Mercy escrita por Jupiter


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Ola meu amores, esse capítulo ta bem grande e é de maneira especial um dos que mais me deu trabalho e que valeu a pena... Espero que gostem ♥



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Você foi a mentira que eu mais acreditei.

— Cartas dos Derrotados.

 

16 de fevereiro

Evanston, Illinois

 

Não era cedo quando Nuria despertou sentindo fortes dores de cabeça e um aperto em seus pulmões, como se alguém estivesse tirando seu ar para que ela acordasse ou tentasse matar ela; se sentou rápido na cama ainda sentindo seu corpo pesado e dolorido tentando ter certeza de que tudo que tinha passado na noite anterior era um sonho. Mas ao olhar para a sua volta vendo que ainda estava de botas e deitada em uma cama que não reconhecia e mais a frente Dean e Sam andavam de um lado para o outro.

Ela direcionou o seu olhar para a mesa que estava à frente dos dois vendo um balde que mesmo parecendo estar repleto de gelo ainda expelia fumaça como se algo muito quente estivesse lá dentro tentando se manter em equilíbrio. Nuria tentou se levantar da cama mas no momento que colocou os pés para fora da cama se curvou vomitando em um balde que estava ao lado da sua cama.

Assim que ela se ergueu novamente se sentando na cama viu o irmão mais velho correndo para fora do quarto enquanto que Sam vinha até ela ajudando a mesma ir até o banheiro, colocou ela sentada em cima da privada enquanto enchia a pequena banheira que tinha ali, de água quente.

— Você está bem? Dean passou a noite toda ao seu lado, ele estava bem preocupado na verdade nós dois estávamos. -O moreno perguntou se ajoelhando em frente dela e ajudando a mesma a tirar os sapatos e a prender o cabelo no alto da cabeça.

— O que aconteceu? -a morena perguntou sentindo mais um enjoo, que fez com que ela se abaixasse e acabou vomitando no lixo e mesmo ela achando que não era necessário o Sam ver aquilo, ele se manteve do seu lado.

Quando a banheira terminou de encher Samuel saiu do banheiro deixando a porta somente encostada e a morena nem se importou em fechar ela, na sua mente a prioridade era tirar aquele cheiro de lugar antigo e água salgada. Assim que sentou na banheiro foi como se tivesse dando algo que seu corpo precisava, mas mesmo o seu físico melhorando ainda sentia aquele enjoo que parecia não querer ir embora.

Nuria só conseguiu sair da banheira quando a água já não estava mais quente ela saiu da banheira se enrolando em uma toalha que estava ali, mas assim que abriu a porta do banheiro veio mais um enjoo fazendo ela voltar correndo e vomitando mais uma vez, quando terminou sentiu o seu corpo esquentando de novo e uma tontura forte e se não fosse pelo Sam que entrou no banheiro quando escutou barulhos estranhos, ela teria caído. A morena foi levada até o quarto e assim que chegou lá suas coisas estavam em cima de uma cama de casal, a mesma cama que ela tinha acordado.

Dean e Sam saíram do quarto ficando parados em frente a prova, deixando ela sozinha apenas o tempo suficiente para vestir uma roupa mesmo que ainda continuasse sem sapatos mas já estava um pouco melhor por ter se livrado da toalha molhada; a morena abriu a porta vendo Dean e Sam entrando e indo até aquele balde que estava saindo fumaça.

— Não importa o que é, eu tenho certeza que não deveria estar assim. -Nuria falou se aproximando deles e vendo que dentro do balde estava a pedra que eles haviam tirado do buraco com muito gelo.

— Desde que tiramos a pedra daquele lugar ela vem esquentando, e o único jeito dela não colocar fogo em alguma coisa é deixando no gelo. -Sam falou e pegou outro balde e dando um sorriso irônico saiu atrás de mais gelo.

A cada passo que a Nuria dava para mais perto da pedra sentia o seu corpo esquentando cada vez mais e mesmo que quisesse ficar longe da pedra parecia que ela chamava o nome da morena, como se elas somente fossem dar certo quando estivessem juntas.

