A Herdeira do Olimpo escrita por Nogitsune Walker


Capítulo 4
O Ataque


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a todos os leitores que tem, além de lido essa historia, favoritado e comentado, São vocês, leitores, que se dispõe a comentar ao final de cada capítulo, que inspiram nós autores a continuar postando.



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Rachel

Sinceramente, não sei com o que estava na cabeça quando deixei Maya ficar sozinha no apartamento. Tudo bem, ela ia começar a faculdade junto comigo, mas cara, ela só tem quinze anos (está bom, quase dezesseis). Quando Quíron me ligou e disse que Apolo estava com problemas e precisava de ajuda, pensei que fosse com profecias e tal, não fazia ideia que Zeus tinha transformado ele em mortal. Bem...isso não importa.

Quando voltei para o AP, era quase 23:00 e foi quando eu passei da porta que percebi as coisas estranhas. Para começar, Lúcio, o cara da recepção, estava dormindo com a bunda para cima e tinha uma poça de baba saindo da boca dele. Seria até engraçado se não tivesse visto o que vi depois. Espiei por cima do balcão e vi que a chave reserva do quarto tinha sumido e bem próximo ao suporte, havia marcas do que pareciam ser garras.

Corri direto para o elevador e apertei o botão de acesso a cobertura. Pelo elevador, também havia marcas de garras como se o que quer que tinha entrado estivesse impaciente. Rezei silenciosamente aos deuses torcendo que o monstro não tenha ido atrás de mim e encontrado Maya no lugar. Ela não fazia ideia do mundo mitológico e acho que seria um choque para ela descobrir que a qualquer momento eu poderia começar a soltar profecias sem sentido e que meus amigos eram filhos de deuses (Não necessariamente nessa ordem).

Chegando no andar do apartamento, vi a porta aberta e me desesperei. Peguei uma pequena faca de bronze celestial que trazia comigo por precaução e corri até lá. Estava tudo escuro mas percebi uma agitação no nosso quarto e corri até lá. Pela porta entreaberta, fiquei horrorizada com a cena.

Uma empousa estava sobre Maya com as garras sobre seu pescoço. Ela não se mexia, provavelmente estava dormindo (Só os deuses sabem como Maya tem um sono pesado. É quase impossível acordar ela normalmente.), então, ela começou a se debater e a empousa a arranhou.

"Que bom que encontrei carne fresca." Ela disse e depois saiu de cima da minha amiga. Maya parou de se mexer, provavelmente havia veneno nas garras da empousa. E então, esta salta sobre ela.

Num impulso, atiro a faca em direção ao monstro. O mundo parece desacelerar e vejo o exato momento em que a lâmina de bronze celestial tocava a pele do monstro e este se desfazia em poeira dourada deixando um cheiro de enxofre no quarto.

Vou até Maya. Ela estava de olhos fechados e parecia estar dormindo de novo. Olho na lateral de seu pescoço. Onde a empousa havia arranhado, foi fundo o suficiente para atingir as veias e, daquele ponto, as veias de Maya pareciam "saltar" sobre sua pele numa coloração esverdeada que ia se espalhando lentamente tomando conta de seu sistema circulatório.

Faço a primeira coisa que me vêm à cabeça. Pego o celular e procuro o contato de Nico (eles não deviam ter celular mas mantemos por causa de emergências).

"Alô?" - Ele atende meio sonolento.

"Alô, Nico?!"

"Oi Rachel, o que houve?!"- pude notar pelo seu tom de voz que ele estava que já havia percebido minha agitação e estava preocupado.

"Pode vir aqui? Uma viagem nas sombras? Minha amiga foi atacada por uma empousa e está envenenada!!" Digo rápido.

"O QUE?! Okay, certo, estou indo e levando o Will" ele diz rápido e desliga o telefone.

"Ahn..." ouço Maya gemer. Me aproximo para olhá-la. Ela ainda estava dormindo. "Comida...?" Ela diz gemendo. Dou uma risadinha, ao menos isso era sinal que ela estava bem, por enquanto.

