Os Voos de Madison escrita por Yasmin, Cristabel Fraser, Paulinha


Capítulo 6
Capítulo 6 – Diversão


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá muito boa noite as lindezas... olha quem voltou O/ Ysa e a Bel... meninas queremos agradecer ao carinho de cada uma de vocês. E gostaria de avisar que, mesmo que demoremos a postar esse maravilhoso projeto, fiquem tranquilas que sempre terá uma atualização, ok? A Yasmin tem uns horários bem corridos e eu que tenho mais ou menos tranquilo não posso sair em disparada querendo escrever ou acelerar as coisas aqui, certo? Afinal sou apenas a co-autora da Ysa. Pois bem minha gente estou vendo que algumas estão odiando o nosso Mellark, mas calma que pra tuda questão tem um "X" e meninas continuem aqui que virá muitas emoções por aí... só posso dizer isso ;)
Os comentários serão respondidos, ok?
Apertem os cintos e boa leitura...



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O dia foi cansativo. Estou exausta, faminta, irritada, preocupada. É sempre assim, quando recebo meus proventos e preciso multiplica-lo para pagar minhas necessidades e ainda de quebra, fazer mágica, ou melhor, um milagre para que eu possa guardar metade dele, assim como faço, desde que aprendi a ganhar dinheiro.

 Sem contar que as provas bimestrais do curso que estudo estão se aproximando, não é difícil, no entanto por ser um curso à distância, requer um pouco mais de esforço. Por isso, sempre que tenho alguns momentos de folga, estou com um livro em mãos.

Como estamos fazendo novamente outra escala, dessa vez numa cidade longínqua. Um pouco fora de nossa rota cotidiana, estamos hospedados num hotel. Não é o meu preferido. É de uma grande rede hoteleira do país e por ser assim, é tudo muito padronizado, não transfere aquela sensação de lar. Parece mais um hospital ou até mesmo um dormitório de um sanatório de tão branco. Sem detalhes individuais que poderiam dar um up a mais na temporada do hospede que passa por aqui. Pelo menos essa é a impressão que tenho do quarto que ficou reservado à mim.

E, por querer muito evitar encontros com o cretino do Merevick, fui a primeira descer da Van e ir direto para o restaurante. Jantei antes de toda equipe e da traíra da Annie que está derretida, encantada pelo pernóstico do Mellark que deveria estar em cima de um palco fazendo Standup Comedy e não pilotando um avião. Uma profissão que ele deveria exercer com seriedade, o que não está fazendo já que faz piadinhas idiotas o tempo todo e no fim de um voo ou outro fica paquerando as passageiras assanhadas que ainda por cima me fazem de garçonete, acionando o botão de urgência, desnecessariamente, pedindo minha ajuda para que o número do telefone delas chegue corretamente nas mãos do bonitão, irresistível, ou melhor, o piloto tentação da Everlines.

É claro que eu não entreguei nenhum recadinho à ele. Não que me importo, claro que não, faço isso porque... porque tenho dignidade e sim porque que dei duro para chegar aonde cheguei, mesmo que inúmeras vezes pensei em desistir, pois a instrutora Octavia, me considerava fora dos padrões para ser uma elegante “aeromoça”. Engoli cobrar e lagartos para conseguir chegar no peso que a companhia exigia quando me candidatei à vaga.

E não vou fazer parte do jogo de sedução daquele imbecil.

Quem deve se preocupar com o comportamento dele é a coitada da namorada, que deve sofrer com a infidelidade escancarada dele.

 Quanto a isso. Desejo que se resolvam. Porque, aos poucos estou me convencendo, que sonhar com ele ou com quem foi um dia é algo que eu deva deixar no passado. Estou decidida, farei isso. Assim, conforme o tempo me convenceu que quem me deixou em uma cesta, na porta de um orfanato não merece minhas orações, apelos, ou os três desejos do gênio da lâmpada, caso um dia ele aparecesse.

         Assim que terminei minha refeição, segui para o meu quarto. Annie não estava, possivelmente nos desencontramos. Deve estar com os outros. Eles me chamaram. Queriam dar uma volta pelas redondezas, afinal, não é todo dia que voamos até Nova York.