— Você passou a noite toda ruim e Sam falou que não estava bem enquanto tomava banho, e eu sei que agora também não está então me diga o que fazer. -o loiro falou se aproximando dela com cuidado e rodeando a mesma com os seus braços fortes e mesmo que as coisas entre eles não estavam as melhores estar perto dele sempre fazia bem para a morena.

Mas aquilo foi diferente do que os dois esperavam e queriam, assim que a Nuria se aproximou mais dele algo fez com que ela fosse jogada na parede e mais uma voz vomitando, mas diferente das outras vezes a morena se viu colocando pra fora água do mar; era como se o feitiço que fez com que ela abrisse as portas agora estivesse tentando matar ela.

Dean correu até ela levantando a mesma e no mesmo momento Sam voltou para o quarto tirando a água quente que estava no balde e jogando mais gelo na pedra que ainda sim continuava quente e a cada momento mais.

— Eu espero que vocês tenham uma ideia de o que possamos fazer com essa pedra porque o gelo que o motel deixa no corredor não vai durar muito tempo, e pelo que parece a Nuria também não está nas melhores situações. -Sam falou sentando na ponta da cama ao lado do irmão vendo que a morena estava mais uma vez vomitando no balde que estava ao lado da cama em que se encontrava sentada.

 

Cada pessoa dentro daquele quarto estava com o pensamento tomado por um problema que tinha que ser resolvido mas que acreditava não ter solução ou que por pouco não estava pronto para desistir; Sam pensava a todo momento o que fazer com a pedra, Dean se concentrava no que era melhor para a sua protegida e no que talvez fosse necessário para ela ficar bem, enquanto que a Nuria somente pensava no que estava acontecendo com o seu corpo e o porque não conseguia parar de pensar na pedra.

Aquela mesma pedra que ela tinha a impressão de que queria matar ela, como confiar que o que sua mente estava querendo era o melhor? Não tinha como ela ter certeza de que não ia morrer hoje, ou de que não iria morrer amanhã com um efeito colateral de um feitiço que por escolha dela, somente ela conhecia. Por outro lado Nuria ainda se sentia culpada pelas mortes que tinha causado dias atrás por causa do Castiel, e no fundo ela sabia que a morte podia ser uma boa aliada.

 

Já era tarde, o sol estava quase se pondo quando Nuria nem ao menos conseguia se levantar da cama e as vezes que tentava sem a ajuda de um dos Winchester acabava caindo e mesmo que não quisesse assumir ela estava começando a entrar em desespero por não saber mais o que fazer.

Todas as vezes que a morena expelia aquilo que todos acreditavam que era água do mar as suas costelas que a dias doíam vibrava e pareciam que a cada momento que a água saia elas se partiam em milhões de pedaços e depois voltavam dolorosamente de volta aos seus lugares. Nuria tentava impedir que alguém visse mas já estava começando a ficar difícil esconder a dor que estava sentindo e as marcas roxas escuras que estavam se formando em sua barriga, ela sabia que não era normal mas também sabia que não podia parar agora para cuidar de si mesmo, reconhecia que tinha obrigações.

— Quanto tempo ela ainda vai durar? -Sam perguntou baixo apenas para o loiro ouvir mas algo  estava mais uma vez acontecendo com a Nuria.

Era como se a Nuria não estivesse mais somente no controle do seu corpo, era como se ela pudesse se espalhar pelo quarto, como se cada átomo do seu corpo se soltasse e se mantivesse aberta para receber o que fosse preciso mas cada vez que cada um desses átomos se aproximava da pedra eles vibravam e o sangue que corria em suas veias fervia.

 

No céu, Amara andava nervosamente de um lado para o outro do grande corredor tentando mais uma vez descobrir o que estava acontecendo em sua mente e o porque se sentia estranha por não estar sabendo o que acontecia na terra, especificamente em Evanston onde a Nuria estava atrás de algo que ela sentia que não iria trazer uma coisa boa para ela.

Aquela não era a melhor situação que os anjos que andavam por aqueles corredores já tinham visto a Escuridão, ela estava mãos humana e deixava isso transparecer em cada vez que era olhada nos olhos e por mais que não conversasse com outras pessoas era visível, ela estava começando a ficar transparente.

