POV Annabeth:

Os raios de sol que adentravam a janela foram me acordando de leve. Abri os olhos e me deparei com um Percy adormecido. Ele estava apoiado sobre o próprio braço. Me inclinei sobre ele e fiquei acariciando seus cabelos negros.

De repente, um sorriso se formou em seus lábios e suas mãos passaram a envolver a minha cintura.

— Bom dia, preguiçoso.

— Bom dia. - seus olhos tinham um ar sonolento que o deixavam irresistível.

— Você quer dormir mais, acertei?

— Você me conhece tão bem... - Percy fechou os olhos novamente.

Saí da cama e voltei para o meu quarto. Ao chegar no banheiro, escovei os dentes e entrei no chuveiro.

Terminado o banho, me sequei e coloquei minhas roupas íntimas. Mas para o meu pânico total, avistei um bicho preto e peludo vindo em minha direção. Sem pensar duas vezes, saí correndo em direção ao quarto e comecei a gritar.

Depois de alguns segundos, Percy apareceu alarmado na porta.

— O quê está...?

Porém, na hora que seu olhar bateu em meu corpo, Percy arregalou os olhos e ficou paralisado quando viu que eu estava só de sutiã e calcinha. Mas o problema não foi só esse: era a minha pior roupa íntima, já que havia sido presente de Thalia. Então vocês já devem imaginar do que estou falando.

— Fecha os olhos! - gritei tentando me cobrir em vão.

Ele me obedeceu imediatamente, mas depois que os fechou, ficou com um sorriso divertido nos lábios.

— Você pode me explicar o que aconteceu? - ele perguntou calmamente, cruzando os braços.

— T-tem u-uma a-aranha no banheiro! - gaguejei e peguei o lençol da cama para me cobrir.

— Só isso? Achei que você fosse mais durona, Annabeth. - falou sorrindo.

— Não quando se trata de aranhas! Só resolve isso logo! Aproveita e pega a minha roupa que ficou lá.

— Posso abrir os olhos?

— Deixa de enrolar e vai logo. - falei rindo e lhe empurrei para dentro do banheiro.

Só ouvi um barulho de algo atingindo o chão e Percy rapidamente voltou para o quarto com as minhas coisas.

— Aqui está, madame. - ele disse tentando segurar o riso enquanto me entregava meus pertences.

Que situação... acho que nunca fiquei tão envergonhada na minha vida.

Assim que Percy saiu do quarto, coloquei um short jeans e uma blusa laranja. Em seguida, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo.

Como eu estava com fome, fui para a cozinha preparar o café da manhã. Embora já fosse 13h da tarde, decidi que iria fazer uma refeição bem farta. Preparei panquecas com morangos, depois coloquei em uma bandeja, juntamente com leite, geléia, mel e manteiga.

Voltei ao quarto de Percy e quando já estava no ponto de entrar, vi que a porta estava levemente entreaberta e que Percy conversava com alguém ao telefone.

Curiosa, encostei levemente na porta e ouvi o que ele dizia:

— E quando você acha melhor a gente sair? ... Mal posso esperar... Bem, eu não acho que a minha namorada vai gostar disso... É, eu sei que ela não precisa saber... Claro que eu quero me divertir... Ok, eu vou...

Afinal, com quem Percy estava falando? O que ele estava me escondendo? Eu não podia ficar lá sem fazer nada, eu tinha que descobrir!

— Percy, trouxe o café da manhã. - falei abrindo completamente a porta.

Mas para minha surpresa, na hora em que me viu, desligou imediatamente.

Mas por quê? Ele realmente estava decidido a esconder aquilo de mim?

— Percy, com quem você estava falando? - perguntei depositando a bandeja em cima da cama e cruzando os braços.

— Eu não acredito! - ele exclamou empolgado. - Minha mãe nunca fez isso! Mas, confesso que sempre quis que alguém trouxesse café na cama para mim. - ele falou se aproximando de mim e me segurou pela cintura.

— Hey, não muda de assunto! Quem era? - perguntei indicando o telefone.

— Ninguém importante, só estava falando com um... guia da cidade. - Percy sorriu e beijou o meu pescoço.

— Hum... espero que não esteja mentindo pra mim, Sr. Perseu. - falei arqueando a sobrancelha.

Sinceramente, essa conversa estava muito suspeita... E se ele estivesse falando com uma garota? E se ele estivesse me traindo? Percy já traiu Rachel... o quê me garantia que ele não estava fazendo o mesmo comigo?

