Minerva preparou um enorme banquete para Voldemort e todos os comensais. Eu havia combinado com ela que ela faria dezenas de massas pesadas, para que todos eles ficassem sonolentos e bem cheios durante a noite. Como era de se esperar, todos se empanturraram da comida maravilhosa da cozinheira.

Depois do jantar, levei Voldemort até os aposentos reais e voltei para o meu quarto. O meu plano era esperar um tempo, até que todos fossem dormir, para escapulir e libertar Sirius, para que ele me ajudasse a esconder James e os outros e a lutar com Voldemort e todos os comensais que estavam no castelo.

Eu só havia esquecido de um detalhe – e esse detalhe bateu na minha porta uma hora depois do jantar.

Abri uma fresta da porta e Lucius sorriu para mim.

— Oi - sorri, e deixei que ele passasse.

Lucius sentou na minha cama e eu sentei no seu colo.

— Agora você me quer? - ele perguntou, com desdém.

Lucius era muito melodramático. Ele havia ido para o meu quarto para fazer drama, esperando que eu implorasse para ficar com ele.

Sorri.

— Não fique bravo. - murmurei - Eu estava me sentindo sozinha sem você.

Ele riu.

— James é bom, mas nada comparado a você. - menti

— É mesmo? - ele perguntou, como o porco egocêntrico que era.

Assenti.

— Eu preparei uma coisinha especial para o nosso reencontro. - eu disse, desabotoando sua camisa.

Ele me segurou com força e fez menção de desamarrar meu vestido.

— Não, não. - ri - Hoje eu vou fazer tudo.

Ele sorriu, e foi para trás, na cama, encostando as costas da cabeceira.

— Bom menino. - eu disse

Tirei suas calças e fui até meu armário. Peguei uma das minhas camisolas e rasguei em tiras.

— O que você vai fazer? - ele perguntou

Sorri e sentei no seu colo, amarrando suas mãos na cabeceira com nós infalíveis que havia aprendido no meu treinamento.

— Eu não sabia que você gostava desse tipo de coisa. - ele murmurou

— Eu não queria te assustar. - sorri

Ele sorriu e assentiu.

Coloquei uma das tiras em seus olhos e tirei seu calção, fazendo-o estremecer. Peguei a última das tiras e coloquei rapidamente na sua boca.

Lucius percebeu o que eu estava fazendo tarde demais.

— Eu já volto! - exclamei, enquanto ele se debatia na cama.

Amarrei meu vestido, para que ele não me atrapalhasse na hora de correr e peguei a espada de Lucius, que ele havia deixado no chão assim que eu o puxei para a cama. Saí e corri silenciosamente até o calabouço.

O comensal que guardava o calabouço não teve tempo de gritar antes que eu cortasse sua garganta e o empurrasse pela escada. Todos nas celas levaram um grande susto, e Sirius deu um grito.

— Foi mal! - eu disse, correndo até as grande - Não grita! Sou eu!

— O que você está fazendo aqui? - perguntou Sirius, me encarando - Se você quiser matar James vai ter que passar por cima do meu cadáver.

Peguei as chaves ensanguentadas do corpo do comensal e dei de ombros.

— Eu não vim matar James. - eu disse, um pouco ofendida - Eu vim ajudar vocês.

James riu.

— Você realmente acredita que vamos confiar em você? - ele perguntou, com escárnio. - Você provavelmente só vai nos levar para a nossa morte.

— James, eu entendo que você me odeie agora. - eu disse - Mas quando Lucius vier te buscar, amanhã de manhã, você vai morrer. Com certeza.

James franziu as sobrancelhas, sem entender.

— Pode ser que você morra se for comigo, mas pode ser que eu esteja falando a verdade dessa vez. - eu completei - Se eu fosse você, eu escolheria o 1/4 de chance de sobrevivência.

Remus deu uma risadinha.

— Ela tem razão. - ele disse

Sorri.

— Ela matou Peter! Ela trouxe Voldemort para o castelo! - disse James, exasperado.

— Eu matei Peter para que você não precisasse fazer isso! Eu não o obriguei a te trair! - eu exclamei - E pode ser minha culpa Voldemort estar aqui, mas você sabe que eu estava ocupada demais para trazê-lo.

James negou com a cabeça.

— Escute, James. Leve seus pais para o esconderijo, eu não sei onde fica. - eu disse - Eu vou e mato Voldemort. Ele vai me deixar em paz e e sumo da sua vida, para sempre.

Sirius o encarou.

— James… É um bom plano.  – ele disse - Você sabe que eu não confio nela tanto quanto você, mas estamos em maior número de qualquer forma.

