POV Annabeth:

— Ahhh! - comecei a gritar, joguei minha mochila no chão e sai correndo pela areia.

Percy deveria estar achando que eu era doida, mas eu não estava nem ai, o importante era viver aquele momento:

— Eu não acredito que acabei de fazer aquilo! - falei virando para ele - Eu não acredito que acabei de fugir da escola!

— Foi tão excitante! - exclamei dando pulinhos de alegria. - Eu nunca me senti tão viva, tão inspirada, tão...

— Gata - ele falou me puxando pela cintura, e me beijou.

— Nós nos impomos! - falei me separando do beijo.

Mas ele me puxou de novo.

— Mandamos eles pro inferno! - exclamei me separando mais uma vez.

— Sim, sim nós somos heróis - ele sorriu e me beijou de novo.

— Vamos entrar! - gritei saindo correndo em direção ao mar.

Ele abriu um sorriso maravilhoso:

— De jeito nenhum... - falou balançando a cabeça.

— Não era você que amava água? - perguntei com as mãos na cintura.

Mas nem esperei a resposta, tirei os sapatos e todas aquelas roupas desnecessárias, ficando só com a saia e com a blusa branca.

Eu fiquei pulando as ondas e sempre dava gritinhos quando a água espirrava no meu corpo. Estava tão legal ficar ali, acho que eu nunca sairia daquele paraíso.

Mas ai eu lembrei de uma coisa bem importante...

Sai correndo até onde Percy estava e me sentei na areia, desesperada:

— Eu acabei de ser suspensa! Minha mãe vai me matar! - falei tremendo de frio.

Ele me cobriu com seu blazer enquanto me analisava com um ar de preocupado.

[...]

Depois que me limpei, Percy me deixou em casa. Entrei pela sala e subi imediatamente até meu quarto. Tomei um banho refrescante, e fiquei preparando um discurso para quando meus pais chegassem.

Talvez essa seja a vez que eu mais vou me lascar...

Desci e foi naquele momento que meus pais entraram. Pela cara que fizeram, já sabiam de tudo:

— Você está encrencada, mocinha! - Atena exclamou com raiva.

— Eu precisava defender meus princípios!

— Não!

— Estavam brigando com um garoto!

— Garoto? Agora tem um?! - ela perguntou mais chateada ainda.

— Eu disse garoto? Eu quis dizer criança! Uma pobre criança!

— Humrum...

— Iam revistar a mochila dele! Alguém tinha que intervir, antes que fizessem uma revista corporal!

— Ah, mas você não tinha nada que se meter, Annabeth! Já pensou em como seu histórico escolar vai ficar? Você quebrou as regras! Lidará com as consequências! - ela falou apontando para mim.

—Eu sei. Estou suspensa amanhã... - falei cruzando os braços.

— Não essas consequências! Frederick, fale para a sua filha o que ela vai ter que fazer amanhã. Eu preciso de um banho agora! - ela exclamou toda estressada.

Quando sumiu de vista, meu pai começou a rir:

— Acho que nunca a vi tão chateada! Mas, tenho que concordar que dessa vez você exagerou, Annabeth. - ele declarou agora mais sério.

— Desculpa, pai, mas não era justo! Eu precisava ajudar o Percy!

— Eu sei filha, eu entendo sua situação. Mas você conhece sua mãe, ela não vai deixar você escapar sem uma punição. Então saiba que amanhã terá que pintar a sala.

— Sério?! A tarde toda?

— Praticamente. - ele disse dando um beijo na minha cabeça e depois começou a subir a escada.

— Ah, eu quase ia esquecendo: a tinta está lá na garagem! Se quiser começar agora... - ele gritou mas sua voz já estava distante.

— Não, valeu. - resmunguei me jogando no sofá - Prefiro aproveitar minha folga de hoje... Amanhã será um longo dia!

[...]

POV Percy:

Uau, hoje foi sem dúvidas um dos melhores dias da minha vida! Ainda não acredito que Annabeth se sacrificou por mim! Sério, eu amo essa garota.

Mas, voltando aos acontecimentos dessa tarde, talvez eu esteja um pouco encrencado. Meus pais brigaram de novo comigo, mas sei que estão de boa. Não é a primeira e nem a última vez que fui suspenso! Só espero que esteja tudo bem com Annie. Sei que a mãe dela é um pouco difícil...

Mas como já estava tarde, achei melhor deixar para vê-la no dia seguinte.

Depois que tomei um banho, me deitei na cama e lembrei de uma coisa que achei surpreendente hoje: Annabeth me contou que Rachel decidiu ajuda-la com a greve. Sinceramente, não esperava isso da ruiva, mas se ela ajudou a minha sabidinha tenho que ser grato a ela. E também acho que devo desculpas, talvez deva dar uma chance a Rachel, de sermos amigos, como Annie fez.

Quer saber eu vou fazer isso agora mesmo. Peguei meu celular e disquei seu número:

— Alô? - ela falou.

— Hey Rachel...