         Eu neguei, antes da companhia alterar os procedimentos. As equipes não eram fixas. Recebíamos os horários semanalmente, então cada dia tínhamos um companheiro novo e uma rota diferente. Sem limitar jurisdição. O que era bem cansativo, principalmente nos voos diretos. E, New York City, esteve diversas vezes na minha pauta de voo.

Mas, graças aos céus a diretoria alterou isso. Sou interiorana.  Não trocaria a tranquilidade, a calmaria de Madison, pela agitação de uma cidade grande. Não mesmo, está fora de cogitação.

Para não falar que estive em Nova York e não senti o cheiro forte de fumaça, comida chinesa e tacos mexicanos se exalando em cada esquina, subo até o terraço para admirar a vista. De longe é linda. Daqui, consigo ver parte do Central Parque, mas não suas cores, que em virtude da primavera, deve exibir durante a luz do dia, cores exuberantes!

Distraída, admirando o luar, me assusto com uns risinhos e depois alguém um pouco desafinado cantando o trecho de uma bela canção.

Achei que estava sozinha! Procuro em volta e pela parca luz da lua avisto apenas um pé feminino devidamente calçado. Pela sandália reconheço ser da minha melhor amiga. Eles estão atrás de uma das caixas de ventilação. O que é estranho. Pensei que estariam fazendo um passeio romântico pela cidade.

Me aproximo com intenção de surpreendê-los, mas cesso meus passos, quando estou próxima o suficiente para escutar a conversa entre eles. Não é uma conversa qualquer, é um assunto sobre os dois e eu deveria dar meio volta e sair daqui. Mas, a voz de Finnick, o risinho doce de Annie, e o gracioso luar da cidade, torna o momento mais que encantador. E eu como não tenho nada de melhor para fazer esta noite, sento do outro lado da caixa, abraçando meus joelhos enquanto escuto Finnick cantar desafinadamente, I love You, de Frank Sinatra.

— Para!!! — Annie pede mas, sem conseguir sucesso.

— O quê, você não acredita?

Então, ele  voltou a cantar um trecho.

Pardon the way that I stare

There's nothing else to compare

The sight of you leaves me weak

There are no words left to speak

But if you feel like I feel

Please let me know that it's real

You're just too good to be true

Can't take my eyes off of you

— Finnick...— percebi que ela tentou abafar a voz dele, que gargalhou e continuou cantando em um tom mais audível.

I love you baby, and if it's quite all right

I need you, baby, to warm the lonely night

I love you, baby, trust in me when I say

Oh pretty, baby don't bring me down I pray

Oh pretty baby, now that I've found you

Stay and let me love you, baby, let me love you

— Você não acredita, baby? — disse ele

— Não é isso. — ela suspirou.

— O que é?

— É que...— ela deu uma pausinha dramática, talvez seja isso, com Annie nunca se sabe - Não faço parte do seu mundo, Finnick. Sou apenas uma aeromoça, sem ambições, sem muitas posses. Euu...

Ele a interrompeu.

— Quem está falando em posses? — Eu fechei os olhos imaginando que nesse momento ele segurou o maxilar dela e organizou sua mente pra dizer algo que irá quebrar suas defesas — Você é a melhor coisa que me aconteceu, Annie...

               — Finnick...

        — Me deixa continuar. — suplicou ele. — Eu te amo!

    — Como você pode ter certeza disso? — Senti sofrimento na voz dela. E senti remorso, visto que tenho culpa por ter dito o quanto é inferior a ele. E se amanhã você acordar e descobrir que era só um encanto... Eu estou com medo, não é medo de perder meu emprego e sim de amar sem reciprocidade!

— Não tenha medo, querida!

Silenciosamente, deixei os dois sozinhos.

***

Na manhã seguinte, como costume pulei da cama quando o alarme do meu celular tocou. Arrumei-me rapidamente e coloquei o vestido vermelho, o lenço no pescoço e ajeitei o cabelo num coque, prendendo-o com grampos.

Vendo meu reflexo no espelho eu tinha a sensação, a velha sensação de me desconhecer.