— Ela é a melhor assassina de Hogwarts. - disse James - Eu não duvido que ela mate nós três antes de levantarmos a mão da espada para nos defendermos.

— Nós não temos outra opção. - disse Remus - É como ela disse, nós com certeza vamos morrer amanhã.

James cruzou os braços.

—  Eu não tenho tempo para isso! Lucius está amarrado na minha cama, nesse exato momento. Ele é forte o bastante para arrancar a cabeceira da cama, então logo todos vão estar acordados e vai ser impossível escaparmos com vida. - eu exclamei - Se vocês quiserem, eu vou embora e vocês podem lidar com Voldemort sozinhos!

Sirius riu.

— Certo! - disse James - Mas eu não vou levar meus pais para o esconderijo, eu vou lutar com vocês.

— James, esses homens são assassinos treinados. - argumentei - Ele são brutais, eles não lutam justo!

— Eu sou treinado também! - ele protestou

Suspirei.

— Você é muito teimoso! Tudo bem! - exclamei - Sirius, vocês têm algum lugar com muitas armas? Eu estou com a espada de Lucius, mas precisamos de mais coisas.

— Salão das Armas Slytherin, aqui vamos nós. - ele disse

Assenti.

— Venham comigo, garotos. - eu disse - O resto de vocês, fique aqui e finja que nada aconteceu! É muito perigoso levar vocês conosco ou levá-los para qualquer lugar do castelo sem estarmos armados.

Euphemia assentiu.

— Eu sinto muito. - eu disse a ela, com sinceridade.

Ela assentiu.

— Eu sei que sim. - ela sorriu

Destranquei todas as celas, mas as deixei fechadas.

— Se acontecer alguma coisa, saiam correndo e fujam daqui. - eu disse - Os Comensais da Morte são treinados com espadas, eles não conseguiriam atingi-los se vocês correrem rápido. Tem uma cabana na Floresta Proibida, fujam para lá e se escondam. Alimentem Petúnia, se ela estiver lá. É minha gata.

— Vamos! - disse James

Assenti e subimos as escadas correndo.

— Vocês precisam fazer menos barulho! - murmurei

James bufou.

— Eu vou na frente e confiro se não tem nenhum comensal no caminho, mas, Sirius, você vai precisar me dar as direções.

Sirius assentiu.

— Fica nas masmorras, não é muito longe. - ele disse - Se sobrevivermos a isso, eu quero duelar com você antes que você suma da nossa vida para sempre.

Ri.

— Combinado. - eu disse

Saímos silenciosamente pelo corredor principal, que, felizmente, estava vazio. Ao virar para um dos corredores complementares, dei de cara com um dos comensais, mas ele também não teve muita chance para se defender.

Retirei a espada de Lucius do seu corpo sem vida e olhei para Sirius, James e Remus.

— Eu quero cancelar nosso duelo. - murmurou Sirius

Sorri.

— Temos que correr… - murmurei, tentando esconder a satisfação ao ver o olhar surpreso de admiração dos três.

Chegamos no salão das armas e Sirius abriu todos os armários. Era um salão escuro, esverdeado, na qual dezenas de armas e armaduras estavam expostos. No centro, havia um tatame, que supus ser onde Sirius e James treinavam.

— Pegue qualquer coisa que precisar. - Sirius disse

Assenti.

Fui até um dos armários e coloquei um cinto, equipando-o em seguida com toda a sorte de punhais. Desamarrei meu vestido e cortei grande parte da sua saia, amarrando-a novamente. Por último, peguei uma espada mais leve e um escudo fino. Os meninos também estavam esquipados, James havia colocado o peitoral de sua armadura.

— Prontos? - perguntei

Eles assentiram.

— Vamos voltar para o calabouço. - eu disse - James e Remus, vocês peguem todos e se escondam. Sirius, você vem comigo. Eu preciso que você fique de guarda e não deixe ninguém entrar no quarto de Voldemort.

— Não. - disse James - Eu vou com vocês.

— James… - suspirei - Voldemort é muito perigoso.

— É por isso mesmo que eu não vou deixar você encontrar com ele sozinha! - ele exclamou

— James, eu treino desde os doze anos de idade. - eu disse - Se tem alguém nesse castelo capaz de matá-lo, sou eu.

— Eu não duvido disso! - ele disse - Mas eu sou o futuro rei, eu não posso ficar escondido enquanto vocês lutam!

O encarei e assenti.

— Vamos. - murmurei

Fomos de volta para o calabouço correndo e, felizmente, os únicos comensais que encontramos foram os que estavam mortos no chão. Descemos as escadas e todos estavam nas celas, em silêncio, mas seus rostos estavam molhados de lágrimas.

