TWD - Quarta Temporada escrita por Gabs


Capítulo 7
Sete


Notas iniciais do capítulo

"Eu não tomo mais decisões."



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Ao amanhecer do dia seguinte, Daryl levou nossas coisas de volta para o bloco de celas C, onde morávamos, dizendo que já era seguro o suficiente. Com Theodore no colo, aproveitei o sol fraco da manhã e fui dar umas voltas com ele pelo pátio, já que ele não poderia viver o tempo todo dentro da prisão, sem a vitamina D.

Fiquei ali, conversando com Michonne enquanto ela se preparava para levar os caminhantes mortos para o lado de fora da prisão e queimar.

— A porra de uma garrafa de whisky, você acredita? – Mich me perguntava, enquanto me seguia com seu olhar – Eu já estava vendo a hora de ter que tirar o Daryl de cima do Bob.

— Acho que não devem culpá-lo. – Comentei com ela, enquanto andava de um lado para o outro, ninando Teddy – O Bob, quero dizer. Ele passou por muita coisa, talvez precisasse de um porre para esquecer os problemas.

— Foi por culpa dele que não conseguimos terminar de pilhar o Spot. – Mich me disse, balançando a cabeça negativamente – Teríamos conseguido muitas coisas boas naquele lugar.

— É. – Concordei com ela, num murmuro – Eu sei.

— Bom, - Michonne comentou, com um sorriso se formando em seus lábios carnudos – parece que você gostou do anel. Quando será a cerimônia?

— Assim que todos se recuperarem. – Respondi, sorrindo também – E é, o anel é muito bonito, mas nós meio que não precisamos dele, sabe, para estarmos casados. Mas eu estou feliz de qualquer jeito, nunca pensei que ele me pediria em casamento.

— Você vai casar? – Escutei a voz de Rick e me virei um pouco para olhá-lo, ele estava caminhando em nossa direção, com o rosto e o pescoço molhados

— Vou. – Respondi e ajeitei meu filho no meu colo, para que eu pudesse lhe mostrar o anel – E ainda ganhei um anel.

— Estou feliz por vocês. – Rick comentou, sorrindo e então olhou para meu bebê – E aí, garotão, como vai?

— Pegando um bronzeado, não é, filho? – Perguntei ao bebê e como resposta, ele pareceu soltar uma bolha de baba pela boca – Encantador, Teddy, vai conquistar muitas mulheres assim.

— Escute, - Rick chamou minha atenção, sua voz parecia meio cautelosa – preciso conversar com você e o Daryl, sabe onde ele está?

Juntei as sobrancelhas, imaginando mil e uma possibilidades sobre aquela conversa que ele queria ter com a gente. Não era apenas para dar os parabéns sobre o noivado, parecia ser muito mais importante do que aquilo.

— Ele está por aí com o Tyreese. – Comentei com ele, olhando em seus olhos – O que aconteceu, Rick?

— Prefiro conversar com os dois, assim só tenho que contar uma vez. – Rick me respondeu e não respondeu ao mesmo tempo, antes de se virar para olhar Michonne – Vai precisar de ajuda com isso?

— Não, está tudo bem. – Michonne lhe respondeu, balançando a cabeça negativamente – Faça suas coisas.

E então ele se afastou, me deixando ainda mais inquieta.

— Você sabe sobre o que ele quer conversar? – Perguntei a minha amiga, me virando para olhá-la – Estou com um pressentimento ruim.

— Eu não sei. – Mich me respondeu, desviando o olhar para encarar os mortos – Tenho que voltar ao trabalho.

Murmurei um tudo bem e a deixei trabalhar em paz, sem mais perguntas. Era obvio que alguma coisa aconteceu enquanto eu estava com Teddy na quarentena e se a Michonne não sabia, era certeza que uma pessoa do conselho saberia.

