Mercy escrita por Jupiter


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Eu nem sei ao certo como pedir desculpas por ter atrasado tanto, o ultimo capítulo já tinha saído no dia errado e agora eu atrasei e sinto muito por isso. O capítulo não é o melhor capítulo que eu já escrevi mas foi feito com carinho e dedicação.
Espero que gostem.



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"Você lambeu minhas feridas e disse que tudo bem e eu ri por não sentir leveza alguma, tudo bem, tudo bem, tudo bem, você não sabe do medo e da minha vontade de desistir, e eu não te conto porque você ainda é toda luz que repousa sob mim, mas quanto falta para chegarmos ao inferno se não dermos adeus?" ~Alguém aí.

 

24 de fevereiro

Lebanon, Kansas, Hospital Público Estadual

 

Dean chegou rápido até o hospital depois que Sam ligou pra ele avisando que o médico já estava atento que a qualquer momento a morena poderia acordar, e quando o loiro chegou até o andar em que ela estava viu o irmão sentado do lado de fora do quarto sentado de frente com a porta observando tudo que acontecia dentro do quarto.

O loiro sentou ao lado do irmão mas antes mesmo de olhar para dentro do quarto olhou para o moreno vendo que ele parecia que não estava respirando e que não era de agora.

— Você precisa respirar Sam, não posso me dividir em dois para cuidar de você e da Nuria. -Dean falou atraindo a atenção do moreno toda pra ele.

— O médico falou que o caso dela é sério, que ela vai precisar de muitos cuidados mesmo depois de acordar do coma. -Samuel falou olhando pros olhos do irmão e respirou fundo.

Os dois ficaram ali lado a lado esperando por uma notícia boa ou até mesmo uma notícia ruim, desde que fosse uma notícia e não somente aquele silêncio que estava matando eles de dentro pra fora e até o fim da noite possivelmente iria acabar com eles.

Foram horas sentados ali a base de café e o que eles podiam comprar nas máquinas de comida que tinham em alguns andares, e mesmo que fossem uma das piores coisas que eles já podiam ter comido em toda a vida deles era a única coisa que podiam fazer naquele momento.

— A primeira vez que ela mexeu foi quando eu estava canta pra ela, era aquela música que você cantava pra mim quando a gente era mais novo, Hey Jude era uma das suas músicas favoritas quando criança. -Sam contou tentando iniciar uma conversa que fosse além de poucas palavras vindo somente dele.

— Por que ela está me odiando? -Dean perguntou entrando no assunto que ele tanto queria já algum tempo.

— Eu não acho que ela esteja te odiando, só acho que ela quer te odiar porque é mais fácil do que te amar; a Nuria está fazendo o mesmo que você sempre faz com as pessoas, está te afastando. -e nem foi preciso o Sam completar porque Dean já soube o que vinha depois.

— Ela está afastando para se proteger e para me proteger. -era a frase que o loiro mais usava e com ela agora sendo usada contra ele, foi fácil ver como machucava.

— Ela tinha outra opção, mas ainda sim essa foi a que ela escolheu e por mais que a gente não concorde sabemos que isso é muito mais por ela precisar da sua proteção mesmo que tenha poderes do que somente por querer ficar sozinha. -o que Sam estava falando era uma verdade que nenhum dos dois gostaria de assumir.

— O que você está querendo dizer Sam? -o loiro perguntou se levantando pronto para começar a andar de um lado para o outro de forma que tentasse deixar ele mais calmo.

— Ela não quer alguém que esteja com ela somente para proteger ela, ela quer alguém para muito mais ao mesmo tempo em que não quer isso, ela só está confusa nós dois já tivemos o nosso momento de confusão. -o que o Sam dizia era uma verdade que eles não gostam de admitir mas sentiam e sabiam que o outro também tinha o mesmo sentimento.
Com o decorrer das horas a movimentação no quarto começou a aumentar, o que significava para os Winchester que a cada hora que se passava eles estavam mais perto de ter a morena de volta.

