Caminho dos girassóis amarelos. escrita por arina


Capítulo 2
Doubt.




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“Novamente estou dedicando linhas e páginas para falar sobre você, Doojoon. Como sempre faço, claro. Desta vez para falar sobre essa semana que decorreu um tanto agitada, para assim dizer. Desculpe-me se te decepcionei, magoei ou assustei quando me declarei, a minha intenção era apenas colocar para fora o maior sentimento que tenho dentro de mim, meu amor por você, meu estúpido amor... Quis expor meu coração e a mim mesmo, sabendo do risco de uma provável rejeição, do risco de te perder para sempre e do risco de ter que passar a fingir que tudo não passou de uma brincadeira...E este último por mais doloroso que pareça se tornou real. Por que você riu? Não acreditou em mim? Ou estava debochando? Não, não... Quando você debocha de algo fica rindo feito um bobo, faz as suas famosas imitações e tenta animar a pessoa mesmo que esteja debochando dela... Você simplesmente riu e balançou a cabeça. Você soltou minha mão naquele momento e pediu para que eu parasse de brincar, mesmo sabendo que eu não gosto de fazer muitas brincadeiras.

 

Há uma semana você tem estado distante, não só de mim, mas como de todos... Me preocupo contigo mais do poderia imaginar que um dia me preocuparia, porque te amo mais do que imaginei um dia amar alguém. Na verdade, nunca me imaginei com um sentimento tão forte por alguém... Não que eu pensasse que nunca casaria com alguém, na verdade imaginava que um dia iria me formar na escola, iria encontrar uma mulher que me fizesse sentir bem e confortável e aí casaríamos. Porém foi totalmente o contrário! Achei um garoto barulhento, tagarela e bobo que fez com que me perdesse completamente. Doojoon-ah, você virou meu mundo de cabeça para baixo e nem sequer sabe disso, não é? Você é lerdo! É lerdo pra tudo! É lerdo até pra perceber que me declarei seriamente pra ti! E por mais que eu devesse estar com raiva e querendo te socar, eu só estou magoado... Em pedaços, pra ser mais específico...

Doojoon-ah, eu amo você... Amo tanto...”

 

Dos lábios de Junhyung um suspiro baixo escapou, ele fechou o caderno que estava em cima da mesa assim que terminava de escrever e jogou a cabeça levemente para trás deixando o corpo ir vagarosamente junto até que estivesse encostado na cadeira, fitando o teto branco onde o ventilador girava lentamente. Podia ouvir o som das cigarras além das janelas da sala de aula e ao olhar para uma destas notou o tom alaranjado do céu lembrando que estava na hora de voltar para casa, na verdade até já passara da hora. Escrever sobre o amado era um habito que tinha há dois anos, aquele caderno estava lotado de linhas apenas sobre ele, com bobeiras do dia-a-dia, quase um diário onde podia externar sobre o outro e como o admirava, em de fato falar.

 

Ficara algum tempo esperando na sala para ver se Doojoon apareceria, porém nenhum sinal dele. Como todos os outros dias... Parece que a escola inteira estava mais silenciosa nesta última semana com os sumiços repentinos do moreno e assim como o recinto estava silencioso o caminho para casa de Junhyung também estava. Sem o mais velho parece que tudo voltara ao que era antes, o silêncio e a solidão, porém agora esta machucava além do normal por ter sido “rejeitado” daquela forma. Um longo suspiro escapou da parte dele ao pensar nisto.

 

Finalmente o loiro tomou coragem de se levantar, juntando o material, jogando a mochila por cima de um dos ombros, suspirando mais uma vez ao deixar a sala de aula, andando em passos calmos para fora do prédio escolar buscando apenas olhar para os próprios pés querendo não ser notado pelo restante do corpo estudantil que sempre paravam para pergunta-lo sobre o melhor amigo. Estava cansado de receber perguntas que não sabia a resposta, cansado de receber olhar de desprezo, cansado de ser deixado de lado, cansado de tudo, queria chegar em casa e dormir para sempre ou voltar no passado para consertar a besteira que fizera...  Seguiu para casa silenciosamente e agradeceu por não ter sido notado até que estivesse finalmente indo pelo caminho onde vários girassóis cresciam ao redor, andando mais lentamente para observar a bela paisagem do local, vez ou outra sorria lembrando-se dos bons momentos que tivera com o melhor amigo ali, lembrando-se do som alto de sua risada, da textura macia de sua mão, do calor de seu abraço e o conforto que sentia com este. Fora inevitável suspirar novamente com isto, porém deu de ombros. Tinha que se acostumar com a dor de não tê-lo ali consigo.

 

— JUNHYUNG! – Uma voz conhecida o chamou tirando de seus pensamentos, o coração acelerando o ritmo no peito.

 

O loiro havia parado de andar no instante em que fora chamado... Não poderia ser, será que...?

