Enquanto eu respirar... escrita por AustenGirl


Capítulo 1
Enquanto eu Respirar...


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoal! Essa é uma songfic em homenagem ao Glenn e a Maggie! Eu confesso que me emocionei muito escrevendo, e espero que vcs gostem de ler, tanto quanto eu gostei de escrever.

Boa leitura! ♥



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O dia mente a cor da noite

E o diamante a cor dos olhos...

...os olhos mentem dia e noite a dor da gente.

 

O vai e vem da cadeira de balanço, já estava fazendo a jovem Maggie pegar no sono. Ela se balançava tranquilamente, com suas mãos sobre sua barriga, de um jeito quase possessivo, protegendo o bem mais precioso que ela já havia recebido. O pequeno ser, que ela já sabia que era um menino, lhe deu um leve chute, fazendo com que ela despertasse.

— Você está agitado hoje né pequeno? - Perguntou Maggie com carinho, acariciando orgulhosamente sua enorme barriga de oito meses de gestação.

— Com o pai e a mãe que tem, só poderia ser agitado mesmo! Já ‘to até vendo que vai me dar trabalho! - Falou ela soltando um riso anasalado.

A jovem havia criado esse hábito, de conversar com o pequeno Hershel, que estava em seu ventre. Leu em vários livros, que isso estimulava o bebê, e criava um forte vínculo entre mãe e filho. Ela amava tanto aquele ser, que ela nem conhecia, e além de se sentir mais próxima do seu filho, toda a vez que conversava com seu bebê, ela sentia-se mais próxima de Glenn.

 

Enquanto houver você do outro lado

Aqui do outro eu consigo me orientar.

 

— Olá mamãezinha! - Brincou Enid se aproximando de Maggie. - Como estão hoje? - Perguntou ela beijando a testa de Maggie.

— Eu estou ótima, e ele está fazendo uma folia aqui dentro! - Respondeu Maggie olhando para a barriga e Enid riu.

— Coloca a mão aqui! - Falou ela, e guiou a mão de Enid, para que a adolescente sentisse os movimentos do bebê.

— Eu senti! - Falou Enid empolgada ao sentir o chute do pequeno Hershel Júnior.

As duas continuaram contemplando aquela cena, até que Enid lembrou-se do por que estava ali.

— Maggie, o Jesus quer falar com você, sobre um problema que surgiu! - Enid falou de súbito.

— Ah. - Falou Maggie com desânimo. - Será que ele não pode resolver sozinho, estou de licença maternidade. - Brincou ela.

— Eu disse isso pra ele, mas ele falou que era rápido, e que só precisa da sua aprovação, que você é a líder e bla bla bla! - Enid explicou simulando com as mãos uma boca falando.

— Okay! - Resmungou Maggie e com uma certa dificuldade, levantou da cadeira de balanço.

As duas desceram as escadas de Barrington House. Maggie morava ali, desde que se tornara a líder de Hilltop. Tinha passado por tempos sombrios. Gregory, o antigo líder, perdeu o apoio do povo, que preferia a viúva Rhee na liderança. Ela passou a ter grande influência na comunidade, o que provocou uma onda de raiva e ciúmes em Gregory.

Além da guerra que estavam enfrentando, contra Negan, Maggie teve de lidar com a fúria de um Gregory ensandecido, que tentou matá-la. Isso culminou na morte do ex líder, e ascensão de Maggie a liderança de Hilltop. Nunca em sua existência, ela pensou que a "garota da fazenda", que ela um dia foi, se tornaria uma grande líder.

 

A cena repete, a cena se inverte

Enchendo a minha alma daquilo que

Outrora eu deixei de acreditar.

 

Maggie apesar do estado avançado de gravidez, se movia com bastante destreza. Enid ia logo atrás, cuidando para que nada acontecesse com sua amiga.

— Hey! - Jesus cumprimentou sua amiga com empolgação, assim que ela chegou a sala.

— Bom dia! - Cumprimentou Maggie é Jesus rapidamente puxou uma cadeira para que a mesma se sentasse.

— Pra mim você não vai puxar cadeira? - Brincou Enid com uma careta de ofendida.

— Você está grávida de oito meses? Não né!  - Jesus provocou e antes que Enid respondesse Maggie os interrompeu.

— Vamos logo Jesus! - Pediu Maggie de um jeito manhoso, já acostumada com o amigo falastrão que tendia a enrolar nas conversas.

— A é... Claro! Desculpa! - Falou ele e já abriu o mapa sobre a mesa.