— Percy Jackson me ligando? O que está acontecendo? - ela perguntou rindo.

— Olha, eu fiquei sabendo que você ajudou a Annabeth e eu queria te agradecer por isso.

— Tudo bem, não foi nada...

— Espera tem mais uma coisa: eu... preciso pedir desculpas pelo que te fiz. Eu fui um idiota, não deveria ter te traído e nem te chamado do que chamei, eu sinto muito.

— Nossa, acho que ganhei meu dia! Você e sua namorada me pediram desculpas e minha popularidade está no auge na escola! Ok Percy, eu te perdoo, acho que hoje estou muito caridosa... - ela falou rindo de novo.

— É, e sinceramente, eu te prefiro assim! - falei admirado.

— Pois é, acho que eu também te devo desculpas, por tentar acabar com seu relacionamento...

— De boa, agora eu entendo o seu lado. - falei compreensivo.

— Ok, eu tenho que ir. - ela disse satisfeita.

— Até Rachel.

— Até Percy.

[...]

No outro dia de manhã resolvi ir ate a casa de Annabeth. Com certeza os pais dela já tinha saido, então ela deveria estar sozinha.

Assim que atravessei a rua, estranhei quando ouvi uma música alta ecoando pelas paredes.

Mas, ignorei momentaneamente e forçei a fechadura da porta dela. Por sorte, essa já estava aberta, então entrei dando três batidinhas de leves na porta.

Annabeth estava dançando e dando pequenos pulinhos enquanto cantarolava "Ink", de Coldplay, e por isso quando me viu ficou com uma expressão surpresa, mas logo sorriu.

Seus longos cabelos loiros estavam envoltos em uma bandana vermelha e ela estava com respingos de tinta por todo o rosto e roupas, já que no momento pintava a parede da sala:

— Você não pode entrar! Se minha mãe aparece aqui a cabeça dela iria explodir e eu teria que pintar tudo de novo!

— Ela está no trabalho, Annabeth. Como me veria? Câmeras escondidas? - perguntei sorrindo.

— Exatamente!

— Qual é. Te ajudarei a pintar. É o mínimo que posso fazer, afinal você foi suspensa por minha culpa! - falei pegando um pincel também.

— Tudo bem, se você insiste...

— Sabe, acho que essa parede precisa de uma nova decoração... - afirmei desenhando na parede "A♡P".

— Seu bobo. - ela se aproximou sorrindo e passou tinta branca por cima da minha obra de arte. - Eu não estou brincando, você sabe que eu não posso ficar a toa!

— Então não entendeu o motivo da suspensão mesmo: dia de folga, sem escola. É igual a férias! - exclamei enquanto abraçava-a por trás.

— Isso não são férias. Depois de pintar a sala, tenho que estudar para o teste de inglês de hoje. - Annie falava enquanto ainda pintava a parede na sua frente.

— Bem, se é suspensa no dia do teste a nota é zero. São as regras. - falei soltando-a e voltando a pintar.

— Um zero? Não. Terão que abrir uma exceção. - Annabeth afirmou certa de si.

— Não acho que abram. Não que já tenha tentado.

— Meus deuses! - ela arregalou os olhos - Meus deuses! Eu não posso levar um zero! Arruinará todas as minhas médias, sem falar da suspensão... Por que eu fui me meter em confusão?! Arruinei minha vida e meu futuro! Não entrarei no Instituto de Arquitetura da Califórnia do Sul, a melhor universidade de arquitetura do mundo! E não posso nem se quer ser uma pintora de casas, porque sou péssima! - ela deu um gritinho e sentou no sofá devastada.

— Não acha que está exagerando? - perguntei.

Quando ela me encarou tinha uma expressão abalada no rosto.

— É seu primeiro dia como pintora! Vai melhorar! - exclamei sorrindo.

— Percy! - ela gritou com raiva.

— Calma, estou brincando. Se esse teste é tão importante, então você irá até a escola e o fará!

— Mas como farei isso?

— Com a minha ajuda. - balancei a cabeça aprovando a ideia que acabara de ter.

[...]

Nos escondemos no estacionamento da escola. Annie estava com um capuz preto e óculos escuro e me seguia em estado de alerta.

Chegamos perto da van e ela sussurou:

— Não tenho certeza disto. E se alguém me reconhecer?

— Relaxa. Com esse capuz e óculos vão pensar que você é famosa. - dito isso encostei no carro e fiz um som de batidas com código morse.

Rapidamente um garoto magro e de cabelos cacheados veio abrir a porta:

— E ai, cara! - Leo me cumprimentou com um soco na minha mão.

— Oi Annabeth, como vai? - ele perguntou cumprimentando-a.

— Estou bem, Leo. Agora deixa de enrolar e deixa a gente entrar logo, antes que nos peguem!

— Ok, ok...

— Nós precisamos de um passe. - eu disse me sentando no banco.

— Hum... o salão sudoeste está limpo! - ele afirmou analisando os computadores que mostravam as imagens das câmaras da escola.

— Como você conseguiu ter acesso a essas filmagens? - Annabeth perguntou curiosa.