 

P.O.V Nuria Hickman

Eu me lembrava de poucas coisas depois de ter acordado na cama do Sam depois de muito tempo no escuro, e então ter os ferimentos cuidados por ele mesmo que já começasse a sentir que não tinha mais sentido para isso e então como uma passagem de tempo me lembrava de sentir uma dor forte e ter levado pontos enquanto ainda estava acordada; me lembro de ter sido jogada na parede pelo Dean e então dizer pra ele que não precisava dele mesmo que fosse mentira e ele me responder algo como “Eu sou seu protetor”.

Também me lembrava de pegar o carro e ir até um lugar que me trazia paz como se fosse de imediato, naquele lugar me vi deitada no chão escutando uma história sobre o que parecia ser um grande amor e sentindo muita dor, Amara estava lá e em um determinado momento o Sam também estava; me lembro de fechar meus olhos sentindo frio mas um toque como um abraço me mantinha quente; em um momento abri os olhos e tudo a minha volta parecia estar em movimento mas para mim tudo estava em câmera lenta e silencioso, quando consegui encontrar dois pares de olhos que me lembravam tanto uma família, antes de tudo escurecer novamente.

Acordei em um lugar escuro e não estava mais com as roupas sujas de sangue que me lembrava, eu vestia o mesmo vestido vermelho como sangue do dia em que me conectei com a pedra do Caladriel. Comecei a andar mesmo sem uma direção certa em meio a toda aquela escuridão, somente tentando chegar em algum lugar mesmo que estar ali não fosse algo que doía, parecia mais como a liberdade para uma alma impura.

Tudo que eu conseguia ver durante um tempo foi o meu próprio corpo, mas então meu corpo foi puxado do chão e jogado em outro lugar, e ao atingir o chão lá não sentiu dor alguma foi como se nada tivesse acontecido comigo. Era uma grande bagunça que mexia com a minha mente não me deixando pensar em algo além do quanto aquilo era confuso.

— Você já foi mais rápida Nuria. -uma voz vindo de cima me fez olhar para o alto vendo uma mão esticada mas pelo que parecia ser o sol estar impedindo de ver o dono da voz, não tinha mais a certeza de nada.

Quando me levantei e pude olhar para o rosto de quem me esticou a mão, meu coração parou por um minuto e no minuto seguinte voltou batendo mais rápido do que deveria; a pessoa a minha frente era meu pai que pra mim já estava morto há algum tempo.

— Você está morto, como eu posso estar vendo você? -perguntei me jogando em seus braços em um abraço que infelizmente não sentia a muito tempo.

— Soube que se encontrou com a Amara. -ele falou me soltando e começando a caminhar e eu acabei seguindo ele e percebendo que não estava mais no escuro e sim em um lugar claro mas ainda com a mesma finalidade que parecia não ter fim.

— Quando começou, eu não sabia nada mas uma das poucas lembranças que eu tenho antes de chegar aqui são de estar conversando com ela e ela me contar a história de um grande amor. -falei e mesmo que ainda não fizesse muito sentido pra mim ele riu como se soubesse sobre tudo que estava acontecendo em minha mente.

— Você chamaria de grande amor? Eu diria que foi um amor intenso e profundo, somente talvez um grande amor.

— Por que somente talvez? -perguntei ainda sem entender para onde estávamos indo ou onde estava.

— Porque todos guardam rancor minha filha, até mesmo do que é bom. -ele respondeu simples seguindo em silêncio e acabei fazendo o mesmo.

O caminho era claro, e parecia como se estivesse andando em cima das nuvens mas em um determinado momento depois de andar pelo que pareceu ser horas vi o que parecia ser uma porta e ao me aproximar, a porta só estava encostada. Dentro da porta era possível ver Sam sentado perto de uma cama de hospital em que a pessoa deitada estava conectada a diversas máquinas a ponto de quase não poder se ver o rosto dela, mas eu sabia exatamente quem era, eu via aquele rosto e corpo todas as vezes que olhava no espelho.