Ouço um barulho de sucção e dois garotos aparecem do meu lado. Um era alto, parecia ter uns 15 anos, loiro, tinha um tom de pele bronzeado, usava uma bermuda de praia e uma camisa regata escrito Acampamento Meio-Sangue. Os olhos azuis, os cabelos curtos desgrenhados e as roupas o faziam parecer um típico surfista da Califórnia. O estranho é que ele estava encharcado e fedia a cachorro molhado. O outro era um pouco mais baixo, usava roupas pretas, uma jaqueta velha de aviador, cabelos pretos desgrenhados um pouco grandes. Will e Nico pareciam um pouco enjoados com a viajem, mas logo se recuperaram.

"Certo...qual é a situação?" Will pergunta se debruçando sobre Maya.

"Foi envenenada a pouco tempo por uma empousa, no máximo cinco minutos." Respondo.

"Bem, vai ser fácil então, ainda não se espalhou muito." Will se senta na beirada da cama, coloca a mão sobre o lugar que o monstro havia arranhado e começa a entoar um tipo de mantra em latim. Nico havia se sentado na minha cama e parecia um pouco pálido.

"Está tudo bem Nico?" Pergunto depois de alguns minutos. Me sento ao lado dele.

"Só estou um pouco cansado. Você ligou no meio da madrugada. Eu precisei dar um baita susto no Will para ele acordar." Ele responde.

"Bota susto nisso." Ouço o Will dizer. Aparentemente ele já havia tirado o veneno e suava bastante. "O príncipe das trevas aí mandou a Sra. Oleary pular em mim e me lamber até eu acordar." Ele se sentou ao lado de Nico.

"Isso explica o cheiro de cachorro molhado." Digo coçando o nariz.

"Ha-ha engraçadinha. Ela já está bem, o que me espanta é o sono pesado. Ela nem se mexeu quando o veneno começou a sair e evaporar." Will disse apontando para Maya que começara a roncar baixinho na cama do lado. "Você deveria ligar para uma ambulância."

"Por quê?!" Pergunto um pouco surpresa.

"Ah, sei lá, talvez seja uma desculpa melhor para quando ela acordar dizendo "o que diabos estava em cima de mim?" De manhã e entupindo você de perguntas do que "acho que você comeu demais e teve alucinações"" Will responde fazendo uma voz fina quando fazia uma imitação de Maya.

Nico dá uma risadinha enquanto inspirava profundamente.

"Tudo bem espertinho, vou ligar. Obrigado mesmo por virem garotos."

"De nada." Nico responde se levantando.

"Aonde pensa que vai rapazinho?" Will se levanta e se vira pra Nico.

"Ahn, levar a gente de volta para o acampamento?" Ele responde. Fico em silêncio enquanto tentava segurar o riso.

"Acha mesmo que vai aguentar outra viajem nas sombras nesse estado?" Will diz olhando Nico de cima a baixo como se estivesse olhando um garoto sujo que ousava querer sentar no sofá branco novo caríssimo do chalé dele.

"Acho."

"Pois eu sou seu médico e digo que não!"

"A é?"

"É!"

"A é, é?"

"É!!" Nico e Will fecham a cara um para o outro e depois, Nico cruza os braços e se vira para mim com uma cara de "dá para acreditar? Esse cara parece minha mãe". Não aguento e começo a rir feito uma foca engasgada.

"Vocês parecem duas crianças." Digo entre gargalhadas. "Will, se Nico quiser, ele pode comer alguma coisa aqui para se recuperar.".

"Seria ótimo." Will responde e vai em direção a cozinha puxando Nico pelo braço sem dar chance de o menino argumentar.

(...)

A ambulância chegou pouco tempo depois de Nico e Will voltarem para o acampamento. Quando os paramédicos perguntaram o que tinha acontecido, respondi:

"Ela parou de respirar do nada! Não sabia o que fazer."- Eles acreditaram (alguns mortais são bem idiotas quando querem. Ou talvez só estivessem cansados). Levaram Maya para o hospital e fui com eles.

Chegando lá, o médico diagnosticou essa parada de respirar como um "Pânico Noturno" comum.

"Pânico noturno?"Pergunto.

" É um distúrbio do sono, caracterizado por gritos durante o sono acompanhado do semblante de terror como se a pessoa estivesse vendo algo aterrorizante durante o sono. Geralmente começa com comportamento de intenso medo (ainda durante o sono) seguido de um despertar abrupto com um grito de pânico e respiração rápida." Ele explicou. Olhei confusa para ele por um instante. Ele revirou os olhos suspirando e explicou de novo "Ela viu uma coisa assustadora que a mente dela criou durante o sono que achou que fosse real e aí seu corpo reagiu como se estivesse em perigo real."