Antes mesmo de pensar em entrar com Theodore, vi a caminhonete prateada se aproximar de onde estávamos, atravessando o campo da prisão. Daryl estacionou a caminhonete um pouco mais à frente do jipe e logo desceu, enquanto conversava com o Ty. Ao fundo, assim que vi Hershel se aproximando de nós, eu instintivamente caminhei em sua direção.

— Como o Sam e o Glenn estão? – Perguntei logo que ele parou de andar, perto de mim

— Melhorando. – Hershel me respondeu, sorrindo de leve – Eles aguentaram a noite. Maggie e Bob estão com eles.

— São uns filhos da puta duros na queda. – Daryl comentou, se aproximando de nós

— É, são sim. – Hershel concordou, balançando a cabeça positivamente

— E você é outro filho da puta duro na queda. – Daryl completou, apontando para ele

— Eu sou. – O velho concordou e me pareceu que queria se afastar

— E a Carol? – Daryl perguntou a ele, quando pareceu notar a mesma coisa que eu – Está no bloco A com a Lizzie?

— Não. – Hershel lhe respondeu e alternou o olhar entre nós – Deveriam conversar com Rick sobre ela.

— Como é? – Perguntei a ele, franzindo as sobrancelhas

— Ela está bem, apenas falem com ele. – Hershel comentou e aí sim se afastou de nós, caminhando em passos largos em direção a Michonne

Encarei o caçador e juntei as peças.

Provavelmente era sobre isso que Rick queria conversar com a gente.

Após deixarmos Theodore com Beth, já que meu braço estava cansado de mais para continuar segurando o bebê, Daryl e eu fomos encontrar Rick, no nosso bloco de celas.

Ao escutar as primeiras palavras de Rick sobre a Carol, pensei que ele estava louco novamente. “Foi Carol quem queimou a Karen e o David”. E assim que ele contou que a expulsou do grupo, senti uma necessidade enorme de sentar.

Aparentemente Carol tinha feito uma besteira, ok, mas expulsá-la do grupo?

Eu não sei se eu faria a mesma coisa.

— Não podia esperar até voltarmos? – Daryl perguntou a Rick, erguendo o tom de voz

— Até o Tyreese voltar? – Rick retrucou, olhando para ele

É, nisso eu concordava com o policial. Seria mais seguro para ela ficar longe daquele armário de três metros de largura.

— Eu teria dado um jeito. – Daryl resmungou, crispando os lábios

— Ei. – Rick o chamou e assim que o caçador o olhou, ele continuou – Ela matou dois dos nossos. Ela não podia ficar aqui. Ela ficará bem. – Ele alternou o olhar entre nós e respirou fundo – Ela tem carro, suprimentos, armas. É uma sobrevivente.

— Corta essa, nem você acredita. – Daryl elevou o tom de voz, enquanto se aproximava furiosamente dele

Me desencostei da grade e fiquei entre os dois, enquanto empurrava Daryl pelo peito, lhe dizendo para se acalmar.

— Ela matou. – Rick continuou, depois de uns segundos em silêncio – Disse que foi por nós. Era assim na cabeça dela. Ela não se lamentou ou se desculpou.

— Eu conheço a Carol, isso não é bem coisa dela. – Falei para ele, balançando a cabeça negativamente – O que faremos com aquelas duas menininhas?

— Falei a ela que cuidaríamos delas. – Rick me respondeu, coçando a barba

— O Tyreese sabe? – Perguntei baixo, passando a mão pelo cabelo

— Não. – Rick respondeu logo em seguida – Ainda não contei para ele. Não sei como ele vai reagir.

— Vamos descobrir. – Daryl resmungou, caminhando em direção as escadas

Os dois se afastaram, indo lidar com Tyreese.

Fiquei ali, sozinha, pensando em tudo que Rick nos contou e ainda não conseguia acreditar fielmente que Carol havia matado aquelas duas pessoas.

Após ver que Theodore estava dormindo tranquilamente junto com Judith, decidi terminar de arrumar minhas coisas em minha cela e arranjar um lugar para colocar as roupas do bebê, mas parei quando senti o chão tremer e o som de uma explosão ecoar por toda a prisão.

