Os Voos de Madison escrita por Yasmin, Cristabel Fraser, Paulinha


Capítulo 7
Capítulo 07 - Tinder


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, boa noite, voltando com mais um capítulo. Ah, esqueci-me de dizer, dessa vez é a Yasmin.
Primeiramente, quero dedica-lo a uma leitora/amiga muito especial, a Paulinha, que foi super prestativa, auxiliou, opinou e sugeriu detalhes importantes que deixaram o capitulo divertidíssimo e interessante...
Obrigada, flor, de coração!
No mais, desejo a todos uma boa leitura e peço, por gentileza, a opinião de vcs nos comentários....
Beijos!



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 PASSAGEIROS DO VOO 1346, COM DESTINO AO AEROPORTO DE MADISON, FAVOR SE DIRIGIREM AO PORTÃO 18, O EMBARQUE SE INICIARÁ DENTRO DE ALGUNS INSTANTES.

Graças a Deus, pensei alto quando finalmente a atendente anunciou nosso retorno a Madison. O problema na turbina nos custou, belas duas horas, onde passei parte do tempo me esquivando das gracinhas do Mellark e investidas de Cato que fora da aeronave fazia questão de disputar o terreno com os outros dois homens.

Annie também não me deu sossego com o tal do aplicativo de relacionamentos. Pôr ela eu já teria marcado uns trezentos encontros, estaria casada e tendo bebezinhos fofinhos com alguns dos pretendentes.

E quem me dera, fosse apenas isso. Ela encontrou o perfil do noivo de Lara uma atendente da equipe e Dexter; outro piloto que tem um relacionamento de longos anos com uma romancista, rica, loira e altruísta, e mesmo sendo ela detentora de todas essas qualidades, Dexter não se contentou, foi e criou um perfil nesse site de encontros, buscando aventuras e noites de sexo, o que fez Annie ciumenta Cresta, ficar encarnada, tentando descobrir se Finnick também era infiel como eles. Então, me lembrei do meu último relacionamento, já tem tanto tempo, mas Kyle foi algo marcante em minha vida.

Porém, infelizmente, seu legado fora mais de lembranças desagradáveis do que boas. 

Kayle era legal, beijava bem e era muito carinhoso, o conheci em uma das minhas caminhadas no parque, nosso relacionamento não durou mais que um ano, porque ele não acreditava que eu poderia ser fiel, ele era um pouco mais experiente e dizia que eu era jovem demais para me contentar em ficar trancafiada no quarto de hotel todas as vezes que passava as noites fora da cidade. Eram brigas e acusações, assim que colocava os pés em Madison.

Até que cansamos um do outro.

         Essa é a grande desvantagem para quem trabalha nessa área. Quase impossível confiar. Manter um relacionamento é muito mais que complicado, na verdade dizer que é normal como qualquer outro, seria apenas um atenuante.

 É necessário um esforço e paciência e você também não pode ser muito ciumento, possessivo aquele tipo que se pudesse colocaria o parceiro na coleira. Não com alguém dessa profissão, que infelizmente é assediado o tempo todo, ou melhor, assediada, é claro.  Os assédios acontecem, não é lenda, e é por esse motivo que cada vez mais o sexo feminino está sendo substituído pelo oposto, fazendo a companhia se prevenir de futuras ações trabalhistas com narrativas desse contexto.

         E não é só isso. Confiar em alguém a casa dia fica mais difícil. Não com essa modernidade onde as pessoas se comunicam apenas por mensagens. Chamadas de vídeos, cada um de um  lado da câmera.

         Confesso que duvido de minha capacidade em seguir com um relacionamento do tipo. Sou diferente, quero alguém de corpo presente. Alguém que eu possa esperar do trabalho. Ou até mesmo alguém que depois de uma intensa noite de amor. Divida comigo os problemas do cotidiano, financeiro, o que for. Quero construir, viver, algo que nunca tive na vida. Quero ter minha própria família. Esse é meu maior plano, é claro, depois que eu conseguir inaugurar meu hotel. Mas, enquanto nada se materializa. Aproveito as vantagens, que não são poucas, de viver diariamente a mais de 10 mil metros do chão.

###

 Era madrugada quando encerramos o expediente. Podíamos ir para casa de táxi ou com o transporte da companhia. Mas, nenhum deles estava acessível no momento. Então, Annie e eu, aguardávamos do lado de fora do aeroporto, encolhidas, quase congelando com vento gélido que esfriava a noite.

