Os Voos de Madison escrita por Yasmin, Cristabel Fraser, Paulinha


Capítulo 13
Capítulo 13 — Noites de Tormenta


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, meninas, aqui é a Yasmin.
Segue mais um capítulo para vcs.
Boa leitura!



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— Três dias, Katniss, três dias! — Implorou Annie em certa lamúria e eu não consegui dizer não, não é como se eu tivesse escolha também, e agora estávamos a caminho da residência de Finnick, enquanto Annie tagarelava sobre o que poderíamos fazer durante nossa estadia, definitivamente, quando Annie cresta queria, conseguia usar seu poder da persuasão. E agora eu estava embarcando nessa aventura.

Embora minha relutância, ela não precisou utilizar muitos argumentos, eu não tinha para onde ir mesmo.  E já intitulei esse período como “Dias de tormento” que passarei ao lado desse cretino do Maverick que pela feição vitoriosa está satisfeito em me ter por perto. 

— Então, vocês dois precisam prometer que não iniciarão uma guerra. — Ela olhou de rabo de olho para mim e depois para Peeta. — Que tal aproveitarem esse tempo juntos para se conhecer melhor? — Sugeriu, fugindo o olhar na direção da janela e apertou os lábios de modo nervoso — Colocar os assuntos em dia, conversar sobre o passado, talvez... — concluiu baixinho, mas nem tanto, já que Peeta escutou o que ela disse e rapidamente pelo retrovisor do carro cravou seu olhar em mim.

— Ai — Annie gruiu assim que sentiu meu beliscão. — O que foi? — Mexeu os lábios sem emitir som.

Sentindo-me remotamente envergonhada com a situação, apoiei meu rosto na janela do carro para tentar desviar meus pensamentos que teimavam em ser exclusivamente dele. Não demoramos muito a cruzar a cidade, logo estávamos retirando as malas com nossos pertences e depois fomos conduzidas para o andar de cima da casa, onde ficava os quartos. Um pouco rudimentar a se comparar com o resto da casa que já conheço, mas parecia ser bem aconchegante.

— Peço desculpas pela simplicidade do quarto. — Disse Finnick. — Não tive tempo de decora-lo, estou a pouco tempo nessa casa, consegui organizar o básico, mas a cama é bem confortável, o banheiro é espaço. — Ele caminhou até a janela e abriu as cortinas, belas cortinas brancas.

— Imagina, Finnick, está ótimo, não sei nem como agradecer — Deixei minha bolsa em cima do criado mudo e sentei na cama sentindo a macieza do colchão.

— Não precisa agradecer. — ele sorriu me deixando sozinha no quarto.

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— Bom dia, bela adormecida — Annie abriu as cortinas, deixando a claridade invadir o quarto. — Já passa do meio dia, Katniss, você não é de dormir tanto, o que houve?

Demoro um pouco a me situar. Quando consigo, apenas uma imagem vem em minha mente. Então a resposta para sua pergunta se refere apenas um nome: Peeta!

Se alguém me dissesse a dois dias que eu estaria hospedada na casa do cretino do Maverick, eu riria na cara dele. Mas a verdade, é que aqui estou, deitada em uma cama superconfortável, olhando para o teto branco do meu "quarto de hóspedes”.  Tudo bem que a casa seja do Finnick, mas isso não importa, já que o cretino mora no quarto ao lado.

 Deus, eu me pergunto o que fiz para merecer isso. Tudo culpa da minha amiga Annie, isso se é que eu posso chamar aquela traíra de amiga. Depois que Finnick à convenceu de se hospedar em sua casa, a traíra alegou que só iria com uma condição. Então dá para imaginar qual a condição da minha melhor "amiga", que eu fosse junto é claro. Claro que isso foi motivo o suficiente para que todos, quando digo todos me refiro a Annie à amiga traíra, o noivo Finnick e, é claro o Maverick do Mellark para tentar me convencer da minha decisão já tomada. Claro que como eu era a minoria e como não tinha outro lugar para ficar, aqui estou eu.

Eu sabia que seria difícil estar em uma casa com ele, eu sabia. Só não ideia do quanto. Trabalhar com ele já não era o suficiente para me punir pelos pecados que já cometi e os que ainda vou cometer? Não eu teria que passar por essa provação, mas não ajuda muito, quando o diabo não veste Prada e sim uma cueca preta Calvin Klein. Por quê Deus eu tinha que ir de madrugada na cozinha tomar um inocente copo d’água e me deparar com um Peeta seminu na cozinha fazendo o mesmo que eu pensei em fazer.

Em geral, não tenho dificuldades em dormir, mas essa tarefa se tornou ardua, foi quase impossível. As imagens de um loiro seminu meus demônios. Já que eu só conseguia pensar naquele traseiro redondo e as costas largas, e no quão a pele dele deve ser macia, e o desejo de toca-la fazia minha mão formigar, os desejos mais impuros despertar. Definitivamente foi a minha primeira noite de tormento, não sei se irei sobreviver, ou resistir até o fim dessa estadia, mas eu não posso alimentar a cabeça maluca de Annie, por isso invento outra justificativa.