Mesmo que Amara estivesse naquele momento sorrindo ela estava bem preocupada, esperava que a todo momento que Dean chamasse por ela para que ela pudesse ver sua filha mas ao mesmo tempo também não desejava porque significava que ela estava em perigo.

— Eu só quero uma informação. -ela falou sozinha desistindo de andar pelos corredores e seguiu até o seu quarto onde encontrava tudo silencioso como sempre, os seus armários ainda estavam abertos e uma montanha de vestidos estava jogada em cima da sua cama mesmo que na realidade ela tivesse escolhido um dos mais simples e não estava com aquela aparência típica de Escuridão, parecia apenas uma pessoa normal.

Chuck estava mais uma vez nas longas reuniões com o anjo Castiel e por mais que todos ali parecessem confiar cegamente nele, Amara via além, como se seu instinto materno falasse que era sempre melhor se manter atenta a alguém que dizia ser tão bom.

Na sala de reunião, Deus estava sentado na ponta da mesa escutando atentamento tudo que Castiel dizia sobre a última missão que teve na terra até mesmo o modo como usou a Nuria para conseguir tirar Matiel daquele lugar que era somente a fachada de uma fazenda enquanto que somente quem ia parar lá dentro sabia da pior maneira que estava em uma prisão para anjos.

Matiel era um anjo importante, pertencia ao mesmo esquadrão que Castiel um dia pertencera antes de ir contra tudo que passou a acontecer ali; eles lutaram por anos lado a lado defendendo aquilo que para eles era o correto, aquilo que Deus havia dito que era o certo, proteger os humanos da maldade do mundo sobrenatural.

— Como ela entrou na casa principal? Todos que foram lá falaram que nem conseguiram passar do portão? -Chuck falou se levantando da sua cadeira e seguindo o corredor que ligava a sala de reunião com uma sala secreto onde ficava os prisioneiros de determinadas missões.

— Eu não sei Senhor, ela apenas entrou e não teve dificuldade de derrubar os guardas somente com armas de fogo acredito que nem ao menos usou os poderes dela. -Castiel falou seguindo o seu líder até o final do corredor.

— A casa estava trancada com um feitiço não tinha como ela tendo poderes entrar lá e depois conseguir sair, o feitiço impedia as pessoas de fazerem isso, COMO ELA SAIU DAQUELE FEITIÇO? -Chuck se descontrolou tentando entender da onde uma garota como a Nuria conseguia tirar tanto poder sem canalizar de alguma coisa, por mais que ele soubesse que a sua irmã tinha algo com ela.

— Ela somente faz Senhor, ela está bem em um momento e no outro os olhos ficam como tempestades e ela parece nem ter mais controle sobre o corpo, eu vi com os meus próprios quando ela começou a flutuar dentro de um pentagrama construído por magia. -Castiel falou se encolhendo longe da grade ao ver o olhar que Deus mandava para Matiel que parecia não se importar com ninguém que estava do lado de fora.

— “É um dia de vitória para o céu” falaram, mas eu vi com os meus próprios olhos alguém que realmente vale a pena seguir, ela chega perto de você e você nem ao menos se importa com a presença dela mas quando ela mostra quem realmente é, fica inevitável você não se curvar; então digo desde já, se quer saber algo sobre Caladriel vão ter que trazer ela, eu só converso com a minha Senhora.

 

Nuria não era mais aquela pessoa poderosa que Matiel tinha conhecido e havia libertado ele, ela era agora aquela pessoa que não conseguia se levantar da cama sem a ajuda de alguém mas a sua temperatura estava tão alta que o simples toque de outra pessoa na sua pele era como tocar em um ferro quente, e na última hora estava começando a ver o que não existia.

As alucinações eram quase sempre sobre a mesma pessoa e por mais que a morena soubesse que não era verdade o que via, a cada minuto ela se sentia ainda mais envolvida pelas imagens e menos pelo que acontecia ao seu redor; o que Dean e Sam estavam fazendo para prolongar a companhia da Nuria era o melhor que eles podiam fazer contando que ainda cuidavam de uma pedra que parecia querer explodir.

— Eu não sei mais o que fazer Sam. -Dean falou jogando mais um balde de gela na pedra enquanto que Sam colocava gelos em uma toalha e colocava na testa da Nuria.

