5 vezes que Teshima quase se declarou para Aoyagi escrita por Arisusagi


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, faz um tempinho que não posto fanfic (séria) nova, né?
Enfim, essa aqui é uma história no formato 5+1, que eu sempre vejo nas histórias gringas e sempre quis tentar auehaue. Basicamente, a história está dividida em 6 cenas separadas que não ocorrem exatamente seguidas uma da outra (eu nem sei se isso fez sentido ou não).
Enfim, espero que gostem.



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I.

Teshima nunca soube dizer em que momento aquilo começou. Foi algo gradual, um sentimento que ia e voltava com cada vez mais intensidade, até tomar conta de sua cabeça por horas e horas seguidas.

Foi só quando ele deixou de prestar atenção nas aulas por estar pensando nele que Teshima percebeu que estava apaixonado por Aoyagi.

Ele já se apaixonara alguma vezes antes, mas nenhuma delas foi tão intensa assim, muito menos por um menino. Teshima não fazia ideia de como agir, e não conhecia ninguém que pudesse ajudá-lo. Então, ele simplesmente guardou aquilo dentro de si, na esperança de que aquele sentimento desaparecesse da noite pro dia.

Mas não foi bem assim que aconteceu.

Na verdade, parecia que aquela sensação ficava cada dia mais forte, e Teshima ficava cada vez mais desesperado.

Um dia, ele se viu prestes a dizer um “eu gosto de você” para Aoyagi, quando estavam só os dois na sala do clube depois do treino.

Ele estava sentado e Aoyagi estava de pé em sua frente, e seu cabelo loiro escuro estava tão bonito iluminado pelos raios de sol que entravam pela janela. A única coisa que o impediu de falar aquilo era o medo. Medo de ser julgado, de outras pessoas descobrirem e o acharem estranho, anormal e, principalmente, de Aoyagi se afastar dele.

Por isso, Teshima se calou, e desejou do fundo de seu coração que aqueles sentimentos fossem embora.

II.

 Durante as semanas de provas, Aoyagi ia estudar na casa de Teshima praticamente todos os dias. Ele tinha muita dificuldade com as matérias de exatas que, por sorte, eram as em que Teshima se saía melhor. Os dois passavam horas debruçados em uma mesinha no quarto de Teshima, resolvendo listas de exercícios e revisando a teoria.

E era nessas horas em que ele se pegava olhando intensamente para Aoyagi. Sua expressão concentrada era tão fofa, assim como a forma com que ele batia a lapiseira contra o queixo enquanto pensava em como resolver uma questão, isso quando ele não mordia o lábio inferior.

Teshima sempre se pegava imaginando qual seria a textura dos lábios de Aoyagi, se eles seriam tão suaves quanto pareciam ser. E o cabelo dele parecia tão macio, Teshima imaginava qual seria a sensação dos fios castanhos claros contra seus dedos.

Um dia, Aoyagi perguntou se havia algo errado quando Teshima começou a divagar daquele jeito, e foi só nessa hora que ele percebeu o que estava fazendo. Teshima até pensou em contar sobre o que estava pensando, mas o sentimento que culpa que surgiu repentinamente em seu peito o impediu.

Era errado pensar naquele tipo de coisa, muito errado. Se Aoyagi soubesse que Teshima estava pensando em como seria tocar em seus lábios, ele com certeza o acharia um nojento, um pervertido nojento.

Teshima sorriu e disse que não era nada, e voltou a ler a questão de química que estava em sua frente na tentativa de afastar aqueles pensamentos — errados, muito errados — de sua cabeça. 

III.

 O zumbido das bicicletas crescia cada vez mais. A poucos metros da linha de chegada, três ciclistas disputavam o primeiro lugar, e Aoyagi era um deles.

Teshima só podia imaginar aquela cena. Deitado em uma maca, ele respirava com dificuldade, e sua perna direita doía demais. Se ele tivesse continuado, o enfermeiro disse, o músculo teria se distendido.

Todo aquele esforço valeria a pena, ele tinha certeza disso.

— O menino da Sohoku ganhou o primeiro lugar! — Ele ouviu alguém dizer do lado de fora da tenda, em meio aos gritos da torcida. — Aoyagi Hajime, do primeiro ano!

Teshima sorriu para si mesmo. Ele sabia que Aoyagi venceria.

Mesmo com os protestos do enfermeiro, Teshima se levantou e caminhou com certa dificuldade até a linha de chegada.

Aoyagi estava caído no chão, junto com os outros dois que ficaram em segundo e terceiro. Ele arfava e parecia sentir dor, mas, mesmo assim, abriu um pequeno sorriso quando viu Teshima se aproximar.