— Talvez seja porque ontem eu fugi de um tornado, isso é uma tarefa cansativa.

— Nem me fala. — Sua voz saiu empolgada — Tive inúmeros pesadelos, se não fosse Finnick, eu teria tido uma noite terrível.

— Imagino. — Resmunguei ainda debaixo do edredom.

— Mas, eu estou morrendo de fome, você não? — Numa alegria que eu não compartilhava, Annie puxou o edredom que cobria meu corpo. — Vou espera-la aqui embaixo, — escutei sua voz se distanciando do quarto e então, finalmente abri os olhos, foi legal amanhecer naquele quarto branco, todo branco, na verdade elegante. Reparei na moldura das janelas, tinha um desenho colonial. Bem bonito!

Levantei da cama, e olhei para a vista de fora, o dia estava belo. Estiquei os braços, e me espreguicei antes de caminhar e apoiar os cotovelos na soleira da janela. Passei os dedos pela madeira, admirando os detalhes, decido que quero janelas assim em meu hotel. Vi meu reflexo através do vidro que me dividia do lado de fora. A casa era mais bela ainda com à luz diurna. A grama era tão verde como olhos de Annie e a água da piscina estava tão azul como os olhos de Peeta.

Suspirei de novo ao me lembrar da outra noite. Um suspiro sufocante. Eu tinha que parar com isso. Parar de fazer dele o tema central dos meus declínios. Dos meus sonhos.

Preciso voltar a pensar em meu hotel, no meu destino.

O barulho de alguém se aproximando me faz despertar, não tenho certeza se é Annie querendo me azucrinar, por isso corro para fechar a porta e entro no banheiro. Meu cabelo e meu rosto estão inchados, estou em frente ao espelho, vejo as bolsas e olheiras que podem assustar alguém. Então retorno ao quarto, pego uns sachês de chá que deixei em bolsa e o umedeço com água quente e esfrego de baixo dos olhos. É uma boa receita caseira.

 Estou nervosa, preciso descer, me juntar eles, em vista disso, antes descer a escada faço o sinal da cruz, ao me aproximar da cozinha, ouço risos e vozes que cessam assim que estou finalmente entre eles.

— Bom dia! — Eu disse meio encabulada, mas fiquei aliviada em não vê-lo entre eles. Soltei o ar.

— Bom dia, preguiçosa, chegou na hora certa. — Annie me recebeu — Finnick já vai servir o almoço e adivinha o que ele fez!?— Pelo aroma eu poderia jurar que seriam costelinhas de porco ao molho Barbecue, mas, pelo em felicidade da minha amiga, eu apostaria meu rim que ele havia preparado algo além disso, algo que ela ama comer ao mesmo tempo, não me pergunte o porquê, aos domingos em nosso apartamento, sempre que Annie pilota o fogão comemos costelinhas de porco ao molho Barbecue e Lasanha e o aroma que emana do forno denuncia isso.

—Você é mesmo uma garote de sorte! — Elogiei ao ver Finnick retirando a travessa fumegante de queijo e molho borbulhando, entre as camadas da massa de lasanha. O cheiro estava divino. Annie me levou para o jardim da casa.

— Eu sou mesmo. — Respondeu ela puxando minha cadeira e eu me sentei ao mesmo tempo que meus olhos o procuravam.

— Ele não está aqui. — Ela me avisou. Está tão na cara assim?

— Ele? — Fingi não entender do que ela constatou.

— O Peeta — ela deu a meia volta e se acomodou na cadeira a minha frente. A brisa da palmeira bateu em seu cabelo. — Ele foi ver a irmã, saber se está bem, deve voltar logo, aí você poderá apreciar a vista, como tem feito desde que ele saiu daquela cabine e anunciou que seria o novo comandante.

— Eu não sei do que está falando. — Segurei os talheres em minha mão, e lhe lancei um olhar mordaz.

— Ah, você sabe, e como sabe, eu tinha percebido, na verdade eu estranhei  muito a forma como olhava para ele, na verdade eu sempre quis indaga-la isso, mas eu só pensei que fosse uma rixa profissional, afinal, você adorava o Boggs,  e ele o substituiu, e ver você sendo antipática com um colega de trabalho é algo inusitado, você é sempre tão gentil com todo mundo, mas agia diferente com ele, estranhei de início, mas  depois que me contou tudo eu pude alinhar os ponteiros, fazer minhas continhas, imaginar mil e umas formas de juntar vocês dois.

— Juntar nós dois? — Sussurrei incrédula — Ele tem namorada, Annie, tira essa ideia maluca da cabeça.

Annie revirou os olhos.

— Uma namorada que não está aí para ele, o conhecemos a meses, quantas vezes os vimos juntos?

Duas malditas vezes, eu pensei.

— Isso não é da sua conta e nem minha. — Respondi — E eu não estou nenhum pouco interessada.