— Talvez não reste mais o que fazer, talvez não tenha mais o porque continuar com o sofrimento dela. -Sam falou e Dean entendia o que ele estava querendo dizer mas no mesmo momento em que pensou ser melhor para ela se lembrou do que alguém havia pedido pra ele.

 

Flashback on

— Ela se chama Nuria? -Escuridão perguntou sentindo seu coração batendo mais rápido dentro do seu peito e seus olhos querendo demonstrar o quanto era importante.

— É um lindo nome né? -Dean falou estranhando a reação da Amara ter mudado tanto, e logo procurando olhar em seu celular o horário vendo que já estava a um tempo ali fora com ela.

— Significa sempre pura, inocente. -ela falou baixo virando de costas mas logo se virou novamente para o loiro encarando ele direto nos profundos olhos verdes. - Eu preciso que você cuide dela Dean, e me prometa que se qualquer coisa acontecer e você não conseguir controlar vai me chamar no mesmo momento.

Flashback off

 

Quando havia acontecido na noite anterior Dean não tinha entendido o porque Amara estava se preocupando com outro ser que não fosse ela, mas ela já não parecia mais a mesma pessoa somente por ela ter perguntado sobre a Nuria o loiro viu que já tinha algo de diferente nela mas apenas agora que ele se viu analisando isso. Ele tinha prometido que se acontecesse alguma coisa iria chamar ela, mas somente agora quando já estavam prontos para desistir de tentar algo que se lembrou do que havia falado para a morena mais velha.

— Não está tudo bem papai, eu sinto saudades da mamãe. -Nuria sussurrou baixo com a voz de quem estava sofrendo enquanto estendia a mão para o nada.

— Vai ficar tudo bem Nuria. -Dean falou se aproximando da cama e com cuidado colocando a mão dela de volta para a cama e mesmo com a mão dela estando tão quente ele não se importou em segurar ela.

Aquela não era a primeira vez que os garotos Winchester escutavam as alucinações da morena e em todas ela sempre dizia algo sobre a mãe ou como sentia a saudade dela quando era mais nova, e mesmo que Dean soubesse como era sentir falta da mãe somente Sam conseguia entender o quanto era difícil não ter nenhuma lembrança boa dela.

E ver que naquele momento em que ela estava em seu pior momento estava pensando na pessoa que deveria ser a mais importante da sua vida, mas que ela nem ao menos sabia como era o rosto dessa pessoa e observar aquilo fez com que o moreno se sentisse cada vez mais ligado a ela.

Nuria sentiu seu sangue começando a ferver em sua corrente sanguínea e sua temperatura estava tão alta que ela mesmo estava começando a não conseguir encostar em seu próprio corpo, e se viu pensando quando aquele sofrimento iria acabar porque mesmo que amasse as pessoas que estavam ali a sua volta, não estava conseguindo mais ficar ali sofrendo.

Sam já cansado de ficar indo atras de gelo resolveu que a melhor coisa era colocar a pedra na banheira na água gelada, e enquanto a pedra se mantinha no máximo de controle, o moreno lia diversos livros ao mesmo tempo tentando achar como ajudar a morena.

— Eu tenho que fazer uma coisa, não vou demorar. -Dean falou trocando de lugar com o irmão que se sentou na ponta da cama em que a Nuria estava e saiu do quarto encostando a porta.

Depois de tudo que aconteceu com a volta da Escuridão e no final ela ir para o céu com Deus, o Winchester mais velho nunca mais chamou ela, todas as vezes que eles se encontravam era porque a mesma tinha ido atrás dele.

— Eu não sei mais o que fazer, então chegou aquele momento em que eu sei que preciso de você e por mais que não goste de admitir eu não sei se vou conseguir cuidar dela, então por favor me ajuda. -Dean falou pensando na Amara e torcendo para que ela estivesse ouvindo a sua oração.

Amara parada no meio do seu quarto sentiu o seu coração apertar quando escutou em sua mente a voz do Dean em sua mente, e quando percebeu na voz do loiro que o que estava acontecendo com a sua filha era ainda mais grave do que ela imaginava seu coração parou por um segundo.