— Ah gata, eu tenho meus truques...

Naquele momento, começamos a rir e depois de agradecemos, saímos da van em direção a escola.

Entramos pela porta dos fundos indo pela ala sudoeste, eu ia na frente e Annabeth atrás. Como ela estava nervosa, segurei sua mão e a confortei:

— Vai dar tudo certo, sabidinha.

Nos encostamos na parede e verificamos juntos o corredor que estava vazio. Andamos mais um pouco, mas para nossa sorte, a pessoa que menos queríamos que aparecesse surgiu no corredor: o Sr.D. Ele levava dois alunos pelo braço e reclamava com eles.

Annabeth começou a se tremer e escondeu a cabeça no capuz. Me virei imediatamente para encara-la, eu estava em estado alerta então fui empurrando-a para trás, tentando ser discreto. De fininho conseguimos chegar na frente do armário do zelador e entramos no cômodo de costas o mais rápido que conseguimos.

— Ai! - ouvi alguém gritar.

Quando consegui identificar a dona da voz me deparei com Thalia e Nico que também estavam dentro da sala do zelador.

Annabeth fez um 'o' perfeito com a boca:

— Thalia?!

— Annabeth?!

— Percy.

— Nico. - falei acenando com a cabeça.

— Thalia você está matando aula para namorar? - Annie abaixou o capuz e perguntou perplexa.

— Só os últimos 10 minutos. E é aula de história! Eu já sei até o final: todo mundo morre! - Thalia disse irônica. - Mas você não deveria estar em casa pintando a sua sala? - ela perguntou, agora sorrindo.

— Tenho que fazer a prova de inglês!

— Você invadiu a escola para fazer uma prova? Você é tão estranha!

Nessa hora o sinal bateu e as duas se encaram:

— Eu nunca estive aqui! - elas falaram juntas.

— Vocês meninas são uma espécie estranha... - disse me manifestando.

— Com toda certeza. - Nico concordou comigo.

As garotas nos encararam com raiva, mas Annabeth se virou, vestiu o capuz e me puxou para sairmos do local.

Corremos pelo corredor e paramos em frente à sala onde seria realizada a prova.

— Boa sorte. - falei lhe dando um selinho.

— Obrigada, vou precisar! - ela disse sorrindo e então adentrou o cômodo.

POV Annabeth:

Me sentei no último lugar e fiquei torcendo para a professora não perceber que eu não deveria estar ali. Afrodite passou entregando as provas e quando ela entregou a minha comentou:

— Annabeth, você não deveria estar suspensa?

Droga! E agora? Pensa rápido, Annabeth!

— Professora, eu estaria aqui se estivesse suspensa? Não! Estaria em casa vendo Oprah.

— Sabia que eu já fui platéia no show dela? - ela perguntou toda animada.

— Não me diga! - falei fingindo interesse.

— Eles me deram esses sapatos lindos - ela falou colocando o pé em cima da minha mesa - que firma meu bumbum só em usá-los!

— Aquela Oprah merece o prêmio Nobel! - afirmei sorrindo.

— Ela é uma santa! - disse por fim e finalmente saiu de perto de mim.

— Ufa... - suspirei aliviada.

As horas foram se passando e acabei a prova. Entreguei-a, satisfeita, porque sabia que iria me dar muito bem.

Sai da sala e avistei Percy encostado nos armários:

— Catástrofe acadêmica prevenida! Eu fiz a prova. Na verdade, tirei 10 nela. - exclamei muito feliz a medida que andávamos em direção a saída.

De repente, ouvi aquela voz novamente:

— Seus malandros! Vamos andando, detenção! - falou levando mais alunos.

Ah não, de novo não! O que eu faço para ele não reparar na gente?

Rapidamente puxei Percy para perto e o empurrei para os armários, começando a beija-lo em seguida. Eu não tinha nada do que reclamar, afinal estava muito bom ficar ali, mas na hora que a voz do diretor se tornou distante me separei dele, arfando.

— Você quis fazer isso o dia inteiro, não é? - ele sorriu maliciosamente.

— Talvez. Mas, também fiz porque sei que demonstrações de afeto em público deixam as pessoas constrangidas, então, ele não ia reparar na gente. Agora vamos sair daqui, ainda tenho que terminar a sala antes que meus pais cheguem em casa! - falei ainda sem fôlego, agarrando seu braço e andando mais rápido.

O cabeça de alga ainda sorriu e de repente me parou de uma vez:

— Alguém está vindo. - dito isso me empurrou de novo para os armários, onde voltou a me beijar.

— Percy! - gargalhei interrompendo o beijo - Não tem ninguém aqui! Vamos logo, antes que nos vejam de verdade!

Saímos correndo até o estacionamento e entramos no carro.

— Hoje fui muito divertido! Quando vamos fazer isso de novo? - ele perguntou mostrando seus dentes brancos e logo pequenas covinhas se formaram na sua bochecha.

— Não será tão cedo! - falei empurrando seu ombro de lado.