Quem eu era?

De onde eu vinha?

Não saber minha origem, fazia com que eu me questionasse. Algo que acontecia muito na minha adolescência, porém, agora raramente. Mas, quando ocorre me atingi de uma forma que consegue alterar meu humor. E a única vontade que tenho agora, é de ficar sozinha, como sempre fui. Às vezes penso que sou uma pessoa frígida.

Haymitch e Annie afirmam que não.

Eles justificam meu jeito fechado, devido as dificuldades que passei na vida.

Me olho firmemente e repito eu não posso, não quero, não vou me abater. Coloco um sorriso no rosto e sigo para mais um dia de trabalho.

Fui a primeira a entrar na van. Esperei Annie sentar-se comigo, mas, ao contrário disso, tive o desprazer de ter a cia do Mellark.

— Bom dia!

— Bom dia.

Silêncio e folhei voltando à atenção ao meu livro de empreendedorismo. Um dos assuntos que caíra no teste que farei dentro de alguns dias.

— Romance? — ele apontou para o livro, onde havia uma capa que não permitia que os curiosos soubessem o que tanto eu lia.

— Não! — respondi sem olhar para ele.

Silêncio, porém, ele o quebrou 15 segundos depois.

— Apenas, não? Você poderia ser menos monossilábica. — ergui o olhar de relance e o encarei.

— Monossilábica, eu?

— Sim, poderia ter dito que é um livro de romance. Desses água-com-açúcar. Onde o bonitão milionário da história não saíra dos seus sonhos a noite toda. Há quem goste, sem preconceitos. — ele sorriu prepotente e ajeitou o corpo na poltrona que era pequena demais para suportar seus ombros largos sem exagero.

Ele parecia se divertir toda vez que conseguia me tirar do sério. Fechei o livro com muita força e lancei a ele meu olhar mais fulminante.

— Fique sabendo que não é nem um romance.

— Sei...

O que ele estava querendo dizer com isso? Que sou uma encalhada e tenho que me contentar em sonhar com um personagem fictício?

— Fique sabendo que não preciso ler romances para sonhar com um homem. Se quer saber, tenho quem me faça sonhar diariamente. E posso garantir que ele não é o bonitão milionário de um livro.

Ele gargalhou, chamando atenção dos demais que entraram naquele momento. Cato foi um deles e lançou um olhar interrogativo para mim.

— Ele é seu namoradinho? — O Mellark questionou com um ar de curiosidade no rosto. — Não acha que tem casais clandestinos demais em nosso voo?

— Não somos um casal. — justifiquei rápido demais pra alguém que não deve satisfação a esse curioso — E se fosse, não lhe desrespeita... A propósito você é um deles. — falo indignada, por ele ser o namorado de uma das funcionárias da empresa e vir insinuar sobre o que fazemos quando estamos fora do trabalho. Certo que é uma das herdeiras, o que lhe dá a liberdade de fazer o que quiser dentro da empresa.

— É diferente. — Se defende.

— Diferente, por quê?

— Por que eles estão noivos há uma década. — Finnick se acomodou na poltrona à minha frente e Annie ao seu lado.

Olhei para ele, ao mesmo tempo em que tentava desfazer o nó que se formou em minha garganta.

— Noivo coisa nenhuma! — Ele se defendeu rapidamente.

De onde estava Finnick gargalhou. E eu senti o carro se movimentar pelas ruas. Fiquei aliviada com a falsa notícia. O Mellark parecia ter dito tudo que precisava dizer, então ficamos sentados, em silêncio. Mas, não por muito tempo. Ao virar a esquina ele retomou com as brincadeiras, o que perdurou até entrar na sua cabine e decolar em mais um voo no qual ele não me poupou em nenhum segundo.

Os saltos já esmagavam meu dedo mindinho quando consegui sentar pela segunda ou terceira vez durante os voos comerciais do dia. E ainda faltava mais um bate volta de Madison/Atlanta/Madison.

O interfone tocou e Annie atendeu. Era hora do jantar dos pilotos. E conforme Annie disse, o Mellark exigiu que eu levasse o jantar dele.