E quando Dean se deu conta que a morena já estava parada em sua frente e não demonstrava mais ser a grande Escuridão que jurou acabar com o mundo, ela estava agora assumindo outra posse, outro lado dela que ele nunca tinha visto. Não foi preciso que o loiro mostrasse onde era o quarto, Amara sentia dentro dela que estava próxima a sua filha e no momento em que entrou no quarto sentiu a presença de um grande poder enquanto sentiu falta do grande poder da garota que estava deitada.

— O que aconteceu com você Nuria? -Amara perguntou se ajoelhando ao lado da cama na altura do rosto da morena e segurou firme em sua mão mesmo queimando a sua.

— Eu queria a mamãe aqui comigo, dói tanto. -Nuria sussurrou apertando a mão da irmã de Deus enquanto tinha mais uma de suas alucinações.

— Agora eu estou aqui com você, não vai mais doer. -Amara falou baixinho e mesmo não querendo soltou a mão de sua filha, foi até o banheiro vendo a pedra que estava na banheira fazia a água ferver nas mesmas proporções que o sangue da morena e ao ver aquilo ela começou a compreender o que estava acontecendo.

Ela já havia escutado histórias sobre pessoas que corriam o mundo e muitas vezes morriam atrás de uma lenda no mundo sobrenatural, que dizia que aquele que portasse o cajado poderoso iria ser uma grande pessoa que governaria o mundo. Ela não tinha a certeza de que o cajado passava de uma lenda mas ao ver que a sua própria filha estava sendo influenciada para ter todo aquele poder para ela, o seu coração começava a se apertar em seu peito.

— Você pode ajudar ela? -Dean falou vendo que ela já havia retornado do banheiro e estava parada olhando para a morena na cama.

— Sim, mas vou sozinha com ela. -Escuridão falou começando a levantar a morena sem ao menos encostar nela, fez o mesmo com a pedra e então sumiu deixando um loiro arrependido e preocupado para trás.

 

Aquele lago para onde Amara levou a Nuria que naquele momento nem ao menos tinha força para ter alucinações, era como uma lagoa que a água azul bem cristalina e ao fundo uma cachoeira que de certa forma deixava tudo de forma que trazia paz; porém o que mais atraía a mais velha para aquele lugar era como ele era naturalmente mágico.

Com cuidado Amara começou a colocar a morena dentro da água vendo que a mesma se debatia como se algo ali não fosse o que ela queria, e somente quando ela estava com água até o pescoço Escuridão se aproximou dela soltando a pedra que também estava levitando sobre ela, de forma que ficasse em seu peito.

— Eu sei que nosso primeiro encontro não foi o melhor, mas estou disposta a pedir desculpas. -Amara sussurrou no ouvido da morena tentando convencer que ela desse permissão para entrar em sua mente.

Mas enquanto isso não acontecia o choque pela Nuria não quer a pedra mas ainda sim ela estar em contato com seu corpo fazia com que tudo a sua volta fosse se transformando, a água que antes era calma agora tinha ondas, o céu que era azul agora estava coberto de nuvens de tempestade. Era como no dia em que as duas se encontraram e todo os sentimentos que as duas guardaram por tanto tempo foi jogado na terra, castigando aqueles que nem ao menos sabiam da existência delas.

— Tudo bem você não me perdoar, só me deixe te ajudar. -a irmã de Deus nunca entrou em desespero, nem mesmo quando Dean estava para explodir ela com as almas, mas naquele momento ela se viu pela primeira vez entrando.

Com cuidado Amara colocou suas mãos aos lados da cabeça da Nuria e encostou a sua testa na testa de sua filha e como se aquele simples toque fosse o suficiente para acalmar a morena e deixar que a morena mais velha entrasse em sua mente.

Era uma estrada na floresta e de um lado havia um lindo sol que transmitia paz enquanto que do outro era escuros e previa uma tempestade, todo aquele caminho era o que a Nuria estava passando em sua mente, ela estava confusa e não sabia mais o que fazer. Amara seguiu a trilha com rapidez tentando se concentrar somente em seguir o caminho e não em tudo que acontecia na lateral do caminho, ela seguia o que o seu coração dizia mas tinha medo de chegar tarde demais e não conseguir ajudar.