— Não mesmo? Finnick disse que eles estão em crise — Essa última frase, ela falou baixinho e meu coração palpitou ao saber disso. Mas, quando eu ia abrir minha boca para argumentar contra aquilo, Finnick surgiu e colocou as travessas em cima da mesa. Mudamos de assunto.

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Quanto ao que Annie disse não falamos mais sobre isso, na verdade ela tentou, mas me esquivei, entrando em outros assuntos, assim passamos o dia, até recebermos a ligação da coladora de veículos.

— E agora o que vamos fazer? — Exaurida Annie, jogou o corpo no enorme sofá que Finnick possuía na sala, acabamos de retornar da locadora, e como eu previa, as notícias não são favoráveis para o nosso lado, quero dizer, não tão ruim quanto eu imaginava que fosse, pois devido a nossa alegação de falha mecânica, a seguradora concordou em cobrir cinquenta por cento do valor do carro.

— Vamos ter que usar nossas economias. — Suspirei retirando minha bolsa e sentando ao seu lado também.

— Mas, é quase a metade do nosso dinheiro, Katniss, tem de ter outra forma, um meio legal, não é nossa culpa o carro ter apagado no meio da estrada. — Ela se ergueu furiosa — Eu vou pensar em algo, não vamos arcar com esse prejuízo. — Ela saiu resmungando e batendo as botinhas que Finnick havia dado a ela em nossa última viagem a Nova York.

Apoiei meu rosto na palma da minha e mão e olhei para o longe, as cortinas estavam arreganhadas, me permitindo ver a piscina e o jardim da casa e então um corpo esguio, num maiô esportivo, mergulhou com simetria na agua cristalina. Fui até a janela, não tinha certeza de quem era, mas logo que a nadadora alcançou a borda da piscina, eu vi Prim, ela sorriu para mim e acenou, não hesitei em ir até ela.

— Prim!!

Assim que alcancei a parte externa da casa, eu retirei a minha sandália, dobrei a barra da calça, e me sentei na borda da piscina, mergulhando meus pés na agua.

— Oi. — Ela deus algumas braçadas até estar fora da piscina, vestiu um roupão com emblema da universidade e se acomodou ao meu lado. — O Peeta disse que você está hospedada aqui.

Seu semblante demonstrava um olhar curioso, então contei tim-tim por tim-tim e por fim:

— Sim, a tempestade foi violenta, comprometeu a estrutura do meu prédio, e não encontramos vagas disponíveis nos hotéis da cidade. — Resumo o fim. — Como foi na universidade, está tudo bem por lá? — Falei preocupada.

— Tivemos algumas vidraças quebradas, meia dúzia de líderes de torcida apavoradas, mas, nada mais que isso. — Ela não sorria muito. — Mas vocês tiveram uma bela aventura.

— Sim, uma aventura inesquecível — eu confirmei me lembrando do carro. — Mas, o que está fazendo aqui, não devia estar na aula? — desviei o assunto.

— Ah, eu devia, mas estou nervosa o bastante para me concentrar nas aulas. — Torceu o nariz.

— E qual o motivo do nervoso? — bati meu ombro no dela. — Algum garoto em especial?

— Não — seu rosto ficou vermelho — Nenhum garoto, quem me dera, a verdade que seletivas para o campeonato nacional de natação irão começar, e eu estou bem nervosa, o clima no parque aquático do campus está tenso demais para mim, por isso o Peeta me trouxe para nadar nessa bacia, porém, não está adiantando muito.

— Deve ser muito importante para você. — eu frisei.

— Muito importante. — ela olhou o céu — Preciso ficar entre as finalistas para garantir uma vaga no campeonato. E não ter meus pais torcendo por mim na arquibancada pela primeira vez está sendo algo bem difícil de lidar.

— Mas, você tem seu irmão, com certeza ele estará lá. — Tento aliviar.

— Você poderia ir também! — Inesperadamente ela me faz o convite.

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A noite havia caído, a casa estava em silêncio, eu estava sozinha, então procurei algo para fazer o tempo passar também, fiz uma breve leitura na área externa da casa, liguei na igreja e quase não consegui falar com Haymitch, lá ainda estava tumultuado.

Annie e Finnick foram ao cinema, e Peeta ainda não tinha retornado.

Eu tinha a casa só para mim, então pensei que eu poderia aproveitar a piscina. Relaxar. Sem muita pressa removi minha roupas. Não todas, é claro, fiquei com minhas peças íntimas. A água estava morna, já que o sol a esquentou o dia todo. Então eu nadei.  Todas as formas que eu aprendi a nadar no lago que Haymitch aos domingos me levava. Eu nadava. Enquanto ele tentava pescar.

— Como está a água? — Alguém gritou.

 Meu coração quase saiu pela boca, olhei para o lado, buscando o dono da voz e então o encontrei debruçado na sacada do quarto dele. A quanto tempo ele estava ali?

 Fechei os olhos por um pequeno lapso de segundo. Quando os abri ele não estava mais lá. Nadei até a borda, na direção que deixei minhas roupas, porém cheguei tarde demais, ele estava lá em pé, sorrindo, enquanto segurava meu vestido.


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