— Você conseguiu. — Ele estendeu a mão, e Aoyagi a segurou. — Eu sabia que você ia conseguir.

Teshima o puxou e o ajudou a ficar de pé. Aoyagi se apoiou em seu ombro, ainda respirando com dificuldade. Os cabelos dele pareciam dourados sob e o sol e, mesmo que por um segundo, Teshima teve toda a certeza do mundo de que ele amava Aoyagi.

Ele abriu a boca, mas a fechou antes que as palavras saíssem. De novo, Teshima quase disse aquilo em voz alta. Com certeza, não seria bom se ele falasse algo do tipo no meio de toda aquela gente. Todos achariam estranho ele ter aquele tipo de sentimento por outro garoto. Todos, inclusive Aoyagi.

Teshima se calou e sorriu. Apesar do sentimento amargo que acabara de engolir, ele estava feliz com a vitória do amigo.

 IV.

A dor que Teshima sentia nas pernas não era nada comparada à sensação de desespero e fracasso que tomava conta de seu peito. Mal dava para diferenciar seus próprios soluços dos de Aoyagi, que estava sentado ao seu lado no banco.

Estava tudo acabado. Todo o esforço que ele e Aoyagi fizeram para entrar para o time do InterHigh não serviu para nada. Teshima não sabia nem colocar em palavras o que ele sentia naquele momento. Ele esfregou o rosto com os pulsos, limpando as lágrimas que não paravam de escorrer e, finalmente, olhou para Aoyagi.

Teshima se sentiu ainda pior ao vê-lo. Aoyagi tremia dos pés a cabeça, soluçando alto e apertando a barra de seus shorts entre os dedos.

— Aoyagi… — Teshima murmurou.

Ele ergueu a cabeça e o encarou, com os olhos vermelhos e úmidos parcialmente cobertos pela franja.

Teshima realmente queria poder dizer algo reconfortante, mas a única coisa em que conseguia pensar naquele momento era em como ele amava Aoyagi mais do que tudo no mundo. E isso, com toda certeza, não era algo apropriado para se dizer naquele momento.

Então, Teshima simplesmente o abraçou e chorou com o rosto apertado contra os cabelos acastanhados, enquanto as lágrimas de Aoyagi molhavam sua camiseta.

V. 

O sol estava insuportavelmente forte, e Teshima só conseguia pensar em como seria horrível pedalar naquele calor.

“Bem, talvez não seja tão ruim assim ficar de fora do InterHigh” ele pensou amargamente consigo mesmo.

Ele podia ouvir o zumbido das bicicletas se aproximando. Ao seu lado, Aoyagi estava nas pontas dos pés, tentando ver melhor a pista atrás das outras pessoas que assistiam. Ele riu, achando a cena adorável.

Teshima se lembrou, com certa tristeza, da imagem de ele e Aoyagi vestindo o uniforme amarelo da Sohoku e correndo junto com Kinjou, Makishima e Tadokoro no Interhigh, a qual já havia imaginado várias e várias vezes. Por que ele ainda se torturava pensando naquilo?

Entretanto, ver Aoyagi assim, tão empolgado, o animou bastante.

Agora, Teshima não sentia mais vontade de pôr em palavras aquele sentimento bom que brotava em seu peito sempre que olhava para Aoyagi. Podia ser um pouco doloroso esconder aquilo tudo, mas ele sabia que era o melhor a se fazer.

De repente, a mão quente de Aoyagi envolveu a sua, e ele acordou de seus devaneios.

— O que fo-

— Junta. — No olhar dele, havia uma determinação que Teshima raramente via. — Ano que vem, nós vamos estar lá, correndo.

Teshima apertou a mão dele de volta, rindo, e sentindo seu peito cada vez mais leve. As bicicletas passaram, e eles mal puderam ver um borrão amarelo seguido por outro branco.

— É claro que vamos.

+VI.

 A televisão estava ligada, mas Teshima nem fazia ideia do que estava passando. Deitado em sua cama, ele encarava o teto, enquanto ouvia o som do chuveiro vindo do banheiro.

Não era a primeira vez que Aoyagi dormia na casa de Teshima. Na verdade, os dois já estavam bem acostumados com as residências um do outro. Enquanto Aoyagi tomava banho, Teshima pensava sobre várias coisas ao mesmo tempo.

Agora, ele seria o capitão do clube de ciclismo, e as responsabilidades seriam ainda maiores. Apesar de estar inseguro, Teshima sabia que Aoyagi estaria sempre ao seu lado, ajudando-o nos assuntos do clube.