"Ela ficou morta por três minutos... É um caso complicado... Ficou sete minutos chamando pelo Samuel... Uma enfermeira drogou ela e agora está em coma"
Parada em frente a porta escutando o pouco que era possível pude perceber o quanto parecia estranho e ruim a situação em que o meu eu que estava hospitalizada, estava passando, olhando de fora tudo que eu conseguia pensar era que não tinha muita solução ou uma situação em que terminasse bem.

O que na minha mente só me lembrava do momento em que eu somente quis sumir da minha vida e esquecer tudo que já tinha acontecido comigo e com as pessoas que estavam à minha volta, e quer dar um fim nisso seria o melhor não só pra mim.

— POR QUE EU ESTOU PASSANDO POR ISSO? -gritei como se não tivesse o amanhã, mas não pareceu assustar o meu pai ou fez uma tempestade como muito acontecia quando estava fora de controle.

Eu não sentia mais os meus poderes, pela primeira em muito tempo me sentia normal como todos os humanos sentiam em toda a sua vida; a última vez que tinha me sentido assim foi nas passagens atras da pedra do cajado e mesmo assim diferente, agora não doía, mesmo que sentisse um vazio dentro de mim.

 

Em uma porta mais a frente, mais uma vez vermelha e mais uma vez dava para escutar a voz que já era conhecida.

“Dean ainda está bravo comigo, espero que você acorde logo… assim talvez o humor dele melhore quando ver os seus olhos.”

“Noite passada fui pra casa, acho que escutei o meu irmão chorando e te xingando trancado no quarto, parece que ele não sabe mais viver sem você ao lado dele mesmo que fosse para não falar com ele.”

Os dois momentos do Sam sentado ao lado da minha cama no hospital segurando a minha mão ou deitando a cabeça em meu colo, como quem pedia por um carinho ou até mesmo uma resposta.

Não parecia que era dias diferentes, somente em momentos diferentes que ainda sim se mantenham conectados por uma pessoa que mesmo que não estivesse presente no quarto parecia estar na mente das outras duas que estavam ali.

Me segurei com minhas lágrimas que caiam mesmo que eu não permitisse, eu não queria estar ali me sentindo livre mas com os pensamentos presos em alguém que não estava ali; e mesmo não sabendo direito ao certo o meu peito doía como se somente por imaginar que o Dean estava sofrendo parecia impossível viver para mim.

 

Sai de perto daquela porta não conseguindo mais ficar ali observando o Sam sofrendo não só por mim mas também pelo irmão, era algo demais para que eu pudesse carregar sozinha mesmo que meu pai estivesse no meu lado, o silêncio dele parecia que só conseguiu piorar tudo que estava acontecendo em minha mente.

— Por que eu estou aqui? E por que estou vendo isso? Eu não quero mais. -falei pro meu pai que já estava andando mais parou e mesmo sem se virar pra mim, respondeu.

— É o que você quer?

Eu podia ter respondido de imediato que era exatamente o que eu queria, silêncio em minha mente e ficar longe de tudo e de todos que tinham poderes ou queriam poderes e seres poderosos e isso incluía até mesmo ficar longe dos meus poderes; da Mary, dos Winchester e infelizmente mesmo depois de anos procurando, ficar longe da minha mãe.

 

Andamos por mais tempo do que as outras vezes e ainda estávamos em silêncio como se falar não fosse importante pra gente, e somente fazendo isso me dei conta de que ele sempre havia sido assim desde que consigo me lembrar, o seu silêncio era a única coisa fácil de conseguir quando eu era criança. E esse silêncio dele era algo que eu não sentia falta depois que ele morreu, mas estar vendo ele novamente e ainda sim continuar como se nada mudasse fez com que as minhas lágrimas ainda silenciosas só aumentasse.

Não me lembrava quando foi que vi a última porta vermelha, somente vagava na minha mente mesmo que eu não quisesse entender o porque que eu queria ver mais uma porta; aquelas portas causavam dor mas não mais do que não saber o que iria acontecer depois.

