TWD - Quarta Temporada escrita por Gabs
Notas iniciais do capítulo
"Não tem como parar. Você pega e tem de enfrentar."
Quando me contaram no dia seguinte o que aconteceu logo de manhã, precisei pedir para que repetissem. Daryl precisou repetir duas vezes tudo que aconteceu e a única coisa que eu guardei foi: “Alguém queimou Karen e David até a morte”.
Estávamos no pátio, separados por vários passos de distância.
— Eu tenho que voltar. – Murmurei, passando a mão pelo cabelo – Deixei o Teddy com a Beth, logo ele vai acordar com fome.
— Ele está bem? – Daryl perguntou logo em seguida, colocando as mãos dentro dos bolsos da calça – Está te dando muito trabalho?
— Ele está bem. – Respondi, com um sorriso nos lábios – Ele é calmo, tranquilo... Só chora se fica assustado ou se está com fome, aquele menino é um anjo Daryl. Foi a melhor coisa que um dia pensamos em fazer.
— O que eu mais quero é ficar perto de vocês agora. – Ele comentou, respirando fundo – Mas no momento, vocês estão seguros longe de mim.
— Nunca estamos realmente seguros. – Comentei com ele, encolhendo os ombros – Essa gripe mostrou isso, e se não fosse ela, seria outra coisa... como os caminhantes que quase derrubaram nossas cercas ontem. – E logo completei, assim que vi seu olhar dizer com todas as letras “Como ela pode saber?” - É, eu soube, Maggie está me mantendo informada.
— Vamos dar um jeito nisso. – Daryl me garantiu, sério
É, eu sabia que eles cuidariam disso, não estava realmente preocupada com os caminhantes, o que me preocupava era o fato de que duas pessoas foram assassinadas essa manhã, logo em baixo dos nossos narizes.
Á tarde, depois de trocar a fralda do meu filho e lhe amamentar, deixei com que Beth, minha nova ajudante oficial colocasse ele para dormir. Haveria outra reunião do conselho e por mais que eu tenha que ficar longe dos meus amigos e ter que ficar na porta, era importante saber o que estava acontecendo com as pessoas doentes no bloco de celas A. E mesmo estranhando o fato de Michonne estar escorada no batente da porta, eu imitei seu gesto e prestei a atenção no que o conselho estava falando.
— A coisa se espalhou. – Hershel comentava com os outros – Todos que sobreviveram ao ataque no bloco de celas D. Sasha, Caleb, e agora outros.
— Jesus... – Daryl resmungou, passando a mão pelo rosto
— O que faremos? – Carol perguntou, colocando as mãos sobre a mesa
— Vamos por partes. – Hershel lhe disse – O bloco A é o isolamento. Mantemos os doentes por lá, como tentamos com Karen e David.
— E o que diabo vamos fazer a respeito? – Daryl perguntou para ele
— Vou pedir a ajuda do Rick. – Carol comentou, olhando para o lado, onde Daryl estava sentado – Fazer a cronologia, quem estava onde. Mas e como vamos dar um basta nisto?
— Não tem como parar. – Hershel lhe respondeu, sério – Você pega e tem de enfrentar.
— Mas essa gripe simplesmente te mata? – Perguntei, me metendo na conversa, estava impaciente – Simples assim?
Todos que estavam virados de costas para mim, se viraram para me olhar e pelo que vi em seus rostos, eles não estavam tão surpresos assim por ver Michonne e eu ali, encostadas nos batentes da porta, escutando a conversa.
— Bom, a doença não. – Hershel me respondeu – São os sintomas que matam. Precisamos de antibióticos.
— Passamos por todas as farmácias ao redor, e além. – Daryl comentou para ele, procurando olhar para os nossos rostos
— A faculdade veterinária da West Peachtree Tech deve ser um lugar em que as pessoas não acham que vão encontrar remédios. – Hershel nos contou, se ajeitando na cadeira – As drogas para animais de lá são as mesmas que precisamos.
Isso fazia sentido, sem dúvidas. Se eu não conhecesse um veterinário e soubesse que os remédios de animais poderiam ter o mesmo efeito nos seres humanos, não me arriscaria em pilhar o lugar.
— São 80 quilômetros. – Daryl comentou, concordando com a cabeça e se levantou, pegando a besta que estava escorada na mesa – Antes era muito arriscado. Agora não é. Vou formar um grupo. É melhor não perder mais tempo.
— Eu topo. – Michonne disse logo em seguida
— Você não foi exposta. O Daryl foi. – Hershel disse a ela, balançando a cabeça negativamente – Se entrar no carro com ele...
— Ele já me passou pulga. – Michonne comentou com ele
Eu dei risada, assim como todo mundo da sala. A amizade de Mich e Daryl era engraçada, os dois viviam se alfinetando e adoravam isso.
— Eu posso mostrar o caminho. – Hershel comentou, enquanto se levantava da cadeira – Sei onde guardam tudo.
— A coisa lá fora.... É sempre a mesma coisa. – Daryl lhe disse, depois de balançar a cabeça negativamente – Cedo ou tarde você tem que correr.
— Eu desenho um mapa. – Hershel falou, depois de suspirar alto, sabia que o caçador estava certo – Tem outras precauções que devemos tomar.
— Quais? – Carol perguntou logo em seguida
— Não dá pra saber quanto tempo vai levar até o grupo do Daryl voltar. – O velho nos contou – Não faz sentido separar os mais vulneráveis? Vamos usar o prédio da administração, salas e escritórios separados.
— Quem são os mais vulneráveis? – Glenn perguntou a ele
— Os mais jovens. – Hershel respondeu
— E os mais velhos? – Glenn voltou a perguntar, olhando para ele
Mesmo querendo ir junto com Daryl em busca de remédios, achei melhor continuar na prisão cuidando de Theodore e por isso, não demorei a voltar para o bloco de celas C, onde meu bebê me esperava. Arrumei tudo que o Teddy e eu iriamos precisar e segui com os outros até a quarentena.
O escritório que seria nosso lar provisório estava uma bagunça, mas serviria, pelo menos por ora. Me sentei na cadeira e ajeitei o bebê no meu colo, eu estava ansiosa para vê-lo abrir os olhos, mas de acordo com Carol e com a convivência que tive com Judith nos seus primeiros meses, eu sabia que poderia demorar algumas semanas.
Theodore ainda precisava acostumar seus olhos com a claridade.
Minha mãe costumava dizer que quando meus irmãos e eu éramos crianças, não tinha nada melhor no mundo do que quando olhávamos para ela e ela via a inocência e o amor estampados em nosso olhar.
Eu queria ver seus olhos.
— Gabi? – Escutei Maggie me chamar – Gabi?
— Estou aqui. – Falei alto, me levantando da cadeira e me aproximando da porta de saída, para conversar com minha amiga – O que foi?
— É o Glenn. – Maggie me contou, sua voz estava chorosa – Ele pegou.
— Ei. – Eu a olhei através do vidro da porta – Vai dar tudo certo. O Daryl e a Michonne vão trazer os remédios o quanto antes... Todos vão ficar bem.
E era isso que eu continuaria repetindo a mim mesma, enquanto rezava para que Daryl não adoecesse também, para que nenhum de nós pegasse a gripe. E para os que pegaram, aguentassem firme até os remédios chegarem.
Porque eles vão chegar.
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