Depois de pegar minha pistola e atravessar o bloco de celas correndo, encontrei parte do grupo no pátio, olhando para algo além das cercas. E ao me aproximar o suficiente, todo o meu sangue gelou.

Haviam muitos carros e um tanque militar depois das cercas do campo.

Só podia ser ele.

Michonne tinha razão durante esse tempo todo.

O Governador ainda está vivo.

— Para trás! – Escutei Rick gritar

Desviei um pouco o olhar dos carros e olhei para trás, aonde Rick, Tyreese e Daryl vinham correndo e assim que chegaram perto de nós, eles se aproximaram da proteção do muro onde estávamos.

— Rick! – O Governador berrou, do outro lado do campo – Venha aqui em baixo. Precisamos conversar.

Nós ficamos em silêncio e meu olhar alternou entre Rick e o Governador, além do campo. Eu não podia acreditar que aquele homem havia voltado depois de quase um ano, para se vingar.

— Não sou mais eu quem decide. – Rick berrou, depois de uns segundos em silêncio e eu o vi alternar o olhar entre Daryl, Sasha e eu – Existe um conselho agora. Eles tocam este lugar.

— Hershel faz parte do conselho? – O Governador lhe perguntou, num tom de voz muito alto e mesmo de longe, eu o vi fazer um sinal com a mão. Perplexa, vi uma mulher tirar um velho muito conhecido por nós do carro e o obriga-lo e ficar de joelhos, logo do lado do tanque de guerra, onde o Governador estava de pé – E a Michonne? – Novamente, outra pessoa foi tirada do carro, a mulher negra de tranças estava na mesma condição que Hershel, com as mãos amarradas para trás e quase foi jogada no chão, para se ajoelhar ao lado do velho – Ela também está no conselho?

Virei meu rosto para o lado, assim que escutei duas pessoas arfarem, eu sabia que estavam ali, mas só tive noção quando foquei meu olhar nas duas filhas do Hershel. E mesmo preocupada com os reféns do ex-namorado de Andrea, uma única pergunta passou em minha mente.

Se Beth estava aqui, quem estava cuidando de Theodore e Judith?

— Eu não tomo mais decisões. – Rick berrou novamente, tentando não mostrar que estava afetado por Philip ter pego dois dos nossos

— Eu não tomo mais decisões. – O Governador retrucou, num grito – Venha aqui em baixo. Vamos ter uma conversa.

Praticamente ao meu lado, Rick engoliu a saliva e isso não me passou despercebido. Ele olhou diretamente para Daryl e depois de receber um aceno positivo do caçador, ele respirou fundo, enquanto se virava para olhar seu filho mais velho.

— Nós podemos fazer isso. – O ex-policial disse a seu filho, colocando sua mão livre em seu ombro e lhe fez um carinho

Assim que Carl balançou a cabeça positivamente, Rick deu poucos passos até chegar ao portão para o campo, onde o abriu com a ajuda de Daryl e depois caminhou em direção ao Governador.

Daryl se virou para nós e se aproximou, enquanto alternava o olhar entre o campo e a gente.

— Não podemos enfrentar todos eles. – O caçador comentou, com os lábios franzidos – Vamos pela administração, através do mato, como planejamos. Não temos mais as pessoas necessárias. – Ele respirou fundo, antes de continuar – Quando checaram o esconderijo no ônibus?

— Um dia antes do Big Spot. – Murmurei a ele, mantendo o olhar fixo no que estava acontecendo além das nossas cercas – Pelo que eu me lembre a comida estava diminuindo e provavelmente agora tem menos ainda.

— A gente se vira. – Daryl me disse e depois se virou para olhar Tyreese – Se a coisa feder, vá pro ônibus. Avise todo mundo.

— E se faltar alguém quando a coisa feder? – Tyreese perguntou logo em seguida, olhando para ele – Quanto tempo esperamos?

