Hospedando uma sereia. escrita por Gabii Vidal


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Finalmente postei o capítulo 5! Espero que aproveitem ^^



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Chegando na porta do cemitério eu vi que não havia ninguém lá dentro, o que não ajudou muito a minha coragem.

Os portões de ferro estavam fechados e trancados com um cadeado.

—Que pena, Melodia! —Fingi decepção —Outro dia a gente volta.

Ela pareceu não me escutar, apenas me deu um empurrão na porta e ela se abriu.

—Como fez isso? —Perguntei a seguindo cemitério adentro.

—A porta não estava trancada, sistema de segurança fictício.

Subimos um lance de escadas e chegamos até as lápides.

—Sério, garota, por que raios você quis vir a um cemitério?

—Não sei, é tão cheio de vida! —Ela sorriu e eu levantei uma sobrancelha, uma coisa que aquele lugar não era era cheio de vida —Desculpa, me expressei mal.

—Tem algum parente seu aqui? Tipo o Eric ou a Ariel, sei lá...

—Quem? Não conheço essas pessoas. —Ela franziu as sobrancelhas e se abaixou em frente uma lápide — É aqui.

—É aqui o que? —Pensei em me abaixar ao lado dela, mas com meu porte físico seria uma vergonha tentar levantar depois.

—Minha avó, ela era humana...Filha do único humano que eu acho que minha bisavó não matou.

—Quais eram os nomes delas?

—Minha vó era Cecília...Minha bisavô era Iara, você não deve conhecer nenhuma das duas.

—Espera, a Iara dos contos indígenas? Era sua bisavó?!

—Acho que já ouvi algo sobre isso...Eles não gostavam muito dela. —Ela riu e limpou a terra da Lápide. —E ela está viva, não é legal a tratar como morta.

—Desculpa, é que já fazem tantos anos que ela é uma lenda, costume humano. —Ela bufou.

—Idiota —Ela suspirou —Já podemos ir embora, a atmosfera ficou tão deprê.

—Sei lá...—Parei para pensar, Melodia era aquela gente chata de agradar —Quer ver o que as pessoas da terra acham das sereias.

Ela sorriu, aparentemente não havia sido uma ideia ruim.

—Não —Ela respondeu ainda sorrindo —Não quero não.

—Você me iludiu...

—Acontece sempre —Ela se levantou e limpou a terra do vestido, ou pelo menos tentou, pois o vestido ser branco não ajudou em nada —Eu quero conhecer mais pessoas, devem existir humanos menos insuportáveis que você.

—Sinto lhe informar que não tenho amigos para te apresentar. —Ela riu, seca.

—Já imaginava isso! Mas não é um problema, sempre me disseram que sou muito sociável.

—Você? —Eu ri —Quanto pagou para que dissessem isso?

—Nada, só sou chata com você. —Ela fez uma careta e balançou o cabelo. —Vamos, me apresente algum humano!

—Amanhã temos aula, garanto que o que você mais verá na escola serão humanos.

—É verdade! —Ela balançou as mãos, nervosa —Preciso de uma roupa urgente! Não posso usar este vestido horroroso e sujo no meu primeiro dia de aula...

—Não tenho nada melhor que isso para te oferecer, mas se for nua tenho certeza que irá chamar a atenção. —Ela me deu um chute no joelho e eu caí.

—Idiota —Ela me deu um chute nas costas para completar —Vamos comprar as roupas! Recebi uma quantidade de dinheiro humano antes de vir para cá. —Ela tirou do bolso do vestido um punhado de notas e me entregou.

Tirei meu celular do bolso e calculei o valor, dois mil reais, Jesus, isso é mais do que eu já ganhei na minha vida.

—É o suficiente para algumas roupas? —Ela parecia verdadeiramente preocupada com o valor e eu apenas conseguia encará-la com um sorriso idiota.

—É muito mais que suficiente! Onde conseguiu esse dinheiro todo?!

—É impressionante a quantidade de dinheiro que as pessoas levam nos navios.

—Ah...—Devolvi o dinheiro para ela —Já ouviu falar do Titanic?

—Claro! É matéria da escola! De lá saiu grande parte do ouro para reconstruir a nossa cidade.

—Atlântida? —Chutei e ela riu.

—Isso é história para criança dormir, não acredita nisso, né?

—Eu não —Me levantei do chão massageando minhas costas —Mas muitos humanos sim.

—Já vi que terei muito para ensinar para vocês...—Ela revirou os olhos e simplesmente começou a ir embora.

—Espera! —Me levantei com as costas ainda doendo e corri até ela —Aqui não é educado sair assim!

—Não quis ser educada —Ela se agarrou no meu braço —Eu quero é compras!

Suspirei e fui puxado pela força de um trator até o centro comercial.

Quando passávamos por uma das ruas, Melodia prendeu sua atenção em uma garota com um estilo punk e seus olhos brilharam.

—Nem pense —Ela olhou para mim —Me nego a andar com você se andar daquele jeito.

—Eu nem gostei, só achei curioso.—Seu olhar seguiu a garota até que ela desapareceu ao dobrar a esquina. —Onde posso aderir os trajes?

—Por que está falando formal assim? Você não é educada desse jeito.

—Tenho mania de falar assim quando estou em público, foi mal. —Ela deu um sorriso amarelo.

—Entendi, mas vamos acabar logo com isso. —A puxei para dentro de uma das únicas lojas de roupas da pequena cidade.

Esperei que ela fosse para os tons pasteis, mas logo que entramos ela me soltou e correu até uma jaqueta de couro com aqueles espinhos pratas os quais eu nunca soube nomear.

—Quero isso! —Ela abraçou a peça e me encarou, fazendo biquinho.

—O dinheiro é seu, compre o que quiser.

—A prima é sua! Vai mesmo me deixar usar o que eu quiser? —Olhei para ela desesperado.

—Me deixe ver isso! —Ela me entregou a jaqueta e eu reuni algumas peças para combinar, embora eu claramente não fosse um estilista deveria sair melhor do que ela separando.

Melodia me apareceu com uma pilha de roupas pretas no momento de pagar, todas com espinhos ou detalhes dourados ou pratas.

—Tá brincando, né?

—Não, o dinheiro é meu, como você disse. —Ela colocou as roupas na bancada e deu uma piscadinha.

A atendente colocou tudo em várias sacolas e eu entreguei relutante quatrocentos reais, não era muito do meu feitio gastar tanto dinheiro assim.

Melodia uma e saiu saltitando contente pelas ruas, enquanto eu ia com cara de idiota atrás dela servindo de burro de carga.

  — Sua consideração por mim se torna mais notável a cada momento...

  — Você é o meu anfitrião, está apenas cumprindo sua função como tal. — Ela sorriu e eu percebi a furada em que eu havia me metido. Se tudo desse certo, o próximo dia seria melhor! Mas eu sou o Leonardo, então tal coisa era impossível.

 


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Notas finais do capítulo

Vejo você nos comentários ;3;