— Estão aí, ainda? – Perguntou Finnick ao parar seu carro próximo a calçada. Ele havia oferecido carona, mas para evitar fofoquinhas caso alguém nos visse saindo juntos, não aceitamos.

— Daqui há alguns minutos o transfer estará estacionando – respondi me abraçando.

— Entrem, levo vocês – Ele destravou as portas automáticas, Annie voltou a recusar, mas, olhei para os lados, para rua vazia onde e vi que nenhum sinal de farol, surgia.

— O que acha? – perguntou ela, querendo minha opinião. Sabe como sou.

Mordi meus lábios, em dúvida.

— Que quero chegar em casa, o quanto antes – Considerei aceitar, caso surgisse algum burburinho sobre o envolvimento deles eu negaria de pés juntos. – E você?

— Tem certeza? – Perguntou com seus olhos verdes cansados. Assenti, e entramos no carro esportivo de Finnick. Annie no banco da frente, eu logo atrás. Coloquei cinto de segurança e esperei que ele desse a partida, mas, minutos se passaram e continuamos estacionados.

— Só mais cinco minutos – ele virou rosto avisando.

Fiz um sinal afirmativo e quando abri a boca com intenção de perguntar qual o motivo da espera, alguém deu dois toques no vidro, mas, eles eram fumes, o que me impediam de ver quem era. – Banco de trás – disse Finnick a Peeta e me apavorei, ao perceber que ficaria ao meu lado. Próximo demais a mim.

— Maddox!! – Exclamou ele, ao entrar, e de forma abusada, sentou-se passando os braços ao redor do banco.

 Senti Finnick dar a partida no carro, respondi o cumprimento do Mellark e dei minha atenção a janela ao meu lado.

— Estou morrendo de fome e vocês? – ele se mexia rapidamente, tirava a gravata, dobrando as mangas da camisa branca, e depois os três primeiros botões abaixo do pescoço, fazendo um v minúsculo se formar, deixando o ainda mais charmoso.

— Que tal uma parada? – sugeriu Finnick.

— Eu acho ótimo!! – essa era a traíra da Annie e nesse momento me arrependo por ter entrado nesse carro.

— E você, está com fome? – diferente de das outras vezes, Peeta falou comigo com uma postura diferente. Sem insinuaçõezinhas, provocações ou algo do tipo. Imagino que seja o horário. Deva estar cansado e por esse motivo, aceito, estou faminta, assim como eles.

— Por mim tudo bem – falei rapidamente e me calei enquanto os três discutiam sobre nosso destino, já que dado o horário não nos dava muitas opções disponíveis, mas logo chegam a uma conclusão e Finnick estacionou num bar onde ele garantiu que serviam as melhores fritas com queijo da cidade.

Sentados numa mesa de quadro lugares, Peeta e Finnick embalam numa conversa sobre o voo de hoje. Comenta que assim que encerramos, se direcionou a diretoria, fez uma reclamação sobre o problema com a nave, parece irritado, creio que seu apelo não surtiu efeito, nem mesmo ele, sendo namorado da herdeira, teve prerrogativas pra conseguir com agilidade seu pleito.

Logo nos concentramos nas batatas que não demoram a chegar, eles pediram cerveja, enquanto me contentei com uma soda, mas, não fui a única, Peeta se ofereceu para me fazer companhia, disse que iria dirigir, isso até o papo em nossa mesa fluir e todos, até mesmo Peeta, me convencer que uma caneca de shop, depois do dia de hoje, me faria bem.

Aceitei, e é claro, durante toda conversa não disse mais que cinco palavras. Sempre fui assim, não consigo ser eu mesma na companhia de estranhos, somente após muita convivência, me permito me mostrar um pouco.

— Que tal uma partida de bilhar? – falou Annie empolgada demais, já alta pelo efeito da bebida, isso sempre acontece com ela depois um pouco de cerveja.

— Acho melhor não – recuso verbalmente e com olhar. Querendo muito ir pra casa.

— Só uma partida!! – ela insisti com a voz manhosa e carregada – Depois vamos para casa, pare de ser chata, só um partida – Implora e todos olham pra mim. Como se nossa permanência no local dependesse unicamente de meu aval e como não quero mais bancar a velha chata. Chuto o balde, digo que podemos ficar.

— Vão vocês, fico por aqui – mantenho minha atenção no celular, nem tem nada demais, mas finjo prestar atenção numa conversa, esperando que não insistam muito.