— O máximo que der. – Daryl respondeu, se afastando em direção às armas que aguardávamos em caixotes com rodas, perto do portão de entrada

Eu sabia que poderia dar alguma merda muito grande e nessa altura do campeonato, não estava nem aí para quem dirigia o tanque de guerra que possivelmente, era um militar. A única coisa que eu me importava agora era o fato da minha família estar em perigo.

Ao pegar a metralhadora que Daryl estava me oferecendo, guardei minha pistola no cós da calça e voltei minha atenção ao que estava acontecendo lá em baixo.

Eles ainda conversavam.

Apertei a metralhadora em minhas mãos assim que vi o Governador atirar em dois caminhantes que estavam se aproximando deles e fiquei esperando por um deslize, ou por um ataque direto, mas ele guardou a arma e continuou a conversar com Rick.

Uma conversa que eu gostaria de escutar.

Instintivamente me movi em direção ao portão quando vi o Governador descer de cima do tanque e ir pegar algo com um de seus homens. Com o coração martelando, vi aquele homem que já deveria estar morto se aproximar vagarosamente de Hershel, segurando a espada de Michonne e coloca-la no pescoço do velho.

— Não... – Maggie murmurou, se aproximando do portão

Em quanto tentava colocar meus pensamentos em ordem, observava Rick conversar com o grupo do Governador, algo como “É isso que vocês querem? ”, enquanto apontava para Hershel e a espada em seu pescoço. E quando me pareceu que o Governador estava afastando a espada do pescoço do velho, desistindo daquilo, ele apenas pegou impulso e acertou o pescoço de Hershel.

A reação foi imediata, em meio a gritos e tiros, procurei por cobertura atrás de um dos nossos carros estacionados no pátio e mantive minha mira nos homens lá de baixo. Quando ouvi o som abafado do motor do tanque e o vi passar por cima das cercas do campo como se não fossem nada, soube que teríamos muito trabalho para nos livrar dele.

Era quase impossível.

Olhei ao redor e encontrei Beth com o olhar, não queria atrapalhar seu sofrimento com minhas preocupações e resolvi correr em direção ao bloco de celas em que morávamos, em direção ao meu filho e Judith.

Atravessei o hall do bloco o mais rápido que pude e soube que tinha alguma coisa errada quando não escutei o choro assustado de nenhuma criança, mesmo quando a estrutura da prisão estremeceu ao receber outro ataque do tanque de guerra. O chão aos meus pés pareceu se abrir quando cheguei a cela onde havia deixado meu filho dormindo com Judith e não encontrei ninguém ali.

Todo o chão tremeu novamente e escutei as janelas se quebrando ao fundo, isso foi o suficiente para eu saber que os filhos da puta naquele tanque de guerra não estavam ligando para quantas balas de ganhões eles estavam usando.

Subi as escadas do bloco de celas e praticamente corri em direção a cela em que dividia com Daryl. Peguei minha mochila camuflada e comecei a enfiar tudo que eu pude ali dentro, desde munições a roupas. Coloquei meus coldres nas pernas e arrumei minhas armas neles, por fim, coloquei aquele poncho mexicano que o caipira sempre costumava usar.

O chão tremeu mais uma vez e agora, senti meus ouvidos zunirem. Mesmo um pouco atordoada, coloquei a mochila nas costas e antes de sair da cela, carreguei comigo a manta vermelha do meu filho, prendendo-a no cós da minha calça jeans.

A visão que tive ao sair no pátio foi devastadora e fez meu estomago revirar. Não havia nada ali a não ser os caminhantes que estavam começando a entrar. Pessoas estavam mortas no chão e o ônibus não estava mais lá, o que era um certo alívio.

Mas eu estava sozinha.

Me abaixei o melhor que pude por conta da mochila pesada e comecei a caminhar, tentando não chamar a atenção dos caminhantes que estavam se alimentando ali, de desconhecidos. Assim que escutei o som de um tiro, seguido por outro, apertei a metralhadora em minhas mãos e mirei ao redor.