Quando a morena achou que não tinha mais para onde ir encontrou a pedra do cajado jogada no chão e um pouco mais a frente viu sua filha sentada de frente para o que parecia ser um apartamento pegando fogo de forma que ele sempre continuava igual não importando o fogo estando mais forte ou mais fraco. Ela não estava mais com a mesma roupa da última vez que Amara tinha visto, agora era um vestido longo e vermelho como sangue e mesmo ainda de costa era certeza de que estava tão linda quanto a morte.

— Não achei que você fosse me encontrar aqui, eu só queria ficar sozinha. -Nuria falou com a voz baixa  apenas olhando o apartamento pegar fogo, nem ao menos se deu ao trabalho de de olhar para trás.

— Você precisa pegar a pedra e voltar, estamos preocupados com você. -Amara falou e no mesmo momento a morena se levou ainda sem se importar em olhar para a outra morena e foi mais para perto do fogo sendo seguida.

— Eu já falei que eu quero ficar sozinha, e você não se preocupa com ninguém que não seja você. -Nuria falou começando a perder aquela paz que ela estava tentando se manter.

— Eu me preocupo com você. -Escuridão falou baixo e verdadeiro, mas não era isso que a Nuria queria, ela precisava de muito mais.

— NÃO! EU ESTOU SOZINHA! EU NÃO TENHO MAIS NINGUÉM! VOCÊ NÃO SE IMPORTA COMIGO! -a morena gritou se descontrolando de forma que era possível ver isso a volta das duas quando o céu ficou todo preto e o fogo se intensificou, aquela era a forma dela mostrar o quanto não estava feliz.

Nuria gritava para o vento em meio a soluços e lágrimas tentando mais uma vez tirar aquele sentimento que estava consumindo ela de dentro para fora, ela sentia a necessidade de tentar tirar tudo o que estava sentindo de dentro se si, não importando se o tempo que ficava ali podia matar o seu corpo ou diminuir a sua chance de voltar para onde os Winchester estavam à sua espera. Ela ainda se mantinha concentrada somente em acabar com a sua dor, mesmo que no fundo soubesse que era importante para algumas pessoas ela não queria pensar nisso, porque mesmo agora que possivelmente estava começando a conseguir tudo que durante anos sempre quis, ainda não estava pronta para encarar a sua vida e seguir em frente.