— Temos um problema pra resolver! Essa semana na ronda, descobrimos uma grande quantidade de mordedores, nessa área aqui! - Apontou Jesus para o mapa. - Eles estão presos, mas a qualquer momento podem se soltar e se isso acontecer, eles vão cair no manancial, de onde tiramos nossa água, e vão contaminar tudo! – Falou Jesus com semblante preocupado. – Os outros concordaram em desviarmos os errantes para a outra estrada, mas ainda assim preciso da sua aprovação. O que você acha? - Perguntou ele encarando-a e esperando a resposta. 

Naquele momento passou um filme na cabeça de Maggie. Quando ela morava em Alexandria, já haviam tentado desviar uma grande horda de caminhantes. Foi na época em que ela havia descoberto sua gravidez, e Glenn saiu para a missão. Maggie recordou do desespero que ela sentiu, ao pensar que seu marido tinha morrido e nem teria a chance de saber que seria pai. Ela pensou que ele jamais voltaria, mas ao contrário de suas expectativas, ele voltou, ele sempre voltava para ela. Deus como ela sentia falta dele.

 

Tua palavra, tua história

 Tua verdade fazendo escola...

E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar...

 

— Está tudo bem? - Jesus perguntou ao perceber que Maggie havia ficado calada e pálida.

— Claro. Eu acho que é uma boa ideia. Já fizemos algo parecido em Alexandria. - Ela disse despertando do pequeno transe.

— E deu certo?  - Perguntou Jesus.

— Sim, deu sim! - Ela respondeu um pouco evasiva.

— Vamos começar os preparativos então. - Falou ele e se levantou. - Se cuida tá? - Falou ele, deu um beijo na testa de Maggie, bagunçou os cabelos de Enid e saiu.

— Tem certeza que está bem? - Perguntou Enid preocupada. A adolescente conhecia Maggie muito bem, e sabia quando algo estava errado.

— Tudo bem sim! - Falou Maggie com a voz embargada. - Só algumas lembranças. - Concluiu com sinceridade.

 

Metade de mim agora é assim...

.... De um lado a poesia, o verbo, a saudade...

.... Do outro a luta, a força e a coragem para chegar no fim.

 

Maggie levantou e passou a fazer o trajeto até seu quarto. Iria descansar um pouco, quando sentiu uma forte dor na barriga.

— AAAAIII! - Gritou ela curvando-se de dor.

— Maggie, o que está sentindo? - Enid falou apavorada, amparando a amiga.

— Dói! - Maggie resmungou segurando a barriga.

— Será que vai nascer? - Enid perguntou atônita.

— Não pode! Ainda não completei nove meses. - Maggie respondeu com a voz arrastada devido a dor forte que sentia.

Enid conduziu Maggie com cuidado até o quarto. A mulher se deitou na cama, enquanto Enid saiu apressada para chamar o doutor Harris. Logo que a garota a deixou sozinha, a dor que Maggie sentia, foi se amenizando, até se tornar ausente. Eram contrações e ela sabia disso, então, uma onda de medo percorreu o corpo. Temia que fosse cedo demais para seu pequeno Hershel nascer. Estremecia só de pensar que algo pudesse acontecer a ela, e seu pequeno bebê se tornasse um órfão, ou pior, que algo acontecesse a ele. Ela sentia que não poderia suportar, se algo acontecesse com seu filhinho.

 

E o fim é belo incerto, depende de como você vê.

O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só.

 

O doutor Harris entrou apressado no quarto, já dispondo de seus equipamentos médicos, e Maggie se sentiu mais aliviada ao vê-lo passar pela porta, sendo guiado por Enid.

— O que está sentindo exatamente? - Perguntou ele, pondo-se a examinar a barriga dela com o estetoscópio.

— Senti uma dor forte, como se apertasse minha barriga, depois a dor passou. - Respondeu Maggie.

— Tudo bem, você está com contrações! Agira preciso ver se já está com dilatação. - Falou o Doutor com calma e Maggie se posicionou para que ele a avaliasse.

— Sua dilatação está quase completa, ele vai nascer hoje! - Falou o Doutor sorrindo.

— Mas ainda não completei nove meses! E se for muito cedo?  - Falou ela com uma careta de dor ao sentir outra contração.

— Não se preocupe! É muito comum isso acontecer! Seu corpo está pronto, e o bebê também! - Falou ele tentando acalmá-la. - Vamos medir os intervalos entre as contrações! Okay? - Falou Harris olhando no relógio.

— Okay! - Falou Maggie respirando fundo. - Vamos conseguir! - Disse ela para si mesma. - Por nós!  - Acrescentou ela lembrando-se de Glenn e de como queria que ele estivesse com ela naquele momento.

 

Só enquanto eu respirar...

.... Vou me lembrar de você

Só enquanto eu respirar...

