Ao abrir a porta do quarto de sua filha, ás 7 da manhã, ela se surpreendeu ao ver sua menina de quatro anos sentada na cama já acorda. Fazia 1 ano desde que era apenas ela e sua pequena, e a menina parecia cada vez mais com o pai, tirando os olhos e os cabelos claros que herdara da mãe, ela parecia muito com o pai, cada vez que olhava para a sua pequena lembrava do homem que amou cada segundo durante anos, o homem que perdeu há 1 ano. Com um sorriso meigo, ela adentrou no quarto da menina e aproximou-se um pouco da cama, sua filha a encarava, parecia que queria algo dela, ela sabia que ela queria, só estava esperando sua menina fazer a pergunta.

— Oi bebê. Bom dia!- Saudou Stella com um sorriso brilhante no rosto, sua filha era a luz do seu dia, era o motivo que a fazia levantar todas as manhãs. Agradeceu ao homem com quem casou por ter deixado esse grande presente na vida dela.

Tratou de tirar os brinquedos espalhados pelo quarto e colocou-os na caixa organizadora, por mais que amasse muito a sua filha, a menina era um pequeno furacão.

— Bom dia, mamãe!- Respondeu a pequena de cabelos bagunçados.

Stella sorriu olhando para ela mais uma vez. Lembrara do dia em que descobrira que estava grávida, seu marido ficou tão feliz, assim como ela, sentia falta dos dias felizes assim junto a ele. Ela ainda não sabia responder como um ser tão pequeno podia lhe dar um amor tão grande.

— O que o meu pequeno raio de sol faz acordada tão cedo?- Perguntou a ela, com uma pontada de diversão em sua voz.
A menina abriu o mais lindo sorriso que derreteu o coração mole de sua mãe.

— Mamãe. Você pode me falar sobre o papai?- Pediu a menininha.

Essa questão surpreendeu Stella, ela nunca falou do pai da menina por um tempo, sabia que uma hora ou outra teria essa conversa com sua filha, e sabia que nunca estaria preparada para ela. Todas as noites, antes de fazer sua filha dormir, Stella contava uma história inventada sobre o pai da menina, mas nunca falava exatamente sobre ele. E agora sua filha queria saber sobre o pai, e ela estava tremendo por dentro, com medo de desabar na frente da sua menininha com as lembranças que deveriam ser agradáveis, mas que se tornara atormentadora. Doía cada vez que ela pensava nele, se as coisas tivessem sido diferentes para eles e ela pelo menos tivesse a chance de dizer “adeus”...

— Sim bebê.- Concordou ela. Não estava preparada para contar, mas iria fazer isso mesmo assim, por sua filha. Um pequeno sorriso iluminou-se em seus lábios quando vira o sorriso contente e satisfeito de sua filha. – Kenzie, você quer contar primeiro para a mamãe por que queres saber do papai?- Pediu ela, aproximando-se mais da cama de sua filha e sentando ao lado dela lá, a menina deitou a cabeça no peito da mãe que a abraçou de lado com firmeza.

— Porque eu sinto falta dele.- Respondeu a menina tristonha.

Aquelas palavras partiram o coração de Stella. Ela também sentia falta dele. Sentia falta de tudo o que ele representava em sua vida, do seu sorriso contagiante, da sua voz acolhedora, do seu toque, do calor de seus braços, de tudo nele. Apenas não sabia como dizer isso a sua filha, dizer que falar sobre o seu pai lhe trazia uma dor inexplicável no peito, um grande vazio que muitas vezes ela não sabia como preencher, dizer que o mundo para ela não era a mesma coisa sem ele. Engolindo em seco apenas para evitar de chorar, ela apertou sua filha no abraço e pensou bem antes de dizer qualquer coisa.

— O papai te amava muito.- Começou Stella. – Tenha certeza que ele sempre estará com você. Ele sempre estará com gente.- Garantiu ela com um pequeno sorriso. A menina olhou para cima para encarar a mãe. – Nos nossos corações.- Completou explicando quando percebeu que sua filha não entendera.