Tinha uma mulher ali, adentrando no pátio, atirando nos caminhantes e chamando a atenção deles para si, eu pude ver o pavor em seus olhos quando sua munição acabou e mesmo sabendo que ela era uma inimiga, me senti pressionada a ajudá-la.

Mas isso passou quando vi um caminhante morder seu ombro.

Aproveitei a distração e me movi com mais rapidez, em direção à saída, mas parei quando vi que não tinha saída alguma.

Atrás de mim, escutei um choro baixo e contido.

Antes mesmo de me virar e mirar em direção a pessoa, percebi que os caminhantes tinham me visto e por isso, estavam arrastando seus corpos mortos em minha direção. Olhei ao redor, procurando por uma saída e ao não ver nenhuma, um riso nervoso escapou da minha garganta.

Eu estava fodida.

— Por aqui! – Uma voz chorosa e feminina chamou minha atenção

Olhei diretamente para a direção da voz e nem mesmo pensei no que eu estava fazendo antes de correr em direção a mulher de rabo de cavalo. Assim que ela fechou a portinha da grade, voltei a realidade e percebi que estava presa com ela em um lance de escadas, protegidas por grades ao nosso redor.

Encarei a mulher por alguns segundos antes de deixar a minha mochila no chão, mais afastada possível da garota do Governador.

— Obrigada. – Agradeci, a contragosto

A mulher balançou a cabeça positivamente, mas não me olhou, seus olhos estavam presos na mulher que mais cedo estava atirando e que agora estava servindo de comida para os mortos.

— Eu sinto muito. – A mulher murmurou e então me olhou, sua voz estava embargada por causa do choro – Sinto muito mesmo.

Desviei o olhar, controlando a raiva dentro de mim. Como ela poderia achar que pedir desculpas mudaria o que seu pessoal fez com minha família? Eles mataram o Hershel, o Governador arrancou a cabeça dele usando a espada da Michonne.... Isso não tinha perdão.

Me sentei ao seu lado na escada, observando os caminhantes tomarem conta do pátio da minha casa.

— Qual seu nome? – Perguntei a mulher, num tom de voz baixo

— Tara. – Ela me respondeu, depois de uns segundos em silêncio

— Você viu alguém passando com bebês por aqui, Tara? – Perguntei novamente, e assim que a vi balançar a cabeça negativamente, respirei fundo – Achei que não.

Me mantive em silêncio, pois agora só me restava esperar para que os caminhantes se dispersassem e eu pudesse sair.

Não me atrevi a dormir, não quando tinha uma pessoa duvidável ao meu lado com uma pistola em mãos e aquela mulher parecia pensar a mesma coisa, pois não fechou seus olhos um segundo sequer durante toda a noite que passamos trancadas ali.

Não vi necessidade de tirar a arma dela, pois algo me dizia que ela teve a chance me matar e não matou.

Isso não mudaria de uma hora para a outra.

Mas eu precisava bolar um plano para quando eu for sair daqui. Posso usar ela como isca para os caminhantes, mas seria arriscado deixá-la com a arma em mãos nesse momento e acabar levando um tiro nas costas.

Eu precisava de um plano.

Quando escutei os caminhantes grunhirem mais do que o normal, tirei meus olhos da mulher e olhei para frente. Me levantei assim que eu vi o que estava acontecendo, sentindo meu coração bater tão forte que parecia que iria explodir.

Tinha alguém ali, vestindo o uniforme da tropa de choque dos guardas da prisão, passando por entre os caminhantes, empurrando eles.

Que seja alguém da minha família.

Que seja alguém da minha família.

Que seja alguém da minha família.

Que seja alguém da minha família.

Era alguém da minha família e eu percebi isso assim que a pessoa olhou para a minha direção e apressou os passos. Através do capacete transparente e sujo de sangue, vi o rosto de Glenn.

Assim que ele matou a caminhante que estava empurrando o portão da grade que nos protegia e entrou, eu me joguei em seus braços, começando a chorar tudo o que eu tinha segurado para não chorar na frente daquela mulher.