— O que aconteceu? - perguntei

— Mãe, onde está meu pai? - James perguntou

Ela gesticulou com a cabeça e eu me virei a tempo de ver Lucius cortar a garganta de Fleamont.

James e Euphemia gritaram ao mesmo tempo. Eu corri para Lucius e dei um golpe com a espada, que ele rebateu. Lucius estava muito melhor na luta, era como se ele tivesse treinado noite e dia enquanto estávamos separados.

Bati com o escudo da sua cabeça, o que fez com que ele se desnorteasse por um instante, mas ele se encheu de raiva e desferiu um golpe de sua espada em mim, cortando meu ombro esquerdo.

Gritei de dor enquanto sentia a manga do meu vestido ficar encharcada.

— Acho que a grande Lily Evans está um pouco enferrujada. - ele sorriu. - Ficou brincando de ser princesinha e esqueceu de treinar?

Ele estava vestindo apenas sua calça e seus pulsos estavam todos queimados por causa da provável fricção com a as tiras do tecido.

Ele se aproximou de mim e segurou meu rosto.

— Se afaste dela. - disse James, com a espada apontada para Lucius.

Lucius riu.

— Você acha que ela o ama? - ele perguntou

— Não. - disse James, com amargura.

— Eu achava. - disse Lucius. - Eu a amava.

— Lucius, é sério? - perguntei, incrédula. - Você vai fazer um discurso dramático?

Ele me ignorou, mas me soltou e se virou para James. Ouvi o primeiro choque entre as duas espadas e os dois começaram a duelar.

Fui até Fleamont e o segurei, checando seu pulso. Ele ainda estava vivo, mas era impossível ele sobreviver depois do corte.

O encarei, com lágrimas.

— Cuide dele. - ele disse, com dificuldade.

— Eu sinto tanto. - sussurrei - É tudo minha culpa.

— O que importa, de verdade, é o que você vai fazer a partir de agora. - Fleamont disse

— Eu vou consertar as coisas. - eu disse

James era um ótimo lutador, mas fechei os olhos de Fleamont e me levantei, me preparando para atacar Lucius pelas costas. Eu não tinha tempo para lutas justas.

Me aproximei de Lucius mas quase fui atingida por uma espada que saiu pela suas costas. Lucius caiu para trás e em cima de mim. James estava ofegante. Em sua bochecha havia um corte que sangrava.

Olhei para Lucius, que cuspia sangue dando seus últimos suspiros.

— Você não perde por esperar. - ele me disse

O encarei e enfiei a espada pelo seu tórax, o silenciando.

James me observava.

Tirei a espada dele e cai no chão, inconformada.

James, Sirius e Euphemia correram para Fleamont, que havia morrido.

Remus veio até mim, com lágrimas nos olhos e observou meu ombro.

— Não é muito fundo. - ele murmurou - Está doendo?

Neguei.

— Estou acostumada.

Ele assentiu.

— Eu sinto muito. - murmurei

Remus apertou minha mão. Sorri para ele e limpei uma lágrima que caia pelo seu rosto.

— Eu sei. - ele disse - Não é culpa sua.

— É claro que é. - eu disse

Olhei para Lucius e estudei seu rosto. Seus lindos cabelos loiros já estavam manchados com o sangue que empoçava no chão.

— Você gostava dele? - perguntou Remus.

Suspirei.

— Não mais. - eu disse - Mas ele foi bom para mim, por um tempo. Ele fazia eu me esquecer da solidão em que vivo há dez anos por algum tempo.

— Quando isso tudo acabar, eu quero saber sobre você. - ele disse - A verdade.

Assenti.

James se levantou e veio até mim. Seu rosto estava inchado e cheio de lágrimas, o que me machucou mais do que qualquer coisa no mundo. Resisti ao impulso de puxar ele para mim, para confortá-lo.

— Temos que ir. - ele disse

— James, eu sinto muito. - eu disse

Ele me ignorou e foi até Sirius.

Se existia alguma chance de James me perdoar, anteriormente, ela havia acabado de ser exterminada, com o assassinato de Fleamont.

— Remus, leve-os em segurança. Divida as armas, eles conseguirão usá-las se for preciso. - eu disse

Ele assentiu.

— Cuide de Euphemia e Minerva. - sussurrei - James não aguentaria…

— Eu sei. - Remus me interrompeu - Não se preocupe.

— Depois que matar Voldemort, podemos voltar aqui e pegar Fleamont. Mas agora vocês precisam deixá-lo.

Fui até James e Sirius.

— Precisamos ir. - eu disse

Os dois assentiram e, mais uma vez, nos lançamos pelos corredores praticamente desertos do Castelo de Hogwarts – agora, com os corações pesados e com o sentimento de que não ganharíamos a batalha, mesmo se matássemos Voldemort.