— Porque nós amamos o papai.- Respondeu ela. Stella sorriu mais uma vez orgulhosa, sua filha sempre fora inteligente para a sua pouca idade, uma das coisas que mais admirava em sua pequena.

— Isso. Porque o amamos.- Afirmou Stella, começara a esfregar o braço da filha com uma de suas mãos e encarava uma das fotos do porta-retratos da estante do quarto dela. Na foto estava Kenzie e Mac, a menina o abraçava forte segurando o seu pescoço, e ele a segurava no colo. E ela não pôde deixar de sorrir com a lembrança daquele dia que tirou essa foto, eles estavam no parque e estavam tão bonitinhos juntos que Stella quis tirar essa foto.

— Como você sabe que ama o papai?- Perguntou ela curiosa.

Stella deu de ombros antes de responder.

— Eu só sei.- Disse ela. Mas quando viu que sua filha queria mais alguma coisa, continuou. – Eu e o papai éramos apenas amigos, mas então o papai se tornou o príncipe da mamãe, foi quando descobri que o amava.- Deu sua melhor explicação para que a menina entendesse.

— Como foi mamãe?- Pediu ela querendo saber da história dos seus pais.

Com um sorriso meigo, Stella fechou os olhos e resolver conta essa história para a sua filha, mas dessa vez seria uma história verdadeira, sem heróis e princesas envolvido.

— Foi quando o papai chamou a mamãe para um encontro, nós conversamos bastante como nunca antes, e então eu descobri que o papai me amava.- Contou ela com um sorriso. Respirou fundo quando sentiu uma vontade de chorar, não podia fazer isso na frente da sua filha. – Ele me beijou e me levou para dançar.- Tocou seus lábios com a lembrança do primeiro beijo com o homem que amava. – Foi a melhor noite da minha vida.- Declarou isso com um grande sorriso, seus olhos brilhando com as lágrimas, mas ainda não se permitiu a chorar.

— Como ele era?- Quis saber a menininha, encarando a mãe com os olhinhos brilhando querendo saber mais sobre o seu pai.

— Seu pai era gentil, doce, era o homem mais determinado que eu já conheci, quando ele queria uma coisa ele conseguia apenas com um sorriso. Deus, o sorriso dele era encantador, ele sorria com os olhos... Ele colocava a sua vida na frente dos outros, isso foi o que o tornou um excelente detetive, ele era um lutador, sabia?! Ele não desistia daquilo que estava lutando, sempre era o primeiro a estar lá para as pessoas a quem ama, ele não perdia uma luta.- Encarou os olhinhos verdes da menina e o seu coração apertou. – O mais importante é que o papai te amava muito... Ele nos amava mais do que tudo e foi por isso que ele deu a sua vida para nos proteger, porque ele só queria garantir um lugar seguro para você, eu e seus tios viver... Quando ele descobriu que você estava vindo para o mundo ele lutou com mais determinação, e eu tenho certeza que ele iria fazer de tudo para ver você de novo, porque assim como eu, ele se orgulharia da doce menina que você é.- Terminou ela, mas não chorou. Ficou encarando os olhinhos da sua menininha que também a encarava, e esperava que ela falasse alguma coisa.

— Eu amo o papai.- Sussurrou Mackenzie um pouco tristonha.

Stella apertou a menininha no abraço com os seus dois braços em volta dela. Então fechando os olhos, ela respondeu: – Eu também o amo. Eu o amo. Queria que ele tivesse aqui ainda com a gente.- Abriu os olhos depois da sua declaração e encontrou os olhos da sua filha. Não sabia o que iria fazer se perdesse ela também.

— O que fazemos para mantê-lo sempre por perto?- Questiona ela com curiosidade.

— Pensamos nele toda vez que precisarmos dele.- Respondeu Stella. – Ok Mackenzie Taylor, está na hora de levantar e vestir uma roupa, nós temos muito o que fazer.- Suspirou e levantou da cama de sua filha, não queria mais falar sobre o homem que perdera, isso só traria mais dor, e ela não queria sentir mais dor.

A menina riu e pulou da cama seguindo a sua mãe até a saída do quarto, aliás elas teriam um longo dia pela frente, apenas as duas agora.

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