"Ah tá, entendi. ” Disse. Isso seria uma boa explicação. O médico saiu do quarto do hospital deixando-me sozinha com Maya. Era um quarto pequeno, todo branco. Havia uma maca no centro onde Maya estava deitada, algumas cadeiras de plástico perto da maca, um filtro de água em uma mesa pequena, uma televisão presa ao teto, um ar-condicionado e uma janela que mostrava a silhueta de Nova York à meia noite.

Sentei em uma das cadeiras de plástico e pus os pés sobre outra, recostando-me procurando uma posição confortável e quando finalmente encontrei (o que parecia ser impossível), dei uma cochilada. Quando acordei, achei que deveriam ter se passado só alguns minutos, mas quando peguei o celular para checar às horas, eram quase três da manhã. Esfreguei os olhos e me espreguicei. Levantei e fui em direção ao filtro para beber um pouco de água. Pensava em ir ao apartamento e voltar de manhã, pelo menos umas nove da manhã, Maya provavelmente não estaria acordada antes disso. Quando já estava bebendo a água, ouço um som como se alguém se sentasse abruptamente e, logo em seguida, um grito.

"NÃÃÃÃÃO!" Engasgo com a água e mando tudo para fora como um esguicho me molhando toda. Maya havia acordado. Olho para ela, ela suava muito e ofegava como se tivesse corrido por quilômetros. Estava um pouco pálida e pude notar que tremia um pouco.

"Caramba, você fez eu me molhar toda!" Exclamo e vou até ela. Sento-me na maca e a encaro do cara fechada.

"Onde estou?" Ela pergunta enxugando o suor da testa.

"No hospital."- respondo. O nariz dela estava ficando um pouco vermelho e vi seus olhos lacrimejarem. "Ei, o que aconteceu?"

"E-Eu...foi um sonho ruim." Ela diz e se deita de novo. Ela põe o antebraço sobre os olhos e lágrimas começam a rolar caindo no travesseiro. Ela funga algumas vezes. Passam-se alguns minutos.

"Ei, Maya, quer falar sobre isso?"- pergunto preocupada. Ela se vira para a janela.

"Não acho que conseguiria..." ela diz baixinho. Mais para si mesma que para mim.

"Escuta, sou sua amiga. Pode me contar." Ela demora um pouco para responder.

"Foi...sobre meus avós." Ela começa.

"O que aconteceu com eles?"

Silêncio...

"Eu não quero falar sobre isso. Pelo menos não aqui." Ela responde. Sua voz estava embargada e, pelo que a conheço, se a pressionasse demais, ela iria começar a chorar ali mesmo.

"Tudo bem. Vou falar com o médico para te dar alta." Digo e me levanto indo em direção a porta.

"Ei Rachel?"- ela chama. Paro com a mão a centímetros da maçaneta e me viro para ela. Ela ainda estava virada para a janela.

"O que foi?"

"Como vim parar no hospital?" Ela pergunta.

"Ha, é uma longa história, você vai gostar dela." Digo tentando cortar o clima tenso.

"Vai me contar tudo? " sinto um pouco de ironia na voz dela, como se quisesse rir, ou só estivesse tentando achar um motivo para não chorar.

"Até os detalhes mais inacreditáveis, mas primeiro vai me contar de onde tirou essa ideia de cortar esse cabelo tão curto." Respondo.

"Fechado." Ouço uma risadinha dela. Dou um sorriso e saio. Quando já estava fechando a porta, vejo Maya levando a mão ao lugar onde a empousa havia arranhado. Ela esfrega o lugar por um momento e depois recolhe a mão. "Será que ela viu?" Penso mas descarto a ideia logo em seguida. "Não, a Névoa encobriu.". Fecho a porta e vou à procura do Médico.


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Notas finais do capítulo

*Sra Oleary: O cão infernal de Percy que pertenceu anteriormente a Quintus ( Dédalo disfarçado.) Aparece pela primeira vez em "A Batalha do Labirinto".



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