Mas eu confiava tanto nele... tanto que eu fugi com ele! Percy não poderia fazer aquilo comigo...

Sorri cinicamente, e me afastei dele.

— Hey, não fica assim! - ele falou segurando meu braço, nos deixando frente a frente.

— Percy...

— Eu juro que estou falando a verdade. Quero construir uma relação séria com você, sabidinha. Você tem que acreditar em mim. - ele falou acariciando meu rosto.

— Somente se você prometer.

— Eu prometo que não irei mentir para você! - ele falou segurando minhas mãos.

— Tudo bem. Eu confio em você. Agora, que tal a gente comer logo? Vai esfriar. - disse apontando para a bandeja.

— Estou faminto! - ele declarou e nos sentamos na cama.

Algumas vezes eu dava morangos na sua boca e ele me dava panquecas. Tenho que admitir que me superei na cozinha, estava uma delícia.

Sabe, eu realmente estava adorando passar aqueles dias com Percy. Não tinha que acordar cedo, nem ficar ouvindo reclamações da minha mãe, além de poder fazer o que eu quisesse.

— E aí, o que vamos fazer agora? - ele perguntou se espreguiçando.

— Que tal darmos uma volta pelo local? Deve ter uma trilha por aqui. - falei olhando pela janela.

— É uma boa idéia. - Percy concordou. - E quando voltarmos, podemos nos refrescar no lago.

— Por mim tudo bem, deixa eu só pegar meu biquíni. - sorri.

— Cuidado com as aranhas. - alertou rindo.

— Sem graça. - fiz uma careta e saí do quarto.

Coloquei o biquíni por debaixo da roupa, e voltei para a cozinha. Lá, peguei uma bolsa e guardei alguns biscoitos, juntamente com duas garrafas de água.

Quando Percy já estava pronto, saímos de casa de mãos dadas e começamos a adentrar a "floresta".

O chão estava repleto por diversos galhos molhados, misturados a folhas, restos de frutas e outros componentes naturais. Ainda bem que eu estava usando tênis para a caminhada.

O tempo foi passando rapidamente, mas ainda assim, a fadiga se espalhou pelo meu corpo, então, tivemos que dar uma paradinha.

— Nossa! - falei ofegante enquanto encostava em uma pedra - Eu nunca fiquei tão cansada.

— Quê isso Annie, nem andamos um quilômetro! - ele falou bebendo um pouco de água.

— Não... aguento... mais. - falei me fazendo de donzela em perigo e cobrindo a testa com a mão. - Acho que vou desmaiar de exaustão! - exclamei caindo em seus braços.

Ele começou a rir de mim:

— Depois eu que sou exagerado. Vai, sobe aí nas minhas costas.

— Sério?

Ele assentiu.

— Obrigada! - gritei e dei beijinhos por todo o seu rosto, embora Percy estivesse um pouco suado.

— É para isso que servem os namorados!

Então, subi em suas costas e me apoiei nos seus ombros.

Percy continuou a caminhada, mas não sem antes brincar comigo dizendo que eu estava muito pesada.

Ele levou um tapa na cabeça.

Demorou somente alguns minutos para começarmos a ouvir um barulho de queda de água.

Será que era uma..?

— Cachoeira! - Percy gritou e me ajudou a descer de suas costas.

— Uau! - falei surpresa - É bem alta. Fazia tempo que eu não via uma de perto.

— O que você acha da gente subir? - ele propôs.

— Ainda tenho as minhas dúvidas. - sussurei.

— Vamos, vai ser muito divertido! - ele disse e nem esperou minha resposta, saiu correndo pela trilha da cachoeira.

— Espera! - gritei e saí correndo atrás dele.

Com MUITA dificuldade subi aquela elevação, porque as pedras que levavam ao topo eram bem escorregadias.

Mas, quando cheguei lá em cima, confesso que adorei a sensação.

O vento agitava meus cabelos e eu sentia que era possível ver o mundo todo dali de cima. Era tão...

Fui interrompida dos meus pensamentos quando avistei Percy tirando sua blusa e ficando somente com uma bermuda de banho.

— O que você está fazendo? - perguntei cruzando os braços.

— Ué, eu vou pular! Pra quê banhar no lago, se temos uma cachoeira bem aqui?

Pela minha expressão, Percy viu que eu ainda estava insegura em relação à aquela decisão.

Aquilo era muito alto.

