POV Annabeth:

Alguns dias se passaram desde o piquenique. Como de costume acordei cedo, peguei meu carro e fui para a escola. Porém, quando cheguei lá percebi de longe uma certa agitação entre os alunos.

Afinal, o que estava acontecendo?

Quando adentrei o prédio, avistei quatro seguranças ao lado do senhor D. A expressão do diretor demonstrava que ele tinha um discurso importante a fazer:

— Caros alunos, a partir de hoje as regras dessa escola mudarão! - naquele momento todos se calaram para escuta-lo - A partir do segundo horário, todos terão que usar uniforme e seus armários serão revistados para evitar o uso de substâncias ilícitas. Isso foi aprovado depois de um pequeno incidente que ocorreu na instituição. Um aluno estava consumindo drogas, então a partir de agora vamos confiscar!

Esse anúncio foi suficiente para causar tumulto novamente. Vários começaram a gritar revoltados, mas o diretor não deu a mínima, só saiu acompanhado dos homens que provavelmente seriam os responsáveis pela fiscalização.

Busquei sair dali o mais rápido possível. Enquanto me afastava, localizei Percy no meio da multidão e fui em sua direção:

— Luke. - Percy falou.

— O que tem ele? - perguntei confusa.

— É dele que o diretor está falando. Por isso que ele estava tão agressivo.

— Isso explica muita coisa... - falei pensativa - Mas, voltando ao presente, odiei essa ideia de uniforme! Eles não tem direito de fazer isso! - reclamei.

— É verdade, a cada dia essa escola fica mais doida!

Andamos mais um pouco e entramos na sala, sentando perto um do outro. Em seguida o professor de matemática começou a dar aula. Até que o assunto estava interessante, mas Percy não achou o mesmo, porque estava num sono profundo. Ele estava tão fofo dormindo, que nem quis acordá-lo.

Quando bateu a segunda aula, ele acordou desnorteado, o que me fez rir:

— O que foi? - ele perguntou esfregando os olhos.

— Nada, é só que você é uma gracinha dormindo. - disse com um sorriso de lado.

— Pelo visto você adora me ver assim né? - ele perguntou com um sorriso brincalhão.

Balancei a cabeça em concordância e o puxei para fora da sala, afinal tinhamos que nos trocar:

— Vamos nos vestir e você me encontra aqui, ok?

Ele confirmou e entrei no vestiário.

Depois de um século para colocar aquela roupa ridícula, sai e vi Percy encostado nos armários. Eu tinha uma certeza: ele estava lindo.

Usava uma calça preta, uma camisa social branca e por cima desta um suéter azul clarinho. Para finalizar um blazer branco.

Eu sei, era muita roupa!

Eu estava com um uniforme parecido, mas ao invés de calça, usava uma saia quadriculada e um blazer preto.

— Estou ridícula nesse uniforme. - falei deprimida.

— Sério? Eu achei que ficou o máximo em você! Aliás, belas pernas. - ele falou com um sorriso malicioso.

— Percy! - exclamei, sentindo minhas bochechas corarem.

— E como eu estou? - ele perguntou, ainda rindo.

— É, dá pro gasto. - falei agarrando seu blazer e o puxei para um beijo. - Mas eu ainda não aceitei essa ideia de uniforme e fiscalização. Vai contra nossos direitos estudantis!

— E o que você planeja fazer? - ele perguntou curioso.

— Eu não tenho alternativa a não ser falar com o diretor!

— Boa sorte então, ele é muito cabeça dura.

— Sorte a minha, porque eu também sou.

[...]

— Por favor, diretor! Ninguém aprovou essa ideia!

— Eu não posso fazer nada! Foram ordens do superintendente e se eu não concordar serei demitido. A não ser que convença ela a mudar...

— Ela? Mas o superintendente não é um homem? - perguntei confusa.

— Sim, mas eu estava falando de sua filha: Rachel. Você sabe: o que Rachel quer, Rachel consegue...

— Hum... só tem um problema: ela não me suporta!

— Você acha que revoluções são fáceis? - ele perguntou rindo.

Agradeci e saí da sala do diretor, pensando em como conseguiria convencer Rachel a me ajudar.

Caramba, isso era loucura! Ela era a última pessoa da face da Terra que me ajudaria!

Fui até minha próxima sala e assim que entrei, avistei Rachel rodeada por meninos.

É, é agora ou nunca...

— Meninos - falei me aproximando - vocês ficaram sabendo que estão servindo churrasco no refeitório?

Imediatamente eles saíram correndo e Rachel ficou sozinha, me olhando com raiva:

— Por que você fez isso? Não viu que eu estava me divertindo? - ela perguntou chateada.

— Olha, vamos direto ao ponto. Eu não aguento mais essa implicância! Desculpa por tudo que já te fiz, mesmo que a culpa não seja exatamente minha, eu nunca quis que fôssemos inimigas! Eu sei que no fundo você é... legal.

— Você hesitou! - ela falou apontando para mim.

— Não! Vamos, também não deve ser fácil para você ficar infernizando a minha vida!

— É... - ela respondeu serrando as unhas - é algo muito cansativo...

— Então colabore comigo! Por um acaso não te incomoda o fato de sermos tratados como suspeitos do crime?

— Não, nem um pouco...

— Tá. Não te incomoda vestir esse uniforme ridículo?

— Ah, isso incomoda muito!

— Devemos fazer algo a respeito! Você aceita minhas desculpas?

— Embora o Percy tenha me trocado por você e no começo eu tenha ficado magoada, hoje eu entendo... Acho que o que eu sentia por ele não era real, eu só queria atenção. Então sim, eu aceito.