 

Antes mesmo que pudesse pensar teve o braço puxado e o corpo virado, a cintura fora envolvida por um braço forte e os corpos colados, não houve tempo para assimilar o que acontecia, ficara tonto ao ser puxado daquela forma e no instante em que teve os lábios tomados em um beijo o mundo inteiro parecia haver parado. Doojoon estava ali com os lábios colados nos seus assim com os corpos, tão juntos que quase doía a caixa torácica do mais novo, mas ele estava perdido o bastante para lembra-se da dor, apenas agiu por instinto ao levar a destra para a nuca do moreno enroscando os dedos em seu cabelo e puxando-o mais para si, pressionando os lábios de forma gentil nos dele começando a movimentar estes lentamente com os alheios, sentindo a textura macia de seus lábios e seu gosto se misturando ao próprio, os olhos fechados de forma que pudesse aproveitar melhor o momento. Não estava pensando em nada, não havia como pensar. O coração palpitava forte no peito e podia sentir que o do maior também batia da mesma forma, aquilo o fez sorrir entre o beijo. Por um instante o tempo pareceu haver congelado sem haver afetado os dois, as cigarras ficaram mudas, a brisa parecia não tocar a pele e a única coisa que sentia era o calor que ele emanava.  

 

Demorou um pouco até que Doojoon finalmente afastasse os rostos quebrando o beijo, fitando Junhyung que tinha a face completamente quando se deu conta que a situação de fato ocorrera, as mãos deslizando sobre os ombros do maior empurrando-o. Estava tímido ao lembrar que havia se declarado.

 

— Eu te beijo e você quer me afastar, é isso mesmo?! – O moreno perguntou fingindo estar magoado, mas riu em seguida.

 

Junhyung corou um pouco mais porém assim que ouviu a risada do amado relaxou um pouco ali nos braços dele, olhando-o timidamente.

 

— Mas... Como você... – tentou perguntar algo, porém a frase não se formara.

 

O mais velho apenas riu novamente, mordendo o próprio lábio e afastou-se um pouco mais do loiro até que pudesse levantar a destra onde segurava o caderno que Junhyung escrevera sobre ele. Ao reconhecer o objeto o loiro corou por completo e rapidamente tomou da mão dele. Ali havia as maiores bobeiras de amor que poderia te escrito! Sentiu-se totalmente envergonhado com isto, desviando o olhar para a gola da camisa dele, respirando com dificuldade.

 

— Nossa, de nada por te devolver seu caderno, bobão. – Doojoon mostrara a língua no instante que terminara de falar e mesmo com toda a tensão fez com que o outro risse, já com o olhar voltado para sua face. Suspirou bobo e continuou: - Eu realmente sinto muito por ter achado sua declaração uma brincadeira, Joker... É que... – ele coçou a nuca um tanto desconcertado – eu também te amo e...

 

Não completou a frase, pois Junhyung o puxou pela gola da camisa e novamente colou os lábios nos dele em um selar demorado, afastando-se lentamente abrindo um sorriso como se houvesse feito aquilo para chamar atenção. Doojoon olhava-o como se estivesse assustado, aquilo não era do feito dele!

 

— Eu não me importo com nada, Doojoon... Não depois de ouvir que você corresponde – A fala do mais novo saiu quase em um sussurro e fora a vez do outro corar.

 

— Então... Eu ‘tô perdoado por ter passado quase uma semana, bem torturante diga-se de passagem, tentando te evitar? – Perguntou com um sorriso bobo se delineando nos lábios, não conseguia conter-se diante do amado. Não quando estavam separados apenas por alguns centímetros e recebendo declarações dele, assim como beijos.

 

— Não mesmo, você me deve essa! – Junhyung reclamou, rindo logo em seguida fazendo com que o moreno risse junto.

 

O mais novo teve a cintura envolvida de forma que  os corpos ficassem mais juntos, podia sentir o hálito fresco do mais velho a cada vez que ele falava e aquilo estava desconcentrando-o um pouco.

 

— Vou te compensar, Joker... Da melhor forma possível – Doojoon sussurruou, olhando nos olhos do amado mostrando que falava sério. Viu que ele corava diante de suas palavras, porém sorria de canto.

 

— Você já me compensou, Doojoon. – Ele respondeu em um igual sussurro.

 

— Comentei que amo quando você fala meu nome? – O mais velho perguntou em tom baixo, recebendo um aceno negativo em resposta, dando de ombros antes de terminar – Eu amo você e amo quando você fala meu nome – Assim que terminou de falar, inclinou-se e selou os lábios alheios, novamente iniciando um beijo.

 

Beijaram-se no mesmo local onde trocaram as primeiras palavras, onde tiveram a primeira conversa, onde fizeram longos passeios, onde tudo começou para os dois e ali fora o começo de algo novo para os dois. Diante dos girassóis juras de amor foram trocadas, palavras, declarações, carícias, beijos.  Ali no Caminho dos girassóis amarelos eles acharam tudo que procuravam sem sequer precisarem seguir até acharem o mágico. Foram enganados e caíram em armadilhas, se machucaram, mas no fim conseguiram estar juntos. Talvez aquele caminho simbolizasse mais do que jamais pudessem os dois entender, simbolizava uma jornada sem fim.

 

Talvez aquele caminho simbolizasse algo a mais para os dois, mas quem saberia falar algo sobre o Caminho dos Girassóis Amarelos? 


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