Então, como premeditei, eles me deixam sozinha, aproveito para soltar o cabelo, tirar o lenço do pescoço e pela primeira vez, olho diretamente para o Mellark, é quase impossível não fazer isso. Ele está tão lindo, daria tudo o que tenho, o que não é muito, para mudar meu passado, para que senhorita Trace e ele não tivessem se afastado de mim.

Confesso que há momentos, que me pego naquela vontade de dizer: “ei sou eu, lembra?  Estudávamos juntos, apertávamos a companhia dos vizinhos juntos e depois corríamos, quero dizer, você sempre retornava para me puxar, já que nunca fui ágil com você”

Mas, ao invés disso suspiro pensando que o diálogo com ele é algo quase impossível.

Observo ao meu redor, o teto do estabelecimento é coberto por uma clara boia, ela está aberta, deixando o vento e claridade da lua entrar no recinto, mas suspeito que eu seja a única prestando atenção nisso. Já que os outros visitantes estão mais interessados e fisgar suas iscas (mulheres), comer ou se embebedar.

— Sem estrelas, céu nublado, vento gelado, vai chover!! – Peeta retorna para mesa, senta no seu banco e sorri quando um relâmpago ilumina o céu. – Vai inundar a cidade! – Passa olhar para mesma direção onde eu mantinha minha visão e depois apoia seus cotovelos em cima da mesa, deixando sua face maravilhosa próxima demais da minha.  Por que ele fazia isso? Quase não consegui desprender meus olhos dos seus, mas logo o juízo acopla em minha mente, então deixo minha coluna ereta, ficando longe o suficiente, contudo, não consigo deixar de notar uma pequena falha em seu supercílio esquerdo.

Mudos, observávamos nossos amigos. Eu não abri minha boca e ele não parecia muito interessado em dialogar. Apenas me olhar. Deixando me horrorizada com o desprendimento dele. Cansada do seu jogo. E de como ele me olhava. Com um olhar predador, improprio, para alguém que já possui um relacionamento de anos, sério, como ouvi dizer, levanto e ando até a direção de Annie que está rindo à toa, se divertindo com Finnick.

Sussurro em seu ouvido, avisando que terei folga do trabalho, mas não dos meus estudos. Só assim parece se lembrar. Fica agitada, pedindo desculpas pelo deslize e bebe o último gole do copo de cerveja que ela havia deixado na quina da mesa de bilhar.

Annie vai no banco de trás comigo. Finnick na frente e Peeta dirigindo.

— Obrigada, Finnick – digo assim que me retiro do carro.

Abro a boca para me despedir do Mellark, afinal, não sou nenhum mal educada. Mas, desisto quando o vejo entretido demais no celular.

— Boa noite, pra você também, Maddox – Peeta se manifesta assim que dou as costas, acho que é segunda vez em todo percurso que olhou na minha direção, a primeira, foi quando de relance o flagrei me olhando pelo espelho retrovisor.

Foi a última vez que nossos olhares de encontraram na noite, já que agora, faço de tudo para não olhar dentro dos seus olhos.

— Boa noite!!– Aceno com a cabeça e subo para meu apartamento deixando Annie para trás, seguindo diretamente por banho, e além da sujeira e do cansaço, tento extinguir a visão dos olhos do Mellark, ou melhor, tento não voltar no tempo, mais exatamente no dia que ele adquiriu a cicatriz no supercilio, mas é impossível, a ocasião povoa minha mente, como se aquele dia de inverno onde tudo estava congelado, fosse hoje.

 O Lago, os galhos das árvores e até mesmo a grama, estavam cobertos de gelo.

“Ei, vocês dois, saiam já daí”

Gritou a senhorita Trace. Ela estava longe, fazia algum tempo que ela tentava nos convencer de entrarmos, mas seu apelo era inútil, jamais surtiria efeito com seu filho obstinado

“Peeta Mellark, não me faça ir até você”

“Melhor irmos, ela pode cair”

Falei apreensiva e cutuquei seu braço

“Estamos terminando, mais algumas pedras e depois finalizamos com o boneco de neve” respondeu teimoso, com a ideia fixa de construir um iglu com o gelo.

“Nada de boneco de neve, somente o iglu” eu disse, contudo ele ignorou minha fala e pisou no lago congelado. “Peeta”

“Está firme” pulou no gelo “Se me ajudar, terminaremos mais rápido” ele começou a quebrar o gelo com uma picareta, enquanto eu colocava os blocos num balde e posteriormente os levava até nossa construção.