Imediatamente senti um frio na barriga.

— Qual é, vai perder essa oportunidade? Ou você está com medo da altura? - ele perguntou com um sorriso de lado.

— Eu estou insegura, só isso. Mas irei pular. - afirmei e comecei a tirar as minhas roupas. - Agora, tenta parar de me secar. - disse rindo.

— Vai ser muito difícil. - Percy sussurou.

— Ok, e agora? - perguntei assim que terminei de guardar as minhas coisas dentro da minha bolsa.

— Ali! Tem um cipó!

— Você tá falando sério? - perguntei com as mãos na cintura.

— Claro que tô. Deixa eu ver se está firme. - então ele começou a puxar e conferir - É, está perfeito.

— Percy, eu não sei se consigo fazer isso!

— Claro que consegue.

— Você pode ir primeiro?

— Claro. Mas estarei te esperando lá embaixo.

Então, sem exitar o cabeça de alga se segurou no cipó e quando deu o momento certo, pulou e caiu na cachoeira.

Que coragem.

— Vem Annie, a água está ótima! - ele gritou lá de baixo.

Meus deuses! O que eu estou fazendo? Por favor não me façam me estabacar, não me façam me estabacar...

Peguei o cipó e o segurei com todas as forças que tinha. Rezei mais um pouco e me preparei.

Tá, é agora ou nunca...

Um silêncio interior se estabeleceu. A única coisa que eu ouvia era o som da água caindo lá embaixo. Finalmente pulei, e com a queda, veio o mais alto dos gritos. Quando voltei a superfície, estava rindo muito e ouvi a voz de Percy:

— Eu disse que você ia conseguir! - ele sorriu e nadou até mim.

— Além de fugir, essa foi a coisa mais doida que eu já fiz na minha vida! - exclamei animada.

— É, eu percebi! - Percy continuou a sorrir, tão feliz quanto eu.

— Percy. - falei colocando meus braços ao redor do seu pescoço. - Obrigado, por sempre ficar do meu lado e não me fazer desistir.

— Como eu disse, eu sempre vou estar. - ele afirmou. - Até quando você não me quiser. - ele sussurou a última parte enquanto colocava meu cabelo atrás da orelha.

— Ah querido, isso é impossível. Eu sempre vou te querer. Sério, às vezes eu tenho que me controlar por te querer tanto!

Nós dois começamos a rir e quando o riso se foi, o silêncio permaneceu. Mas este logo foi interrompido quando nos beijamos.

Esse beijo foi diferente dos outros. Era mais urgente. Nossos lábios estavam se movendo de repente um contra o outro, febrilmente, desesperadamente, como se não pudéssemos ter o suficiente.

Não pude evitar um gemido baixo quando sua língua mergulhou em minha boca. Meus dedos se prenderam nos seus cabelos desgrenhados quando ele começou a fazer gradualmente um caminho de minha boca para o meu pescoço, distribuindo beijos molhados ao longo dele.

— Percy... - susurrei ofegante.

Recuperando o fôlego, voltei a beijá-lo. As suas mãos passaram para a curva das minhas costas. Ele me levantou em seus braços enquanto eu trouxe as pernas para enroscar em torno dos seus quadris.

As coisas estavam realmente esquentando entre nós, e se não tivesse começado a chover, não sei o que teria acontecido.

Ainda rindo, saimos da água. Em seguida, fomos pegar nossas roupas, que agora estavam molhadas, então nem fizemos questão de colocá-las de volta. Corremos o mais rápido que conseguimos e em pouco tempo estavámos de volta a casa.

— Essa... foi... por pouco. - falei respirando com dificuldade.

— A gente devia fazer coisas assim mais vezes. - ele disse rindo.

— É melhor irmos tomar banho, não queremos arriscar um resfriado. - disse puxando-o para dentro. - Quando terminar, nos encontramos na sala.

Ele concordou e cada um foi para seu quarto.

Depois de tomar um banho e colocar uma roupa bem quentinha, fui na cozinha e preparei bebidas quentes. Com a chuva, a casa ficou mais fria.

Voltando a sala, encontrei-o perto da lareira.

— O lugar perfeito para tomar chocolate quente. - comentei sentando ao seu lado e lhe entreguei um.

— De fato. - ele falou brindando comigo.

Até o fim da noite, ficamos deitados ali perto, nos aquecendo.

Por fim, acabamos dormindo: eu nos seus braços e ele nos meus.