Mas agora não importava, meu irmão e melhor amigo estava vivo e isso era tudo que eu precisava agora.

Alguém da família.

— Está tudo bem agora. – A voz de Glenn saiu abafada, enquanto me abraçava apertado e assim que nos separamos, vi seu rosto ficar tenso, ele tinha percebido a arma na mão da mulher. Depois olhar de mim para ela, ele tomou a pistola da mão dela – Deixou ela armada? – Perguntou voltando a me olhar, meio perplexo

— Ela teve mais de uma chance para me matar. – Comentei, dando de ombros – E pelo que você pode ver, não matou.

— Está cheia. – Glenn murmurou, depois de tirar o pente da pistola e me encarou novamente – O pente está cheio. – Ele desviou o olhar e encarou a mulher, assim como eu – Não deu um tiro sequer? – Perguntou a ela, meio confuso e recebeu a resposta com um aceno negativo de cabeça – Ok, muito bem. – Ele murmurou, voltando a colocar o pente na pistola – Vamos andando.

Afirmei com a cabeça e peguei minha mochila do chão, prendi ela bem nas minhas costas e respirei fundo, me preparando, mas parei quando vi que a mulher não se mexeu em nenhum momento.

— Escuta, Tara. – Falei para ela, tentando não ser muito rude no meu jeito de falar – Você me pediu desculpas ontem, se quer mesmo se redimir, nos ajude a sair, vamos precisar da sua ajuda.

Ela respirou fundo e afirmou com a cabeça.

— Se lembra como se faz um coquetel molotov? – Glenn me perguntou e recebeu meu olhar esnobe, recebendo sua resposta – Ótimo. – Ele murmurou e tirou sua mochila das costas, para me entregar uma garrafa de whisky – Faça bom uso.

— Sempre faço. – Murmurei em resposta, enquanto levantava parte do poncho do meu noivo e colocava a mão em minha camiseta, para arrancar um pedaço do pano e colocar parte dele na boca da garrafa

— Aqui, pegue isso. – Escutei Glenn dizendo, enquanto eu montava o coquetel molotov e virei um pouco o rosto para encará-lo. Ele estava estendendo a arma da mulher para ela – As balas vão acabar, você vai precisar disso.

Assim que o vi praticamente empurrar a arma para a mão dela, eu peguei o isqueiro de Glenn do chão e olhei para ele, logo que recebi um olhar positivo com a cabeça e molhei o pedaço da minha camiseta com o álcool, mandei eles irem um pouco para trás e acendi o coquetel molotov. Assim que o coreano abriu o portão, joguei o molotov em um dos nossos carros que estava estacionado perto do jardim. Glenn fechou novamente o portão e nós ficamos ali, vendo os caminhantes se arrastarem em direção ao carro pegando fogo.

— Maravilha. – Murmurei, respirando fundo enquanto ajeitava minha mochila em minhas costas e pegava minha metralhadora do chão – Vamos.

— Ok. – Glenn disse, afirmando com a cabeça e se virou para Tara que estava logo atrás de nós – Preciso que fique na minha frente, entendeu? – E assim que a viu balançar a cabeça positivamente se virou para me olhar – E você fica na retaguarda. Ficarei no meio, protegendo vocês duas.

— Bom plano. – Comentei, vendo-o abaixar a viseira do capacete e pegar sua mochila – Estão prontos?

— Vamos nessa. – Glenn afirmou, indo abrir o portão   

Assim que o portão abriu e os dois saíram, fui logo atrás, ficando na retaguarda deles. Meu trabalho era simples e importante, não deixar que nenhum caminhante viesse por trás e surpreendesse a gente. Escutando Glenn gritar para Tara atirar nos caminhantes a frente, fizemos nosso caminho para a saída da prisão. E logo que passamos do portão de entrada, corremos, sem ao menos olhar para trás.

Depois de passar parte da noite caminhando pela floresta, consegui convencer Glenn a montar um acampamento em uma clareira.

Eu precisava dormir pelo menos um pouco.


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