Além disso tudo, também tinha o fato de que ele estava no último ano do ensino médio, e precisava pensar em qual faculdade escolheria. Até aquele momento, Teshima não havia se dado conta de que existia uma chance de ele e Aoyagi irem para faculdades diferentes, talvez até em cidades diferentes, e pensar nisso o deixou um pouco desesperado.

E então, Aoyagi entrou no quarto com uma toalha nos ombros. Ele se sentou no chão, ao lado da cama, e começou a esfregar a toalha nos cabelos para tirar o excesso de água.

Teshima o observou sem dizer nada. O cabelo de Aoyagi estava mais comprido, já batendo em seus ombros, e também estava um pouco mais claro do que quando eles se conheceram. O cheiro ainda forte do shampoo fez Teshima se lembrar de todas as vezes em que ele sentiu vontade de tocar no cabelo de Aoyagi, e também das vezes em que ele quase se declarou. É claro que ele ainda sentia algo — algo muito forte, para falar a verdade — por Aoyagi, mas ele sabia que não valia a pena perder uma amizade como aquele por causa disso, por mais difícil que fosse esconder.

— Junta. — Teshima se assustou quando o ouviu chamar seu nome. Ele havia quase se esquecido de que não estava sozinho no quarto.

— O que foi? — Aoyagi estava ajoelhado, com os cotovelos apoiados no colchão e a toalha pendurada no ombro direito, e o encarava com expressão séria.

E, por algum motivo, naquele momento, Teshima percebeu que Aoyagi sabia de todos os seus sentimentos.

Aoyagi sabia que Teshima estava perdidamente apaixonado por ele.

Os dois se entendiam tão bem, Teshima podia praticamente ler os pensamentos de Aoyagi, por que Aoyagi também não poderia ler os dele? Era óbvio que ele ia descobrir aqueles sentimentos mais cedo ou mais tarde.

— Aoya-

Tudo aconteceu muito rápido, e quando Teshima se deu conta, os lábios de Aoyagi estavam pressionados contra os seus. Ele não soube descrever o que sentiu naquele momento, mas era algo muito bom. O peso enorme que ele carregava dentro de si desapareceu, assim como toda aquela preocupação com o que Aoyagi acharia dele.

Foi um beijo breve, e logo Aoyagi se afastou, encarando-o com o rosto levemente corado. Teshima riu, sem saber o que fazer, o som das batidas do seu coração ressoando alto em seus ouvidos.

Ele ainda não acreditava que aquilo havia acontecido, não parecia real. Então Aoyagi não só sabia do que Teshima sentia por ele, como também sentia o mesmo?

Ele ainda estava envergonhado demais para olhar para Aoyagi, que continuava ali, calado, ajoelhado ao lado da cama. Normalmente, Teshima diria alguma coisa para quebrar aquele silêncio, entretanto, ele não fazia ideia do que dizer. A única coisa em que ele conseguia pensar naquele momento era em como os lábios de Aoyagi eram macios, exatamente como ele imaginava.

— Eu te amo. — Aoyagi disse finalmente, entrelaçando seus dedos com o de Teshima. — Eu te amo, Junta.

— Eu também te amo, Hajime. — Teshima pôs a mão na bochecha de Aoyagi e o puxou para outro beijo.


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Notas finais do capítulo

Estou beeem enferrujada na escrita, então se tiver ficado ruim, me perdoem.
Esses dois são tão fofos né, tive que escrever mais alguma coisinha com eles, aueheua.
Comentários são muito bem vindos :3
Edit: ESQUECI QUE IA FALAR QUE ESSE NEGÓCIO TAMBÉM É PRA COMEMORAR A TERCEIRA TEMPORADA QUE ESTREIA ESSA SEMANA UHU DEUS É TOP

A cena IV deve ter ficado confusa pra quem não viu o anime, então vou explicar aqui mais ou menos o que aconteceu: clube de ciclismo passa uns dias em um acampamento em uma pista específica pra bicicletas pra treinar para o Interhigh. Esse treinamento só tem uma regra: eles precisam correr mil quilômetros (dando voltas na pista) em quatro dias. Através desse treinamento, o capitão ia decidir quem ia participar do Interhigh. O Teshima e o Aoyagi se empenharam ao máximo durante o ano para participar do Interhigh, então eles fazem de tudo para conseguir chegar aos mil quilômetros antes dos calouros. Só que quando eles estão quase terminando, os dois exageram e acabam distendendo os músculos das pernas, então não conseguem fazer os mil quilômetros nem participar do InterHigh. É uma cena bem dramática :V (A capa da história é de uma cena que vem logo depois disso tudo). Espero que tenham entendido, qualquer coisa é só perguntar o/