 Minutos depois, quando a nevasca voltou a cair, nosso empreendimento estava na fase final. Faltava, apenas cobrir alguns buracos e depois fazer o acabamento com a neve, mas algo deu errado quando Peeta escorregou e bateu a cabeça em uma pedra de gelo, quase matando de susto a mãe dele e eu, pela quantidade de sangue que fluía. Depois daquele dia, ficamos de castigo, as brincadeiras só aconteciam no almoxarifado, onde ficava o escritório da mãe dele.

###

Saio do meu banho, com uma toalha enrolada na cabeça e outra no corpo. Annie está no meu quarto, devidamente vestida com sua roupa de dormir, fazendo me perceber que me perdi no tempo mais uma vez enquanto pensava nele.

— Que faz ai? — está novamente futricando meu celular.

— Estou arrumando alguém para você, não aguento mais seu mau humor.

— Não estou mal-humorada, estou ótima— forço um sorriso ao mesmo tempo que procuro por uma camisola limpa, mas desisto ao me lembrar que não fui a lavanderia esta semana.

— Simpática feito uma mula. — ela diz e continua empenhada em sua busca.

Termino de me vestir e seco os cabelos com o jato quente do secador. Demoro um pouco, eles estão compridos e um pouco rebelde desde que passei usá-los mais escuros do que são naturalmente.

— Que tal esse? — ela mostra a foto de um rapaz musculoso. Pela forma que suas sobrancelhas são desenhadas em perfeição, suspeito que seja aquele tipo que preza acima de tudo pela beleza.

— Metro sexual. — digo ajeitando meu travesseiro, bocejando de sono.

— O que tem, pelo menos tem senso de moda. — ela diz ao vê-lo vestido com roupas de grife.

— Ah, sim, ele vai adorar meu modelito de dormir — ela rí ao me ver novamente com a camiseta mais velha do guarda roupa

         — Tem razão, você e suas roupas sexys, mas, não se preocupe tem muito outros. Não vou sair daqui até você ter um encontro e se permitir...

Gargalho.

— Me permitir?

— Sim, se permitir, você precisa abrir as asas para o mundo, abrir a porta e deixar o amor entrar — ela diz com um ar experiente e apaixonado, porém, de experiente, não tem nada, e seus últimos namorados são prova disso, salvo Finnick, que até o momento parece um príncipe, sem defeitos. — Quem escolhe, acaba sendo escolhido — continua e a essa altura, estava praticamente dormindo, mas era impossível fazê-lo com Annie tagarelando em meus ouvidos por cada homem que ela encontrava no maldito Tinder.

— Ok — sento irritada —Vou curtir o próximo da fila e se ele gostar de mim, converso com ele, mas, não prometo nada com relação a encontros.

— Ok — ela bate palminhas e me entrega o celular e então, fiz o que prometi, meu pretendente era lindo. Moreno, da cor do pecado e com a língua de fora, um charme encantador. Contudo, o único problema era que ele babava e tinha quatro patas!

Sim. A foto de perfil do meu pretendente era de um cachorro. Um labrador de olhos caramelos, chamado Picasso. E segundo ele, estava à procura de amor sincero. Tão sincero quanto o que os cães transmitem.

— Pronto — deslizei meu dedo pela tela, dando um "like" enquanto reprimia um sorriso, então, enfim, eu havia conseguido um par no Tinder!

 

— Não sua trapaceira. Não vale, Katniss, você não vai sair com um cachorro. — Annie normalmente não era boba assim. A bebida, tinha uma grande contribuição para aquilo.

— Vale sim, agora sai. Me deixa dormir, Annie. Sabe que tenho muito o que fazer amanhã. — ela se levanta e sai batendo o pé, esbravejando que sobre ainda não termos encerrado esse assunto.

Finalmente fico sozinha. Desligo tudo e durmo rapidamente.

Na manhã seguinte acordo bem cedo, faço café e me arrumo para ir até a faculdade. É um pouco longe, por isso vou de metrô.

Durante o caminho mantenho minha atenção nos livros. Mas, logo o bip do celular chama minha atenção e vejo um aviso do aplicativo dizendo que meu pretendente animal curtiu meu perfil. Rio, achando ao menos, graça disso tudo. E até penso desativar o aplicativo do celular. Mas, o trem chega em minha estação exatamente no momento que penso nisso.