— Não vou, mesmo. — neguei sem mover um músculo do meu corpo. — Aquele idiota, não sou empregada dele. Quem ele pensa que é?

— Ele não está de brincadeira. — Annie falou firme — Sabe que ele não brinca durante um voo.

— Peça ao Cato, que é o chefe da equipe. — falei e comecei a arrumação do lanche dos passageiros. Annie bateu o pé firme. Não queria desavenças com o amigo do namoradinho. Mas, eu não estava aí pra ela, para ele...

Mas...

Mas... sempre acontecia um, porém.

— O senhor precisa desligar o eletrônico. — Falei educadamente com um dos passageiros da classe econômica que mesmo após ouvir as regras, teimou em realizar chamadas e navegar na internet, no momento  que o avião está prestes a decolar.

— Claro. — ele desligou o aparelho e o colocou no bolso.

Acenei afirmativamente para Annie, que rapidamente interfonou na cabine, avisando que o senhor espertinho, enfim havia feito o que devia.

Decolamos mais uma vez e quando estávamos à mais de 10.000 mil pés, os detectores de fumaça se acenderam e começou o desespero. Cato tentava acalmar os passageiros que nos olhavam assustados e formavam um burburinho de pânico. Dúvidas do que estava acontecendo. Eu agi conforme o treinamento, tomei as precauções e alertei a cabine de comando.

Dei dois toques na porta do banheiro e logo em seguida vi o comandante atrás de mim.

 — Qual o nome dele? — indagou com uma expressão nada boa no rosto e eu me assustei ao vê-lo longe do comando.

— Harry Dunkey. — busquei seu nome na lista de passageiros. Consegui identifica-lo, visto que sua poltrona era a única que se encontrava vazia no momento.

 — Sr. Dunkey, abra a porta, por favor!

 — Eu posso cuidar disso sozinha. — falei já que não deveria de forma alguma ter se ausentado da cabine.

Aparentemente ele não gostou de minha fala, já que foi ignorada. Então, ele pediu passagem e de forma contundente, segura e com o lado mais profissional que eu já havia presenciado Peeta discorreu as regras do voo e um momento depois escutei o trinco da porta se mover e o passageiro retirar-se do lavatório com uma expressão embaraçosa e cheiro forte de cigarro.

— É assim que se faz. — ele sussurrou no meu ouvido, fazendo com que todos os poros dilatassem. Ele percebeu isso e sorriu.

***

O impasse com o passageiro ansioso havia sido a maior intempérie daquela noite, quero dizer, isso até aterrissarmos no aeroporto de Atlanta e não conseguir retornar para casa em virtude de falha em uma das turbinas de nossa nave.

A equipe técnica da companhia já estava realizando os reparos. A previsão para regularização era de poucas horas. E enquanto isso, aguardávamos cansados na sala de descanso que a companhia reservava a nós funcionários.

Aconcheguei-me numa poltrona confortável. Os rapazes da equipe um de cada lado. Cato cantando a comissária de outro voo. Mellark e Finnick entretidos numa conversa animada e Annie, se empanturrando com as rosquinhas doces. Olhei em volta e fechei os olhos por alguns minutos. Os Abri quando senti o meu lado do sofá se afundar.  

— Ele não para de olhar. – arqueio minhas sobrancelhas ao encarar Cinna. – O comandante... – diz apontando com seus olhos para o outro lado da sala.

Sentindo o típico e conhecido friozinho na barriga, direciono meu olhar para onde aponta e o Mellark me encara de forma... no mínimo estranha para depois desviar abruptamente.

— Ele só quer me ver irritada, só isso, Cinna. – suspiro cansada e quando parece que comentará algo, me adianto – Virei a nova diversão para os momentos  Standup Comedy dele.

— Só que essa “diversão” pode ter outro significado. – um sorrisinho dança em seus lábios e ao abrir minha boca para contestar tal loucura, dos alto-falantes sai uma voz masculina nos avisando a liberação da nossa nave.


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Notas finais do capítulo

A música citada - cantada pelo Finn - no capítuo é I love You, de Frank Sinatra.
O que acharam?
Nos vemos em breve, beijos e tenham um ótimo FDS.



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