 

Já havia se passado um dia inteiro, e Maggie ainda estava em trabalho de parto. A bolsa dela já havia estourado, os intervalos entre as contrações eram pequenos e as dores cada vez mais fortes. Nesse meio tempo, Jesus foi até Alexandria, avisar Rick e o resto do grupo que o bebê de Maggie estava nascendo e assim quase todos os amigos dela, já estavam esperando com ansiedade na sala de Barrington House.

No quarto, junto com Maggie e o doutor Harris, estavam também Sasha e Enid. Cada uma posicionada de um lado da cama, e Maggie segurava com força as mãos de suas amigas.

— Força! - Sasha murmurava para Maggie, que chorava e urrava com a dor das contrações, que agora não tinham mais intervalos.

— Eu já estou vendo a cabeça dele! Só mais um pouco Maggie! Mais um pouquinho! - Incentivou o Doutor Harris.

Ela já achava que não suportava mais aquela dor. Sentia como se fosse desmaiar a qualquer momento. Mal conseguia entender o que Enid e Sasha diziam a ela, mas ao ouvir o doutor dizendo aquilo, ela fez mais força.

 

Enquanto houver você do outro lado

Aqui do outro eu consigo me orientar...

 

— AAAHHH - Gritou Maggie, sentindo aquela dor lancinante. Já estava chegando ao seu limite, até que tudo parou. A respiração dela ainda estava descompassada e suor escorria por todo seu rosto, e então ela viu o doutor sorrindo segurando o pequeno bebê nos braços.

O doutor massageou o peito do menino, e logo o choro estridente do bebê pode ser ouvido, em toda a casa. Maggie chorava em um misto de felicidade e orgulho, vendo seu menino, que já estava sendo limpo pelo doutor, e o cordão umbilical já havia sido cortado. Enid acariciava carinhosamente os cabelos de Maggie, que mesmo fraca e cansada do trabalho de parto, estendeu os braços para segurar seu filho. A pequena pessoa que tinha um pouco dela e de Glenn, e ainda assim era única.

 

Tua palavra, tua história

 Tua verdade fazendo escola... 

E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar.

 

Depois de se certificar-se de que tanto o bebê, como Maggie estavam bem, o doutor saiu do quarto acompanhado por Sasha e Enid, dando assim um momento de privacidade para mãe e filho.

O pequeno Hershel mamava com avidez, o que fez Maggie sorrir, fascinada. Ela estava completamente hipnotizada com aquela pequena criança. Ele era lindo, e ela pensava que nem o anjo mais belo, seria tão lindo como seu bebê. Nunca sentiu algo tão maravilhoso como aquilo.

Depois de um tempo, os amigos dela foram até o quarto, para finalmente conhecer o bebê.

— Ele é lindo! Parabéns! - Falou Rick olhando o pequeno dormir.

— Querem segurar? - Ofereceu Maggie, e todos tiveram seu momento, pegando no colo e mimando o pequeno Hershel que dormia pesadamente.

Todos estavam emocionados com aquela nova vida. Uma pequena chama de esperança que havia nascido.

 

Metade de mim gora é assim,

 De um lado a poesia, o verbo, a saudade

.... Do outro a luta, a força e a coragem para chegar no fim.

E o fim é belo incerto, depende de como você vê.

O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só.

 

Já era noite e Maggie não desgrudava de seu menino. Ele estava deitado no colo dela, acordado, observando tudo com seus olhinhos puxados, e espertos demais para um recém-nascido.

Ela acariciava as pequenas mãozinhas e os pés do menino, como se contasse os dedinhos dele, certificando-se de que estava tudo ali e de que aquilo era real.

O menino tinha os mesmos traços coreanos do pai e se parecia muito pouco com a mãe. Ela continuava fazendo carinho nas mãos dele, quando Hershel segurou firme o dedo indicador dela e esboçou o que parecia ser um sorriso.

— Você é a cara do seu pai! Sabia disso? - Falou ela emocionada.

Não tinha como não se lembrar de Glenn naquele momento. Glenn a encontrou, como havia prometido e naquele instante, ela compreendeu isso. Compreendeu que a cada sorriso do pequeno Hershel, a cada choro, cada palavra, abraço, e até mesmo a cada travessura dele, ela se lembraria de Glenn. Ele a encontraria, como sempre encontrou. Enquanto ela respirasse, se lembraria de seu amado marido, e pai de seu filho.

 

Só enquanto eu respirar 

Vou lembrar de você...

... Só enquanto eu respirar... 


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

A musica de base foi a "O anjo mais velho" de O Teatro Magico.

Por favor deem suas opiniões! :)



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