E quando a morena mais nova estava pronta para avançar em direção ao fogo em seu momento de desespero tentando ficar mais uma vez sozinha, quando Amara se aproximou dela abraçando a mesma por trás sentiu que a Nuria passou a chorar ainda mais forte e que parecia estar se engasgando com os soluços.
— Eu me preocupo com você e estou aqui agora, você não está sozinha. -Escuridão falou baixo mantendo os braços firmes em volta da cintura da morena vendo que aos poucos elas começaram a ir de encontro com o chão, se ajoelhando ainda naquela posição.
— Eu sempre estive sozinha. -Nuria falou baixo ainda com a voz de choro mais aos poucos começou quase que involuntariamente a fechar seus braços em cima dos de sua mãe, quase como um abraço.
— Eu estou aqui agora, e você nunca mais vai estar sozinha.
E era somente isso que ela precisava ouvir, não importava o quanto tempo Amara tinha ficado longe ou o fato de que apenas a poucos dias ela soube que sua mãe estava viva, somente por ter uma mãe que dizia nunca mais ia te deixar sozinha era exatamente o que ela queria ouvir para o resto de sua vida e nada importava.
O céu voltou a ficar azul e o fogo aos poucos foi se apagando restando apenas aquele apartamento que Nuria conhecia bem mas queria esquecer; Amara soltou aos poucos sua filha e se levantou pegando a mão da mesma e seguiram até onde estava a pedra do cajado que ainda permanecia onde a morena havia deixado.
— Você só precisa pegar a pedra. -Amara falou ainda segurando a mão de sua filha que suava frio com o nervosismo por estar perto da pedra mas que logo puxou a sua mão.
Ela se sentia segura perto da Escuridão e não queria nunca mais ficar longe, mas o seu senso ainda dizia para se manter atenta e nunca confiar por completo.
— Eu não posso, ela quer me matar, não vou encostar nela. -Nuria falou decidida a fazer o que achava que era melhor, mesmo que ainda sentisse a vontade de tocar nela.
— Nuria, você é a pessoa especial que precisa se conectar com a pedra, mas nenhuma pessoa tem a capacidade de fazer isso. -Amara falou baixinho tentando apenas confortar a morena para que ela apenas fizesse quando sentisse necessidade. - Eu sei o que é sentir medo, e entendo o porque está sentindo ele mas vai ficar tudo bem, eu sei que você está sentindo a vontade de tocar nela mesmo que cada vez que se aproxima dela sente que seu corpo vai derreter, que não tem mais controle da sua mente, que cada átomo do seu corpo vai flutuar.
— Como você sabe disso? -Nuria falou se aproximando mais da pedra sentindo seu corpo fazendo exatamente o que a outra descrevia.
— Porque é isso que se sente quando se é poderoso, tudo isso é normal e não tem como você fugir disso; está no seu sangue ter poder e todas as vezes que você sentir isso é porque seus poderes estão aumentando. Nuria, me escute, você precisa abraçar eles, eles não são monstros. -a irmã de Deus falou baixo vendo sua filha abaixar e se aproximando cada vez mais da pedra, e sentiu naquele momento orgulho das duas por terem conseguido juntas.
Nuria encostou na pedra e no mesmo momento retirou sua mão com medo ao sentir um choque mas assim que olhou para a Amara que assentiu com a cabeça como quem incentivava e somente assim a morena aproximou a mão novamente mas dessa vez pegou ela segurando firme, fechando os olhos e se viu pensando em como a sensação de estarem ligadas era boa. A morena se via realmente completa depois um bom tempo, e nada mais que acontecia à sua volta era importante realmente.
E ao sentir essa paz Nuria soube que não precisava mais se esconder e então Escuridão teve a liberdade de tirar a sua filha daquele sonho, voltando para o lago que agora já estava calma como quando elas surgiram ali; mas então mesmo que não quisesse levou ela de volta para o motel em que Dean esperava nervoso por qualquer notícia de sua protegida. Quando o loiro olhou para a cama viu ela vazia mas ao olhar novamente viu a morena deitada ali e parecia estar em um sono de paz com a Amara em pé ao seu lado, ele se aproximou vendo que ela estava com outra roupa e cheirava a rosas enquanto que o seu cabelo estava molhado mas ainda sim cheiroso como sempre, ela tinha a expressão de de quem estava feliz e em paz o que fez com que ela estivesse em paz.
— O que você fez com ela? -Dean perguntou baixo para não acordar a morena enquanto se aproximava da Escuridão que olhava com admiração e carinho para aquela que estava deitada.
— Aquilo que você não conseguiu fazer,  eu protegi ela, você jurou que ia proteger a Nuria e não fez, como eu posso ter a certeza de que ela está segura do seu lado ou que essa caçada não vai matar ela? Hoje ela está bem mas como vai ser amanhã? -Amara falou baixo mas deixou bem claro o que realmente importava para ela agora, enquanto saia do quarto logo desaparecendo.
Dean entendeu que tudo havia mudado e que não importava mais a ligação que ele tinha a Escuridão por causa da marca de Caim ou o fato de que ele era uma boa ligação para mantê ela com pelo menos um pouco de humanidade, ela não era mais a mesma, foi preciso poucos dias mas dias o suficiente para que a única ligação que eles tivessem fosse a Nuria.
A mesma Nuria que segundo ela que estava certa, o loiro não estava conseguindo fazer aquilo que havia jurado; Dean tinha jurado perante aquela que mesmo ele não sabendo era a mãe dela, e não conseguiu cumprir sua palavra então iria carregar as palavras da morena consigo por um longo tempo.
Ele não podia mais somente pensar na proteção do Sammy ou na sua, agora eles eram três e os três tinham que voltar vivos para aquilo que era chamado de lar; e esse era a sua nova missão que precisava ser cumprida.


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Notas finais do capítulo

roupas da Nuria: https://www.polyvore.com/cap14/set?id=223336526
https://www.polyvore.com/cap14/set?id=205639268
https://www.polyvore.com/cap14_15/set?id=212766598

Espero que tenham gostado e que não me abandonem...



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