— Ah querida, pode ter certeza que nessa escola você conseguiu muita atenção!

— É, eu sei! - ela sorriu vitoriosa.

— Ótimo! Então, será que você consegue arranjar uma reunião com seu pai?

— É inútil. Já pedi e ele disse não. Eu até chorei! Lágrimas de verdade!

— Então vamos fazer uma greve! Recusaremos a voltar até que anulem as regras. Funcionará se toda a escola fizer também! E a única que pode juntar todos para trabalharem juntos é você!

— Isso é verdade. Mas soa muito cansativo, não acha?

— Livre os garotos dos uniformes e você será uma lenda!

— Que tal na quarta aula? - ela perguntou toda animada.

— Perfeito!

— De nada. - ela se gabou com um sorriso nos lábios.

É, pelo menos já era um começo...

[...]

— Gente, - falei subindo na mesa - posso ter um minuto da atenção de vocês? - perguntei gritando por conta do barulho.

As meninas tentaram me ajudar pedindo para todos fazerem silêncio, mas ninguém obedecia.

— Ei, isso é uma greve, não o intervalo!

De repente ouvi um assovio bem alto e todos se viraram para onde Percy estava:

— Calem a boca e escutem ela! - ele gritou.

Sorri agradecida.

— Estamos aqui hoje porque nossos direitos constitucionais não começam só no dia que nos formamos. Merecemos dignidade e respeito agora!

O silêncio que havia se estabelecido permaneceu.

Ah, qual é? Ninguém vai me apoiar?

Rachel me encarava com uma expressão de tédio. Ela chegou perto da mesa e estendeu a mão para que eu a ajudasse a subir:

— Quando eu disser "uniformes" vocês gritam "lixo"!

— Uniformes!

— Lixo!

— Uniformes!

— Lixo!

Quando o barulho já estava muito alto, o diretor apareceu e gritou:

— Calem a boca agora! - no momento que todos se calaram, ele continuou - Rachel é seu pai no telefone.

— Seja forte - eu falei apoiando-a.

Ela pegou o celular do Sr.D e começou:

— Pai?... Não, você me escuta! Eu estou na escola e todos de uniformes parecem iguais! ... Não, eu não estou sendo mimada! ... Ok! Você quer fazer? Então faremos! Abandone essa ideia estúpida de uniforme ou eu falo pra mamãe como eu descobrir que sua secretária não usa sutiã!

— Uuuuuh... - todos os alunos vaiaram.

O diretor pegou o telefone:

— Senhor... Sim senhor, eu compreendo... - dito isso o Sr. D guardou o celular e ordenou - Voltem para as salas, nada mais de uniformes! - ele abordou finalizando a ligação.

Todos começam a comemorar e a retornar para suas devidas salas, alguns já sem o uniforme completo.

Imediatamente abracei Rachel. Graças a ela conseguimos retirar essa imposição.

— Obrigada, de verdade. - disse me separando do abraço.

— De nada. Eu disse que ajudaria, não?

— É bom saber que agora eu posso confiar em você. Então... amigas? - eu perguntei estendendo a mão.

— Amigas. - ela respondeu apertando-a.

— Ah, tem mais uma coisa - ela continuou - nada de roubar meu namorado atual!

— Pode deixar. - comentei sorrindo - Não estou pensando em terminar com o meu tão cedo!

— Ótimo! Sabe, até que vocês ficam bem juntos! - ela falou me puxando pelo braço e andando comigo pelo corredor.

Pelo visto, era o começo de uma amizade...

Mas, quando viramos numa esquina, vi Percy perto do seu armário gritando com os policias:

— Rachel, pode ir indo, eu vou ficar por aqui - falei me aproximando da confusão.

— Okay. - ela concordou e saiu.

— O que diabos vocês estão fazendo? - Percy perguntou chateado.

— Temos que revistar os armários meu jovem - um deles falou pegando a mochila dele.

Percy rapidamente tomou-a do segurança.

— Jackson, entregue a mochila - o diretor falou autoritário.

Ele só jogou a bolsa no chão, fazendo o diretor se assustar:

— Fique com ela! - Percy disse saindo.

— Aonde você pensa que está indo? Se sair daqui será suspenso de novo!

Mas o cabeça de alga nem hesitou, continuou andando.

— Você ouviu o que eu disse?

Ele fez um sinal de positivo e saiu pelas portas da escola.

Eu estava admirada com sua coragem.

— Queria poder amarrá-los! - o Sr.D falava com raiva.

Então entregou a mochila aos seguranças e mandou novamente que a revistassem.

Não era justo que fizessem aquilo com ele. Eu precisava fazer alguma coisa para interferir:

— Você não tem direito de fazer isso. - falei me manifestando e tomei a mochila das mãos do diretor.

Também comecei a andar em direção a saída.

Imediatamente, vi que uma multidão se formou para observar tudo.

— Volte aqui mocinha ou será suspensa também! - ele me ameaçou.

Eu já havia tomado a minha decisão e ninguém iria me impedir:

— Então eu acho que estou suspensa - falei continuando o caminho.

— É isso aí, Annie! - Thalia gritou para mim.

Ao chegar lá fora vi que ele já estava entrando no carro. Por sorte consegui alcança-lo e bati no seu vidro:

— Isso é seu - afirmei levantando a bolsa.

Ele sorriu para mim impressionado:

— Tem certeza disso?

— Não. Mas eu estou fazendo - disse entrando no carro. - Aliás, para onde vamos? - quis saber, curiosa.

— Para o meu lugar preferido - ele respondeu acelerando.