— Por que você sempre está em silêncio? -perguntei não aguentando mais ficar apenas olhando as suas costas enquanto ele seguia caminhando na minha frente.

— Porque você quer eu diga algo? Sua mente já não está uma bagunça o suficiente sem ajuda? -ele respondeu ainda seguindo e parando no que parecia ser a ponta de um abismo.

Tudo que estava abaixo dele era escuro, fazendo o contraste ideal e assustador com todo o resto que é claro como as pessoas imaginam ser o céu e o lugar escuro era o inferno ou talvez o purgatório; mas para mim naquele momento parecia exatamente como devia ser o meu céu, vazio e silencioso.

“Eu gostaria de estar aqui quando ela acordar, mas não vou conseguir e espero que ela realmente entenda isso.” -a voz saiu de dentro do abismo e mesmo com o eco e tendo escutado tão pouco, eu nunca seria capaz de esquecer ela, era a voz da minha mãe.

“Eu faço um esforço para tentar convencer ela por você.” -a voz que veio depois já era a do Sam e ele parecia estar sorrindo o que mesmo com lágrimas no rosto me fez sorrir, por saber que eles estavam se dando bem por querer o meu bem.

E por mais que fosse bom saber sobre como estava tudo indo bem ainda me assustava não estar lá e ser esquecida; porque mesmo que o meu plano não fosse mais voltar a estar no meio deles eu ainda era egoísta o suficiente para querer que eles não me esquecessem.

— Você ainda quer que eu diga algo? Porque o que eu tenho a dizer provavelmente não vai te fazer se sentir bem. -meu pai falou ao meu lado com a sua voz de quem sabia a resposta para todos os problemas do universo.

— Me diga de uma vez, não fique aí parado me olhando sofrendo como já fez tantas vezes. -falei sem pensar, algo que já estava dentro de mim a mais tempo do que deveria.

— Você está com medo, então prefere se esconder aqui em vez de lutar, e esse seu comportamento me desaponta e tenho certeza que faz a sua mãe ter os mesmos pensamentos; eu não criei minha filha para ser assim, então espero que um dia eu possa ver a mulher que eu realmente criei. -ele falou me olhando sério como se não se importasse se aquelas palavras iriam ferir meu coração ou não.

— Eu não tenho medo de nada. -falei deixando de olhar pra ele e passei a encarar a imensidão negra que tinha a nossa frente.

— Não minta que fica ainda pior para você Nuria. -ele gritou comigo como se somente falar não fosse mais suficiente.

O grito que meu próprio pai me deu, foi como me trazer de volta à minha realidade o que fez com que eu também gritasse e cada vez que eu me esforçava mais, mais lágrimas caiam e mais alto saia o meu grito; então como se tudo à minha volta estivesse começando a desaparecer e no fundo de toda aquela destruição a voz do Sam cantando uma música que eu já conhecia em uma voz parecida mas me lembrava até aquele momento. O chão aos meus sumiu, me fazendo cair na imensidão que era toda aquela escuridão, até que sinto meu corpo bater com força contra o chão, causando uma grande dor mas no momento em que abri meus olhos que só percebi que tinha fechado naquele momento não me vejo mais no escuro, e sim no que parecia ser o hospital.

 

P.O.V TERCEIRA PESSOA

Nuria olhou em volta sem ao menos conseguir mexer o seu corpo que parecia estar pesando bem mais do que deveria ser normal, ela reparou na quantidade de pessoas vestidas de branco e algumas de azul que estavam à sua volta dentro do quarto e tudo aquilo estava te dando um momento de desespero; porém no momento em que a morena olhou para a porta vendo tanto o Winchester loiro quanto o moreno, o seu desespero sumiu por saber que podia confiar que tinha pessoas que se preocupavam com ela ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

roupa da Nuria no sonho: https://www.polyvore.com/cap14/set?id=205639268

Espero que tenham gostado, e até o próximo daqui 15 dias ♥



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