o Soldado com um tom irônico.

— Acho tenho uma dívida de gratidão pela minha vida. — Diz Azathoth, nobre.

— É claro que tem. — Concordou o Soldado.

— Nesse caso — Azathoth faz uma pausa reflexiva, — preciso de alguns esclarecimentos, Karen.


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