De salto alto, corro até o bloco C da faculdade, mostro meu cartão de identificação e logo sou autorizada entrar na sala composta por adultos que assim como eu não tiveram a oportunidade de cursar o ensino superior depois do segundo grau.

Como estudei feito louca nos últimos dias, não encontro dificuldade em fazer a prova, que consistiu em basicamente todo o meu conteúdo de pesquisas. Contente com meu desempenho permito-me almoçar num restaurante refinado demais aos que estou acostumada a frequentar. Peço um cardápio e quase tenho um ataque epilético, assim que vejo os preços.

— Só um minuto — falo para o maître que aguarda minha escolha, então peço moderadamente um prato que nunca comi na vida e que também vai me custar os olhos da cara.

Enquanto o prato não vem, me contento com uma agua mineral, Deus me livre guarde - foi isso que sussurrei quando pensei em pedir o vinho mais barato do recinto, porém, o mais barato era a soma do meu salário de dois meses.

Mas, empolgada com o aroma e a delicadeza do prato, tentando decidir por qual pedaço do cordeiro iria começar primeiro me espantei quando recebi uma mensagem em meu BlackBerry. Era do aplicativo e o remetente é o tal Picasso, então, equilibro meu garfo numa mão e o celular em outra e me apresso a ver o que escreveu.

Picasso: Prefiro as uvas do Norte, são mais doces, mas não enjoativas!!! Boa tarde!

Ao menos ele entendia de uva, realmente a colheita do Norte era minha preferida (...)

Eu: Não sabia que cachorro sabia ler e escrever.

Gargalho e espero que ele me deixe comer em paz(...)

Picasso: Engraçadinha! É assim, sempre?

Eu: Não estou sendo engraçada.

Picasso: Não mesmo, é direta assim, sempre?

Eu: Depende!

Picasso: Depende?

Eu: Da ocasião e neste momento, estou tentando saborear meu prato de U$200, sabendo que nunca mais terei essa chance novamente, não pelos próximos anos, mas você está me atrapalhando.

Picasso: Nossa! Você sabe espantar um pretendente...

Gargalhei (...)

Eu: Sou doutora nisso. Só os fortes sobrevivem.

Picasso: Mais interessado ainda...

Levei o copo de agua na boca, ao ver o rumo que a conversa estava seguindo.

Eu: Olha, Picasso, eu já adianto que não vai rolar...

Picasso: Rolar o que????

Eu: Isso. Não adianta flertar comigo, não saio com desconhecidos.

Picasso: Não sou um desconhecido, ou melhor, não serei depois que me conhecer...

Eu: É sempre insistente assim?

Picasso: Sempre!

Procurei a opção de bloqueio, mas quando fui fazê-lo, minha consciência não deixou. Voltei minha atenção para meu prato que estava esfriando, comi silenciosamente por alguns minutos, até o celular vibrar novamente.

Picasso: Então, neste momento está no Marry Marry... Acertei?

Olho para os lados assim que termino de ler sua mensagem, como ele sabia?

Eu: Errou!

É lógico que não vou confirmar para ele minha localização.

Picasso: Então, deve estar no Lucio's... Preços como esse, são características desses dois lugares.

Eu: Acertou.

Picasso: Então, vou deixa-la saborear os pratos.

Eu: Obrigada!

Suspirei deixando o telefone de lado, olhei em volta e vi que era a única almoçando sem companhia. Eu deveria ter chamado Haymitch ou ter ido a um Mc Donald’s, assim me sentiria mais à vontade. Longe dessas pessoas da alta sociedade.

— Oh, não! Dever ser algum engano — interrompo o maître que se aproximou deixando um vinho caríssimo em minha mesa. — Eu não pedi!

— Um momento — Ele caminha até o caixa e conversa com a atendente que sorri olhando em minha direção, então, penso que não passou de um engano, mas logo ele retorna dizendo: — Não foi engano senhorita, é cortesia...

— Cortesia? — penso que restaurante cede como cortesia um vinho que custa mais de três mil dólares?

— Sim, precisa de mais alguma coisa? — pergunta enquanto serve minha taça.

— É...

Sou interrompida por um bip novamente. Desbloqueio a tela do Black Barry e vejo uma nova mensagem.

Picasso: Aproveite o vinho, senhorita, a safra Chinela harmoniza muito bem com a carne de cordeiro.


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Notas finais do capítulo

Oi, gente, e esse pretendente misterioso...
Quem será, hein???
Façam suas aposta...



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